sexta-feira, novembro 7, 2025
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8 de janeiro- sem anistia

Nessa produção, dois professores da UFSCar/SP trazem duas letras autorais sobre a política brasileira.
Marlon Pessanha reflete sobre a anistia requerida pelos golpistas do 8 de janeiro – sendo esta segunda letra de Vinício Carrilho Martinez.
As letras das músicas são originais, apenas a composição musical foi realizada com apoio na inteligência artificial.
Os professores pretendem utilizar o recurso tecnológico como ferramenta de exploração da própria inteligência natural.

Música 1

Música 2

Delegado chefe da inteligência de SP é afastado por envolvimento com PCC

José Brandini Júnior, delegado classe especial e chefe da Divisão de Tecnologia da Informação do Departamento de Inteligência da Polícia Civil paulista, foi afastado após investigações apontarem possível envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo informações do Metrópoles, Brandini estaria ligado a um esquema de fraudes contratuais envolvendo documentos de identidade, operado em parceria com a facção criminosa.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que policiais da Corregedoria da Polícia Civil cumpriram mandados de busca e apreensão na residência do delgado na última sexta-feira (20). Durante as buscas, foram encontrados R$ 200 mil e 30 mil euros em dinheiro vivo.

Investigações e afastamentos

Brandini é investigado por suspeitas de fraude em contratos públicos e por desvio de conduta, segundo comunicado da SSP. A pasta destacou que o afastamento faz parte de uma ação ampla para combater irregularidades dentro da Polícia Civil.

O servidor já havia sido investigado em 2010, quando foi acusado de envolvimento em contratações irregulares no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Na época, ele foi citado em um caso de contratação sem licitação de empresas de informática para o gerenciamento de sistemas.

O afastamento do delegado é o terceiro entre membros de alto escalão da Polícia Civil paulista na última semana. O diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fabio Pinheiro Lopes, também será afastado após ser citado em uma delação envolvendo tentativa de suborno.

Fábio Pinheiro Lopes, diretor do DEIC – Foto: Alesp/ Divulgação

A delação mencionou que um advogado teria exigido R$ 5 milhões para retirar o nome de um corretor de imóveis de uma investigação ligada ao assassinato de membros do PCC. Fabio Pinheiro negou envolvimento e declarou que o afastamento foi decisão do governador Tarcísio de Freitas.

Além disso, a corregedora-geral da Polícia Civil, Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez, pediu afastamento do cargo após seu sobrinho, Eduardo Monteiro, ser preso sob suspeita de ligação com o PCC. Ela não se manifestou até o momento.

Fonte DCM

Força-tarefa resgata 14 trabalhadores submetidos a trabalho análogo à escravidão no Rock in Rio 2024

A reportagem sobre a exploração do trabalho escravo no Brasil é uma das principais presenças do pior passado brasileiro. No presente, esse passado segue ativo, como vemos no exemplo do Rock in Rio.
Em 2024, essa exploração abjeta dos trabalhadores é tão significativa quanto o racismo, andam lado a lado. Desse modo, a esse conjunto, essa somatória de negações da dignidade humana, damos o nome de “pensamento escravista”. Tão presente, persistente, neste breve século XXI, quanto fora no passado obscuro da escravidão.

No link abaixo você vê a motivação que nos inspirou na letra dessa música:

https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2024/Dezembro/forca-tarefa-resgata-14-trabalhadores-submetidos-a-trabalho-analogo-a-escravidao-no-rock-in-rio-2024

No rock do Rio da escravidão

Um trabalhador, quanto vale?
Ou é somente um desvale.
Só um número na equação,
Um detalhe, uma pontuação.
Um corpo dócil, para escravidão.
Inocente e útil pra servidão.

Um trabalhador assaltado.
– Sem direitos? Não! Roubados!
Em país de rock assanhado
Sempre o outro é o responsável

No Rio do rock e da favela
No Rio do rock, da paisagem bela.
Uma música? “sem choro, nem vela…”
Se fosse um samba, seria com fita amarela
Ou fita vermelha, para inumar
Só mais um corpo a respirar.

Um trabalhador assaltado.
– Sem direitos? Não! Roubados!
Em país de rock assanhado
Sempre o outro é o responsável

Muita vida na beira da milícia
Onde reina a pior malícia
Levaram a Marielle, não é imaginação
Na terra do samba e do rock, nenhum coração?
Se não entendeu, eu passo a visão:
– No rock do rio, um corpo estendido no chão

Um trabalhador assaltado.
– Sem direitos? Não! Roubados!
Em país de rock assanhado
Sempre o outro é o responsável

E no mar, vai te sepultar

A bala perdida vai te achar
Na janela vazia
A bala perdida já te encontrou

Letra: Marlon Pessanha e Vinício Carrilho Martinez

Sensacional: professor da UfSCar compõe música de protesto por IA

 

Vinício Carrilho Martinez, professor da Universidade Federal de São Carlos, compôs música e lançou por inteligência artificial (IA). A Gringa fala do mercado financeiro. Ouça e avalie:

A gringa

Isoladamente, a gringa sair da B3
– não assusta ninguém
É um tipo freguês
Porém, no mundo macro e micro
indica a bolha da vez
fragilidade do economês
O risco Brasil é muito elevado,
– não paga o susto
Poder afirmado
É caçada ao tesouro perdido
Um Tesouro Direto
E tome mais dinheiro
Imprime dinheiro
Para eles, o caminho é reto
Rentista sem coração
Só na renda fixa
– uma perda fixa
É inegável
A perda de renda variável
– ou não, para especuladores
País de amadores
O futuro é
– também desolado
Pais e desolação
Inflação de mercado
Demanda por menos
Supermercado
Aí o economês
– quem é a bola da vez?
Ajuste fiscal, sim
Paraíso fiscal
– sem fisco
Falta ajustar o fiscal
Quem é fisgado?
Assalariado
Sem poder aquisitivo
– arruinado
Seguimos então
– com 30% de menos esperança
A dívida pública aumenta
A dívida do público, mais ainda
Honoráveis seres
– de honorários melhorados
Mas não amortiza a dor
Nossa dor
E o povo pobre
– segue enlatado
Ricos especulam
Pobres confirmam:
– do pó e do pé de frango tu viste
– ao pé de frango tu voltarás
O Brasil vai vendo Tarsila do Amaral
Vai vendo…
Ah, logo tem mais carnaval…
Vai vendo …
– desfilar o país do curral

Vinício Carrilho Martinez

Ser antirracista exige emancipação

Para pensar uma educação de cunho emancipatório e antirracista, é preciso, em primeiro plano, voltar-se para o ato de “ser professor”. Isto é, é necessário analisar quais são os princípios que guiam a prática do docente: se sua opção é pela prática democrática (e, por conseguinte, antirracista e emancipativa) ou pela perpetuação da opressão das camadas populares. Se a escolha for por reconhecer o dever crítico, o docente deve voltar-se ao que Freire (1996, p.26) intitula de “rigorosidade metódica”.

Esse conceito freiriano relaciona-se diretamente com o “pensar certo” (Freire, 1996, p.27), ou seja, um docente que “‘pensa certo” é um profissional que instiga em seus educandos a crítica e a reflexão entre os conhecimentos programáticos – disciplinas escolares – e a realidade e que se vive. Portanto, um professor que vise a emancipação de seus educandos estimula a auto educação política, na qual os alunos se veem como sujeitos capacitados para atuar em sociedade, tornando-se “animais políticos” que rompem com a opressão diariamente.

É importante ressaltar que a figura do docente não deve ser encarada como uma espécie de “super heroi” que liberta os oprimidos e resolverá todos os problemas da sociedade; mas sim como um facilitador do processo ensino-aprendizagem, oferecendo ferramentas para  efetiva descompressão.

Além disso, um educador que luta contra a opressão deve-se guiar pela ética e estética antirracista. Esses dois elementos devem estar presentes na prática do educador democrático que se compromete não somente de ensinar os conhecimentos científicos e seculares, mas também de alimentar sua atuação em sala de aula com princípios morais como igualdade, honestidade e integridade. É exatamente nessa ideia que a educação antirracista deve se encaixar: ao apresentar para os educandos uma moral humanizada é possível guiá-los à crítica e a reflexão sobre a sociedade, podendo romper efetivamente com imaginários antirracistas.

Segundo Freire (1967) apenas a palavra, ou seja, a denúncia de algo – nesse caso, o racismo – não é suficiente para uma aprendizagem significativa que possa caminhar na direção da descompressão; também, é preciso fazer uma anunciação, anunciar quais as possibilidades de ação antirracista. Um exemplo é a escolha dos livros de literatura infantil:  muitas vezes eles somente retratam personagens brancas de olhos azuis. Para sair desse estereótipo que retrata somente uma parcela da população, é preciso que o professor opte por trazer em sala de aula leituras diversas que representam pessoas não-brancas, indígenas, entre outros.

Afinal, ao instigar os educandos para sua emancipação é preciso que eles dotem-se de liberdade ética e moral: escolher e praticar o antirracismo, não por medo de punições, mas por verdadeira formação moral e autônoma.

por Letícia Hyppólito

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996.

Infiltrado do PCC na policia de SP é segurança de Gusttavo Lima e está foragido

Rogerinho foi citado em uma delação feita por Vinícius Gritzbach, empresário executado com dez tiros no mês passado

O policial civil Rogério de Almeida Felício, popularmente conhecido como Rogerinho, é procurado pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (17), em uma operação que investiga a ligação de policiais com o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do país. Segundo informações do G1a operação, realizada em conjunto com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), já prendeu sete pessoas, incluindo um delegado e três policiais civis.

Rogerinho, que também atuava como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima, foi citado em uma delação feita por Vinícius Gritzbach, empresário executado com dez tiros no mês passado, na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Segundo o delator, o policial é suspeito de envolvimento em atividades ilegais, incluindo a apropriação de um relógio de luxo que pertencia a Gritzbach, item que teria sido exibido nas redes sociais pelo próprio policial.

Esquema milionário e vida de luxo

As investigações apontam que Rogerinho, cujo salário na Polícia Civil é de pouco mais de R$ 7 mil, mantém uma vida incompatível com sua renda oficial. Ele seria sócio de uma clínica de estética, de uma empresa de segurança privada e de uma construtora em São Paulo, segundo os promotores. Além disso, o policial é suspeito de manipular investigações, vazar informações sigilosas e vender proteção a membros do PCC, facilitando esquemas de lavagem de dinheiro da facção.

A operação realizada pela PF, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), incluiu buscas em endereços ligados a Rogerinho, mas ele não foi localizado. A Justiça decretou a prisão temporária dos investigados, além de autorizar medidas como bloqueio de contas bancárias, sequestro de bens e apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos.

Ligação com o PCC e redes sociais

De acordo com os investigadores, a conexão de Rogerinho com o PCC ganhou notoriedade após a delação de Vinícius Gritzbach, que apresentou provas, como prints de redes sociais, sugerindo a relação entre o policial e o grupo criminoso. O empresário, que havia colaborado com a Justiça, foi morto em uma execução planejada, supostamente como retaliação.

Além de Rogerinho, outros agentes da Polícia Civil também são acusados de corrupção e de favorecer o PCC em esquemas complexos de lavagem de dinheiro e manipulação de investigações. A operação desta terça-feira reforça as suspeitas sobre a infiltração do crime organizado em órgãos de segurança pública.

Avanços nas investigações

A PF e o MP-SP continuam trabalhando para localizar Rogerinho e aprofundar as investigações sobre sua rede de contatos. A ação é considerada um importante passo no combate à corrupção dentro das forças policiais e à influência do PCC em estruturas públicas.

Até o momento, os detalhes sobre o patrimônio do policial e as conexões financeiras ainda estão sendo analisados pelos investigadores. O bloqueio de bens e contas bancárias pode trazer mais elementos sobre a extensão do esquema criminoso.

Brasil 247

Organizador da Marcha para Jesus 2023 em Florianópolis e pastor da cidade são presos em operação contra a corrupção

O ex-secretário adjunto de Assistência Social de Florianópolis – e organizador da Marcha para Jesus 2023, na capital catarinense – Jeferson Melo foi preso, em 3 de dezembro passado. A prisão se deu pela operação da Polícia Civil de Santa Catarina, denominada Pecados Capitais, que investiga agentes públicos e dirigentes de organizações sociais envolvidos em desvio de dinheiro público na Prefeitura de Florianópolis.

Imagem: publicação do vereador Leonel Camasão (PSOL, Florianópolis) em seu perfil no X/Reprodução

Bereia checou as informações. Já no primeiro levantamento sobre o caso, foi constatado que alguns veículos de imprensa também noticiaram a prisão do pastor Marcos Ramos na mesma ação investigativa, por desvio de recursos da Prefeitura de Florianópolis para a prestação de serviços de assistência à população empobrecida e em situação de rua.

Imagem: reprodução Revista Fórum

A operação policial

operação Pecados Capitais, organizada pela 1ª Delegacia Especializada no Combate à Corrupção da Capital da Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC), investiga o desvio de recursos destinados aos projetos socioassistenciais da Prefeitura de Florianópolis, Passarela da Cidadania e Restaurante Popular.

A apuração da PC-SC identificou indícios de irregularidade no processo de escolha das  organizações Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas – Nurrevi Brasil, para gerir o projeto Passarela da Cidadania, e a Associação de Assistência Social e Educacional Amor Incondicional – Instituto Aminc, responsável pelo Restaurante Popular. Os contratos foram firmados entre 2020 e 2022.

As investigações também apontaram superfaturamento e lavagem de dinheiro por meio de repasses a empresas contratadas pelas organizações para serviços como transporte, lavanderia, manutenção e compra de equipamentos, conforme apurou o grupo catarinense de comunicação ND.

Além das prisões preventivas de Jeferson Melo e Marcos Ramos, a operação cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina e no Mato Grosso, sequestros de bens e valores que superam a quantia de R$ 3 milhões.

Jeferson Melo e atuação no esquema investigado

O influenciador e coach Jeferson Amaral da Silva Melo foi secretário adjunto de Assistência Social da Prefeitura de Florianópolis entre os anos de 2020 e 2023. De acordo com o portal NSC Total, a juíza responsável pelo caso considerou, em despacho, que Melo e os demais investigados desviavam recursos repassados pela Prefeitura de Florianópolis aos projetos que lideravam.

O esquema seria mantido por meio da emissão de notas fiscais fraudulentas e do superfaturamento de serviços para o funcionamento do Restaurante Popular e da Passarela da Cidadania.

Conforme consta no site da Prefeitura de Florianópolis,  os serviços oferecidos pela Passarela da Cidadania eram prestados pela Nurrevi. A parceria foi firmada por Termo de Colaboração, válido até dezembro de 2022, e a escolha da instituição foi definida por Edital de Chamamento Público da Secretaria Municipal de Assistência Social, em 2020.

O projeto Passarela da Cidadania atende à população em situação de rua com vagas de pernoite, realização de atividades complementares, disponibilização de alimentação, espaço para higiene de roupas e guarda de pertences. A unidade também oferece atendimentos com assistentes sociais e psicólogos.

Evangélico, cuja igreja de vinculação o Bereia não conseguiu identificar, Melo participou da organização do evento deste segmento cristão Marcha para Jesus, realizado em Florianópolis em 2023. Em publicação feita em 27 de junho daquele ano, Jeferson compartilhou momentos do “lançamento” do evento religioso. “Um dia para entrar na história de Florianópolis (…) que momento histórico”, disse.

Imagem: reprodução Instagram

Em maio de 2023, em publicação em seu perfil no Instagram, o ex-secretário comemorou, ao lado do vereador Claudinei Marques (Republicanos) e do prefeito (reeleito nas eleições deste ano) Topázio Neto (PSD), a implementação de uma medida que beneficiou templos religiosos em Florianópolis: a não incidência da taxa de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e da taxa de coleta de lixo em imóveis destinados a atividades religiosas.

Jefe Melo, como é conhecido nas redes digitais, é uma figura de representatividade significativa nas mídias e entre o público evangélico, com mais de 50 mil seguidores em seu perfil do Instagram. O ex-secretário é fundador do Club Café com Líderes, comunidade que reúne empresários e diz buscar o fortalecimento do ambiente de negócios. A iniciativa já realizou eventos até mesmo fora do Brasil, em Portugal.

Por meio do Café com Líderes, Jefe Melo atua como coach, oferece mentorias, descontos em redes de empresas parceiras e eventos como o Empreende Brazil – que acontece em Santa Catarina e São Paulo -, onde o ministro da Economia Paulo Guedes do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) e o também influenciador e coach evangélico Pablo Marçal já figuraram como palestrantes.

Em meio a publicações sobre prosperidade no mundo dos negócios, há postagens de cunho religioso. “Deus pode mudar a sua história”, comenta em uma publicação do último 15 de julho. Em outra postagem, feita no dia 20 de julho, Jefe exalta seu papel na política: “Fortalecer suas redes na política não é apenas sobre quem você conhece, mas como você colabora para um futuro melhor”. O vídeo na postagem mostrava cenas de um evento do Partido Liberal (PL) em Santa Catarina.

“Jefe Melo”, já fez publicações nas redes digitais em tom elogioso a personalidades da política conhecidas pela utilização de estratégias desinformativas, como Donald Trump e Pablo Marçal. Melo também aparece em postagens ao lado da deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PL-SC), conhecida por seu posicionamento antifeminista entre outras pautas da extrema-direita.

Pastor Marcos Ramos e indícios de enriquecimento 

Marcos André Pena Ramos é pastor da Igreja Batista Creia, anteriormente chamada Igreja Batista Central do Kobrasol. Foi a partir da atuação da Batista Creia que surgiu o Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas (Nurrevi), agora envolvido na investigação da Polícia Civil de Santa Catarina. A Igreja também atua na gestão de projetos sociais desempenhados pelas organizações investigadas na operação Pecado Capital.

Imagem: reprodução Instagram 

Ramos é vice-presidente do Instituto Aminc, gestor do Restaurante Popular em Florianópolis, após se colocar como única entidade interessada na gestão do projeto. De acordo com apuração do NSC Total, a polícia considera que, juntas, a Nurrevi e o Aminc receberam cerca de R$ 40 milhões da Prefeitura da capital catarinense.

No Instagram, Marcos Ramos se apresenta como conferencista, palestrante e assessor do terceiro setor para assuntos de administração, governança e gestão. Com quase 10 mil seguidores, seu perfil é usado para divulgar conteúdos religiosos, motivacionais e ações desenvolvidas pelo Instituto Aminc, que possui convênios não apenas em Florianópolis, mas também em outras cidades catarinenses, como Joinville, onde o instituto gere dois restaurantes populares.

A polícia trabalha com a possibilidade de que o pastor Marcos Ramos tenha sido o principal beneficiado com o superfaturamento das duas organizações. No inquérito, o enriquecimento dele é apontado como “meteórico e sem justificativa”, e seus bens – entre os quais há imóveis e um veículo da marca alemã BMW – foram avaliados em cerca de R$ 5 milhões.

Bereia entrou em contato com o Instituto Aminc e com o Nurrevi, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

***

Bereia classifica o conteúdo checado como verdadeiro. Conforme documentado em portais de notícias locais, Jeferson Melo e Marcos Ramos, ambos ligados a organizações e eventos de cunho religioso, foram presos preventivamente pela Operação Pecado Capital, deflagrada pela Polícia Civil de Santa Catarina. Se confirmadas as evidências levantadas pela PC-SC, ficará constatada a participação de instituições religiosas em processos fraudulentos.

Referências de checagem:

Café com Líderes

https://cafecomlideres.com/#link Acesso em: 11 dez 2024

G1
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2024/12/03/pastor-ex-servidor-comissionado-presos-operacao-desvio-florianopolis.ghtml Acesso em: 10 dez 2024

Instagram:

https://www.instagram.com/p/C7eejyEuKl3/ Acesso em: 8 dez 2024

https://www.instagram.com/p/DCEwfuqs8oC/ Acesso em: 8 dez 2024

https://www.instagram.com/p/CuxAAQDgg5-/ Acesso em: 8 dez 2024

https://www.instagram.com/p/DC3zhaNRnMO/ Acesso em: 8 dez 2024

https://www.instagram.com/p/C1uFXWMLHmb/ Acesso em: 10 dez 2024

https://www.instagram.com/p/Ct_6TMlrRyg/?img_index=1 Acesso em: 10 dez 2024

https://www.instagram.com/claudineimarquesoficial/reel/DAlh5Vvxq8u/ Acesso em: 10 dez 2024

https://www.instagram.com/claudineimarquesoficial/reel/C6_2PRsx94R/ Acesso em: 11 dez 2024

https://www.instagram.com/cafecomlideresoficial/ Acesso em: 11 dez 2024

https://www.instagram.com/rooftopdoslideres/ Acesso em: 11 dez 2024

Instituto AMINC
https://institutoaminc.org/instituto/ Acesso em: 11 dez 2024

ND+
https://ndmais.com.br/justica/como-funcionava-operaca-de-desvio-de-verbas-de-projetos-de-assistencia-social-em-florianopolis-segundo-investigacao/ Acesso em: 8 dez 2024

https://ndmais.com.br/seguranca/pastor-de-florianopolis-e-preso-e-apontado-como-maior-beneficiado-em-esquema-de-corrupcao-diz-policia/ Acesso em: 8 dez 2024

NSC Total https://www.nsctotal.com.br/colunistas/anderson-silva/os-detalhes-do-que-motivou-a-operacao-pecados-capitais-em-florianopolis  Acesso em: 8 dez 2024

https://www.nsctotal.com.br/noticias/quem-sao-o-pastor-e-o-ex-secretario-presos-por-desvio-de-verba-publica-em-florianopolis Acesso em: 8 dez 2024

Nurrevi
https://www.nurrevi.org/ Acesso em: 10 dez 2024

Polícia Civil de Santa Catarina
https://pc.sc.gov.br/?p=24988 Acesso em: 10 dez 2024

Prefeitura de Florianópolis
https://www.pmf.sc.gov.br/entidades/semas/index.php?cms=passarela+da+cidadania&menu=0 Acesso em: 11 dez 2024

Revista Fórum
https://revistaforum.com.br/brasil/sul/2024/12/4/pastor-ex-servidor-presos-em-sc-por-desviar-recursos-para-pessoas-carentes-170374.html Acesso em: 8 dez 2024

YouTube

https://www.youtube.com/@cafecomlideres Acesso em: 8 dez 2024

Foto de capa: SECOM/SC

Estado Democrático de Direito Social 

O livro do professor Vinício Carrilho Martinez traz um debate conceitual sobre o nosso Estado Democrático de Direito, algumas referências históricas e uma provocação: será uma enorme construção político-jurídica dignificante da própria dignidade humana – ou sofre abalos e achaques contínuos da modernidade no século XXI?
Será que o conceito é tão falho quanto o realismo político que nos acomete e atordoa a clareza e a amplitude conceitual?
Será válido, em termos de identificação da realidade e do conceito, jogarmos tudo fora, numa crítica que não separa, precisamente, a realidade desconstituída de dignidade humana do alcance prometido (historicamente, politicamente) pelo conceito de Estado Democrático de Direito?
Para as cidadãs e cidadãos deste país, o que importa efetivamente retermos da apresentação conceitual?
Qual é a nossa parte, “o que fazer?” e “como fazer” o que deve ser feito a fim de que a realidade seja transformada em direção ao receituário contido no conceito – e para que o conceito seja mais parte ativa de nossas vidas?
É esse convite que fazemos às leitoras e aos leitores,
Marcela Schiavi
MARTINEZ, Vinício Carrilho. Ensaio sobre o estado democrático de direito social: concepção jurídica burguesa ou socialismo na modernidade tardia? São Carlos: Pedro & João Editores, 2024. Disponível em: https://pedroejoaoeditores.com.br/produto/ensaio-sobre-o-estado-democratico-de-direito-social-concepcao-juridica-burguesa-ou-socialismo-na-modernidade-tardia/.

Faroeste em Rondônia: Estado entre maiores desmatadores e mais violentos

Por Roberto Kuppê

Com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (terceira edição do estudo “Cartografia das Violências na Amazônia”).

A Amazônia Legal, que abrange nove estados brasileiros, incluindo Rondônia, enfrenta uma escalada de violência impulsionada por conflitos territoriais e pela atuação de facções criminosas.

Estudo recente revelam que a disputa pelo controle da terra e dos recursos naturais é o principal motor dessa violência, especialmente em Rondônia, onde os índices de conflitos agrários e crimes ambientais são alarmantes.

Apesar de iniciativas pontuais, como a realização de operações policiais e a criação de batalhões especializados, o Governo de Rondônia tem demonstrado uma incapacidade crônica em fornecer respostas eficazes ao avanço do crime organizado e à proliferação de crimes ambientais.

A falta de uma estratégia de longo prazo, aliada à insuficiência de recursos e à possível conivência de setores do poder público, tem permitido que facções criminosas consolidem seu domínio em diversas regiões do estado, intensificando a violência e a degradação ambiental.

Além disso, a ausência de políticas públicas para a proteção das comunidades tradicionais e a preservação dos recursos naturais evidencia uma falha sistêmica na governança estadual, comprometendo a segurança e o bem-estar da população rondoniense.

Conflitos Agrários em Rondônia

Rondônia tem se destacado negativamente no cenário nacional devido ao aumento significativo dos conflitos no campo. Em 2023, o estado registrou um aumento de 113,7% nesses conflitos em comparação ao ano anterior, atingindo o maior número em sete anos. As principais vítimas são trabalhadores sem-terra, posseiros e indígenas, enquanto os principais agressores são fazendeiros e grileiros.

Historicamente, Rondônia é palco de intensos conflitos agrários. Em 1995, a Fazenda Santa Elina, em Corumbiara, foi cenário de um dos episódios mais violentos, resultando em dez mortes, incluindo dois policiais militares. Esses conflitos são frequentemente associados à grilagem de terras e à expansão do agronegócio, que pressionam comunidades tradicionais e pequenos agricultores.

Atuação de Facções Criminosas

Paralelamente aos conflitos agrários, a presença de facções criminosas em Rondônia tem crescido de forma alarmante. O estado tornou-se rota estratégica para o tráfico de drogas, intensificando a disputa territorial entre facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Essa rivalidade resulta em homicídios, ameaças e aumento da insegurança nas comunidades locais.

Estudos indicam que, em 2024, a presença de facções criminosas na Amazônia Legal cresceu 46%, passando de 178 para 260 municípios sob influência dessas organizações.

Em Rondônia, essa expansão está associada ao controle de atividades ilícitas, como o garimpo ilegal e o desmatamento, além do tráfico de drogas.

Desmatamento e Crimes Ambientais

O desmatamento em Rondônia também é uma questão crítica. Em 2021, o estado registrou o maior índice de desmatamento dos últimos dez anos, com a destruição de 1.290 km² de floresta. Essa devastação está frequentemente ligada a atividades ilegais, como a extração madeireira em áreas protegidas e terras indígenas.

A exploração madeireira ilegal é facilitada pela atuação de facções criminosas que controlam territórios e impõem suas próprias regras, desafiando a autoridade do Estado. Essa dinâmica não apenas degrada o meio ambiente, mas também gera violência contra comunidades que resistem à invasão de suas terras.

Impacto nas Comunidades Locais

As comunidades tradicionais, incluindo indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores, são as mais afetadas por essa conjuntura de violência e degradação ambiental. A invasão de terras, a destruição de recursos naturais e a intimidação por parte de grupos armados comprometem a subsistência e a segurança dessas populações.

A presença de facções criminosas agrava a situação, pois essas organizações frequentemente recrutam jovens locais, aumentando a criminalidade e desestruturando o tecido social. Além disso, a violência no campo resulta em deslocamentos forçados, criando um ciclo de pobreza e marginalização.

Respostas Institucionais e Desafios

O enfrentamento dessa complexa realidade exige ações coordenadas entre órgãos de segurança pública, instituições de justiça e políticas sociais. No entanto, a corrupção, a falta de recursos e a ausência de vontade política muitas vezes dificultam a implementação de medidas eficazes.

Iniciativas como operações de desintrusão em terras indígenas e ações contra o desmatamento ilegal são passos importantes, mas enfrentam resistência de grupos poderosos e bem armados. Além disso, a proteção de defensores dos direitos humanos e líderes comunitários é insuficiente, deixando-os vulneráveis a ataques.

Conclusão

A situação em Rondônia reflete uma crise mais ampla que afeta toda a Amazônia Legal, onde a disputa por territórios e recursos naturais alimenta um ciclo de violência, degradação ambiental e violação de direitos humanos. Abordar essa questão requer não apenas ações repressivas, mas também políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável, a regularização fundiária e a inclusão social, fortalecendo as comunidades locais e garantindo a preservação do meio ambiente.

Sem uma abordagem integrada e comprometida, o futuro de Rondônia e da Amazônia permanece ameaçado, com consequências profundas para o Brasil e o mundo.

Latifundiário ‘Rei do Tambaqui’ grilou terras do Incra em Rondônia que deveriam assentar 700 camponeses

Latifundiário ‘Rei do Tambaqui’ grilou terras do Incra em Rondônia que deveriam assentar 700 camponeses

Documentos acessados pelo AND revelam como a família Sapiras grilou 3 mil hectares de terras do Projeto de Assentamento Jatuarana, parte do projeto federal Geo Rondônia. A mesma família patrocinou um evento oficial do governo de Jair Bolsonaro em 2019.

O latifundiário Lerson Werno Sapiras, conhecido como Corbélia (mesmo nome do latifúndio tomado por ele a partir de terras da União), montou, com cumplicidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), um esquema sinistro de grilagem para se apropriar ilegalmente de terras públicas em Ariquemes, Rondônia.

A denúncia foi apurada pelo jornal A Nova Democracia através de uma farta documentação vinda de camponeses de Rondônia. Os métodos usados pelo latifundiário Sapira são semelhantes aos investigados em duas operações da Polícia Federal, a Declínio (2024) e Julius Caesar (2022).

A Operação Declínio comprovou que funcionários do Incra de Rondônia ajudaram na emissão de documentos para facilitar o cadastro irregular das áreas griladas e a emissão de Certificados de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR). O CCIR é um documento indispensável para legalizar em cartório a transferência, o arrendamento, a hipoteca, o desmembramento, o remembramento e a partilha de qualquer imóvel rural. É essencial também para a concessão de crédito agrícola pois é exigido por bancos e agentes financeiros.

Latifundiários e laranjas em Projetos de Assentamento

De acordo com a apuração de AND, o chefe da família Sapiras, Lerson Werno Sapiras, usa do nome de laranjas (frequentemente familiares) para obter títulos do Incra e, em seguida, se apropriar das terras. Documentos acessados pelo AND mostram que dois dos laranjas são a filha do latifundiário, Vera Lúcia Sapiras, e o neto, Felipe Sapiras, que ostentam fotos em viagens ao exterior nas redes sociais.

Espelho de unidade familiar de Felipe Safiras no PA Jatuarana. O espelho de unidade familiar é o instrumento que identifica os agricultores familiares e/ou agricultores familiares assentados aptos a realizarem operações de crédito rural junto ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
Felipe Sapiras, neto de Cordélia, na ponte do Brooklyn, Estados Unidos. Foto: Redes Sociais
Certificado do Incra concedeu à Vera Lúcia Sapiras, filha de Cordélia, a condição de assentada no PA Jatuarana.

O esquema do latifundiário consiste em utilizar o Projeto Geo Rondônia para “esquentar” os documentos da área em nome de terceiros, neste caso familiares e funcionários. O Projeto Geo Rondônia busca assentar 14.775 famílias de 26 municípios de Rondônia em uma área de 40 mil quilômetros que será dividida em 120 Projetos de Assentamento.

Espelho de unidade familiar da laranja Kate Priscilla.

No passo a passo criminoso, o laranja obtém a posse da terra na condição de assentado e posteriormente recebe o título da terra. Depois, o latifundiário forja a compra da terra do “assentado” para ficar “legalizado”.

O assentamento grilado pela máfia Sapiras foi o Jatuarana. Criado em 1988, ele tem o objetivo de assentar mais de 700 famílias e abrange os municípios de Ariquemes, Vale do Anari e Theobroma. Atualmente, os Sapiras tem mais de 3 mil hectares do assentamento.

A grilagem também ocorreu fora das fronteiras do Jatuarana, de forma que 10.943.8 hectares estão nas mãos da família latifundiária. As terras registradas por meio de laranjas somam um valor de R$ 109,4 milhões.

Ligações com o bolsonarismo

É sabido que uma máfia nunca se sustenta sem ligações políticas. Em 2019, o governo do ultrarreacionário Jair Bolsonaro organizou o “Festival de Tambaqui da Amazônia” na Esplanada dos Ministérios. Foi uma festança: seis toneladas (4 mil bandas) de tambaqui foram assadas. E quem pagou grande parte foi a família Sapiras.

Segundo nota do próprio governo à época, os peixes foram doados pela Associação de criadores de Peixes do Estado de Rondônia (Acripar), Zaltana Pescados e Agrofish. Duas delas (Acripar e Agrofish) pertencem à Edson Sapiras, filho de Corbélia.

Durante o evento, uma peixada especial foi feita na sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), à convite do diretor-geral à época, Alexandre Ramagem, chefe do aparelho ilegal conhecido como “Abin paralela”. Convidados especiais foram Jair Bolsonaro, Nabhan Garcia (então Ministério da Agricultura à época) e Marcelo Álvaro (então ministro do Turismo).

O secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Jorge Seif, se animou com o evento e divulgou nas redes sociais. “Agradeço à Acripar na pessoa do produtor e amigo Francisco Hidalgo pelo fornecimento direto de Rondônia desse pescado nativo, amazônico, sustentável e saboroso!”, comentou na legenda.

Francisco Hidalgo Farina é atualmente presidente da Comissão Nacional de Aquicultura Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade sindical que defende o agronegócio, latifúndio de novo tipo, e provavelmente é a figura pública usada para desviar a atenção dos Sapiras dos holofotes públicos.

Em outro momento, Seif, que também foi um dos promotores do Festival Tambaqui da Amazônia, declarou que: “Para estimular o setor, a secretaria trabalha para facilitar o acesso do produtor ao crédito, desburocratizar normas e reduzir barreiras ambientais. “Acabar com essa esquizofrenia de leis que não têm sentido”, afirmou o secretário.” Quando Jorge declara que quer reduzir barreiras ambientais, e acabar com “esquizofrenia de leis”, na verdade quer o terreno limpo para mais roubos de terra dos camponeses em detrimento de cada vez mais concentração nas mãos do latifúndio, nesse caso, da família Sapiras.

Mais crimes

Além da grilagem de terras Vera Lúcia Sapiras, filha do latifundiário “Corbélia”, é uma das proprietárias da Construtora Vanvera, condenada por crimes de parcelamento ilegal de solo também em Ariquemes. Um dos crimes da construtora consistiu em vender milhares de lotes sem conter o registro imobiliário, ou seja, sem ter o direito de propriedade do lote. A venda dos lotes sem registro chegou a ser anunciada para o público, mas sem a informação de que não havia registro imobiliário.

Os magnatas também iniciaram a construção de empreendimento privado violando o Plano Diretor da cidade de Ariquemes, impedindo a expansão de uma importante via de acesso da cidade, a Avenida JK.

Não bastando essas questões, os empresários não realizaram o indispensável Estudo de Impacto de Vizinhança e Relatório de Impacto de Vizinhança (EIA-RIVI)e realizaram propaganda enganosa sobre a existência de área de lazer e clube de hipismo, uma vez que nada disso estava submetido ao projeto enviado à Prefeitura Municipal.

Proteção para os grileiros, repressão para os camponeses

Revoltados com o esquema criminoso do qual o Estado é partícipe, camponeses tomaram, no dia 23 de setembro de 2023, as terras griladas pela máfia Sapiras no Assentamento Jatuaruna. Poucos dias depois, a mesma Polícia Militar (PM) que faz vista grossa à grilagem invadiu a ocupação junto dos paramilitares bolsonaristas do movimento “Invasão Zero” para realizar um despejo criminoso. Depois da expulsão das famílias, a liderança camponesa da área, José Carlos dos Santos, conhecido popularmente como Cascaval, foi assassinado. Os tiros saíram de uma pistola de calibre .40, de uso exclusivo da Polícia Militar de Rondônia.

Em depoimento à reportagem, as famílias afirmam que “não confiamos que a mesma justiça que acobertou Corbélia vai fazer alguma coisa por nós, e não vamos mais esperar”.

Frente ao cenário de repressão e asassinato, complementam que: “qualquer coisa que vier a acontecer será de total responsabilidade do governo de Luiz Inácio (PT) e de Marcos Rocha (governador de Rondônia/União), que nada fazem para punir os paramilitares dos grileiros e os crimes de pistolagem, ao mesmo tempo que perseguem os camponeses com todos os aparatos do Estado.”

É um recado que deixa claro que as famílias continuarão a lutar pelos seus direitos e não aceitarão que ninguém se coloque no caminho da luta pelo sagrado direito à terra. Em outras regiões do Brasil, famílias camponesas enfrentam da forma que podem os bandos pistoleiros, o grupo paramilitar “Invasão Zero” e os aparatos oficiais pelo mesmo direito, como na comunidade Barro Branco, em Pernambuco, e na cidade de Messias, em Alagoas.

Fonte: A Nova Democracia

O estigma contemporâneo de Sísifo

Ana Luiza Júdice Costa

Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.

Como é possível pensar numa educação emancipadora e antirracista?

Cruz e Sousa, o “Cisne Negro”, registrado na literatura Simbolista brasileira, foi um homem preto que utilizou do poema e da simbologia para expor sua angústia perante o racismo sofrido e a dificuldade em se estabelecer na profissão de escritor, especialmente pela condição subalterna (da infraestrutura política do Brasil do século XIX) com relação às pessoas de pele escura e retinta. Em seus versos, há o uso recorrente de palavras que remetem a utensílios de cor clara, e não insolitamente, à vontade de “constituir-se” branco. Hodiernamente, sua história é usada nas aulas de literatura como mostra do sofrimento interminável, político e estrutural dos negros – aparentemente atemporal pela inaptidão das políticas públicas do país.

É claro que, se no século XIX Cruz e Sousa tivesse ao seu redor pessoas que fossem educadas com uma instrução ética, empática, desvinculada dos estereótipos culturais racistas, sua vida teria sido mais “leve” e menos breve – a tuberculose veio logo, e ele foi imortalizado como o primeiro simbolista preto da sua época, dentre muitos mestiços.

Albert Camus, em seu livro “O mito de Sísifo: um ensaio sobre o absurdo”, traz o suicídio como a epítome de um conjunto de ações externas (sociais) e internas (individuais) que sufocam a vontade de viver e de dar sentido à sua existência. A falta dessa vontade é um “absurdo”. Portanto, é um absurdo perceber que o poeta se imortalizou não pela sua obra, mas por uma doença que roubou sua vida e pelo racismo que suicidou suas ideias e seu “eu” negro – na busca de ser branco, Cruz e Sousa matou a sua persona – um absurdo, um crime, para uma alma tão genial.

A retrospectiva do simbolista encontra seio fecundo na contemporaneidade. Numa sociedade tão avançada tecnologicamente, o social retrocede ao perpetuar a lógica escravista e, ao contrário do que pressupôs Paulo Freire, o negro oprimido muito dificilmente virará o opressor, porque está muito preocupado em salvar-se do mundo e viver numa realidade falsamente inclusiva. O mundo é branco, pensa branco e age brancamente, e aquele não o é sofre retaliação – física, psicológica ou verbal. Como, então, ser um professor antirracista se fora da escola o discente vai sofrer o estigma da sua cor? Essa é a questão mais exigente e urgente deste século.

Voltamos então ao mito de Sísifo: carregar uma pedra ladeira acima, eternamente, por castigo divino. Na mitologia grega, Sísifo teve a “audácia” de enfrentar a morte, enganando os deuses tiranos Hades e Zeus. Espelhando convergentemente para o presente, o homem e a mulher pretos carregam pedras todo dia, pois precisam (e não porque querem!) enfrentar as autoridades (o Estado e os governos) para sobreviver. Se Sísifo soltar a pedra, é esmagado e levará consigo milhares de vidas inocentes logo abaixo, na cidade mortal que ele protege.

Em “A Cor do Amor”, de Elizabeth Hordge-Freeman, as hierarquias sociais são expostas em uma comunidade negra da Bahia, cujo cotidiano é demonstrado por ser o relato da incorporação da branquitude na consciência dos moradores – negras de nariz afilado, cabelos lisos e pele clara são melhor vistas dentro da comunidade e têm mais chances de casar-se com um “homem branco rico” e “mudar de vida”. O livro deste século mostra que a autonomia e a autoestima dos negros foram minadas. Pensando nisso, como educadores devemos criar bases para restaurar a autoestima e a relação de pertencimento do negro com essa terra – que também lhe pertence.

Passando para o contexto educacional, as perspectivas aqui anotadas (Elizabeth, Sísifo, Cruz e Sousa) servem para que analisemos do que carecem os alunos – uma educação emancipatória sobre os estigmas da estrutura social. Para isso, o docente deve se utilizar de referências afrodescendentes na sala de aula, como músicas, mitologias, livros e figuras expoentes da luta antirracista, como Ângela Davis, Martin Luther King, Bell Hooks, Alice Walker, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis, dentre outros. Além disso, os estudantes devem entender as terminologias corretas: preto e negro (este para pretos e pardos e aquele somente para pretos), e jamais usar substantivos pejorativos como “mulata”. Não obstante, aspectos geográficos e culinários de locais com ancestralidade africana devem ser explorados, como a cultura baiana e nordestina, bem como a própria África. Todos esses aspectos passam, necessariamente, por alguns estágios sequenciais, aqui enumerados:

  1. Estrutura curricular antirracista;
  2. Formação docente libertária (Paulo Freire) e antifascista;
  3. Corpo docente alinhado às pautas de antirracismo e diversidade cultural.

Outras necessidades importantes, porém, mais difíceis a longo prazo, é uma mudança estrutural no conceito de Estado – para quem e por quem? Quem faz a lei e para qual população ela serve? Uma política que atende uma parcela específica da sociedade é morta.

Aristóteles costumava dizer que a democracia se realiza na conversa entre diferentes opiniões, no entanto – e não estou deslegitimando toda a sua obra, mas apontando um fato –, Aristóteles era um homem branco, de “boa vida”, que poderia cultivar o livre-pensar e não trabalhar. A história não é contada e não conta sobre gente negra, sobre indígenas, sobre chineses, sobre orientais, porque a perspectiva da educação brasileira é europeia e ocidental. E é justamente essa visão que devemos desconstruir em sala de aula.

A cura para a varíola, por exemplo, foi inventada na China do século X, com a aspersão do vírus em pó no nariz do paciente. A doença se desenvolvia em uma forma branda e logo era curada. No entanto, na educação ocidental, especialmente no Currículo Paulista, a vacina “descoberta” no século XVIII pelo franco-inglês Edward Jenner (Europeu. Surpresa? Não!) foi a responsável por “curar” o mundo da varíola. Não foi. Nunca foi. Quanto conhecimento não perdemos por oprimir aqueles que não são da nossa etnia? A educação brasileira não é só racista, é totalitária, cega, rasa e xenofóbica. E o docente também precisa mostrar isso aos seus alunos: ele deve levar exemplos não ortodoxos, e para isso ele precisa se instruir primeiro.

Por meio do exposto, é possível perceber que educar para a libertação dos estigmas passa necessariamente pela desconstrução dos padrões bancários da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), cuja metodologia mecanicista atende ao mercado mundial de criação de robôs de fabricação seriada e, consequentemente, por toda a “cortina de ferro” da politicagem. Essas coisas precisam ser mostradas, debatidas, repassadas.

Mais do que mera informação, mostrar ao alunado o contexto de seu país é dever do educador que preza pela liberdade de escolha do seu aluno. Quem ele (o estudante) vai querer ser? O que ele vai fazer no futuro? Que tipo de ser humano ele se tornará? A ele não pode ser negada a emancipação de uma consciência livre dos amálgamas entorpecentes do mundo se a intenção do educador for uma Educação da consciência (Paulo Freire). A liberdade é esperança, desde que a esperança repouse no direito de coexistir. Toda a minha escrita, logo, é o esteio para uma metodologia de justiça, é como eu pensaria para criar uma aula de cunho emancipatório.

Embora a discussão seja longa, não posso deixar de abordar a questão indígena. O que é a emancipação se não um desenvolvimento moral? De caráter? A emancipação urbana ostentada no dinheiro é uma farsa. O “amanhã não está a venda” (Krenak). E o que é o amanhã? É a possibilidade de uma vida saudável e justa., E isso quem nos ensina é o filósofo ambientalista Ailton Krenak, da aldeia ancestral Krenak.

Não é de hoje que comunidades indígenas avisam o homem branco sobre os impactos do seu consumismo, do seu egoísmo, nas relações intrassociais (empresto da Ecologia o prefixo “intra” como referência ao termo “intra-específica”, que define contatos dentro de uma mesma espécie, entre os indivíduos) e com a natureza. A resposta da branquitude é queimar as ocupações e comunidades indígenas. Dessa forma, o antirracismo também deve pautar-se na não xenofobia.

Em conclusão, é possível pensarmos em uma educação antirracista e emancipatória desde que não estejamos dispostos a cometer o absurdo de suicidar a originalidade dos povos. Para isso devemos nos munir de instrução, conhecimento para então instruir, e protestar fervorosamente contra o status quo no cotidiano fazendo o incomum – uma pedagogia da consciência e da Esperança. Na parte “prática das coisas”, as aulas devem seguir os princípios aqui expostos e recorrer mais ao debate que à punição como método de aprendizado, às visões decoloniais e mais humanas.

 

REFERÊNCIAS:

CAMUS, A. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Lisboa: Livros do Brasil, 1943.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

FREIRE, P. 1921 – Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido / Paulo Freire. – Notas: Ana Maria Araújo Freire Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

FREEMAN, E. H. A cor do amor:  Características raciais, estigma e socialização em famílias negras brasileiras. Editora EdUfscar, 1º ed, 2021.

KRENAK, A. A. L. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

 

Onde vamos parar?

Transformamos uma conversa do WhatsApp em música com IA. Nessa experiência musical, criamos as letras. Depois, alimentamos a IA (ferramenta SUNO), que produziu o restante: música, criação de áudio, voz e instrumental. É perturbador, inquietante e sugestivo – tudo ao mesmo tempo.

A ferramenta usa IA para criar letras e melodias a partir de comandos simples e permite gerar até dez canções por dia no plano gratuito. O app viralizou nas redes sociais porque os usuários estão transformando diálogos engraçados em música e compartilhando na internet.

O que é o Suno AI?

O Suno AI foi desenvolvido por uma equipe de músicos e especialistas em IA com sede em Cambridge, cidade em Massachusetts. O time é composto por ex-alunos de empresas como Meta, TikTok e Kensho.

A plataforma permite que o usuário crie músicas em dois formatos: no método simples que basta fazer uma breve descrição para que a IA crie letra e melodia; e no modo personalizado, onde o usuário pode inserir qualquer texto e escolher o estilo da música, sendo possível criar canções a partir de conversas do WhatsApp ou de postagens nas redes sociais, por exemplo. Além do português, o app suporta diferentes idiomas, mas não aceita textos que contenham nomes de artistas ou bandas.

O Suno AI pode ser usado gratuitamente, mas com algumas restrições: são 50 créditos diários, que dão direito a 10 criações, e as músicas não podem ser comercializadas. O Plano Pro, com preço de US$ 10 mensais, dá direito a 500 músicas por mês, prioridade na fila de criação e possibilidade de uso comercial. Já o Premier custa US$ 30 e dá direito a 2 mil músicas, além de outros benefícios do plano Pro.

Como fazer música no Suno AI?

Passo 1. Acesse o site do aplicativo e clique em “Create”;

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Passo 2. Clique em “Sign up” para criar uma conta. É possível fazer login com as contas do Discord, Google ou Microsoft para entrar na plataforma;

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Passo 3. Clique em “Create” para começar a criar uma música e descreva o tipo de música que deseja.

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Passo 4. Selecione uma das músicas geradas e dê play para ouvi-la;

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Passo 5. Caso queira inserir uma letra para que o Suno AI transforme em música, ative a chave do “Custom Mode”. Em “Lyrics” insira a letra da música. Depois, escolha o estilo e o título da música. Por fim, role a tela para baixo e clique em “Create” para gerar a música;

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Passo 6. Para salvar uma música no Suno AI, basta clicar nos três pontinhos ao lado da música. No menu aberto, selecione “Download” e escolha se deseja salvar em áudio ou em vídeo.

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Vinício Carrilho Martinez
Marlon Pessanha

Com informaçoes de startupi.com.br

 Queria ser um quero-quero

Queria ser mais
Queria ser um pássaro
– voar até você
– uma borboleta a te contemplar

Queria estar na sua esperança
– ninguém fere uma borboleta

Queria polenizar sua estrada
– polemizar sua descrença

Queria amar sua vida
– voar até você

Queria você
– quero
Queria, quero

Sou igual ao quero-quero
– de você

Queria ser uma ida
– e você a chegada
Uma chegada amada

De tanto que queria
– eu quero-quero
Vontade duplicada

Queria que me visse como um pássaro
– um quero-quero de você

Queria borboletear seus dias
Aliás, eu quero-quero tudo isso

É assim que o meu amor pode flanar
– planar até aí

Queria ser esse planador
– aplainar a dor
– com amor

Leve, suave, sem ruído
Indo até você

Queria você
Eu quero-quero

Se uma pessoa gostar já estou feliz
É porque você é especial para mim

Vinício Carrilho Martinez

Direito à consciência emancipadora

Consciência é o resultado da razão, racionalidade, verificação fática, realista, típica de quem associa (logicamente) uma simetria entre “meios e fins”, um percurso da coerência, da razoabilidade e da proporcionalidade.
À primeira vista também seria um direito à racionalidade, à razão que descontroi a irracionalidade, os atentados ao Bom Senso.
Seria equivalente à educação de qualidade, laica, emancipadora.
O que se obtém com o ensino fundamental de ciências, com o acesso ao básico do Renascimento e do Iluminismo.
Porém, isso não é suficiente para pensarmos a consciência emancipadora, esta que se indigna com a indignidade.
A consciência emancipadora, forjada como “consciência coletiva”, ampla e inclusiva, requer uma educação fundamental alicerçada na Ética, nos valores e nos direitos humanos fundamentais.
É essa composição que nos garante, pelos princípios, que não será apenas uma “razão instrumental” a serviço da opressão, da subordinação ao embrutecimento capitalista.
Por sua vez, a empatia, a interação social, a sociabilidade emancipadora, também se encontram na filosofia, na sociologia clássica, na história das humanidades.
É isso tudo, em princípio, que orienta o Direito à consciência emancipadora.
Uma racionalidade a serviço da descompressão social.

Texto de Vinício Carrilho Martinez

Leitura de Fátima Ferreira

Para se livrar da prisão, Bolsonaro vai jogar o golpe no colo de Heleno e Braga Netto

Após falar em fugir para uma embaixada em caso de condenação pela tentativa de golpe de Estado no Brasil, Jair Bolsonaro já trabalha com mais uma estratégia para tentar se livrar de prisão: jogar a culpa em militares de alta patente que compunham o seu governo, entre eles o general Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e general Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, além de candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022).

Trata-se de a tese de “golpe dentro do golpe”, que consistiria em um plano golpista não só para impedir a posse de Lula após o pleito, mas para que os próprios militares assumissem o poder, em detrimento de Bolsonaro. A sinalização de que essa deve ser a estratégia foi dada por Paulo Amador da Cunha Bueno, um dos advogados de Bolsonaro, em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (29).

Bueno usa como base nesta narrativa o “Punhal Verde e Amarelo”, documento elaborado, segundo a Polícia Federal (PF), pelo general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, Mario Fernandes, que foi preso recentemente na operação “Contragolpe”. O planejamento envolvia o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O documento previa, após deflagrado o golpe, a a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise que seria comandando por militares.

Heleno, segundo o planejamento, seria o chefe de tal gabinete. Braga Netto, por sua vez, seria o coordenador-geral, enquanto outros militares de alta patente, como o próprio Mario Fernandes, assumiriam outras funções de comando.

O fato de Jair Bolsonaro não ser mencionado no plano “Punhal Verde e Amarelo” é a base da estratégia a ser usada pela defesa do ex-presidente para jogar a culpa pela tentativa de golpe em Heleno e Braga Netto.

“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do ‘Plano Punhal Verde e Amarelo’, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”, disse o advogado de Bolsonaro em entrevista à GloboNews.

“Não tem o nome dele [Bolsonaro] lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”, afirmou ainda.

Apesar da tentativa do advogado de Bolsonaro de imputar a culpa somente a Heleno e Braga Netto, a Polícia Federal, em seu relatório final sobre a investigação, aponta o ex-presidente como o principal líder da organização criminosa que tentou deflagrar um golpe no Brasil. Os investigadores afirmam, inclusive, que Bolsonaro tinha conhecimento do plano para assassinar autoridades.

Bolsonaro indiciado 

O relatório final da Polícia Federal (PF), encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) propondo o indiciamento de Jair Bolsonaro e de outras 37 pessoas, traz com detalhes o envolvimento do ex-presidente na trama golpista.

A investigação da PF é taxativa no documento. “Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, diz trecho do relatório, sendo preservada aqui a grafia original.

O arcabouço probatório colhido pelos investigadores demonstra que o grupo investigado e liderado por Bolsonaro “criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do País desde o ano de 2019”. O objetivo seria sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral para que dois objetivos fossem alcançados posteriormente: “primeiro, não ser interpretada como um possível ato casuístico em caso de derrota eleitoral e, segundo e mais relevante, ser utilizada como fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato”.

Leia mais detalhes sobre o relatório da PF aqui.

Fonte: Revista Forum

Fuga anunciada: Bolsonaro diz que pode fugir para alguma embaixada se tiver prisão decretada

Ex-presidente disse também que não tinha conhecimento de plano para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista ao UOL que pode vir a pedir asilo em alguma embaixada caso tenha sua prisão decretada. Ele foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.

“Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”, disse. “Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado”, afirmou.

Apesar de negar os crimes, Bolsonaro confessa ter conversado sobre “artigos da Constituição” com os comandantes das Forças Armadas para “voltar a discutir o processo eleitoral” logo após ser derrotado em 2022 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse, no entanto, que a ideia foi logo “abandonada”.

As acusações

O relatório final da Polícia Federal (PF), encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) propondo o indiciamento de Bolsonaro e de outras 37 pessoas, traz com detalhes o envolvimento do ex-presidente na trama golpista.

A investigação da PF é taxativa no documento. “Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”, diz trecho do relatório, sendo preservada aqui a grafia original.

O arcabouço probatório colhido pelos investigadores demonstra que o grupo investigado e liderado por Bolsonaro “criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do País desde o ano de 2019”. O objetivo seria sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral para que dois objetivos fossem alcançados posteriormente: “primeiro, não ser interpretada como um possível ato casuístico em caso de derrota eleitoral e, segundo e mais relevante, ser utilizada como fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato”.

Leia mais detalhes sobre o relatório da PF aqui.

Revista Fórum

Portugal também está em risco em caso de guerra nuclear entre Rússia e Ucrânia, afirma correspondente

A localização geográfica de Portugal o torna também alvo em caso de uma guerra nuclear, afirma o Pós PhD em neurociências luso-brasileiro, licenciado em História e representante lusófono, Dr. Fabiano de Abreu

Vários países europeus intensificam suas estratégias de defesa, preparando até civis para um possível confronto de escala continental.

Desde a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, cresce o temor de que Moscou possa expandir a agressão a outros países da região, incluindo membros da Otan, que Putin acusa de ameaçar a existência da Rússia. Alemanha, Suécia e Finlândia estão entre as nações que adotam medidas para fortalecer a segurança nacional

A escalada do conflito

Na última semana, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que o conflito na Ucrânia atingiu proporções de uma guerra “global”.

A tensão aumentou com a Coreia do Norte enviando soldados para apoiar a Rússia, os EUA autorizando Kiev a usar mísseis em território russo e Moscou respondendo com o lançamento de um míssil intercontinental de capacidade nuclear. Após mais de 1.000 dias de guerra, o clima se torna cada vez mais tenso.

 

A Europa em alerta

Finlândia, Suécia e Noruega estão orientando suas populações sobre preparativos para uma possível escalada nuclear na guerra na Ucrânia.

Na Alemanha, o governo mapeia bunkers e abrigos emergenciais, como estações subterrâneas, e lançará um aplicativo para facilitar o acesso. Além disso, incentiva a construção de abrigos domésticos, usando porões e garagens para reforçar a proteção civil.

Devido à sua localização, Portugal pode ser um dos alvos em caso de escalada da guerra (Foto: Reprodução/FreePik)

Como Portugal também pode ser afetado?

De acordo com o Pós PhD em neurociências luso-brasileiro, licenciado em História e representante lusófono, Dr. Fabiano de Abreu, Portugal é, também, um país que corre risco com a escalada das tensões na guerra.

No caso de uma escalada da guerra para um conflito nuclear, Portugal é um país de risco, navios russos já rodearam a costa do país pois a localização de Portugal é estratégica para uma invasão marítima para outros países como Espanha e França, o que torna a região um grande alvo. 

“Além disso, os arquipélagos dos Açores e da Madeira ampliam a área marítima de Portugal, o que os torna estratégicos. A Base das Lajes, nos Açores, também se destacam como ponto chave para operações militares dos EUA e da NATO”.

“Embora Portugal não tenha um poder bélico e de exército tão grande quanto outros países, a sua força se concentra na inteligência, o que também é um diferencial em uma guerra e pode ajudar o país nesse caso”.

“Outro risco que precisa ser considerado é que países sejam bombardeados e isso também  afetaria Portugal, não apenas diretamente a depender da distância do país, mas também com abastecimento de comida e bloqueio de possíveis rotas terrestres de fuga”, ressalta Dr. Fabiano.

Sobre o Dr. Fabiano

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues MRSB é Pós-PhD em Neurociências, eleito membro da Sigma Xi – The Scientific Research Honor Society (mais de 200 membros da Sigma Xi já receberam o Prêmio Nobel), além de ser membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, da Royal Society of Biology e da The Royal Society of Medicine no Reino Unido, e da APA – American Philosophical Association nos Estados Unidos. Mestre em Psicologia, Licenciado em História e Biologia, também é Tecnólogo em Antropologia e Filosofia, com diversas formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Dr. Fabiano é membro de prestigiadas sociedades de alto QI, incluindo Mensa International, Intertel, ISPE High IQ Society, Triple Nine Society, ISI-Society e HELLIQ Society High IQ. Ele é autor de mais de 280 estudos científicos e 26 livros. Atualmente, é professor na PUCRS no Brasil, UNIFRANZ na Bolívia e Santander no México. Além disso, atua como Diretor do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e é o criador do projeto GIP, que estima o QI por meio da análise da inteligência genética. Dr. Fabiano também possui registro de jornalista, tendo seu nome incluído no livro dos registros de recordes por conquistar três recordes, sendo um deles por ser o maior criador de personagens na história da imprensa. Professor Convidado e Orientador acadêmico da Faculdade FAEV.

 

TODOS OS GOLPES SÃO RACISTAS

Vinício Carrilho Martinez

Breve carta dirigida aos racistas

 

Todos os golpes no Brasil são racistas.

Sejam grandes ou pequenos, os golpes são racistas.

É a nossa história, da nossa formação social.

Nossa “índole” é golpista e racista.

De dia e de noite a cultura nos sabota, junto ao interesse econômico, político, formatando um substrato de sociopatia, de indiferença à dor das pessoas.

Todavia, não há dor maior do que aquela sentida por quem é alvo do racismo.

Dói na pele, na alma, no coração, na Utopia desfeita pelo racismo.

Há uma maldade perpetuada, por quem pratica; há uma dor lancinante em quem recebe.

Por isso, o pior que podemos fazer é “nada fazer”, diante desse escombro social, moral, desumano que fere a quem tenha a mínima noção de Humanidade.

A você, racista, que esteja lendo esse breve texto – o que duvido muito – faça essa reflexão, pense no quanto você é devedor. Seu débito com a sociedade brasileira é impagável.

Porém, tente não aumentar o mal imenso que já praticou.

Faça, se tiver alguma coragem efetiva, a última reflexão que coloco abaixo. Sinta-se, ao menos um pouco, tentado a reagir como um ser humano menos brutal, menos brutalizado.

 

A emancipação é um processo crescente, permanente de crescimento e de libertação do controle opressivo. Portanto, envolve “ter ciência” das condições, fatos, situações, isto é, exige consciência para agir, e isso implica em decisões ou lutas, sobretudo quando pensamos na opressão de classe, no racismo, no machismo. Neste sentido, como seria possível efetivarmos uma educação antirracista?

 

O que você diria desses apontamentos?

Você é capaz de pensar sobre isso?

Tente ser mais humano e menos fera – dessas que devem ser enjauladas.

Racismo é crime inafiançável e imprescritível.

É um crime bárbaro, que provém do fundo da desesperança.

E, certamente, é o oposto do que trago comigo.

Aliás, quando se manifestar publicamente, não se esforce em comprovar sua ignorância atávica.

Como se vê na foto, há um erro crasso, do tamanho da maldade racista.

Pois, Senzala é com S.

 

 

Bolsonaro pode ter bens bloqueados após pedido do MP ao TCU

O ex-presidente e outras 36 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ter os bens bloqueados, pois o Ministério Público (MP) pediu nesta sexta-feira (22) ao Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio de R$ 56 milhões dos 37 indiciados pela Polícia Federal por participação na tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

O Ministério Público afirma que as tramas golpistas aparentam ter conexão direta com os ataques de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes e culminaram em danos materiais avaliados em R$ 56 milhões.

“Os indiciamentos promovidos pela Polícia Federal e decorrentes de inquéritos sob a jurisdição do Supremo Tribunal Federal apontam para a direta conexão entre as tratativas golpistas que ocorreram no ano eleitoral de 2022 e as depredações ocorridas nas sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023”, diz o pedido do MP.

O pedido ao TCU, assinado pelo subprocurador-geral Lucas Furtado, também pede a suspensão dos salários dos 24 oficiais das Forças Armadas que foram indiciados pela PF.

“A se permitir essa situação (continuidade do pagamento de remuneração a esses indivíduos), na prática, o Estado está despendendo recursos públicos com a remuneração de agentes que tramaram a destruição desse próprio Estado, para instaurar uma ditadura […] Não me parece moral, legal e constitucionalmente aceitável, portanto, que continuem sendo regularmente remunerados por um Estado que pretendiam abolir”, declara o procurador.

De acordo com informações do Metrópoles, a União gasta R$ 675 mil por mês, ou R$ 8,78 milhões por ano, para pagar os salários dos militares indiciados pela PF por tentativa de golpe de Estado.

O procurador Lucas Furtado também recomenda a suspensão de qualquer outra forma de remuneração ou subsídio que seja custeada com verba federal, inclusive o Fundo Partidário. Essa medida pode, portanto, atingir o PL, que pode ficar sem o fundo.

Por fim, o procurador solicita ao STF que torne o relatório do indiciamento público.

Bolsonaro é indiciado pela Polícia Federal

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal pela tentativa de golpe de Estado que encabeçou a partir dos últimos dias de 2022, após ser derrotado nas urnas pelo presidente Lula (PT) e ficar inconformado com sua saída do poder.

Vários outros ex-integrantes de seu governo, aproximadamente 35, também foram indiciados pela PF, e os crimes pelos quais são acusados são inúmeros, com destaque para abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa.

Com 884 páginas, o inquérito policial foi concluído no início da tarde desta quinta-feira (21) e agora será entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda hoje. Desde já, a Procuradoria Geral da República (PGR) é quem fica incumbida de denunciar ou não os indiciados, para que então os réus, em caso de aceitação da denúncia, sejam julgados pelo STF.

Entre os principais indiciados estão:

Jair Bolsonaro, ex-presidente;

Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice na chapa derrotada;

Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin);

Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL)

Foram ainda indiciados outros 32 nomes envolvidos na trama:

Ailton Gonçalves Moraes Barros

Alexandre Castilho Bitencourt da Silva

Almir Garnier Santos

Amauri Feres Saad

Anderson Gustavo Torres

Anderson Lima de Moura

Angelo Martins Denicoli

Bernardo Romão Correa Netto

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

Carlos Giovani Delevati Pasini

Cleverson Ney Magalhães

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira

Fabrício Moreira de Bastos

Filipe Garcia Martins

Fernando Cerimedo

Giancarlo Gomes Rodrigues

Guilherme Marques de Almeida

Hélio Ferreira Lima

José Eduardo de Oliveira e Silva

Laercio Vergilio

Marcelo Bormevet

Marcelo Costa Câmara

Mario Fernandes

Mauro Cesar Barbosa Cid

Nilton Diniz Rodrigues

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Rafael Martins de Oliveira

Ronald Ferreira de Araujo Junior

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros

Tércio Arnaud Tomaz

Wladimir Matos Soares

No caso de condenação, por cada um dos seguintes crimes, os indiciados podem ser condenados a:

4 a 12 anos de prisão por Golpe de Estado

4 a 8 anos de prisão por Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

3 a 8 anos de prisão por Integrar organização criminosa

Revista Fórum

Lançamento da campanha para a recuperação da Casa Carlos Marighella

Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Benjamin Netanyahu

Premiê de Israel é acusado de promover de crimes contra a humanidade e crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, acusados de crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos em Gaza, incluindo privação de alimentos, água e medicamentos à população civil.

O TPI também emitiu um mandado de prisão contra o comandante militar do Hamas, Mohammed Deif, informou a Sputnik.

“A Câmara emitiu mandados de prisão contra dois indivíduos, o Sr. Benjamin Netanyahu e o Sr. Yoav Gallant, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos desde, pelo menos, 8 de outubro de 2023 até, pelo menos, 20 de maio de 2024, data em que a Procuradoria apresentou os pedidos de mandados de prisão”, afirma um comunicado à imprensa no site do TPI.

Leia a íntegra da decisão “Situação no Estado da Palestina: Câmara Pré-Julgamento I do TPI rejeita desafios de jurisdição apresentados pelo Estado de Israel e emite mandados de prisão contra Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant”.

TPI emite mandados de prisão
Hoje, 21 de novembro de 2024, a Câmara Pré-Julgamento I do Tribunal Penal Internacional (TPI), em sua composição para tratar da situação no Estado da Palestina, decidiu, por unanimidade, rejeitar dois desafios apresentados pelo Estado de Israel com base nos artigos 18 e 19 do Estatuto de Roma. Além disso, foram emitidos mandados de prisão contra Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant.

Decisões sobre os pedidos de Israel
A Câmara analisou dois pedidos submetidos por Israel em 26 de setembro de 2024. No primeiro, Israel contestava a jurisdição do TPI sobre a situação na Palestina e sobre cidadãos israelenses, com base no artigo 19(2) do Estatuto. No segundo, Israel solicitava que a Procuradoria notificasse novamente o início da investigação, conforme o artigo 18(1), além de pedir a suspensão de quaisquer procedimentos relacionados à situação, incluindo os mandados de prisão de Netanyahu e Gallant.

Sobre o primeiro desafio, a Câmara reafirmou que a jurisdição do TPI se baseia no território da Palestina e que a aceitação de Israel não é necessária. Constatou também que os Estados não podem contestar a jurisdição do Tribunal antes da emissão de mandados de prisão. Em relação ao segundo pedido, a Câmara destacou que Israel foi notificado sobre a investigação em 2021 e que nenhuma nova notificação era necessária, pois os parâmetros da investigação permanecem os mesmos.

Mandados de prisão
Foram emitidos mandados de prisão contra Benjamin Netanyahu, nascido em 21 de outubro de 1949, então Primeiro-Ministro de Israel, e Yoav Gallant, nascido em 8 de novembro de 1958, então Ministro da Defesa. Ambos são acusados de crimes de guerra e contra a humanidade, incluindo assassinato, perseguição e atos desumanos, além de privar intencionalmente a população de Gaza de bens essenciais, como alimentos, água, eletricidade e medicamentos, entre outubro de 2023 e maio de 2024.

 

Brasil 247

O Brasil não é fraco

As vezes a imagem fala por si.
Esse quadro é um retrato de memória e já tem alguma interpretação.
Lembre de outras coisas e complete a semana brasileira.

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PF: Bolsonaro atuou diretamente na redação e ajuste da ‘minuta do golpe’

Mensagens enviadas por Mauro Cid ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, indicam que Bolsonaro “enxugou” o texto para torná-lo mais objetivo

A investigação da Polícia Federal (PF) que apura a tentativa de golpe de Estado visando impedir a posse do presidente Lula (PT) conecta Jair Bolsonaro (PL) à redação e ajustes da chamada “minuta do golpe”. O documento previa uma intervenção no Judiciário com o objetivo de impedir a posse de Lula e convocar novas eleições.

Segundo o Metrópoles, as evidências coletadas pelos investigadores, obtidas através de mensagens trocadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, apontam o envolvimento direto do ex-mandatário no planejamento de um golpe de Estado.

De acordo com a PF, Jair Bolsonaro teria redigido e ajustado pessoalmente o texto do decreto golpista. Mensagens enviadas por Mauro Cid ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, indicam que Bolsonaro “enxugou” o texto para torná-lo mais objetivo. Em uma das comunicações, Cid revelou que Bolsonaro estava sob pressão de “deputados” para adotar medidas mais drásticas, envolvendo o uso das Forças Armadas.

Além disso, as investigações apontam que o ex-mandatário se reuniu com o general Estevam Cals Theophilo, então comandante do Exército Brasileiro, em 9 de dezembro de 2022. O objetivo seria angariar apoio militar para consumar o golpe.

A Operação Contragolpe da PF foi deflagrada nesta terça-feira (19) para desarticular a organização criminosa suspeita de planejar não apenas o golpe, mas também o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a PF, o plano operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, previa a execução dessas autoridades para instaurar um regime de exceção no país.

A operação, autorizada pelo próprio Moraes, cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas.Entre os detidos na operação estão militares da ativa, da reserva e um policial federal: coronel Hélio Ferreira Lima: ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus. Foi destituído do cargo em fevereiro de 2024; general Mário Fernandes: ex-ministro interino da Secretaria-Geral e atualmente assessor do deputado Eduardo Pazuello; major Rafael Martins de Oliveira: acusado de negociar com Mauro Cid o pagamento de R$ 100 mil para financiar a ida de manifestantes a Brasília; major Rodrigo Bezerra de Azevedo, e o policial federal Wladimir Matos Soares.

As investigações revelam que o grupo de militares conhecido como “kids pretos” (força de elite da unidade de operações especiais do Exército) estava à frente do planejamento das ações. O esquema incluía articulações para financiar manifestantes golpistas, atentados contra autoridades e a imposição de um governo sob tutela militar.

Brasil 247

Animal, monstro: deputado da ‘bancada da bala’ é expulso de clube de tiro após tentar ensinar crianças a atirar

Paulo Bilynskyj vive uma disputa judicial com seus antigos sócios da Puma Tactical, clube de tiro situado em São Paulo

O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) foi afastado da sociedade em um clube de tiro que ajudou a fundar após ser acusado de enganar sócios, promover cursos de tiro com a presença de menores e permitir o acesso não autorizado ao cofre de armas do local. O parlamentar é conhecido por ser integrante da chamada “bancada da bala”.

Segundo informações dadas pelo jornal “Estadão”, Paulo Bilynskyj vive uma disputa judicial com seus antigos sócios da Puma Tactical, clube de tiro situado em São Paulo. A Justiça determinou a exclusão do parlamentar da empresa.

O deputado organizou, em janeiro de 2022, um curso batizado de “projeto policial”, no qual participaram dois menores. O fato contraria uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que exige autorização judicial para a participação de menores em práticas de tiro, mesmo com o consentimento dos responsáveis.

O projeto foi alvo do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da corregedoria da Polícia Civil, onde Bilynskyj também atua como delegado. Os sócios foram chamados a prestar esclarecimentos.

Paulo Bilynskyj vive uma disputa judicial com seus antigos sócios da Puma Tactical, clube de tiro situado em São Paulo. (Foto: Câmara dos Deputados)

Disputa judicial

Duas ações judiciais foram movidas por ambas as partes, mas foram unificadas em um só processo. O parlamentar chegou a ter uma decisão favorável, que foi revertida pelo juiz André Salomon Tudisco, da 1ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem, excluindo-o da sociedade por “falta grave”.

A permissão dada aos menores e as investigações resultantes foram consideradas suficientes para “colocar em risco a atividade empresarial”. Os sócios apresentaram outras acusações, como a realização de cursos de tiro sem a devida licença da Polícia Federal, permitir o acesso de menores de 25 anos ao cofre de armas e apropriar-se do grupo do Telegram com a carteira de clientes do clube.

De acordo com os sócios Maicon Oliveira e Rafael Unruh, Bilynskyj não cumpriu integralmente o acordo firmado, que incluía a transferência de nove armas avaliadas em R$ 250 mil e um aporte financeiro de R$ 150 mil.

O clube, fundado no início de 2021, admitiu Bilynskyj como sócio em maio do mesmo ano. Ele ganhou notoriedade nas redes sociais pelo seu envolvimento com armas, fator que o ajudou a conquistar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022.

A exclusão do parlamentar da sociedade transitou em julgado em dezembro de 2023, encerrando todas as possibilidades de recurso.

O que diz a defesa do deputado?

A defesa do parlamentar afirma que os sócios utilizaram sua imagem pública para impulsionar o negócio, mas não honraram o pagamento de quotas que lhe eram devidas. Bilynskyj negou qualquer irregularidade, alegando que os menores só apareceram nas fotos durante um momento de confraternização, com as mães presentes.

Uma mãe, em depoimento à polícia, disse que levou seus filhos, de 16 e 12 anos, ao curso, tendo pago R$ 1,4 mil por cada inscrição.

Bilynskyj afirma, ainda, que as acusações dos sócios são uma “aventura jurídica”.

Fonte: ICL Notícias

Milei recua e Argentina entra na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Mesmo com a adesão à aliança, a Argentina deve continuar criando entraves nas negociações em torno do G20

A Argentina decidiu aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do Brasil na presidência do G20 para erradicar a fome e a pobreza no mundo. Inicialmente, o país não constava na lista de participantes da aliança, sendo o único dos 19 países que fazem parte do G20 que não assinou a medida. No total, a iniciativa do Brasil contava com a adesão de 81 países.

No entanto, segundo informa a jornalista Miriam Leitão ,do Globo, a Argentina mudou de ideia e decidiu entrar na aliança. A ausência do país vizinho no documento era vista como um sinal do distanciamento do presidente argentino Javier Milei em relação ao Brasil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mesmo com a adesão à aliança, a Argentina deve continuar criando entraves nas negociações em torno do G20. O país pretende se opor a alguns pontos da declaração dos chefes de Estado do evento em temas como clima, gênero, taxação de super-ricos e geopolítica.

AO VIVO: Lula lança Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e apresenta soluções brasileiras, como o Bolsa Família e o Fome Zero

O presidente Lula (PT) lançou durante a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (18), a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Em seu discurso, Lula destacou a experiência brasileira com programas sociais como o Bolsa Família e o Fome Zero, que já transformaram a vida de milhões de pessoas no país, e propôs levar essas soluções para uma escala global.

“A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais. A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, é a ‘expressão biológica dos males sociais’, é produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”, disse lula diante de líderes que representam 85% do PIB mundial.

Lula sublinhou que o mundo, apesar de produzir alimentos em abundância, continua a falhar em distribuir essa riqueza de forma equitativa. Segundo ele, o contingente de 733 milhões de pessoas subnutridas, conforme estimativa da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura], reflete escolhas políticas equivocadas.

Ao apresentar a Aliança, Lula enfatizou que o Brasil se oferece como exemplo de que é possível superar a fome e a pobreza com políticas públicas eficazes. Ele relembrou que, em 2014, o país saiu do Mapa da Fome da FAO graças a iniciativas como o Bolsa Família e os investimentos na agricultura familiar. Entretanto, o retrocesso dos últimos anos trouxe novamente a fome para milhões de brasileiros.

“Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas. Em um ano e 11 meses, o retorno desses programas já retirou mais de 24,5 milhões de pessoas da extrema pobreza. Até 2026, novamente sairemos do Mapa da Fome, e com a aliança faremos muito mais”, afirmou o presidente.

A Aliança Global terá como foco a articulação de recomendações internacionais, financiamento e implementação de políticas públicas voltadas à inclusão social e segurança alimentar. Lula reforçou que essa iniciativa transcende a justiça social, sendo uma base fundamental para sociedades mais prósperas e pacíficas.

Lula também fez um diagnóstico sombrio do contexto mundial atual, mencionando o aumento de conflitos armados, os efeitos devastadores das mudanças climáticas e o agravamento das desigualdades sociais e de gênero. “Estive na primeira reunião de líderes do G20 convocada em Washington no contexto da crise financeira, em 2008. Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior”, lamentou.

Ainda assim, o presidente brasileiro reforçou seu otimismo com a capacidade de ação conjunta dos países do G20, destacando a responsabilidade do grupo, que concentra dois terços da população mundial e a maior parte da riqueza e do comércio globais.

“Se assumirmos responsabilidade, poderemos ter sucesso em pouco tempo. A Aliança nasce no G20, mas seu destino é global. Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir”, concluiu Lula.

Aliança Global de Combate à Fome tem 147 adesões, com 81 países e diversos organismos internacionais

A iniciativa brasileira tem como objetivo acelerar o progresso rumo à erradicação da fome e da pobreza

A Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza foi oficialmente lançada, nesta segunda-feira (18), na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro. Construída ao longo de um ano, a partir de um processo de diálogo e colaboração, a Aliança nasce com 147 membros fundadores, incluindo 81 países, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, 9 instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais. Essa iniciativa inovadora visa acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza, prioridades centrais nos ODS.

O presidente Lula (PT) declarou: “enquanto houver famílias sem comida na mesa, crianças mendigando nas ruas e jovens sem esperança de um futuro melhor, não haverá paz. Sabemos, pela experiência, que uma série de políticas públicas bem desenhadas, como programas de transferência de renda, como o ‘Bolsa Família’, e refeições escolares nutritivas para crianças, têm o potencial de acabar com o flagelo da fome e devolver a esperança e dignidade para as pessoas”.

Em 2024, os membros do G20, países parceiros e organizações internacionais trabalharam conjuntamente em uma Força-Tarefa dedicada à elaboração da estrutura fundacional da Aliança, que foi endossada por unanimidade durante a Reunião Ministerial do G20, no Rio de Janeiro, em julho. A liderança do Brasil na Força-Tarefa envolveu uma coordenação próxima entre vários ministérios, incluindo o de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Relações Exteriores e Fazenda, além de contribuições do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

“Vivemos hoje um marco histórico. A Aliança que construímos juntos, a partir da visão do presidente Lula, está agora pronta para transformar vidas e construir um futuro livre de fome e pobreza extrema”, afirmou o ministro de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. “Este não é apenas mais um fórum de discussão – é um mecanismo prático para canalizar conhecimento e financiamento de forma eficaz e alcançar aqueles que mais precisam”, enfatizou.

Desde julho, a Aliança está aberta a adesões de membros para além do G20. O Brasil e Bangladesh foram os primeiros a aderir, seguidos por todos os membros do G20, incluindo a União Africana e a União Europeia, assim como vários países de todos os continentes.

Os membros fundadores também incluem grandes organizações internacionais, bancos de desenvolvimento e entidades filantrópicas. Organismos-chave da ONU, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), UNICEF e o Programa Mundial de Alimentos (WFP), também aderiram, ao lado de instituições financeiras como o Grupo Banco Mundial e bancos de desenvolvimento regionais, incluindo o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), o Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB), o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Organizações filantrópicas como a Fundação Rockefeller, a Fundação Bill & Melinda Gates e a Children’s Investment Fund Foundation também fazem parte da iniciativa.

A adesão à Aliança segue aberta e é formalizada por meio de uma Declaração de Compromisso — que vai além de uma declaração simbólica para incorporar uma dedicação genuína à ação. Ela define compromissos gerais e personalizados, alinhados com as prioridades e condições específicas ‘de cada membro. As Declarações de Compromisso são voluntárias e podem ser atualizadas conforme as circunstâncias evoluem. Cada Declaração de Compromisso de um membro é pública e pode ser encontrada no site recém-lançado da Aliança Global.

Anúncios – Antes do lançamento formal desta segunda-feira, a Aliança Global demonstrou o sucesso de sua abordagem ao motivar e impulsionar ações e compromissos antecipados de grande parte de seus membros em seis áreas prioritárias de sua agenda política, que foram anunciados em um evento especial, durante a Cúpula Social do G20, em 15 de novembro.

Esses anúncios, intitulados “Sprints 2030”, representam a maior tentativa coletiva de mudar o rumo e finalmente erradicar a fome e a pobreza extrema por meio de políticas e programas em grande escala e baseados em evidências para elevar as populações mais pobres e vulneráveis do mundo. Entre os anúncios e compromissos estão o objetivo de alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030, expandir as refeições escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas, e arrecadar bilhões em crédito e doações por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas.

Missão e Governança – A missão da Aliança é clara: até 2030, visa erradicar a fome e a pobreza, reduzir desigualdades e contribuir para parcerias globais revitalizadas para o desenvolvimento sustentável. Prioriza transições inclusivas e justas, garantindo que ninguém seja deixado para trás.

A Aliança opera por meio de três pilares principais — nacional, financeiro e de conhecimento — projetados para mobilizar e coordenar recursos para políticas baseadas em evidências adaptadas às realidades de cada país membro.

Além disso, a Aliança realizará Cúpulas Regulares Contra a Fome e a Pobreza e estabelecerá um Conselho de Campeões de Alto Nível para supervisionar seu trabalho. Um órgão técnico enxuto e eficiente, o Mecanismo de Apoio da Aliança Global, será sediado na FAO, mas funcionará de forma independente para fornecer suporte estratégico e operacional, incluindo a promoção de parcerias em nível nacional para implementar iniciativas de combate à fome e à pobreza. O Brasil se comprometeu a financiar metade dos custos do Mecanismo de Apoio até 2030, com contirbuições adicionais de países como Bangladesh, Alemanha, Noruega, Portugal e Espanha.

Embora o G20 tenha sido a plataforma de lançamento para essa iniciativa, a Aliança agora funcionará como uma plataforma global independente, com o apoio contínuo e o impulso possível de futuras presidências do G20. A estrutura completa de governança, incluindo o Conselho de Campeões e o Mecanismo de Apoio, deverá estar operacional até meados de 2025. Até lá, o Brasil fornecerá suporte temporário para funções essenciais, como comunicação e aprovação de novos membros.

Membros fundadores da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza:

Países Membros e Entidades Regionais:  

  1. Alemanha
  2. Angola
  3. Antígua e Barbuda
  4. África do Sul
  5. Arábia Saudita
  6. Armênia
  7. Austrália
  8. Bangladesh
  9. Benin
  10. Bolívia
  11. Brasil
  12. Burkina Faso
  13. Burundi
  14. Camboja
  15. Chade
  16. Canadá
  17. Chile
  18. China
  19. Chipre
  20. Colômbia
  21. Dinamarca
  22. Egito
  23. Emirados Árabes Unidos
  24. Eslováquia
  25. Estados Unidos
  26. Espanha
  27. Etiópia
  28. Federação Russa
  29. Filipinas
  30. Finlândia
  31. França
  32. Guatemala
  33. Guiné
  34. Guiné-Bissau
  35. Guiné Equatorial
  36. Haiti
  37. Honduras
  38. Índia
  39. Indonésia
  40. Irlanda
  41. Itália
  42. Japão
  43. Jordânia
  44. Líbano
  45. Libéria
  46. Malta
  47. Malásia
  48. Mauritânia
  49. México
  50. Moçambique
  51. Myanmar
  52. Nigéria
  53. Noruega
  54. Países Baixos
  55. Palestina
  56. Paraguai
  57. Peru
  58. Polônia
  59. Portugal
  60. Quênia
  61. Reino Unido
  62. República da Coreia
  63. República Dominicana
  64. Ruanda
  65. São Tomé e Príncipe
  66. São Vicente e Granadinas
  67. Serra Leoa
  68. Singapura
  69. Somália
  70. Sudão
  71. Suíça
  72. Tadjiquistão
  73. Tanzânia
  74. Timor-Leste
  75. Togo
  76. Tunísia
  77. Turquia
  78. Ucrânia
  79. Uruguai
  80. Vietnã
  81. Zâmbia
  82. União Africana
  83. União Europeia

Organizações Internacionais  

  1. Agência de Desenvolvimento da União Africana – Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (AUDA-NEPAD)
  2. CGIAR
  3. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)
  4. Comissão Econômica e Social para Ásia Ocidental (CESAO)
  5. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
  6. Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
  7. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
  8. Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA)
  9. Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (UNRISD)
  10. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
  11. Liga dos Estados Árabes (LEA)
  12. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
  13. Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO)
  14. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
  15. Organização dos Estados Americanos (OEA)
  16. Organização Internacional do Trabalho (OIT)
  17. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
  18. Organização Mundial do Comércio (OMC)
  19. Organizacão Mundial da Saúde (OMS)
  20. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
  21. Programa Mundial de Alimentos (WFP)
  22. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
  23. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat)
  24. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

Instituições Financeiras Internacionais:

1. Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB)

2. Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)

3. Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF)

4. Banco Europeu de Investimento (BEI)

5. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

6. Grupo Banco Mundial

7. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB)

8. Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)

9. Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)

Fundações Filantrópicas e Organizações Não Governamentais:

1. Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL)

2. Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)

3. Fundação Bill & Melinda Gates

4. BRAC

5. Children’s Investment Fund Foundation

6. Child’s Cultural Rights & Advocacy Trust Agency

7. Citizen Action

8. Education Cannot Wait

9. Food for Education

10. Instituto Comida do Amanhã

11. Fundação Getúlio Vargas (FGV)

12. GiveDirectly

13. Global Partnership for Education

14. Instituto Ibirapitanga

15. Instituto Clima e Sociedade (iCS)

16. Câmara de Comércio Internacional

17. Leadership Collaborative to End Ultrapoverty

18. Maple Leaf Early Years Foundation

19. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal

20. Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI)

21. Pacto Contra a Fome

22. Fundação Rockefeller

23. Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI)

24. SUN Movement

25. Sustainable Financing Initiative

26. Their World

27. Trickle Up

28. Village Enterprise

29. World Rural Forum

30. World Vision International

31. Instituto Fome  Zero

Brasil 247

“Eu fiz questão de não trazer a guerra para o G20”, diz Lula sobre foco em temas sociais

Presidente destaca desigualdades e fome como prioridades: “São os invisíveis do mundo que as pessoas não enxergam”

Na abertura do G20, que teve início nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificou a decisão de não colocar as guerras como tema central das discussões do bloco. Em entrevista à Globonews, Lula destacou que sua escolha foi pautada por uma visão estratégica voltada às necessidades dos mais vulneráveis, em vez de concentrar as atenções nos conflitos armados globais.

“Eu acho que eu fiz questão de não trazer a guerra para o G20 porque senão nós não iríamos discutir outras coisas que são importantes para o povo que não está em guerra, que é o povo pobre, que são os invisíveis do mundo que muitas vezes as pessoas não enxergam”, afirmou o presidente.

Lula enfatizou que a prioridade de sua agenda é voltada para questões como a fome, desigualdade racial e de gênero, além de outros desafios sociais que afetam bilhões de pessoas ao redor do mundo. Para ele, o debate sobre guerras, embora relevante, não deve ofuscar as necessidades dos mais desfavorecidos.

“São as pessoas que estão com fome, as pessoas que são desprezadas, as vítimas da desigualdade racial, as mulheres vítimas da política de gênero. Por isso eu fiz questão de trazer esses temas ao invés de trazer as guerras”, explicou Lula.

Apesar de evitar centralizar os conflitos armados nas discussões, o presidente reafirmou o compromisso do Brasil e do G20 com a busca pela paz em regiões de conflito. “A gente vai dar uma recomendação de que nós queremos a paz na Faixa de Gaza, queremos a paz no Líbano, a paz na Ucrânia e nós queremos acabar com todas as guerras”, disse ele.

Lula também chamou a atenção para o impacto econômico global dos conflitos armados. “É importante lembrar que desde 1945 a gente não tem tantos conflitos como a gente tem hoje. É importante lembrar que no último ano foram gastos mais de US$ 2 trilhões com armas e com guerras”, alertou o presidente, criticando o uso de recursos que poderiam ser investidos em soluções para problemas sociais e ambientais.

O encontro do G20 no Rio de Janeiro acontece em um momento de grande tensão global, com conflitos armados em diversas partes do mundo e uma crescente preocupação com a escalada da violência. Lula espera que o evento sirva como um espaço de diálogo para promover a paz e, sobretudo, colocar no centro do debate as demandas dos povos historicamente marginalizados.

Brasil 247

Biden fez sobrevoo com cientista Carlos Nobre em áreas degradadas de Manaus

MANAUS (AM) – O avião do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aterrissou no Aeroporto Internacional de Manaus por volta das 13h30 (horário de Brasília) de domingo, 17, para uma cumprir uma agende de cerca de quatro horas. A programação incluiu um sobrevoo junto ao cientista Carlos Nobre, professor da Universidade de São Paulo (USP).

Na chegada, Biden foi recebido na pista do aeroporto pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). Ele se reuniu com lideranças indígenas e pesquisadores envolvidos com questões ambientais e climáticas relacionadas ao bioma amazônico. De acordo com a Casa Branca, esta é a primeira vez que um presidente norte-americano, no exercício do cargo, visita a Amazônia.

Acompanhado da filha Ashley e da neta Natalie, desembarcou em Manaus, sobrevoou de helicóptero a floresta e visitou o Museu da Amazônia. Mais cedo, Biden anunciou um aporte de US$ 50 milhões (R$ 290 milhões) ao Fundo Amazônia, mas a liberação dos recursos depende do Congresso, que será totalmente controlado pelo Partido Republicano no ano que vem.

Biden desembarcando em Manaus (Reprodução/ANI News)

Após o desembarque, o presidente seguiu para um helicóptero para realizar um sobrevoo com Carlos Nobre, reconhecido internacionalmente pelos estudos sobre os impactos climáticos do desmatamento na Amazônia. Nobre também foi um dos autores do quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007.

Durante o voo, que foi monitorado por outras sete aeronaves, foram feitas observações sobre áreas afetadas por incêndios florestais e erosões, além da área do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, cartão-postal da cidade.

A agenda de Biden incluiu visita ao Museu da Amazônia (Musa), na Zona Norte da capital amazonense, e uma declaração à imprensa. De Manaus, ele seguiu para o Rio de Janeiro, para participar na cúpula do G20.

Revista Cenarium

Tiü França explodiu a anistia aos bagrinhos e deve acelerar prisão dos graúdos

Já passou da hora de Bolsonaro e outros idealizadores do 8 de Janeiro serem punidos; recado de Moraes após o atentado foi claro

Não se fala em outra coisa. Dez entre dez colunistas de todos os veículos de comunicação, dos mais progressistas aos mais à direita apostam no mesmo. A ação tresloucada da quarta-feira (13), de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, conseguiu única e tão somente duas coisas: explodir a si próprio e também qualquer possibilidade de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro.

Logo de saída, mensagens trocadas por deputados bolsonaristas em dois grupos de WhatsApp logo após o atentado sugeriam o mesmo. O comentário geral era de que, se Tiü França queria ajudar, acabou mesmo foi atrapalhando.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO), por exemplo, afirmou que o autor seria mesmo um ex-candidato a vereador pelo PL: “Parece que foi esse cara mesmo. Agora vão enterrar a anistia. Pqp.”

O deputado Capitão Alden (PL-BA), por sua vez, respondeu: “lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia”. “Adeus redes sociais e esperem os próximos 2 anos de perseguição ferrenha! Com certeza o inquérito das fake news será prorrogado ad eternum”, disse.

Já o deputado Eli Borges (PL-TO) escreveu “se tentou ajudar atrapalhou”. “Agora o Xandão vai dizer: ‘é a prova que o 8 de janeiro era necessário’”.

Todos são deputados e sabem como o Congresso costuma reagir diante de tamanha pressão. O mesmo ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF), sede de ampla destruição no 8 de Janeiro e palco do atentado deste 13 de novembro.

Pacificação e punição

Por outro lado, ao mesmo tempo em que caia vertiginosamente no ridículo a mensagem publicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após o atentado, pedindo a “pacificação” do país, o juiz do STF Alexandre de Moraes, deixava claro seu recado:

“A impunidade vai gerar mais agressividade. A PF está em vias de conclusão do inquérito dos autores intelectuais (do 8 de Janeiro). Ontem (quarta-feira) é uma demonstração de que a pacificação do país, que é necessária, só é possível com a responsabilização de todos. Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos.”

Não colou em parte alguma e nem para ninguém a tese de que o atentado em Brasília foi um ato isolado. Por mais que Tiü França tenha agido sozinho, ele se moveu respaldado por inúmeros discursos, sobretudo de seu líder máximo.

Desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, não parou de circular nas redes um vídeo em que Bolsonaro faz sua plateia repetir em coro: “eu juro dar minha vida pela minha liberdade”. Ao final, se vira para seu então candidato a vice e diz: esse, Braga Netto, é o nosso exército.

Crime e castigo

Já foram condenadas 265 pessoas pelo STF por conta de participação criminosa no 8 de Janeiro. Além dessas, foram feitos acordos de não persecução penal com 476 acusados, que confessarem os crimes. Todos eles bagrinhos.

O atentado de Tiü França deu a senha para que as instituições, que se mantiveram de pé, passem a punir agora os incentivadores e idealizadores golpistas, os peixes graúdos. Entre eles, o próprio Bolsonaro, que além de ter sua inelegibilidade mantida, deve finalmente responder criminalmente por seus atos.

Revista Forum

Lula é o maior líder de centro do País, diz Renan Filho

Em entrevista ao jornalista Julio Wiziack, da Folha de S.Paulo, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), defendeu o posicionamento político do presidente Lula como uma figura centrista e pragmática, destacando que essa imagem deve ser consolidada para garantir sua reeleição em 2026. Renan, que projeta a realização de 35 leilões de rodovias até o fim do mandato presidencial, enfatizou a predominância do capital privado em projetos de infraestrutura como evidência do pragmatismo de Lula, superando a gestão do ex-ministro Tarcísio de Freitas.

“O fato é que o presidente Lula é o maior líder de centro do país. Muito antes do centro vencer as eleições municipais, PP, União, PSD, Republicanos já estavam no governo”, afirmou Renan, apontando que, ao contrário do ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja retórica liberal não foi eficiente, Lula tem atraído investimentos privados robustos para o setor. “Com Lula, teremos o domínio do capital privado em rodovias e ferrovias, uma inversão histórica”, completou.

Renan Filho destacou ainda que, mesmo entre os próprios apoiadores, Lula não é visto como um político de esquerda. “Só na bolha [de Bolsonaro] ele é de esquerda. Nem a bolha do Lula acha isso. Porque, para o PT, o presidente não é de esquerda”, afirmou. A fala sugere que a percepção pública do presidente deve ser ajustada para afastar visões polarizadas e reforçar seu papel centrista e pragmático.

O ministro também comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que lida com críticas tanto da extrema esquerda quanto da extrema direita. “Se ele não tivesse [problemas] com os extremos, seria com o centro. E é melhor que seja com os extremos”, opinou, reforçando que o governo Lula é pautado pelo pragmatismo.

Sobre as reformas fiscais, Renan Filho argumentou que o governo está comprometido em rever despesas e otimizar o orçamento. Ele sugeriu uma abordagem de corte proporcional em benefícios fiscais, lembrando sua experiência como governador de Alagoas, onde implementou medidas semelhantes com sucesso.

Renan também abordou a questão das emendas parlamentares, que cresceram sob a gestão anterior. Segundo ele, a estrutura atual, que deu mais controle ao parlamento, precisa ser ajustada para restabelecer um equilíbrio de poder e garantir a governabilidade. “O presidente Lula tenta criar uma lógica”, declarou, indicando que é um processo gradual que pode ser fundamental para a aprovação de pautas prioritárias, como a reforma tributária e o arcabouço fiscal.

Por fim, Renan sinalizou que, se houver uma decisão favorável sobre a destinação de emendas de bancada para obras de infraestrutura, sua pasta poderá se beneficiar significativamente. “Se obrigarem as emendas de bancada a serem para obras de infraestrutura, a chance é grande”, afirmou, mesmo diante da previsão de cortes que podem chegar a R$ 1 bilhão.

Brasil 247

“O presidente Lula vai saber se ele tem condições de disputar um novo mandato”, diz Tarso Genro

Ex-governador avalia cenário político e o papel de Lula frente ao avanço do conservadorismo no Brasil

 

Em entrevista ao Boa Noite 247, Tarso Genro, ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul, refletiu sobre o futuro político de Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente Lula vai saber se ele tem condições de disputar um novo mandato”, afirmou Genro, destacando que a decisão depende da saúde e do vigor político do atual presidente. Em um contexto de crescente polarização e avanço do conservadorismo, Lula tem sido uma figura central na resistência ao que Genro classifica como “fascismo no Brasil”.

Genro reforça que o presidente possui uma posição singular para confrontar as tendências autoritárias no país, acrescentando: “Mas ele é a única pessoa que tem condições de enfrentar o fascismo no Brasil”. Para o ex-governador, o cenário político brasileiro exige uma liderança experiente e com ampla aceitação popular, características que Lula mantém, mesmo diante de anos de ataques de seus opositores.

A possível candidatura de Lula em 2026, segundo Tarso Genro, traria ao país a oportunidade de resistir aos impulsos antidemocráticos que vêm ganhando espaço. No entanto, ele observa que essa escolha deverá ser cuidadosamente ponderada pelo próprio Lula, que deve avaliar suas condições e o contexto político que emergirá nos próximos anos. Assista:

Direitos Humanos Fundamentais

 

Os direitos fundamentais têm esse título porque são a base de outros direitos e das garantias necessárias (também fundamentais) à sua ocorrência, fruição, efetividade.
São direitos humanos fundamentais o acesso à saúde pública, à (sensação) de segurança e à educação pública de qualidade, à cultura, ao lazer e ao desporto (direitos sociais), o direito ao trabalho com dignidade (direitos fundamentais sociais), além da garantia de que prospere o pluralismo político, a diversidade social e cultural, a democracia como segurança jurídica de haver Liberdade Negativa no controle do Estado e do uso do poder, bem como os direitos de cidadania, os direitos políticos e os direitos civis (incluindo-se o direito de petição administrativa), de representação judicial e ao pleno funcionamento do Estado Juiz.
Sob esse Espírito Constitucional de 1988 é que os definimos como direitos humanos fundamentais, ao se somarem aos direitos do futuro (meio ambiente equilibrado, protegido, recuperado) e à tese do Direito a ter direitos. Em síntese, são fundamentais os direitos sociais, difusos (Direito do Consumidor), coletivos e individuais.

Participe da nossa reflexão, compareça, divulgue o link abaixo:

Vinício Carrilho Martinez

Direitos humanos fundamentais

No cenário atual, em que vivemos mudanças sociais intensas e rápidas, o entendimento e a proteção dos direitos humanos fundamentais se tornam mais necessários do que nunca. Convidamos você a participar de uma Live especial organizada pelo programa de pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade, da UFScar, focada para a discussão desses direitos tão essenciais. Será uma oportunidade única para se aprofundar nessas questões.

Durante a Live, abordaremos temas fundamentais sobre o uso e o acesso aos direitos humanos, com o objetivo de dúvidas claras e promover uma reflexão crítica sobre o papel de cada cidadão e das instituições na garantia desses direitos. Em uma sociedade plural e cada vez mais conectada, é fundamental entender como esses direitos funcionam na prática.

A conversa também traz a perspectiva das relações entre ciência, tecnologia e sociedade, explorando como o avanço tecnológico e o desenvolvimento científico podem contribuir para a efetivação ou, em alguns casos, o impedimento do acesso pleno aos direitos humanos. Esses aspectos de conhecimento são essenciais para profissionais, pesquisadores e cidadãos engajados na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos possam exercer plenamente seus direitos.

Não perca essa oportunidade de ampliar seu conhecimento e participar ativamente dessa discussão de grande relevância para o nosso tempo. Junte-se a nós nessa Live e faça parte dessa jornada de aprendizado e conscientização sobre os direitos humanos fundamentais e sua aplicação prática.

Walter Gustavo da Silva Lemos, Doutor em Direito pela UNESA/RJ e estágio pós-doutoral pela Universidad de Salamanca. Doutorando em História pela Universidade do Porto – Portugal

Ensaio ideológico da burocracia

Vinício Carrilho Martinez (Dr.)

Cientista Social e professor da UFSCar

Márlon Pessanha

Doutor em Ensino de Ciências

Docente da Universidade Federal de São Carlos

 

“Senhoras e senhores: reunidos, vamos nos reunir, para reunir!”

 

Não se preocupe, ao final você entenderá que diabos quer dizer essa sentença.

Tem um livro tipicamente anarquista, com críticas contundentes ao que se chama de Tecnoburocracia – uma burocracia que serve ao poder e a si mesma; melhor dizendo, que cria mais burocracia, a cada dia (pouco importa se há um discurso de “coletividade”), simplesmente para manter seus empregos. Diga-se, de passagem, que essas personagens ganham muito mais do que qualquer docente de universidade pública, e mesmo que seja professor titular. De algum modo, essas coisas se ligam ao Mito do Fausto, um ser diabólico que só queria arrancar o couro e a alma das pessoas. Por isso vamos a isso primeiro.

A história do Fausto deveria ser contada em todas as escolas, porque traz a história do capitalismo a partir do Renascimento, a fase que, logo depois da Rota da Seda, nos brindaria com a “descoberta do Brasil” pelo fogo das caravelas da chamada “expansão ultramarina” – uma prévia da colonização que ainda escravizaria a maioria do nosso povo.

Porém, como essa história original não é contada, nós ensaiamos aqui umas linhas: o povo teria contada a história apócrifa do Fausto, o diabo em pessoa, que arrancava o couro, a alma, os tostões dos mais pobres daquela época. O diabo, é claro, era o capitalista daqueles tempos, notoriamente os banqueiros – os agiotas autorizados pelo Estado. Depois, tivemos um Maquiavel contando as peripécias de um Arquidiabo na forma de flores, ou melhor, nas roupas de clérigos e Arcebispos.

O período clássico do capitalismo que nos tira o couro, a alma e a inteligência, viria com um autor alemão absolutamente genial, filósofo nas linhas e entrelinhas de um conto que levou 20 longos anos para concluir: esse gênio chamava-se Goethe e fez duas versões sobre o mito do diabo em pele de cordeiro – um Goethe mais novo e um Goethe mais velho. Parece a história da Chapeuzinho Vermelho, mas é mais brutal.

Pelo meio inicial da história, Goethe já avisava com quantos dissabores o capitalismo corroía as pessoas:

 

MEFISTÓFELES

Vamos, engole! Com despacho!

Num aí, delícia em ti derrama.

Como! És tão íntimo com o Diabo,

E te apavoras vendo a chama?

(Goethe, 1997, p. 122).

 

Ao longo da história do capitalismo, ele se reinventou para se manter. A essência é a mesma, mas os artifícios para maximizar os produtos, massacrando os processos e os sujeitos, se transformam nas mais diferentes roupagens. Fausto, o diabo em pessoa; o Arquidiabo; ou o diabo em pele de cordeiro: há uma essência em comum. As práticas, contudo, se diferenciam segundo o seu tempo histórico, ainda que nos tempos e espaços de cada história.

E qual seriam as práticas de nosso tempo histórico?

Retomemos, agora parafraseando, Goethe:

Vamos, engole essa joça, em burocracia monumental que acabamos de criar em nossas “instâncias coletivas” (e viciadas pelo não-fazer). Engole, sem pausa – deixe o refluxo para as suas belas noites não dormidas. E tome outro cadinho de sinais obscuros, nonsense, que vai e volta, que “atravanca” seu trabalho produtivo, criativo. Vai burro de carga, quem mandou não estudar direito e arrumar um emprego melhor, que produzisse pensamentos, conhecimentos, ao invés de encher o carrinho de supermercado de “nadas, vezes nadas burocráticos”. Tua sina é se aposentar, com o miolo meio mole, carregando as malas burocráticas, cheias, sem rodinhas, sem alça. Essa é a nossa relação contratual, empregatícia…

De acordo com esta relação contratual, de sedução eterna pelo consumo, não há que se distinguir entre Deus e Diabo: o sagrado foi profanado, diria a crítica materialista do século XIX.

Para nós, essa lógica está presente desde (ao menos) a criação do Estado Moderno e, no caso brasileiro, desde os mais longínquos rincões do Estado patriarcal, racista, expropriador.             É claro que muita coisa aconteceu no Brasil, desde essa forma-Estado que se mantinha no poder com mais corrupção. Hoje, o Estado brasileiro é enorme, tem burocracias infinitas – no passado recente tivemos um “ministério da desburocratização”. Não existe mais. Teria sucumbido à burocracia? Ironia à parte, o certo é que não conseguiu alcançar em seus objetivos. Não deu em nada, é lógico.

Parte volumosa dessa burocracia é paquidérmica, isto é, lenta, inútil e caríssima. Até há argumentos pró-burocracia, reconhecemos. Muitos deles, se remetem a uma suposta (inventada) segurança jurídica e a um controle da corrupção. Mas repitamos, quase como em um mantra, se isso nos ajudar a fixar: o sagrado foi profanado. A busca pela correção (o puro e o sagrado) foi submetida à lógica do capital que tem em nosso tempo histórico, na burocracia, meios de subsistência. Talvez nos valha um exemplo dos mais humanamente corriqueiros e não acadêmicos: como regra, em uma negociação de um imóvel, o vendedor não deve ser uma pessoa incapaz de suas próprias decisões. Segundo protocolos e respeitando hierarquias, uma pessoa ou órgão com fé pública poderá emitir uma certidão que comprove que não há interdições relacionadas com o vendedor. Contudo, os desdobramentos e as especificidades com que se gera a certidão seguem uma burocracia que se justifica somente por si mesma: os desentendimentos entre instâncias, unidades federativas, cartórios, selos para cá ou acolá…

Ficamos extenuados só em pensar! O diabo se aproveita de torres de babel. A busca pela santidade ética e moral é convertida na profana burocracia.

A burocracia está em tudo e perpassa todos. Até mesmo nos espaços em que, seria de se esperar, há uma liberdade de pensamento e de ação, ainda que sob delimitações, a burocracia está lá, à espreita, como monstros sugadores de alma ou, leia-se, de tempo, criatividade e energia. As universidades, oásis do pensamento de outrora, estão sendo tomadas por processos e dinâmicas extenuantes. Os trabalhos institucionais das universidades públicas – do MEC para baixo, estão mergulhados na burocracia.

Ainda defendemos a universidade pública! Ainda entendemos que ela é o principal espaço, em nosso país, de construção do conhecimento científico. Ainda entendemos que a universidade tem um potencial, não tão explorado, de diálogo com a sociedade em torno de suas demandas genuínas, não restritamente ligadas à lógica do capital. Apesar disso, vemos as universidades se desconstruindo, em seu papel, missão essencial, pelos sucateamentos financeiros e processuais, os quais, nos parecem, são indissociáveis.

Como lidamos e trabalhamos em universidades federais – públicas e pobres, sem reajustes, com planos de trabalho caquéticos – iremos destacar melhor nossas peripécias e labutas, dia sim, no outro também.

Há alguns poucos anos, a universidade pública tornou-se um alvo, primeiro velado e depois explícito, de ataques que se deram, principalmente, na forma cortes de verbas, “inovações” trabalhistas e ilações obtusas. Sob o pretexto de uma “austeridade”, que teima em recair quase sempre na educação, saúde e em outros serviços públicos, a universidade passou a ser carregada por um contingente menor de servidores, os quais se desdobram em atuações que vão além daquelas funções para as quais ingressarem no serviço público.

Algumas funções e cargos que existiam nas universidades federais foram extintos, sendo substituídos por empresas terceirizadas. Contudo, também foram feitos recorrentes cortes orçamentários que não permitem às universidades contratar os serviços terceirizados necessários. Pelos corredores, com certa frequência já ouvimos relatos de servidores que fazem uma ou outra coisa funcionar (ou existir) com o dinheiro que vem de seu bolso. Somado a isso, a universidade que, convenhamos, já tinha seus tradicionalismos e burocracias, se aprofundou em trâmites e processos.

Como uma entidade alvo de tantos ataques, a universidade passa a se defender com autorizações para autorizar, reuniões para validar o que já estaria validado, solicitações de soluções para questões do cotidiano que dançam, como em uma lenta música de compasso gravíssimo. Nesse cenário, decisões corriqueiras que poderiam ser tomadas por gestores, diretores, coordenadores, entre outros, em suas funções regulares, passaram a ser levadas para colegiados que conferem, na segurança da burocracia, a legalidade. Há ônus nisso: perde-se energia e, junto, a dedicação ao ensino, à pesquisa e à extensão.

Já temos, nas universidades, reuniões para decidir quando iremos decidir e, lógico, outras mais para dar sequência ao processo de decisão. Nossa crítica, ou angústia, não é em relação aos processos democráticos, participativos e dialógicos. Isso é necessário. O que preocupa é a remoção do tempo com tarefas banais que levam, inclusive, às reuniões rápidas para marcar outras reuniões.

Esse exemplo, claro, é muito específico e, eventualmente, não encontra lugar em todas as universidades. Não queremos, aqui, generalizar. Passemos a outros exemplos, então, que podem estar presentes em outras tantas universidades.

Falemos sobre a pós-graduação, o principal espaço em que se faz ciência em nosso país. Uma parcela significativa do conhecimento científico que é construído no Brasil, nas diferentes áreas de conhecimento, é feita por pós-graduandos sob a orientação de pesquisadores, docentes universitários. Contudo, estes mesmos docentes que encontram, na pós-graduação, um espaço para desenvolver suas pesquisas e contribuir com a formação de novos pesquisadores, recebe como funções o preenchimento de formulários, o fornecimento de informações que, quase sempre, são quantitativas, participam de algumas (por sorte não todas) reuniões que pautam somente questões administrativas, entre outras funções que vão muito além do ensino, da pesquisa ou da extensão universitária.

Se o docente pesquisador é coordenador de um curso de pós-graduação, dobre esse trabalho. Se o curso de pós-graduação foi alvo do sucateamento universitário, de tal modo que nem dispões de secretaria administrativa (leia-se, trabalhadores especializados em cuidar do trabalho administrativo), duplique o duplicado e ganhamos um exemplo cotidiano de uma progressão geométrica. A burocracia desnecessária concretizada em “prestações de conta”, na necessidade de quantitativos para receber notas, amplificada por sistemas de informática mantidos pelo governo que “não conversam” entre si, acentua o desgaste. Nos últimos anos, o desgaste na pós-graduação é tanto que já não tem sido incomum que pós-graduando bolsistas sejam convidados (sic) a auxiliar no trabalho administrativo.

Vamos além, ainda tratando da pós-graduação, para ilustrar como a burocracia corrói a universidade e, ao mesmo tempo, se torna prática cultural e é institucionalizada em decisões: há uma dinâmica de credenciamento de docentes orientadores nos programas de pós-graduação que, pautada em números e em regras que são aceitos como mais sagrados que o divino, mantêm, impedem ou dificultam a atuação de pesquisadores. É mais comum do que deveria ser, e por sorte não ocorre em todos os programas de pós-graduação, que pesquisadores tenham que esperar ciclos de 4 anos para tentar um credenciamento em um programa de seu interesse. A origem da regra, em geral, está em decisões de colegiados dos próprios programas que, com a validação da “coletividade”, sufocados pela burocracia, geram mais burocracias.

Precisamos não mais quantificar o que não é quantificável. Há uma necessidade, quase de sobrevivência da universidade, de reduzirmos essa máquina de recriação burocrática. Lógico que, para isso, as universidades deveriam deixar de ser alvo. Mas não só isso. A universidade precisa desinstitucionalizar a burocracia. Deveríamos, pois, termos uma espécie de “ministério da desburocratização” nas universidades?

Terminemos por aqui, pois é bem possível que alguém pense em criar regras para isso…

Desse modo, nesse conjunto de travamentos à inteligência, não é difícil entender a sentença inicial, afinal, uma vez que estamos reunidos, vamos nos reunir novamente, para nos reunir…

 

Referência

GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1997.

Tua pele

Minha pele
Tua pele
São nossas cores

O céu azul, olhamos ao infinito
Os mares verdes todos adoram

O pássaro colorido é premiado
A flor é multicores
– múltipla
E todo mundo aprecia

Até os insetos ou borboletas são festejados
– por suas cores, beleza, leveza

Apenas quando olham para nós
É que some a sutileza,
– e vira tristeza

Minha pele branca
Tua pele não-branca

Por que não nos veem como flores?
Por que nos enviam seus espinhos?
Suas dores

Eu quero nossas cores
Mas não vejo nossas cores

Tua pele e minha pele
– não importa a cor
Quero amor

Somos brancos e negros
Eu e você

E o que significa?
Nada

Significa que somos muito mais do que cores
Seres sem rancores
Somos amores,
– pela vida, por ti, por mim

Tua pele branca
Minha pele não-branca

Tua pele negra
– é minha pele negra
Porque vivo em ti

Vinício Carrilho Martinez

Fluxo de amor

Fluxo de amor

Por Vinício Carrilho Martinez

Chuva e orvalho
Nessas águas de nadar
– Profundidade de amar

Nessa água de amar
É só se ensopar

Amor não tem guarda-chuva

Amor não cabe em caixa
– desencaixa

Então vem
– encaixa

Mulher de águas
Amor intenso

Afrodite do mar
– revolta
– Revôlta

Envolta em mim
Uma caixa de Amor

Houve esse Amor
Ouve esse amor
– por favor

Foda é você ir embora
– fui pro exílio

Se você me adora
– te traga agora

Se eu fosse um Emílio
Me educaria pra amar

Mulher de sonhos
Mulher das águas
Mulher pra amar

Guilherme Boulos e o lugar da esquerda hoje

Por MONICA LOYOLA STIVAL*

Qual é o lugar de Guilherme Boulos no imaginário político brasileiro e em que medida ele traz consigo um horizonte de transformação?

Acredito que seja necessário refletir sobre o que singulariza Guilherme Boulos – e o projeto de esquerda que ele simboliza – diante da história recente da política nacional. Sem dúvida, ele se situa hoje na única continuidade possível ao lulismo, no seu melhor sentido, sem com isso se reduzir a uma simples “imitação”, como sugerem diversas análises apressadas ou interessadas.

Dois aspectos me parecem decisivos: a maneira como ele se distingue enquanto liderança (ou como pode se distinguir cada vez mais) e o lugar de uma política de esquerda renovada em meio à falácia da polarização.

Políticas públicas e representação

Guilherme Boulos tem sua trajetória marcada por políticas públicas como Minha Casa Minha Vida Entidades e Cozinhas Solidárias. Essas duas políticas têm em comum um modo muito específico de formulação e execução. Elas são políticas públicas de caráter associativo, o que significa que sua elaboração final e implantação ocorrem a partir da organização de movimentos sociais.

Os sujeitos do processo na ponta são as pessoas efetivamente contempladas pela orientação orçamentária disponibilizada pelo governo federal, diferentemente de políticas públicas em que o modo da execução passa apenas por diferentes órgãos dos entes federados e dependem da implantação, “na ponta”, pelo município. Neste caso, as pessoas beneficiadas, como no caso do Bolsa Família, são passivas no que diz respeito ao modo como o orçamento é executado.

Uma política pública de caráter associativo não é definida no modelo político da representação. Ela passa ao largo, portanto, da estrutura de participação social em que a interação entre governo e sociedade civil é informativa e, no melhor dos casos, o espaço de ajuste de formulação. Nas políticas associativas há mais atividade que representação – a representação em jogo diz respeito à organização interna do movimento social e não à relação das pessoas beneficiadas com o poder público que capta e/ou executa recursos. O interesse desse tipo de política, portanto, está na autonomia popular que ultrapassa os limites da representação, e não em uma forma de driblar alguma “crise da representação”.

A ideia de representação ruiu não porque está “em crise”, como se diz desde que ela nasceu. Rousseau já questionava o modelo de Estado hobbesiano, já que este postula uma distância entre a chamada vontade geral e o representante dessa vontade. O ideal da representação sempre foi a coincidência (impossível) entre representantes e representados. Ou seja, seu limite constitutivo foi por muito tempo escondido atrás dessa coincidência inalcançável, que, por sua vez, foi essencial para a compreensão equivocada de democracia como equalização moderada de interesses. A representação perfeita levaria à democracia plena.

Se a representação se tornou a maneira como a sociedade passou a fingir uma equalização social no modo da igualdade jurídica formal (não realizada), ela está no centro desse imaginário em que a democracia seria a resultante final – e justa – de um equilíbrio de forças reafirmado e reequilibrado a cada sufrágio.

Por consequência, o elemento-chave para recolocar o sentido essencial da democracia como conflito está na possibilidade de, em certo sentido, dispensar ao máximo a mediação representativa sem com isso destruir as bases formais do Estado, calcadas no horizonte ideal de igualdade. A disputa democrática não recusa o valor jurídico da igualdade, mas devolve a ela seu sentido político – ou seja, a disputa de projeto social que orienta e dá concretude às regras jurídicas que sustentam o Estado.

Acontece que a maior parte das pessoas não se reconhece em uma estrutura igualitária; justamente porque ela está muito longe de ser concreta. Na vida real, é a diferença que está sempre em jogo, é a disputa que orienta inclusive o direito (daí as atrocidades da justiça classista e racista, por exemplo), é o sentido político das ações de governo e de Estado que definem os contornos da vida social. A representação é o meio pelo qual um tipo específico de vida social – extremamente desigual – se realiza dia a dia provando que o mundo ideal igualitário custa a se realizar.

Em 2013, no Brasil, explodiu na vida pública um distanciamento individualmente marcado em relação à representação. “Fulano não me representa”, “isso me representa”, etc. viraram frases nas ruas e nas redes, para questões gerais ou assuntos banais do cotidiano. Em alguns anos, essa difusão se agrupa em uma representação que não pretende ser a disputa de hegemonia por uma unidade política ideologicamente organizada, mas em uma representação que seja acima de tudo a não-representação, o antissistema, a recusa pura e simples (desde que preservados os costumes conservadores que dão algum lastro imaginário, certa segurança, já que a ruptura geral abriria um abismo excessivamente desconhecido).

A identificação, por um lado, e a descrença total, por outro, são duas maneiras pelas quais as pessoas puderam se colocar no jogo político democrático.

Não quero abordar aqui a identificação com o personagem mais ou menos antissistema, já superado por novos candidatos ao posto. Nem da descrença há tempos popularizada na ideia de que “político é tudo igual”. Falarei deles adiante, de maneira tangencial, quando tratar da polarização. O assunto aqui, afinal, é prioritariamente o lugar da esquerda hoje.

A partir desses aspectos gerais do contexto brasileiro, qual alternativa se coloca para a já ineficiente aposta na representação e, com ela, em uma democracia equalizadora?

Guilherme Boulos não é Lula

Lula carrega a identificação de milhares de pessoas desfavorecidas que sonham com uma ascensão de seus interesses ao centro da política. Guilherme Boulos pretende representá-los, mas não traz consigo essa identificação imediata. Afinal, cada um veio de onde veio, isso não se altera. Não basta o endereço, a dedicação, a compreensão, a luta diária. As pessoas pobres não se identificam com Guilherme Boulos, embora muitos possam admirar suas escolhas e admiti-lo como quase “um de nós”, afinal, “é nós por nós”. Muitos, mas nem de longe todos, nem mesmo a maioria. Sem identificação (Lula), sobrou para tantos a mera descrença, “o deixa como está”, não muda mesmo, ninguém tá aí de verdade pra gente.

O desafio, na impossibilidade de forjar uma identificação artificial ou um reconhecimento que consente, é ultrapassar a desgastada ideia de representação e também a identificação relativamente traída. A representação, vimos, está em crise desde que nasceu e, por isso mesmo, já não move moinhos. A identificação não é questão de opção. A aceitação do estrangeiro como “um de nós” levou tempo e dependeu de uma proximidade que demoraria ainda mais para se estender a tantos outros. Sem as três, aparentemente resta apenas a indiferença.

Ora, daí a enorme diferença que aparece quando pessoas oprimidas pela história dessa democracia restrita – como diria Florestan Fernandes – podem ser sujeitos de processos políticos concretos. Guilherme Boulos, como liderança inquestionável, não é um “igual”, não vai representá-los, mas mostrou ao longo dos anos ser o elo indispensável para a conquista de políticas públicas que viabilizem essa presença ativa das pessoas na formulação e execução de projetos na ponta – políticas vitais como moradia e alimentação. Trata-se de presença, não de participação com palpites via conselhos restritos.

Guilherme Boulos é a liderança em sentido forte. É o elo entre o poder e o povo, sem tomar o lugar de seus interesses ou falar em seu nome – é o meio que dá vazão a sua voz. Ele não é um representante do povo, deslocado entre uma vontade popular e uma atuação interessada, nem uma projeção de possibilidades por identificação com quem saiu do mesmo barco e carregou essa experiência até o mais alto espaço da política nacional, como ainda é o caso de Lula. Com o tempo, é verdade que essa identificação arrefece, já que a identificação com a ascensão possível tem uma duração no tempo e o passado mais recente vai compondo a trajetória de maneira cada vez mais definitiva.

Há um deslocamento de Lula em relação à sua trajetória, sem dúvida, ainda que muitas teses e explicações possam justificar a imagem que aos poucos foi tomando corpo no tempo que atualiza e estende sua trajetória. Digamos, pensando em um gráfico de vida, que após a subida impressionante há um longo platô que começa a confundir e distanciar o personagem do ponto zero. Já se está há mais tempo no quadro da frente ampla, dos acordos e pacificações do que no tempo da conquista de um oprimido vencedor. Ainda é o que temos de melhor.

Mas o futuro se apresenta e exige novas posições – poderá a mesma trajetória deixar o platô atual? Não sabemos. Mas sabemos que a esquerda não pode aguardar sentada e que o futuro requer transformações – avanços na forma, sem recusar o extraordinário ganho de tantos anos dedicados à política por Lula, e avanços na maneira como se torna real o sonho de um mundo melhor.

Forma e conteúdo de um projeto de país atualizado pela esquerda do século XXI

Sabemos já o que pode ser ainda de um novo modo de atuação política, que não recuse a enorme conquista de “um de nós”, mas que seja capaz de realizar a continuidade dessa conquista, pois não se pode aguardar outra exceção – e mesmo a identificação já arrefece pelo desgaste do tempo, confundindo a imagem de Lula em um “nem tanto como nós”, já que nós mesmos não chegamos lá.

Não se cria um novo Lula. O modo como uma liderança pode reestabelecer a ideia de futuro está na possibilidade de responder às expectativas (já hesitantes e descrentes) por meio de uma atuação que se sabe distinta do lulismo e que ultrapassa os limites da representação. É essa a potência de Guilherme Boulos.

Ativar e multiplicar um modelo de atividade política real por parte das pessoas pobres, organizadas em movimentos e associações ou coletivos, é uma das linhas de uma nova política, a ser formulada para que a representação inevitável do modelo de democracia atual seja um modo auxiliar. As políticas públicas de caráter associativo são exemplos de um mecanismo renovado de interação entre governo e sociedade civil, em que as pessoas podem tomar para si a tarefa de formular e executar políticas de interesse social.

Não é por acaso que esses dois exemplos, Minha Casa Minha Vida Entidades e Cozinhas Solidárias, estão presentes na coerente trajetória de Guilherme Boulos. São exemplos pontuais, um projeto renovado de país exige muito mais que isso; mas são exemplos que podem nos dar uma ideia do modo como uma liderança de esquerda atua diante de questões existenciais como falta de moradia e fome: como um elo que não se desgarra das pessoas em uma representação abstrata e não lhes retira a autonomia enquanto sujeitos de direito e de interesse em conflito com a elite política e econômica do país.

Podemos assim encontrar na própria trajetória de Guilherme Boulos – uma trajetória própria, que não é a do Lula nem outra clássica passagem à representação – indícios de uma política de esquerda reformulada, que inspire nos descrentes não apenas a vontade política de atuar, mas a possibilidade real de atuar para mudar a vida sua e de tantos outros desse “nós” que escancara nossa desigualdade.

A polarização deve ser reafirmada

Por fim, uma observação a respeito desse conflito que aos poucos esgota parte da força popular – porque lutar, quando muito se perde, cansa. O cansaço é gêmeo da descrença na política e, por vezes, da raiva contra tudo e todos (o abstrato “sistema”).

Desde a democracia grega – mais precisamente, aristotélica – a questão do “caminho do meio” obscurece a disputa e cala as perspectivas necessariamente distintas. Os sofistas que o digam.

Como disputar um projeto de país quando se reafirma diariamente que a moderação é um ideal político e social, como se o inexistente “meio termo” (ou terceira via…) fosse o bom senso ao qual todos deveriam visar? Significa, obviamente, não permitir que qualquer projeto de país, e de futuro, esteja em jogo. Não há nem mesmo jogo. Não há argumentos, convencimento. Nada.

Nesse mundo ficcional ganha força a descrença e desesperança políticas, já que não há nisso nada que possa ser nomeado política, nem democracia: estes termos implicam necessariamente visões distintas. Não se trata de alternar uma e outra, como se a alternância fosse resultar em soma zero – esse insosso lugar ao centro, moderado, inerte – já que a história social é movimento e não pode ser freada no centro neutro e perfeito do ideal platônico.

Quer dizer, o discurso repetido por analistas e mídias diversas tem como efeito a despolitização absoluta. Curiosamente, ficam perplexos diante da abstenção crescente nos sufrágios, ou na aposta em qualquer coisa que seja contra tudo o que está dado – está dada uma vida difícil demais. Como se posicionar, ter um lado, quando tudo parece ou está efetivamente misturado em frentes tão amplas que já não parecem ter fronteiras? A eleição de Eduardo Paes, por exemplo, pode ser explicada pela necessidade de evitar o bolsonarista da vez, já que bolsonarismo é igual a golpismo. Porém, o mesmo Eduardo Paes enviou secretários para sacramentar o golpe contra Dilma Rousseff. Afinal, um golpismo soft aceitamos, mas sem exageros? O que está realmente em jogo, em termos de posições e projetos?

É evidente que sim, sempre há algo pior a ser evitado, e deve ser. A frente ampla de 2022 foi fundamental. Porém, pontual. Replicar o modelo indistintamente congela a disputa, inclusive a disputa por um modelo político que situe com clareza as divergências, abrindo espaço assim para convencimentos.

O incrível é que foi preciso essa acomodação clássica – versão atualizada das conciliações e golpes que marcam nossa República desde o nascimento – para assegurar alguma democracia, realizando historicamente o tão alardeado meio termo na forma de uma frente ampla, mas analistas insistem em ver justamente aí mais um exemplo da tal polarização.

Na mesma linha, em pleno 2024, em que o PT está com Eduardo Paes, em que o PSD se divide confortavelmente entre o governo federal e o estado de São Paulo, o discurso permanece o mesmo, sendo um dos grandes responsáveis pela impossibilidade de uma polarização real a ser estabelecida.

A mídia leu 2024, particularmente em relação à prefeitura de São Paulo, como “O Brasil está farto da polarização”. Não, falta polarização! É por isso que Ricardo Nunes conseguiu que lhe vestissem com o manto (invisível, já que o rei está nu, só não vê quem não quer) da moderação. Porque falta polarização, falta identificar posições, diferenças, porque a descrença se traduz nesse tempo morno da política, no “vai assim mesmo”, no “é tudo igual”. Para alguns, se não for pra deixar como está, que se arrebente o sistema de vez – já que o sistema é visto exatamente como esses analistas desejam ver, como um mesmo inerte confundido com bom senso.

O resultado dessa confusão é que só aparece como polo – como diferença, como opção – o que estiver pretensamente fora desse campo amorfo da política comum. Assim, o chamado bolsonarismo é arrastado para além das fronteiras do sistema, embora não esteja fora dele, e Ricardo Nunes ou Tarcísio de Freitas são reconfortados no centro desse mesmo sem volume, isentados, portanto de um posicionamento preciso no campo das posições em disputa – evidentemente, bastante à direita do eixo central (sublinho, eixo em que não cabe ninguém, é apenas uma linha, não uma posição possível, como Emmanuel Macron provou). Por isso, aliás, o termo “bolsonarismo” é ruim; ele personaliza a tal ponto que protege os demais personagens da extrema direita.

Uma vez construído esse ornitorrinco, em que a polarização virou o fantasma da vez, como situar Guilherme Boulos? Ele está longe, felizmente, de ser um Eduardo Paes. Coligação, mas à esquerda. Mas como a capa do centro foi emprestada para Nunes-Tarcísio-Kassab e como não se permite distribuir ninguém em uma área real, forjando uma moderação como bloco único do que inventam ser a democracia, então só restaria uma estranha frente ampla ou o lugar de fora, de modo que os discursos empurram Guilherme Boulos para fora, acusando-o de radical (nesse caso, antidemocrático).

Contudo, assim como Jair Bolsonaro não está fora do sistema, embora queira parecer, Guilherme Boulos também não está fora, e sabe disso muito bem. Não quer estar fora, sabe que o fora não existe (pelo menos nessa quadra da história). Ele está localizado, consciente, na esquerda do eixo central, linha fina que muitos tentam insistentemente apagar.

É preciso grifá-la, em vez de apagá-la. A democracia depende de que se possa reconhecer e disputar projetos. Ela depende de polarização para que as pessoas vejam com clareza as diferenças, as possibilidades, e situem seus interesses e sonhos.

Apagar a linha da qual depende o espaço em que se organizam os elementos é o verdadeiro “fora” do sistema democrático: totalitarismo. É a indistinção, aquilo que totaliza por não conter diferença.

A polarização politiza e modifica o lugar do “centro”. A atração de eleitores de “centro” amanhã aumentará quando o meio da agenda política passar a naturalizar pautas que estão à esquerda do “centro” hoje. Isso não se faz sem disputa polarizada de ideias e sonhos. Como a história do neoliberalismo demonstra, minorias não estão fadadas a continuar sendo minorias, já que sua pauta passou de impossível a inevitável ao longo da segunda metade do século XX. Ou seja, a polarização forçou o alargamento da agenda política. Nem por isso essa nova maioria precisa permanecer como tal.

Se aquilo que pode lançar luz a esse lugar contra o qual lutamos e no qual a maioria da população não cabe é nomeá-los extremistas, como são, então o “radicalismo” poderá finalmente se apresentar como opção democrática ao que está dado e, quem sabe, acabar com a descrença que acomete a vida política.

Guilherme Boulos dá rosto à nova esquerda

Se é verdade que a nova esquerda não é uma ruptura com a esquerda que se construiu desde os anos 1980 a duras penas, é verdade também que há uma renovação se desenhando. Essa renovação significa ao mesmo tempo uma espécie de retomada, já que a própria esquerda hegemonizada historicamente pelo PT passou por suas transformações.

Ainda que com tensões, não há como negar que as conciliações, por vezes necessárias, tornaram-se armadilhas difíceis de desembaraçar. Um título reivindicado por quem assume esse novo aspecto dentro e fora do Partido dos Trabalhadores é o de progressista. O campo progressista, ou a frente ampla, como queiram, é a versão à esquerda de uma despolitização que busca ocupar todo espaço da arena democrática. O título que a direita mobiliza para essa mesma tentativa de totalização é centrão. Assim, nivela-se de um modo ou de outro uma gama de possibilidades de um espectro complexo, subvertendo suas diferenças.

A frente ampla não pode se tornar um modelo político a ser replicado indistintamente. Coligar e acordar será sempre importante, mas sem que com isso novas teias imobilizem a esquerda. Um desafio complexo, certamente, que exige uma liderança segura de seu lugar histórico, e Guilherme Boulos tem apresentado suas credenciais. Jamais recusou a posição, a polarização, e por isso a carta para o povo de São Paulo lida na última semana de campanha difere por natureza da carta ao povo brasileiro de 2002 (sem prejuízo de valor a esta última).

Os interlocutores são outros, o momento histórico é outro, e o erro de insistir em aprofundar o pedido de legitimidade na direção oposta ao povo não foi cometido. Guilherme Boulos não se dirigiu ao mercado nem à generalidade que o termo “brasileiros” sugere, embora saiba sua importância e não recuse uma política que os contemple. Afinal, nessa generalidade há uma população que é prioridade e que precisa ser alçada a sujeito de políticas concretas.

A trajetória pessoal de Guilherme Boulos, que se vincula às políticas mais concretas e nas quais o povo tem um papel ativo, e sua trajetória política, que se diferencia e se posiciona, prometem um novo patamar não apenas à esquerda, mas à própria democracia, que pode finalmente voltar a ser o campo aberto de poder em que projetos de futuro são formulados e avalizados ou não pela maior parte da população.[1]

*Monica Loyola Stival é professora de filosofia na UFSCar. Autora, entre outros livros, de Política e moral em Foucault (Edições Loyola).

Lições amargas: três explicações erradas para a derrota de Guilherme Boulos

Por VALERIO ARCARY (*)

“Nunca é tão fácil perder-se como quando se julga conhecer o caminho”
(Provérbio popular chinês).

A derrota eleitoral de Guilherme Boulos em São Paulo foi a maior que a esquerda sofreu neste segundo turno. Não é fácil refletir sobre derrotas. Derrotas são tristes e dolorosas. Estamos sob o impacto emocional da amargura. Ninguém está imune, subjetivamente, da decepção e frustração. Manter a lucidez não é simples.

A derrota política foi muito dura, mas parcial. Não foi nem estratégica, nem histórica. Se enganam aqueles que sempre lhe foram hostis, tanto na esquerda mais moderada, quanto na mais radical, e já profetizam que Guilherme Boulos teria saído diminuído. Guilherme Boulos consolidou a posição de maior liderança popular e da esquerda brasileira, depois de Lula. Esta conquista desperta rancores, rivalidades e despeitos.

Guilherme Boulos liderou a campanha unificada da esquerda com uma indomável coragem, perseverança e dedicação. Foi hábil nas entrevistas agressivas, incansável nas caminhadas pela periferia, brilhante nos debates e inspirador nos comícios. Durante meses foi caluniado, pessoalmente, e difamado, politicamente. Drogado, invasor, comunista, extremista, incendiário.

Nas vésperas do primeiro e segundo turno foi vítima de crimes eleitorais sem precedentes, desde a campanha de Fernando Collor contra Lula em 1989, há trinta e cinco anos: cocainômano e apoiado PCC. Enfrentou a luta política-ideológica dificílima de cabeça erguida. Denunciou que Pablo Marçal e Ricardo Nunes eram duas faces do bolsonarismo, a corrupção no escândalo das creches e das obras sem licitação, a cumplicidade com o PCC, se posicionou contra a guerra às drogas diferenciando traficante de usuário, acusou Nunes pela privatização da Sabesp, defendeu a anulação da concessão feita à ENEL, e muito mais. A campanha cometeu erros, também, como seria inevitável, mas não é responsável fazer este debate em público no dia seguinte da apuração. Ele deve ser feito, em primeiro lugar no interior de nossas organizações.

Perdemos por uma diferença de um milhão de votos. Foi um tsunami. A questão é: por quê? Estão sendo divulgadas três explicações erradas.  A primeira é que Guilherme Boulos não devia ter sido o candidato da esquerda porque o seu perfil seria, excessivamente, radical. Foi vocalizada pelo prefeito eleito de Maricá: Quaquá é também, um dos vice-presidentes nacionais do PT.

A segunda é que a campanha teria feito um giro ao centro para reduzir a rejeição de Guilherme Boulos, e esse erro transformou a derrota eleitoral em derrota política. Foi vocalizada por Vladimir Safatle e Luís Felipe Miguel, professores universitários da USP e UNB, mas tem apoio em uma parcela da esquerda radical.

A terceira é que teria sido contaminada pela pressão do “identitarismo”, uma fórmula popularizada pelo liberalismo, uma corrente ideológica estranha à esquerda, para fazer referência às lutas dos oprimidos, em especial, as mulheres e a luta feminista, os negros e o antirracismo, e os LGBT’s e a luta anti-homofóbica, e foi vocalizada por Jesse Sousa, ex-presidente do IPEA.

Estas três explicações são falsas porque desconhecem o resultado da apuração. Um milhão de votos não são dez mil votos. Quando se perde por uma pequena diferença é razoável considerar a hipótese de que, se a representação da esquerda tivesse sido feita por outra candidatura, talvez tivesse sido possível vencer. Quando se perde por uma pequena diferença é incontornável fazer o balanço da tática eleitoral, se deveria ter sido mais radical ou mais moderada. Mas não foi o que aconteceu em São Paulo.

A desvalorização da diferença colossal não é, intelectualmente, honesta. Um milhão de votos não se anulam com táticas eleitorais. O balanço deve ser, portanto, desapaixonado. Nesta escala não importa se os programas de rádio e televisão deveriam ter sido “assim ou assado”, se o programa para saúde, educação, transportes, habitação deveriam ter sido outros. Nesta dimensão não tem palavra de ordem mágica. Não há “abracadabra”.

Marxismo não é fatalismo objetivista. Mas não é verdade que “tudo pode acontecer”. As margens do que pode ocorrer são estreita. Por isso, fazemos cálculos, às vezes acertamos, outras erramos. Desta vez erramos feio, porque subestimamos, mais uma vez, a extrema-direita. As análises que defendiam que era possível vencer repousavam em uma premissa fundamental: o fato de que em 2022, tanto Fernando Haddad quanto Lula tinham derrotado Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro na capital.

Esta análise, que quem escreve estas linhas defendeu, também, estava errada. Estas linhas são autocríticas. Não é difícil concluir que a situação evoluiu, desde 2022, para pior. Ocorreu uma mudança desfavorável na relação social e política de forças. As votações somadas de Ricardo Nunes e Pabro Marçal, no primeiro turno, foram o dobro da de Guilherme Boulos. E foi por uma estreitíssima margem que não aconteceu um segundo turno sem a presença da esquerda, pela primeira vez. Marxismo não é tampouco voluntarismo subjetivista. Há uma beleza “poética” na aposta de que nossa militância pode reverter situações adversas. Mas voluntarismo tem limites.

Na verdade, o que o desenlace da apuração revelou foi que não era possível vencer, em função da dura relação social e política de forças. Esta avaliação não interdita, evidentemente, o debate das táticas eleitorais. Mas desaconselha quem quiser insistir que foi o candidato ou a linha de campanha que explicam a derrota.  Quem defende que a esquerda deveria ter apoiado Tabata Amaral está repetindo a hipótese imaginária de que Ciro Gomes poderia ter derrotado Jair Bolsonaro em 2018, se o PT não tivesse lançado Fernando Haddad e o PSol apoiado Guilherme Boulos, um contra factual absurdo.

Quem se alinha com as posições mais esquerdistas tem todo o direito de criticar que a campanha teria sido lulista demais, ou seja, alinhada com uma defesa do governo federal. Mas essa crítica não autoriza concluir que, se Boulos tivesse sido candidato sem a coligação com o PT, repetindo 2020, teria tido mais votos. Ao contrário, o que o desfecho eleitoral provou é que teria menos votos. Quem denuncia o “identitarismo” desconsidera que sem o apoio das mulheres, negros e LGBT’s teríamos tido muito menos votos. É verdade que a campanha teve muito mais recursos do que em 2020, e obteve uma votação semelhante. Sim, mas este argumento só reforça que a situação objetiva é muito pior.

A derrota da esquerda se explica por muitos fatores, mas repousa, essencialmente, em fatores objetivos e subjetivos. Os dois principais fatores objetivos são: (a) que a vida não melhorou depois de um ano e meio de governo Lula, apesar do crescimento, redução do desemprego, aumento do consumo e controle da inflação, porque foram melhorias insuficientes; (b) que a maioria dos mais pobres mantém algum grau, embora menor, de lealdade política ao lulismo, mas uma parcela da classe trabalhadora rompeu com a esquerda. É entre os remediados que o bolsonarismo criou raízes.

O que nos remete ao principal fator subjetivo. O governo Lula não faz a luta política-ideológica no patamar que a conjuntura exige. A extrema direita é o movimento mais dinâmico, mais ativista, mais ideológico na sociedade. Pablo Marçal é mais uma demonstração desta implantação. Sua influência vai além do um terço da população que lhes entrega o voto, porque conquistou hegemonia política. Entre os trabalhadores de renda média e esta pequena burguesia em formação está a audiência da extrema-direita. Têm escolaridade baixa ou, na melhor das hipóteses, média, e são remediados que estão em luta implacável pela ascensão social e respondem à agitação do bolsonarismo pela militarização da segurança e pela redução dos impostos.

As igrejas pentecostais ocupam um lugar insubstituível na organização deste movimento. São hostis ao feminismo, à luta antirracista, são homofóbicos e anti-ambientalistas. Estamos diante de um anticomunismo “popular”. Esta derrota não selou o destino do governo Lula. Ainda há tempo para reverter os danos, mas somente se houver lucidez de que a situação é de alerta vermelho. O alerta amarelo ficou para trás, é muito sério.

(*) Valerio Arcary é professor de história aposentado do IFSP. Autor, entre outros livros, de Ninguém disse que seria fácil (Boitempo). [https://amzn.to/3OWSRAc]

Participe do Sarau do PPGCTS

O Sarau do PPGCTS – Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar – é uma iniciativa coletiva, docente e discente, além de contar com estudantes que almejam ingressar no programa de ensino, pesquisa e difusão científica.

SARAU DO PPGCTS

Vinício Carrilho Martinez (Dr.) – PPGCTS/UFSCar

Avaetê de Lunetta e Rodrigues Guerra – Aluno especial PPGCTS/UFSCar

 

            O Sarau do PPGCTS – Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar – é uma iniciativa coletiva, docente e discente, além de contar com estudantes que almejam ingressar no programa de ensino, pesquisa e difusão científica.

A iniciativa é de um grupo de pessoas que participam de uma disciplina do referido programa, agora também vinculados num grupo de WhatsApp. Motivadas por um edital da UFSCar – “Extensão na Pós-graduação” – as pessoas construíram um projeto a ser articulado com outros programas da universidade e, em seguida, surgiu a ideia de que seria possível já iniciarem algumas atividades de extensão: o Sarau é uma delas. Publicações científicas com linguagem acessível seria outra.

O Sarau tem como objetivo proporcionar um espaço para que os participantes compartilhem suas pesquisas, recebam feedbacks e sugestões de melhorias, além de estabelecerem contatos e parcerias com outros colegas e pesquisadores. Dessa forma, contribui para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos estudantes do programa. Além disso, o Sarau do PPGCTS também promove a integração entre os membros da comunidade acadêmica, estimulando a troca de experiências e o debate de ideias. Através das apresentações e discussões realizadas durante o projeto, os participantes têm a oportunidade de ampliar seus conhecimentos, aprimorar suas habilidades de comunicação e fortalecer sua rede de contatos no meio acadêmico.

A realização do Sarau do PPGCTS demonstra o comprometimento dos envolvidos com a formação acadêmica e intelectual, bem como com a promoção de um ambiente colaborativo e estimulante para o desenvolvimento de estudos e pesquisas na área de ciência, tecnologia e sociedade.

Ao realizar projetos de pesquisa como este, os discentes têm a oportunidade de aplicar na prática os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de sua formação acadêmica. Além disso, a realização de projetos permite que os pesquisadores desenvolvam habilidades de análise crítica, interpretação de dados e elaboração de relatórios científicos, competências essenciais para atuarem no mercado de trabalho acadêmico e científico.

Os projetos de pesquisa no PPGCTS contribuem para a difusão do conhecimento científico. Com a elaboração de artigos científicos, apresentações em congressos e seminários, os estudantes têm a oportunidade de compartilhar suas descobertas e contribuições para a comunidade acadêmica. A realização do Sarau também é importante para fomentar a interdisciplinaridade e a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento, ao trabalhar em projetos multidisciplinares, os estudantes têm a oportunidade de ampliar sua visão sobre determinado tema e enriquecer suas pesquisas com diferentes perspectivas e abordagens.

É mais uma iniciativa do PPGCTS que visa a inclusão, a divulgação, a popularização da Ciência, do conhecimento, do “saber-fazer” – como vemos desde a Grécia antiga, sob a unificação de saberes que se traduzem em práticas inovadoras, inquietantes, transformadoras da sociedade e das pessoas. Pensando-se ainda que, conceitualmente, define-se enquanto práxis, numa relação estável, organizada e orgânica entre reflexão e ação.

Dessa perspectiva da Ciência, não há muitas dúvidas em relação ao objetivo do Sarau do PPGCTS, uma vez que serão apresentados pensamentos, temas, intersecções problematizadoras, atuais e, acima de tudo críticas, pois, parte-se da premissa de que “sem crítica, não há Ciência”.

Pedagogicamente, podemos nos valer de uma das mais notáveis prescrições de Paulo Freire, o Patrono da Educação Brasileira, quando nos avisa que: “Ensinar exige rigorosidade metódica”.

VÍDEO – Bolsonaro especula morte de Nunes para “seu candidato” assumir em SP

Em apoio contrariado a Ricardo Nunes (MDB) para a Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já especula sobre sua morte para que o cargo seja herdado pelo coronel Ricardo Mello Araújo (PL), que ingressou na chapa do prefeito como exigência do Partido Liberal para declarar apoio à campanha pela reeleição.

“Em São Paulo tem o nosso candidato a prefeito. Tem o meu vice”, iniciou Bolsonaro em uma live, reforçando que Mello Araújo é o nome em que ele confia “100%”. “Lembro que o Nunes era vice, mas teve aquela tragédia com o prefeito na época, o Bruno Covas (PSDB), e o Nunes assumiu”, relembrou a a chegada ao poder do vice-prefeito após a morte de Covas em maio de 2021, com apenas 5 meses no segundo mandato.

“Ninguém quer que o Nunes seja eleito, para ir para outra lá [em referência a morte] e deixar para o Mello Araújo. Agora o Mello Araújo não vai ser o vice que vai atrapalhar o prefeito”, disse em argumento de que o coronel não exerça um mandato decorativo, como o emedebista foi acusado de exercer até o fim de 2023.

Por fim, Bolsonaro defendeu que o voto na chapa de extrema-direita seja um meio para “evitar que o PT chegue ao poder” na capital Paulista. Veja o trecho exibido na live do programa de Reinaldo Azevedo, na BandNews.

Com um histórico criminoso na Polícia Militar, e investigado oito vezes por homicídio, o bolsonarista indicado para a chapa de Nunes disse, em entrevista à Folha, que nunca se preocupou em contar o número de mortes causadas durante sua carreira. Segundo o candidato a vice-prefeito, ele perdeu as contas de quantas “baixas” executou durante os 32 anos na PM.

Em um dos casos, ocorrido no ABC Paulista, Mello Araújo relatou que perseguiu um suspeito que havia estuprado uma mulher e se escondido em um esgoto. Após uma troca de tiros, o suspeito morreu. Ele destacou que a troca de tiros foi inevitável e que seguiu todos os procedimentos previstos em situações de confronto. O caso foi arquivado.

Apesar das mortes, a polêmica famosa do militar é a defesa de que a PM tenha duas formas de agir dentro da capital. Em entrevista à Rede TVT, em 2017, ele argumentou que é certo que as abordagens dos PMs sejam diferentes nas regiões mais nobres da cidade em relação aos procedimentos nas periferias.

“É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse.

Bom lembrar que. nos seus tempos de deputado, Bolsonaro disse que, como militar, sua especialidade era matar. Também convém ressaltar a presença, em seu ambiente íntimo, de gente que defende e pratica crimes, como ex-policiais e até detentores de mandados populares como é o caso dos que celebram até hoje o assassinato de Marielle.

No debate entre Nunes e Guilherme Boulos (PSOL), realizado pela Record e Estadão no último sábado (19), o deputado federal questionou o prefeito se ele concorda com essa declaração de Mello Araújo. Embora não tenha fugido do debate, o candidato bolsonarista fugiu da resposta e não expôs o que pensa a respeito da postura da PM em diferentes bairros de São Paulo.

Fonte DCM

A VIDA TEM LINDEZAS

 

Até numa música de uma letra só.

Eu estava em paz,
– quando você chegou

Amou

Deixou em mim
Deixou-se em mim

Se eu tocasse,
– tocaria você agora

Se eu cantasse,
– encantaria o futuro

Fiz cara de sonho
– nem dormi
– dormi só pra acordar

Fiz muita cara de sonho

Queria te acordar
– todo dia

Eu estava em paz
Você chegou
– trouxe você como sonho
– nunca mais acordei

Foi cruel
Só sonhei que beijava
– mas eu só amava

Você era foda
Não precisava dizer
– “me adora”

“Será que preciso enlouquecer”?

Ou só dizer ao universo:
….” devo sorrir” …

Ou sumir, toda vez que sonhar

Todo mundo tem que ir
Pra poder voltar

Vinício Carrilho Martinez

Bozo não é um mito

Por Vinício Carrilho Martinez

Lucas Gama

Definitivamente, Bozo não é um mito!!!

Na mais inofensiva das possibilidades, Bozo é apenas sinônimo de anticlímax.

Bozo já foi um personagem circense; porém, coitado do personagem, nada tem a ver com esse mito caído que a extrema direta inventou (fazendo uso extensivo do chapéu de alumínio).

Pois bem, comecemos nosso argumento pelo resumo, e que também é a nossa conclusão:

  • Fábula[1] é mentira (invenção) ou imaginação prolongada, mesmo que termine com uma mensagem moral.
  • Mito é a busca de uma explicação racional para a sobrevivência coletiva.

 

Portanto, Bozo não é um mito. É a negação da ideia de mito.

Ao que seguimos com uma tentativa de explicação do porquê Bozo não ser mito nenhum, apenas uma mentira da “familícia brasileira”: que é próspera com o fanatismo e o oportunismo (sempre corrupto).

Vejamos um argumento racional contra a falácia:

  • Nesse caso, no caso do mito, a origem de tudo é a racionalidade – de qualquer mito que preze seu pseudônimo.

 

Por exemplo, o mito (Mito do rio Estige, contado por Bacon)[2] figura como busca racional pela sobrevivência, sem que se utilize de demonstrações claramente racionais (caso da alegoria da caverna) e com apelo ao fantástico, uma unidade que pode estar forjada na mentira (o nazismo se apropriando do “Mito de Arminio”) ou no suposto mito do Bozo no Brasil: o mito caído do Bozo se locupleta não com o fantástico, mas sim com o fanático-fantasmagórico[3].

Além disso, o mito construído (coletivamente) sob uma realidade (a sobrevivência) nos permite concluir que “apenas sob efeito de alguma fábula grotesca” – desconexa do mundo real – alguém poderia pensar que “a extrema direita politizou as massas”.

Para sermos mais justos conceitualmente, a extrema direita não alimentou um mito, muito menos uma alegoria (sair da caverna em busca de conhecimentos – como é o caso do fundador Mito de Prometeu):

PROMETEU

Ouvi, porém, as desgraças dos mortais e como eles eram pueris antes de eu os tornar inteligentes e senhores da razão […] A princípio, quando viam, viam falsidades; quando ouviam, não entendiam; e, como as formas dos sonhos, misturavam tudo ao acaso, durante a longa existência; e não sabiam construir casas soalheiras de tijolo, nem sabiam trabalhar a madeira; viviam em antros subterrâneos, como as formigas ligeiras, nas profundidades sem sol das cavernas. E não tinham indício seguro do Inverno, nem da florida Primavera, nem do fecundo Verão; mas faziam tudo sem discernimento, até eu lhes ensinar o enigmático nascer e ocaso dos astros. Também descobri por eles os números, a principal das invenções engenhosas, e a combinação das letras, memória de tudo quanto existe, obreira mãe das musas. E fui o primeiro a por sob jugo os animais[4], submetendo-os ao cabresto ou aos corpos dos homens, para que sucedessem aos mortais nos trabalhos mais pesados, e atrelei aos carros cavalos dóceis, ordenamento de luxo excessivo. E nenhum outro senão eu inventou para os marinheiros os navios de asas de linho[5], que vogam pelo mar. E eu, que descobri tudo isto para os mortais — infeliz — não tenho maneira de me libertar do sofrimento presente

(Ésquilo, 2001, p. 54).

 

Prometeu nos deu a chave da compreensão do mundo, o conhecimento de tudo que era essencial à sobrevivência[6]. Todavia, em efetivo antagonismo ao Mito de Prometeu (em total exclusão epistemológica), a nossa extrema direita contou só uma historinha (conto de fábulas para crianças bem miúdas) em que o Banquete dos Deuses (a Política) não significa nada, zero à esquerda – literalmente.

Ou seja, a extrema direita contou uma historinha e o guru dormiu com ela, como um gurí animado.

O que ainda permite concluir: na vida adulta, séria, não acredite em fábulas, gurus, guris lacradores.

Pense nos bons mitos, deixe a letargia das mentiras – à esquerda e à direita.

Por isso, tanto a apropriação do Mito de Ermínio pelos nazistas (unidade e espaço vital) ou o “mito” criado pela extrema direita para o Bozo, sequer são fábulas (não tem cunho moral, só imoral). São falácias, mentiras grosserias.

 

Referências

 

BACON, Francis. A sabedoria dos antigos. São Paulo : Editora da UNESP, 2002.

 

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro, Lexikon, 2010.

 

ÉSQUILO. Prometeu Agrilhoado. Lisboa: Edições 70, 2001.

 

KAFKA, Franz. Narrativas do Espólio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002b.

 

[1] “tipo de narração alegórica […] confabulação […] fabulista” (Cunha, 2010, p. 283 – grifo nosso). Como se vê em nossa história muito recente, é por demais óbvio que, Bozo não é fabuloso, é um fabulista, encantador de incautos e reféns da história da carochinha que os aprisiona em sua estultice.

[2] Assim nos relatava um dos mais brilhantes pensadores do Renascimento, Francis Bacon (1561-1626), citando Ifícrates quando este sintetizou os principais requisitos da independência e do equilíbrio de poder essenciais às relações entre o Poder Central e os Estados soberanos: “Uma só garantia entre nós, um só compromisso: provai que pusestes tanto em nossas mãos que não podereis prejudicar-nos ainda que o quiserdes”. De fato, quando os meios de lesar são removidos ou quando uma ruptura de tratado poria em risco a existência e a integridade do Estado e dos recursos, o pacto pode ser considerado ratificado, sancionado e confirmado como que pelo juramento do Estige: há então perigo de ser-se expelido dos banquetes dos deuses. Com esse nome os antigos significavam os direitos, prerrogativas, riqueza e felicidade do Estado” (Bacon, 2002, p. 30-31 – grifo nosso). Como se sabe, de cor e salteado, tudo o que Bozo não fez foi zelar pelo Poder Público.

[3] Em Kafka (2002) há uma metamorfose como sinal de fantasmagoria, como desfiguração da normalidade diante do entorno que o autor vivia (e de sua psique), como prenúncio do proto-fascismo, a marca clássica da Modernidade Tardia (o símbolo é Auschwitz). O mito caído do bozo nada fez, além de quebrar as instituições formais do Estado de Direito, como ausência de representação  regular.

[4] A primeira indicação de animais domesticados foi encontrada em Jericó, na Palestina: cães, cabras e grandes felinos eram mantidos como animais de estimação. É até comum encontrar leopardos domésticos em pinturas egípcias antigas, mas o mais famoso era o gato.

[5] Devem ser as velas.

[6] Neste sentido, Prometeu aqui será considerado como a simbologia do Homo faber.

Coluna Zona Franca Especial

Por Roberto Kuppê (*)

Lula recebe banqueiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá hoje, quarta-feira (16), às 11h30, no Palácio do Planalto, com os principais líderes do setor financeiro brasileiro. Entre os presentes estarão Luiz Carlos Trabucco, chairman do Bradesco e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, presidente-executivo da Febraban, Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú, Marcelo Noronha, presidente do Bradesco, André Esteves, chairman do BTG Pactual, Mario Leão, presidente do Santander, e Alberto Monteiro, presidente do Safra. A equipe econômica do governo também participará, com destaque para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central.

Lula recebe banqueiros 2

Esse encontro marcará uma importante demonstração de apoio do setor financeiro ao governo Lula 3, num momento em que o país atravessa uma recuperação econômica acima da média. Os banqueiros deverão elogiar a gestão econômica do governo, especialmente o desempenho da equipe de Haddad, que tem sido fundamental para a promoção de um crescimento sustentável, com uma taxa acima de 3%, além das expectativas iniciais do mercado financeiro.

Perigo

O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS Saleme), responsável por erros em testes de HIV,  foi contratado para fazer 1,7 milhão de exames em 18 unidades da rede pública ao longo de quase dois anos, conforme levantamento do Globo. A empresa foi fechada após seis pacientes transplantados terem sido infectados com HIV devido a erros na sorologia.

Debates  SP

Primeiro debate do 2º turno de SP tem foco no apagão, além de ataques, exposição de biografias dos candidatos e vices e até abraço | Eleições 2024 em São Paulo | G1O jornal Folha de S. Folha, o portal UOL e a emissora RedeTV! realizam nesta quinta-feira, 17, às 10h20, o segundo debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Tanto o atual prefeito, como o deputado federal, confirmaram presença no evento que terá transmissão ao vivo no sites, no canal do Youtube e redes sociais do pool de veículos e no canal aberto na televisão da RedeTV!.

Debates  SP 2

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e textoHá ainda mais três encontros previstos além do debate nesta quinta. O SBT, inicialmente, faria um debate no dia seguinte, na sexta, 18, mas a emissora ainda não confirmou. Se confirmado, deverá ocorrer às 11h30. Para o sábado, a Record TV e o jornal O Estado de S. Paulo também organizam um debate entre os candidatos. A TV Globo encerra o ciclo de debates na sexta, 25, na antevéspera do segundo turno. Nunes e Boulos já confirmaram presença no encontro da emissora carioca que, tradicionalmente, é o último antes da votação e visto como muito importante para as campanhas.

Debates  SP 3

Calendário de debates do segundo turno:
Folha/UOL/RedeTV!: 17 de outubro, às 9h30
SBT: 18 de outubro, às 11h30
Record TV/Estadão: 19 de outubro, às 21h
TV Globo: 25 de outubro, às 22h

Contagem regressiva

Faltando 11 dias para o segundo turno das eleições para prefeito de Porto Velho, os candidatos Mariana Carvalho (UB) e Léo Moraes (Podemos) se enfrentarão em três debates. Amanhã, quinta-feira, 17, às 18h30, a TV Norte (SBT) realizará o primeiro debate do segundo turno. No sábado, 19, o debate será na SICTV, às 19h40. No dia 25, acontece o último e decisivo debate, na Rede Amazônica/Globo, às 21h.

Cremero

O Cremero realizará um bate-papo com os candidatos à prefeitura de Porto Velho sobre as propostas para o setor da saúde na capital, com a presença de os médicos. O encontro acontecerá de forma presencial.  Leo Moraes (Podemos), hoje, 16/10, às 19h; Mariana Carvalho (União Brasil), dia 21/10 às 19h. Local: Auditório do Cremero, na avenida dos Imigrantes, 3414. Além do Cremero, Mariana participa também neste dia de palestra no Sindur às 15 horas.

Jovem eleitor

O número de jovens eleitoras e eleitores cresceu significativamente em 2024. Com um aumento de 78% no alistamento eleitoral desse público em comparação a 2020, mais de 1,8 milhão de pessoas de 16 e 17 anos estarão aptas a votar facultativamente no pleito de outubro em todo o Brasil. A faixa etária de 18 a 24 anos soma 18,3 milhões de votantes, reforçando a possibilidade de uma grande participação do público jovem nas eleições deste ano.

Pesquisas

Nesta reta final de campanha, olho vivo nas pesquisas. Algumas são sérias, outras nem tanto. Lembrando que as pesquisas podem refletir a realidade ou não. Algumas acertam, outras erram feio. Em Porto Velho, desde ontem novas sondagens estão sendo divulgadas. Uma delas, mostra o candidato Léo Moraes à frente. Em outra pesquisa, Mariana Carvalho liderando o segundo turno. Haja coração.

Pesquisas 2

O fato é que segundo turno é outra eleição. A coluna reserva o direito de dizer que o jogo sucessório em Porto Velho está rigorosamente empatado. O vencedor o será por uma margem apertada. Ambos os candidatos estão desenvolvendo um ritmo forte nas respectivas campanhas. O eleitor indeciso deverá assistir aos debates e tirar suas conclusões. É salutar um segundo turno com dois candidatos competitivos.

Olavo Pires

Assassinato de Olavo Pires completa hoje 33 anos sem se saber quem mandou matar | Mais ROHá 34 anos morria o senador Olavo Pires (PTB-RO). Ele foi brutalmente metralhado quando se preparava para disputar o segundo turno para o governo de Rondônia, em 16 de outubro de 1990. Todos os anos este articulista lembra a data porque trabalhou na campanha do senador. Foi uma terça-feira muito triste para a democracia que acabava de voltar ao Brasil. Seria o segundo governador eleito por via direta. O primeiro foi Jerônimo Santana.

Inelegível até 2034

O ex-governador de Rondônia, Ivo Cassol (PP-RO), teve recurso negado pelo pleno do Tribunal de Justiça de Rondônia, em agravo movido contra o Ministério Público do Estado e o Município de Rolim de Moura. Por unanimidade foi mantida a sentença que condenou Cassol à perda dos direitos políticos, pagamento de multa, proibição de contratar com o Poder Público e receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.  O acórdão foi publicado no Diário Eletrônico do Tribunal de Justiça de Rondônia da última sexta-feira (11), mas nos meios jurídicos já se sabia há algum tempo que o ex-governador tinha sido condenado e que não poderá ser candidato até 2034.

Marcos Rocha

Pode ser uma imagem de 2 pessoasPor outro lado, nesta terça-feira, 15, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por unanimidade, manter os mandatos do governador de Rondônia, Marcos Rocha (UB), e seu vice, Sérgio Gonçalves (UB). O julgamento analisou o recurso do Partido Liberal (PL), que contestava a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE-RO) que já havia descartado a acusação feita pelo PL.

Marcos Rocha 2

O partido liderado pelo senador Marcos Rogério, candidato ao governo derrotado nas urnas em 2022, acusava Rocha e Gonçalves de abuso de poder político, citando a extinção da Estação Ecológica Soldado da Borracha e a redução do ICMS sobre a energia elétrica, além do suposto uso de servidores públicos em campanha. No entanto, o TSE considerou que as provas apresentadas não eram suficientemente fortes para comprovar as alegações, tampouco demonstravam gravidade que justificasse a cassação. A decisão representa uma vitória significativa para o governador Marcos Rocha, que segue no comando do estado de Rondônia, amparado pela validação de sua conduta durante o período eleitoral.

Licitação suspensa

Imagem de CapaO processo licitatório para a construção da Ponte Internacional Rio Mamoré, que conectará Guajará-Mirim (RO) ao território boliviano de Guayaramerín, foi temporariamente suspenso pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A decisão, publicada no Diário Oficial da União em 11 de outubro de 2024, interrompe o andamento de um edital lançado em 16 de novembro de 2023.  A obra, estimada em R$ 430 milhões, está inserida no Regime Diferenciado de Contratações (RDC) e envolve a elaboração dos projetos básico e executivo, além da execução de todas as operações necessárias para a construção da ponte, que faz parte da BR-425/RO. O projeto visa melhorar a infraestrutura local, com a construção de acessos e um complexo de fronteira, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.

Licitação suspensa 2

A interrupção temporária ocorre enquanto o Tribunal de Contas da União (TCU) analisa um pedido de embargo feito por uma empresa desclassificada do processo licitatório. De acordo com o DNIT, a empresa foi eliminada por não comprovar a execução de pelo menos uma obra de ponte em seu portfólio. No entanto, a empresa recorreu, argumentando que possui a experiência exigida e que o DNIT extrapolou os requisitos estabelecidos no edital.

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia e do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

Informações para a coluna:  rk@maisro.com.br

Polícia mata dois sem-terra e movimentos denunciam execuções e tortura contra acampamento no Pará

Após ação, acampados na Fazenda Mutamba, em Marabá, estão em barracão coletivo, sob rasante de helicóptero da polícia

Policiais civis da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) de Marabá assassinaram dois trabalhadores sem terra no acampamento da Associação Rural Terra Prometida, na última sexta-feira (11), no Pará. Outros quatro foram presos e, segundo os acampados, torturados por horas.

Desde então, as cerca de 200 pessoas que ocupam a área em disputa – localizada na Fazenda Mutamba, da família Mutran – estão agrupadas em um barracão coletivo. Afirmam que um helicóptero da polícia sobrevoa e dá rasantes, todos os dias, no local.

Os sem-terra denunciam que a operação policial Fortis Status (Estado forte, em latim), comandada pelo delegado Antônio Mororó, deixou feridos. Há pessoas com tiro na mão, na perna e com a costela quebrada.

A Polícia Civil do Pará informa que a operação tinha o objetivo de cumprir três mandados de prisão e 18 de busca e apreensão por denúncias de furto, extração de madeira, associação criminosa, tentativa de homicídio, porte ilegal de armas e queimadas irregulares. Nenhum dos presos ou dos mortos, no entanto, era alvo dos mandados.

Os assassinados são Edson Silva e Silva e Adão Rodrigues de Sousa. Este último deixou cinco filhos e, de acordo testemunhas, foi executado enquanto dormia na rede. A polícia alega que houve confronto.

O acampamento tem organização independente, mas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Pará é uma das entidades que vem dando suporte ao coletivo. Polly Soares, da direção estadual do MST, esteve no território no sábado (12), horas depois do ataque. “As famílias estão lá, sofrendo violência e intimidação todos os dias”, descreve. “A gente presenciou o voo rasante do helicóptero, com policiais dentro apontando armas”, conta Soares.


Sem-terra registram estar sendo rodeados por helicóptero em voo baixo / Acampamento Terra Prometida

O que aconteceu, segundo movimentos

Nesta segunda-feira (14), o MST, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), e o Instituto José Cláudio e Maria (IZM) e outras entidades soltaram uma nota em que, a partir dos relatos dos acampados, reconstituem o episódio.

Segundo o documento, cerca de 16 trabalhadores dormiam e dois preparavam o café em um barracão coletivo quando, por volta das 4h da manhã de sexta (11), foram surpreendidos por policiais gritando “perdeu, perdeu” e atirando. “No desespero e na escuridão cada um tentou escapar como pôde dos tiros. O resultado foram dois mortos, vários feridos a bala e quatro presos”, diz a nota.

“O discurso divulgado pelo delegado Mororó e incorporado pelo Secretário de Segurança Pública do Estado”, diz o texto, se referindo a Ualame Machado, do governo de Helder Barbalho (MDB), “é que se tratava de uma organização criminosa fortemente armada, envolvida em venda ilegal de madeira, roubo de gado e outros crimes”.

“O resultado da operação que envolveu dezenas de policiais, várias viaturas, dois helicópteros, foi a apreensão apenas de 7 espingardas cartucheiras e algumas munições. Nenhuma arma pesada, nenhuma motosserra, nenhum caminhão de madeira, nenhum gado roubado, nada mais”, segue o texto, assinado também pela Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos. “A operação, nessa perspectiva, foi uma farsa”, concluem as entidades.

“Os trabalhadores não morreram em confronto, essa versão é inventada”, salienta Polly Soares. “Não existe confronto quando a pessoa está dormindo e é surpreendida por rajada de bala. A tese do confronto é mentirosa, é para criminalizar os trabalhadores”, diz a dirigente do MST.

“O delegado titular da Deca, Antônio Mororó, esteve presente nas torturas e nos assassinatos. A gente pede que ele seja afastado. Este homem não tem condição nenhuma de permanecer à frente da delegacia. E a gente acredita que a permanência dele vai prejudicar as investigações. Como é que a polícia vai investigar a polícia?”, questiona Polly.

Brasil de Fato pediu um posicionamento da Polícia Civil do Pará sobre as denúncias, mas não teve resposta até o fechamento desta matéria. Caso haja retorno, o texto será atualizado.

Despejo suspenso temporariamente

A área de 12.229 hectares da Fazenda Mutamba, localizada na área rural da cidade de Marabá, tem três ocupações de famílias sem terra. O núcleo alvo da operação policial está a cerca de 500 metros da sede da propriedade da família Mutran e não foram despejadas por pouco.

Em março, a reintegração de posse foi decretada pelo juiz Amarildo José Mazutti, da Vara Agrária de Marabá. Em maio, no entanto, foi suspensa temporariamente em maio pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin.

Em sua decisão, Zanin reforça a obrigatoriedade de serem cumpridas as medidas que, segundo a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828, devem anteceder remoções forçadas. Entre elas, inspeções judiciais no território e que o caso seja debatido em uma comissão de conflito fundiário no Tribunal de Justiça.

Fazenda com histórico de trabalho escravo

Situada no sudeste do Pará, a fazenda Mutamba integra uma “região de histórico de conflito agrário e trabalho forçado”, contextualiza a deputada estadual paraense Lívia Duarte (Psol), que acompanha o episódio. A parlamentar encaminhou as denúncias de execução e tortura às secretarias de Segurança e de Direitos Humanos do Pará.

“A área não fica longe da curva do S”, ilustra, se referindo ao palco do Massacre de Eldorado do Carajás. “É uma região, por exemplo, onde a minha família, meu avô, meu pai, foram submetidos a trabalho escravo por toda a vida”, conta Duarte.

A Fazenda Mutamba, assentada sobre um antigo castanhal desmatado para dar lugar à pastagem, foi flagrada com trabalho escravo em agosto de 2002. Na ocasião, 25 trabalhadores foram resgatados. Dois anos depois, a empresa Jorge Mutran Exportação e Importação Ltda entrou na “lista suja” do trabalho escravo e teve de pagar uma multa de R$ 1,3 milhão ao Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Brasil de Fato

Lula recebe nesta quarta-feira os maiores banqueiros do País

Setor financeiro irá reconhecer méritos do governo Lula 3 e apontar os caminhos para a volta do grau de investimento com um Pacto pela Estabilidade Fiscal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá nesta quarta-feira (16), às 11h30, no Palácio do Planalto, com os principais líderes do setor financeiro brasileiro. Entre os presentes estarão Luiz Carlos Trabucco, chairman do Bradesco e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, presidente-executivo da Febraban, Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú, Marcelo Noronha, presidente do Bradesco, André Esteves, chairman do BTG Pactual, Mario Leão, presidente do Santander, e Alberto Monteiro, presidente do Safra. A equipe econômica do governo também participará, com destaque para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central.

Esse encontro marcará uma importante demonstração de apoio do setor financeiro ao governo Lula 3, num momento em que o país atravessa uma recuperação econômica acima da média. Os banqueiros deverão elogiar a gestão econômica do governo, especialmente o desempenho da equipe de Haddad, que tem sido fundamental para a promoção de um crescimento sustentável, com uma taxa acima de 3%, além das expectativas iniciais do mercado financeiro.

Reconhecimento ao governo Lula e pacto pela estabilidade fiscal – Durante a reunião, os banqueiros irão destacar o mérito do governo Lula 3 em promover um crescimento econômico robusto, mesmo em um cenário global de incertezas. O setor financeiro também deve expressar confiança no trabalho de Fernando Haddad, que tem demonstrado habilidade em lidar com os desafios fiscais e em articular soluções que preservem o equilíbrio das contas públicas sem comprometer o desenvolvimento econômico.

Outro ponto alto do encontro será a manifestação de apoio dos banqueiros à presidência de Gabriel Galípolo no Banco Central, sucessor de Roberto Campos Neto. Galípolo, que traz consigo a confiança do mercado, será visto como um nome capaz de manter o diálogo entre governo e setor financeiro em harmonia, com foco na estabilidade monetária e fiscal.

Além dos elogios, os banqueiros irão propor um “Pacto pela Estabilidade Fiscal”, que visa consolidar as diretrizes de controle fiscal em linha com as ideias defendidas por Haddad com seu “arcabouço fiscal”. O pacto, sugerido como uma forma de garantir o retorno do grau de investimento ao Brasil, envolve compromissos com a sustentabilidade das contas públicas e medidas para reequilibrar receitas e despesas governamentais.

Esse caminho é considerado crucial pelo setor financeiro para que o Brasil recupere o grau de investimento, perdido em governos anteriores, mas que foi uma conquista marcante durante o segundo mandato de Lula. O pacto também visa fortalecer o arcabouço fiscal recém-aprovado, impedindo que as despesas cresçam descontroladamente e comprometam o desempenho econômico do país.

Desafios fiscais e o papel do governo – Em entrevista recente à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o ministro Fernando Haddad destacou os desafios que o governo Lula enfrenta no controle dos gastos públicos. Segundo ele, há uma necessidade urgente de enfrentar as despesas estruturais que têm pressionado a dívida pública. Embora as receitas do governo tenham aumentado, os gastos cresceram de forma desproporcional, especialmente desde 2015.

Haddad explicou que o governo já tomou medidas importantes para reduzir o déficit fiscal, como o estabelecimento de um teto para o crescimento das despesas e a eliminação de isenções fiscais injustificadas. No entanto, ele alerta que ainda há muito a ser feito para garantir que a dívida pública não se torne insustentável a médio e longo prazo.

O ministro também sublinhou que o ajuste fiscal proposto pelo governo visa evitar o agravamento da pobreza, como ocorreu na Argentina, ao adotar políticas de cortes abruptos. Para Haddad, o crescimento econômico aliado a um controle responsável da inflação é o caminho mais seguro para proteger os mais pobres e garantir a estabilidade.

Brasil 247

Debate Band: Boulos massacra Nunes no X (ex-Twitter): 62,8% a 28,6%, segundo o DataFórum

Publicações sobre Boulos tiveram muito mais engajamento que as relacionadas a Nunes, mostrando que a extrema direita, assim como o prefeito, ficou acuada; confira a análise

Estudo do DataFórum, plataforma de análise de dados da Revista Fórum, revela que Guilherme Boulos (PSOL) superou amplamente o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), em engajamento no X (antigo Twitter) durante o primeiro debate do segundo turno das eleições, promovido pela Band na noite desta segunda-feira (14).

A análise mostra que o compartilhamento de postagens favoráveis a Boulos, impulsionado por apoiadores da esquerda, foi significativamente superior ao de conteúdos relacionados a Nunes, promovidos pela direita e extrema-direita.

Entre 22h de segunda-feira e 00h30 de terça-feira, período que compreendeu a exibição do debate, as republicações da esquerda envolvendo o nome de Boulos representaram 62,81% do total analisado, enquanto o compartilhamento de postagens da direita relacionadas a Nunes somou apenas 28,66% do fluxo monitorado pelo DataFórum.

Boulos lidera em engajamento no X (antigo Twitter) durante debate com Nunes na Band (Fonte: DataFórum)

Isso indica que, nas redes sociais, Boulos saiu vitorioso. A análise também destaca que a postura acuada de Nunes no debate refletiu-se no X, uma vez que a direita, que dominou a plataforma no primeiro turno, viu sua presença ser ofuscada pelos apoiadores do candidato do PSOL.

Edgard Piccino, ouvidor e analista de dados da Revista Fórum, explica o fenômeno observado pelo DataFórum.

“O bom desempenho do Boulos no debate foi confirmado no Twitter, que repercutiu as publicações do candidato e de outros influenciadores do campo progressista. Repetindo a postura do Nunes no debate, a extrema direita ficou acuada, sem conseguir gerar seu costumeiro engajamento, mesmo após ter dominado a plataforma durante o tempo em que ela ficou bloqueada no Brasil”, pontua Piccino.

“Isso também confirma que o Nunes não é capaz de engajar o campo do bolsonarismo tradicional, pois tenta disfarçar seu posicionamento ideológico e não contenta o público mais radicalizado. Esta falta de engajamento nas redes pode prejudicar o Nunes nesta reta final de campanha, pois ele não tem mais a vantagem do tempo superior de televisão”, prossegue.

Como foi o engajamento da esquerda

Com 62,81% das republicações sobre o debate no X, os principais temas levantados pela esquerda foram:

  • Críticas à gestão de Ricardo Nunes, com ênfase no apagão em São Paulo e questões de transparência;
  • Apoio a Guilherme Boulos, enaltecendo sua postura no debate e o desafio feito a Nunes para abrir seu sigilo bancário;
  • Denúncias contra a prefeitura, especialmente sobre poda de árvores e falta de ação em serviços públicos.

Como foi o engajamento da direita

Por outro lado, os principais temas levantados pela direita no X, que renderam a Nunes um engajamento de apenas 28,66%, foram:

  • Defesa de Ricardo Nunes, com ataques diretos a Boulos, focando em sua experiência e questões de segurança pública;
  • Críticas à Enel e menções de apoio do governo federal devido ao apagão;
  • Apelos ao eleitorado para evitar votar em Boulos, com ênfase em acusações de apropriação de recursos.

Revista Fórum

Nunes foge de mais um debate contra Boulos; entenda

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, recusou o convite da TV Cultura para participar de uma edição especial do Roda Viva, que ocorre na próxima segunda (21). A atração teria um formato similar ao de um debate e Guilherme Boulos (PSOL), seu rival no segundo turno, confirmou que pretende comparecer.

Segundo a coluna Painel na Folha de S.Paulo, a campanha de Nunes afirmou que ele irá a três debates no segundo turno e não se dispôs a participar de eventos do tipo. A ideia seria intercalar o prefeito e o psolista em blocos com entrevistas de jornalistas.

Um embate similar ocorreu em 2020, quando Boulos enfrentou Bruno Covas (PSDB). Com a ausência de Nunes, o programa especial deve ser cancelado e outra entrevista deve ser exibida no horário agendado para a atração.

A TV Cultura alega que não faria sentido realizar uma entrevista somente com um dos candidatos agora porque ambos já participaram de programas no primeiro turno. A emissora ainda alega que a proposta do programa especial foi feita a todas as candidaturas no início da campanha e que uma atração com apenas um candidato não estava prevista.

Ricardo Nunes (MDB) em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, durante o primeiro turno das eleições. Foto: Reprodução

Essa é a segunda fuga de Nunes em programas para discutir propostas no segundo turno. Na última quinta (10), ele rejeitou o convite para um debate promovido por CBN, jornal O Globo e Valor Econômico, e seu adversário teve que fazer perguntas a uma cadeira vazia.

O embate ocorreria uma semana depois do debate da TV Bandeirantes, realizado nesta segunda (14). O evento de ontem ocorreu em meio ao apagão em São Paulo, que foi o principal assunto discutido pelos candidatos.

DCM

Apagão em SP entra no 4º dia com cerca de 250 mil imóveis sem luz; governo federal deu prazo de três dias para Enel restabelecer serviço

Na sexta-feira (11) mais de 1,5 milhões de residências ficaram sem energia elétrica na capital e na região metropolitana

Cerca de 250 mil residências continuam sem energia elétrica, de acordo com nota publicada no site da Enel, empresa concessionária do setor de distribuição de energia em São Paulo. Este já é o quarto dia de apagão, que atingiu mais de 1,5 milhões de imóveis na capital paulista e na região metropolitana.

Nesta segunda (14), o governo federal estipulou o prazo de três dias para que a empresa restabeleça o serviço, com o apoio de outras distribuidoras. Segundo a empresa a determinação será cumprida.

Também nesta segunda, a vereadora Luna Zarattini (PT) propôs a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão, para investigar a omissão da Prefeitura de São Paulo nos apagões que afetaram a capital paulista nos últimos anos.

Sem luz desde sexta-feira

Os moradores ficaram no escuro após um vendaval que provocou danos nas instalações elétricas na última sexta-feira (11). O apagão atingiu também os municípios atingidos de Cotia, deixando 36,9 mil residências sem energia; Taboão da Serra, com 32,7 mil; e São Bernardo do Campo, com 28,1 mil instalações sem atendimento.

Em 2023, mais de 2 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica. Na ocasião, a Enel demorou quase uma semana para restabelecer o fornecimento.

Debate Band: em encontro marcado por acusações, Boulos desafia Nunes a abrir sigilo bancário

Prefeito negou a proposta, alegando que seus dados já são disponíveis. Modelo do debate levou a confrontos entre os dois

O primeiro debate antes do segundo turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela Band na noite desta segunda-feira (14), foi marcado por críticas à gestão de Ricardo Nunes (MDB) e troca de acusações, seguindo o tom dos debates anteriores ao primeiro turno. O candidato oposicionista Guilherme Boulos (Psol) propôs ao prefeito que ambos abrissem o sigilo bancário para a população, levantando a suspeita de que Nunes tenha recebido recursos indevidos.

“Você abre seu sigilo bancário para gente para ficar claro. Podemos fazer esse trato aqui hoje no debate. As minhas contas são uma questão de transparência”, disse Boulos. Nunes alegou, em resposta, que as suas contas já estão abertas, mas não se comprometeu com a proposta do psolista.

Os pedidos para a abertura dos dados bancários vieram acompanhados de acusações de relação com o PCC e de investigações por supostos desvios de recursos das creches de São Paulo durante a gestão de Nunes. No penúltimo bloco, Boulos questionou também a indicação de Eduardo Olivatto para a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb). Ele é irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola, líder do PCC preso desde 1999.

O primeiro debate entre do segundo turno das eleições em São Paulo deveria ter ocorrido na última quinta-feira (10). No entanto, Nunes não compareceu ao evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico junto à rádio CBN. Com isso, o que deveria ser um debate se transformou em uma sabatina com Guilherme Boulos (Psol).

No debate desta segunda, o modelo de embate direto do primeiro bloco deu espaço a um tom de animosidade entre os candidatos, que permaneceu ao longo dos outros três blocos. De um lado, o candidato do Psol lançou duras críticas sobre Nunes, colocando o atual prefeito na defensiva.

Apagão em São Paulo

Outro tema amplamente debatido entre os candidatos foi o apagão em regiões da cidade de São Paulo. Bulos responsabilizou Nunes pela falta de energia no município desde a última sexta-feira (11), quando um forte temporal atingiu parte da área concedida à Enel, responsável pela distribuição do serviço na cidade.

De primeira, Boulos questionou por diversas vezes de quem é a responsabilidade pela poda de árvores. “A poda de árvore é responsabilidade da prefeitura. É o básico. Você que está assistindo em casa, que ligou para 156 pedindo remoção de árvore, você acha que ele [Nunes] fez o trabalho dele? Ele está dizendo que contratou tantos, botou tantos. Você está se sentindo satisfeito quando você liga para 156 para fazer o pedido de poda ou remoção de árvore?”, questionou Boulos.

Em resposta, Nunes afirmou que é função do município, mas que, devido à energização de fios soltos sobre as árvores, a Enel precisa agir no lugar da Prefeitura em alguns casos. “Nós temos seis mil podas que estão pendentes, porque são árvores que estão encostadas lá com os fios. Tem árvores que ainda estão atrapalhando o trânsito, atrapalhando o corte por parte da prefeitura, porque a Enel não vai lá desligar. Eu lamento, eu quero a Enel fora daqui”, disse o prefeito.

“A chuva e a ventania de sexta-feira foi de menos de uma hora. Em São Paulo ficou mais gente sem luz do que na Flórida, com o furacão Milton. Então não adianta dizer que o problema é do vento, que o problema é do Lula, que o problema é de não sei quem. Assuma as responsabilidades”, afirmou Boulos.

No segundo bloco, os candidatos responderam às perguntas de jornalistas e não entraram mais em embate direto. Ainda assim, as críticas entre ambos permaneceram. Nunes destacou o alto índice de rejeição de Boulos captado por pesquisas de intenções de votos.

De acordo com levantamento do Datafolha divulgado no último dia 10, o candidato do Psol tem 58% de rejeição entre os paulistanos, enquanto Nunes tem 37%. A sondagem também mostrou que o atual prefeito tem 55% das intenções de votos, enquanto Boulos aparece com 33%.

“As pesquisas fizeram mal para o Guilherme Boulos, que está muito longe, e eu estou muito na frente. Com a rejeição dele, de mais de 50%, ele entrou agora no modo desespero”, disse Nunes. Em resposta, Boulos chamou o atual prefeito de “arrogante”. “O Ricardo Nunes mostra que um prefeito pode ser fraco e, ao mesmo tempo, arrogante. Olha o tamanho da arrogância dele porque está na frente de uma pesquisa. Ele sobe no salto, acha que já ganhou”, respondeu Boulos.

Brasil de Fato

Possível caducidade da Enel SP será avaliada em processo ainda não aberto pela Aneel, diz Alexandre Silveira

Ministro disse que uma eventual caducidade do contrato da distribuidora será discutida pela Aneel, que, segundo ele, ainda não instaurou o procedimento

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira que uma eventual caducidade do contrato da distribuidora Enel São Paulo será discutida em processo administrativo no âmbito da agência reguladora Aneel, que, segundo ele, ainda não instaurou o procedimento apesar das cobranças feitas nos últimos meses.

Em entrevista coletiva para falar sobre o apagão de eletricidade em São Paulo, que ainda registra mais de 530 mil consumidores sem luz após um temporal na última sexta-feira, o ministro reiterou que não há como dizer, nesse momento, se a concessionária italiana irá perder contrato de São Paulo.

Silveira fez duras críticas à atuação da Aneel, que, segundo ele, está se omitindo e “boicotando” a implementação de políticas públicas do governo federal.

“Se tivesse o processo de caducidade sobre a empresa, tenho absoluta convicção que ela não estaria tão negligente como infelizmente ainda está com relação à qualidade dos serviços em São Paulo”, disse o ministro, afirmando ainda que a distribuidora cometeu “grave erro” de comunicação com a sociedade ao não dar previsão objetiva de restabelecimento da energia.

O ministro disse que a Enel São Paulo terá três dias para recompor a energia na maior parte das áreas afetadas, mas não comentou sobre eventuais consequências para a empresa se houver descumprimento do prazo.

Silveira também chamou de “fake news” a postagem do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, na rede social X, na qual Nunes diz que o ministro teria discutido com executivos da Enel na Itália, no fim de semana, sobre a renovação do contrato da distribuidora.

Brasil247

Datena declara apoio a Boulos no segundo turno contra o crime organizado

O candidato do PSDB, José Luiz Datena, gravou um vídeo anunciando que vai apoiar @guilhermeboulos.oficial (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo. Com informações de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.

“Contra a infiltração do crime organizado em São Paulo, contra a infiltração do crime organizado no poder público, eu apoio o Boulos”, declarou o apresentador, que terminou o primeiro turno em quinto lugar, com 1,84% dos votos.

Ele continuou: “Eu voto no Boulos para combater a criminalidade que faz de São Paulo, do estado de São Paulo e do país reféns do narcotráfico. Não queremos isso, por isso apoio Boulos no segundo turno. Vote com ele, vote contra o crime.”

Boulos disputa o segundo turno contra o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).

A ex-candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral, já havia declarado oficialmente seu apoio ao deputado Guilherme Boulos (PSOL) para o segundo turno das eleições municipais.

“Eu vou votar em Guilherme Boulos [no 2º turno]. Porque eu não consigo e não conseguiria jamais colocar o meu voto em um projeto liderado por Ricardo Nunes. Mas saibam, eu e Guilherme Boulos representamos projetos absolutamente diferentes para São Paulo e para o Brasil”, afirmou a pedetista.

Tabata também ressaltou que a sua decisão é um “voto de coragem” e que representa as expectativas de mais de 600 mil pessoas que apoiaram nas urnas. “São projetos diferentes, mas a gente vai seguir caminhando manhã, tarde e noite para que a gente possa ter São Paulo do jeito que a gente merece”, completou.

“2025 será melhor do que 2024, assim como este ano foi melhor do que o ano passado”, diz Wesley Batista

Acionista da J&F destaca avanços do Brasil e defende agenda de desburocratização como essencial para o crescimento econômico

Durante o Fórum Esfera, em Roma, Wesley Batista, acionista da J&F, apresentou uma visão otimista sobre o futuro econômico do Brasil, ao mesmo tempo em que apontou a desburocratização como um dos maiores desafios ainda a serem superados. Em sua fala, Batista reconheceu os avanços significativos que o país fez nas últimas décadas, mencionando a conquista da democracia e a superação de turbulências, especialmente nos últimos dez anos.

“O Brasil fez muita coisa nos últimos anos. Conquistamos a democracia, enfrentamos muitas turbulências nos últimos dez anos, mas o Brasil avançou”, disse. Ele destacou que, embora o país tenha passado por momentos críticos, a trajetória de progresso é clara e promissora.

No entanto, Batista foi enfático ao ressaltar que o Brasil ainda precisa focar na agenda de desburocratização para garantir um crescimento mais expressivo. “Uma coisa ainda muito importante para o Brasil avançar é a desburocratização. Essa agenda é muito importante e necessita de foco. Como simplificar e como desburocratizar”, afirmou, reforçando que a simplificação de processos é essencial para liberar o potencial econômico e atrair mais investimentos.

Apesar desse obstáculo, Batista demonstrou otimismo em relação ao futuro econômico do país, apontando para a força do mercado consumidor brasileiro. Segundo ele, essa característica é um dos fatores que mantêm o Brasil em uma trajetória ascendente. “O Brasil tem um mercado consumidor gigantesco”, destacou, prevendo que 2025 será um ano ainda melhor para o país.

“Acreditamos que 2025 será melhor do que 2024, assim como este ano foi melhor do que o ano passado”, afirmou, deixando clara sua confiança na continuidade dos avanços econômicos do Brasil. As perspectivas de Batista refletem o otimismo do setor empresarial, que enxerga no Brasil um país com grande potencial de crescimento, especialmente se as reformas e ajustes necessários forem implementados.

A fala de Wesley Batista ecoa uma visão de confiança no futuro, mas também lança um alerta para a importância de se avançar em questões estruturais, como a desburocratização, para que o país possa competir globalmente e continuar a crescer de forma sustentável.

Um governo praiano na Avenida Paulista

Vinício Carrilho Martinez (Dr.) – Cientista Social

Márlon Pessanha

Doutor em Ensino de Ciências

Docente da Universidade Federal de São Carlos

 Isabela Biagio

Professora da rede pública e mestranda pela PUC/Campinas

É isso mesmo. Para quem não se lembra, “fichas de leitura” de livros didáticos emanados pelo governo de São Paulo vieram com ilustrações sobre uma praia na Avenida Paulista. É certo que se trata de um governador carioca, que nunca havia colocado os calcanhares no poder por aqui, também é sabido que as praias do Rio de Janeiro estão além da memória, são fantásticas; porém, trazer tudo isso para a principal avenida paulistana é um pouco demais, não é mesmo?

E como não falar da mais nova contribuição para a educação “praiana” da capital paulista?

Sim, estamos falando do “material digital” que, com sua genialidade, padroniza absolutamente tudo, ignorando por completo as particularidades das turmas. Afinal, quem precisa de autonomia docente ou reconhecer as especificidades nas salas de aula quando se tem um roteiro pronto e formatado para todos? É claro que uma mesma solução não pode funcionar perfeitamente para qualquer escola, não importando o contexto, o histórico dos estudantes ou a região do Estado. Ou será que toda escola é igual, assim como as praias da Paulista!?

Além disso, o cronograma rígido e a quantidade absurda de material para cumprir em poucas aulas tornam a adaptação desses conteúdos praticamente impossível para os professores e professoras. Isso sem falar no anúncio brilhante do secretário, que decidiu que os livros didáticos do PNLD eram dispensáveis, pois o ensino agora seria 100% digital. Uma imposição que, convenientemente, esquece da LDB, que preconiza a liberdade de ensinar e o pluralismo de ideias – conceitos aparentemente ultrapassados por aqui.

O “material digital” não só impede o pluralismo, como também reduz o papel dos docentes a meros repetidores de fórmulas antiquadas. Por fim, o governador foi obrigado a suspender a retirada do Estado do PNLD. E o secretário, num golpe de mestre, declarou que os livros serão apenas um complemento. No fim das contas, a única coisa que parece continuar “plural” nessa história é a nossa capacidade de colecionar absurdos.

Será que os jovens praianos da Paulista estavam contentes? Não saberemos, mas, se não bastasse isso, temos outras pérolas cultivadas pelo regine de faschio que veio nos brindar, diretamente das terras estranhas – meio dominadas por grupos muito esquisitos. Dá até receio de falar…Em todo caso, nós falaremos da mais nova pérola cultivada, na educação praiana da capital paulista.

 

Da praia paulistana à negação climática

Nestes primeiros dias do mês de outubro de 2024, recebemos a notícia, por diferentes meios de comunicação, que o governador Tarcísio de Freitas vetou o projeto de lei que previa ações de educação ambiental nas escolas do estado de São Paulo. O projeto de Lei Nº 80 de 2023[1] teve a autoria do deputado Guilherme Cortez e previa a inclusão da temática “educação climática” no programa da rede pública de ensino do Estado de São Paulo, como conteúdo suplementar, multidisciplinar e transversal.

O veto do governador foi feito sob a argumentação de que existem dois programas vigentes que tratariam da temática ambiental: Programa Escola Mais Segura; Programa de Alfabetização Ambiental.

O foco do programa Escola Mais Segura, mesmo após uma modificação que incorporou conteúdos que tratam da Redução de Riscos e Desastres (ERRD), envolve mais uma ação pós-facto do que, propriamente, uma formação profunda e em torno das origens antropocêntricas das mudanças climáticas e sobre as ações necessárias para retroceder tais mudanças. O que nos daria a ideia da prevenção, precaução, recuperação ambiental – para os governantes que conhecem o mínimo, trata-se do artigo 225 da Constituição Federal de 1988.

Outrossim, se tomarmos como um recorte representativo a Playlist[2] do programa no canal do Youtube do Centro de Mídias do Estado de São Paulo, o único vídeo que trata, mais diretamente, das Mudanças Climáticas dedica um curto período de tempo para indicar a ação humana e, ao se referir às possíveis ações para reverter os problemas ambientais, as indica enquanto uma empreitada individual.

Alguns mais irônicos chamariam de Centro de Midas – parece que tudo vai virando ouro…

Já o Programa de Alfabetização Ambiental, que explicitamente trataria da questão ambiental[3] (Conservação da Biodiversidade; Resíduos Sólidos; Mudanças Climáticas; Preservação da Qualidade das Águas; Energia), consiste em uma ação de formação docente que, a julgar pelos materiais também disponibilizados no canal no Youtube[4] do Centro de Mídias do Estado de São Paulo (Midas?), parece direcionar mais o debate para ações pontuais, inclusive no espaço escolar, sem que se explicitem abordagens em um nível mais articulado entre as Ciências da Natureza e as Ciências Sociais, obviamente necessárias para um aprofundamento da questão. Essa interrelação seria importante, inclusive, pelo fato de os materiais serem parte de uma formação docente.

Desses programas, deduzimos que há, de um lado, uma abordagem com foco casualista (diminuição de riscos) baseado no individualismo e, de outro lado, há um foco centrado em práticas (por exemplo, como fazer a compostagem), que ainda que tenham uma relevância, não sinalizam para a necessária transversalidade a fim de se lidar com o tema ambiental.

O que podemos perceber, baseando-nos na literatura em educação ambiental (veja-se as referências ao final), é que os programas elencados como sustentação argumentativa no veto do governador repousam em uma perspectiva acrítica de educação ambiental e assim não promoveria, de fato, uma conscientização do problema ambiental. A acriticidade, neste caso, afasta o processo educativo da compreensão de causas da degradação ambiental relacionadas com a forma de produção capitalista e, ademais, indica soluções que seriam restritamente individuais[5].

 

Negação da Ciência

As preocupações como o meio ambiente não são recentes, ainda que o debate sobre as mudanças climáticas remonte há algumas poucas décadas. Conforme explicita Carvalho (2012), as preocupações com o meio ambiente têm suas raízes nas percepções de uma degeneração do meio ambiente e da vida urbana que decorreram da revolução industrial.

O impacto da poluição da destruição dos meios naturais fez emergir, no Século XVIII, uma sensibilidade em relação à natureza que viria a se intensificar com o movimento chamado Romantismo, no Século XIX, e que, dentre outras coisas, ressaltou uma apreciação da natureza que se contrapunha à subjugação extrema da natureza ao homem. Com isso, em lugar de destruir a natureza, deveríamos mantê-la para apreciá-la. A subjugação extrema seria substituída, assim, por uma subjugação contemplativa.

Longe de ser um caminho de conscientização mais crítica, a apreciação se submeteu à lógica individualista do capital. Para exemplificar o que estamos dizendo, vale ressaltar um padrão argumentativo presente em muitas propagandas de empreendimentos imobiliários: a redução a algo como “venha viver próximo à natureza”. Nessa lógica, em lugar de coletivamente buscarmos tornar as cidades mais ecologicamente adequadas, a solução posta é a fuga para espaços supostamente “naturais”. Neste caso, a fuga é para poucos.

Neste ponto, você leitor, deve estar se perguntando: “mas qual é, objetivamente, a relação entre a apreciação da natureza e o veto ao projeto de Lei?”

Pois bem… Assim como nem toda a apreciação da natureza irá garantir a manutenção ou recuperação do meio ambiente, programas que tangenciam o tema também não garantirão. O que, potencialmente, promoveria uma consciência crítica sobre o problema ambiental entre os estudantes, seria incorporar o tema, assim como seus muitos subtemas, no programa das disciplinas escolares. Este seria um passo importante e era justamente essa a proposta do projeto de Lei vetado.

O projeto previa, explicitamente, que fossem tratados nas disciplinas escolares já existentes: aquecimento global, geopolítica e clima; mudanças do clima local; sustentabilidade; biodiversidade e alterações ambientais; justiça climática e racismo ambiental; povos originários, seus saberes e soluções baseadas na natureza; fenômenos atmosféricos, como ciclones, furacões, tufões e tornados, e suas relações com as mudanças do clima; transição energética justa: Brasil e panorama global; integridade da biosfera; mudanças no uso das terras; poluição e os impactos no clima; história dos movimentos climáticos, ambientalismo interseccional e práticas sustentáveis; colapso ambiental; antropoceno.

Os programas existentes indicados pelo governador Tarcísio de Freitas não suprem, nem em profundidade nem em foco o que prevê o projeto de Lei. Falha na análise do governador e de sua equipe? Não sejamos ingênuos! É apenas uma estratégia…uma alça de poder que se propõe a condicionar a realidade de milhares de estudantes fora do mundo da Ciência.

 

 

Referências:

CARVALHO, I. C. M. A questão ambiental e a emergência de um campo de ação político-pedagógica (7a. ed.). In: LOUREIRO, C. F.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. S. (Org.). Sociedade e Meio Ambiente. 7ed.São Paulo: Cortez, 2012, v. 1, p. 55-69.

CARVALHO, I. C. M. O sujeito ecológico: a formação de novas identidades na escola. In: PERNAMBUCO, M.; PAIVA, I. (Org.). Práticas coletivas na escola. 1ed. Campinas: Mercado de Letras, 2013, v. 1, p. 115-124.

CARVALHO, I. C. M.; FARIAS, C. R.; PEREIRA, M. V. A missão “ecocivilizatória” e as novas moralidades ecológicas: a educação ambiental entra a norma e a antinormatividade. Ambiente $ Sociedade, v. 14, n. 2, p. 35-49, 2011.

CARVALHO, I. C. M.; MHULE, R. P. Intenção e atenção nos processos de aprendizagem. Por uma educação ambiental “fora da caixa”. Revista de Educação Ambiental, v. 21, n. 1, p. 26-40, 2016.

LIMA, G. F. C. Crise ambiental, educação e cidadania: os desafios da sustentabilidade emancipatória. In: LAYRARGUES, P. P.; Castro, R. S; LOUREIRO, C. F. B. (orgs.) Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania, São Paulo: Cortez, 2002.

RUFINO, L.; CAMARGO, D. R.; SÁNCHEZ, C. Educação ambiental desde El Sur: A perspectiva da Terrexistência como Política e Poética Descolonial. Revista Sergipana de Educação Ambiental. v. 7, n. especial, p. 1-11, 2020.

 

[1] Íntegra da tramitação, incluindo a redação final e o veto do governador: https://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1000485127.

[2] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EvqliBvHgmg&list=PLWISVgw6NXVwlzqolLoBolPRjmSZkigcx&pp=iAQB.

[3] Informações disponíveis em: https://semil.sp.gov.br/sma/alfabetizacaoambiental/#1713537604661-92f09290-5f3f

[4] Playlist disponível em https://www.youtube.com/playlist?list=PLoNQG_3aYTagP6M7UP-XxHLNJo16qsOkD.

[5] Um exemplo utilizado em muitos diálogos sobre o que seria uma educação ambiental crítica envolve o uso da água. As soluções acríticas que são apresentadas frequentemente se remetem a uma ação individual e são restritas a “tarefas” como fechar a torneira ao escovar os dentes, banhos rápidos ou não lavar calçadas. Ainda que essas ações possam ser feitas (e até deveriam), uma educação ambiental crítica, ao tratar da degradação dos recursos hídricos, incluiria, por exemplo, uma discussão sobre a lógica produtiva, sobre o fato das indústrias e o agronegócio serem os consumidores da grande parte da água, assim como sobre a necessária ação coletiva para pressionar e dialogar sobre meios para alterar as formas de consumo por empresas, espaços públicos, para além do restrito às residências.

Menino exposto por Marçal por não “conseguir escrever” apanhou na escola: “um inferno”

O caso, que teve grande repercussão, é mais um dos vários fatos chocantes envolvendo o candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). Um menino de 11 anos, diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) foi usado pelo ex-coach em sua campanha como exemplo da má qualidade de ensino, por não “conseguir escrever”.

A exposição a que Marçal submeteu o garoto acabou transformando-o em chacota na escola e em seu bairro, sendo chamado de burro e analfabeto. Por conta disto, nesta terça-feira (8), o garoto foi agredido na escola. Rosana, a mãe do menino, que é motorista de aplicativo, afirmou em entrevista ao Metrópoles que não tem conseguido trabalhar com medo que seu filho seja morto na escola. “Minha vida está um inferno”, disse ela.

Segundo a mãe, as agressões sobraram até mesmo para seu outro filho, por “não ter ensinado o irmão a ler”. Segundo ela, o filho mais velho já venceu Olímpiadas de Matemática, ensina xadrez e vai muito bem na escola:

“Ele teve que sair da aula para trazer o irmão depois do soco”, disse se referindo à agressão física. A mãe diz ainda que, desde a divulgação do vídeo, no dia 26 de setembro, ela só mandou o filho para a escola duas vezes, por causa da vergonha. Na primeira, tudo correu bem. Mas, nesta terça, ocorreu a agressão.

Relembre o caso

O pesadelo na família de Rosana começou no último dia 25 de setembro, quando Pablo Marçal esteve em seu bairro, o Morro Doce, na periferia de Perus. Na ocasião, o ex-coach pediu para que os meninos escrevessem o nome do local em seu gesso. Ao perceber que o menino não conseguia, ele soletrou a palavra. Além da cena ter ido parar nas redes sociais do então candidato, ela ainda foi mencionada durante entrevista na Band para ilustrar “o péssimo ensino no Brasil”.

TDAH

Segundo Vlademir da Mata Bezerra, advogado da família de Rosana, seu filho é diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e está fazendo tratamento psicológico.

O garoto aguarda ainda por avaliação de um neurologista que pode confirmar o diagnóstico de autismo.

Revista Fórum

Efeito Lula: venda de carros cresce, gera 60 mil empregos e Salão do Automóvel volta

Maior feira automotiva da América Latina não era realizada desde 2018, antes do governo Jair Bolsonaro. Em reunião com Lula, presidente da Anfavea revelou que investimentos no setor ultrapassam R$ 130 bilhões

Em reunião com representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), após a cerimônia de sanção da Lei do Combustível do Futuro, nesta terça-feira (8), o presidente Lula comemorou os números do setor, que voltou a crescer durante seu governo e vai retomar o Salão do Automóvel, maior feira automobilística da América Latina em 2025.

“Os investimentos voltaram, estamos vendendo mais carros e, em novembro de 2025, teremos o retorno do Salão do Automóvel”, comemorou Lula na rede social Bluesky.

Dados apresentados pelos representantes da Anfavea ao presidente mostram um crescimento de 14,5% no número de emplacamentos de carros novos no país no terceiro trimestre do ano.

Segundo a associação, foram produzidos no período 715 mil veículos, um aumento de 19% na produção em relação ao mesmo período de 2023. Foi o melhor trimestre para a indústria automotivo em cinco anos. Até agora, a produção de carros em 2024 aumentou 7% se comparado ao ano anterior.

“É um crescimento bastante expressivo e estamos voltando ao número que havia no cenário pré-pandemia”, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, na reunião com Lula.

O aumento das vendas de carros puxa a indústria automotiva, que está gerando milhares de empregos e tem previsão bilionária de investimentos.

“Nos últimos meses, nós aumentamos em 60 mil novos empregos. Na cadeia do setor automobilístico, os nossos investimentos já ultrapassam R$ 130 bilhões, com potencial para aumentarmos ainda mais”, disse Leite.

O executivo ainda pontuou que houve um crescimento de 40% na exportação de veículos no segundo trimestre do ano, comparado ao mesmo período de 2023.

“Hoje, nós viemos reafirmar o nosso compromisso com os investimentos no país. E também, após sete anos, viemos anunciar ao presidente Lula a volta do Salão do Automóvel”, disse Leite.

A Anfavea anunciou que o Salão do Automóvel será realizado entre 22 de novembro a 1º de dezembro de 2025, em São Paulo. A última edição da feira aconteceu em 2018, antes do governo Jair Bolsonaro (PL). A estimativa é que um milhão de pessoas marquem presença no evento.
Revista Fórum

Marçal diz que Bolsonaro será preso e incita briga com Malafaia e Tarcísio em palestra de R$ 97

Mergulhado em um poço de mágoas após ficar fora do segundo turno, Marçal coloca lenha na fogueira da extrema direita em palestra a seguidores que pagaram por sua análise política na sede da empresa em Alphaville. Veja vídeo

Fora do segundo turno das eleições em São Paulo, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) revelou o “código” dos próximos passos da política nacional, segundo suas previsões, a uma plateia que pagou R$ 97 por cabeça – que podia ser parcelado em 12 vezes de R$ 9,70, com juros – para assistir uma palestra na sede de suas empresas, em Alphaville, no município de Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo.

Em vídeo vazado pelo jornalista Guga Noblat nas redes sociais na madrugada desta quarta-feira (9), no entanto, Marçal disse, com ares de revelação, o que já vem sendo cogitado há tempos e mostrou mágoa de Silas Malafaia, que comandou os ataques contra ele na campanha, e colocou lenha na briga do pastor com o clã Bolsonaro.

No trecho divulgado, Marçal mente ao dizer que já existe um mandado de prisão contra Jair Bolsonaro (PL) e que, por esse motivo, Malafaia estaria se afastando do ex-presidente.

“Silas Malafaia nunca foi amigo de Bolsonaro. Ele é um aproveitador de última hora. Vou refrescar a cabeça de vocês: 2018 ele era pró-Alckmin. Quando ele viu que o povo queria o Bolsonaro, ele pulou fora do Alckmin e foi atrás de Bolsonaro. Agora, ele acaba de decretar que está pulando fora do Bolsonaro porque ele sabe do mandado de prisão que tem contra o Bolsonaro – só para vocês saber, procurador-geral da República tem um mandado de prisão contra o Bolsonaro e ele [Malafaia] já sabe e aí vai acontecer o pior com o capitão depois das eleições”, disse o ex-coach, incitando o atrito de Malafaia que xingou Bolsonaro de “covarde, omisso e porcaria`” em entrevista à Folha de S.Paulo.

Marçal, que diz ser formado em Direito, no entanto se esquece de dizer que um mandado de prisão geralmente é pedido pela Polícia – no caso de Bolsonaro a Federal – e Paulo Gonet, o procurador-geral da República apenas emite parecer sobre o pedido. Mesmo que parta da PGR, um mandado de prisão precisa passar pela Justiça, no caso o Supremo Tribunal Federal (STF), para ser cumprido. E nada, até o momento, indica que já exista um mandado de prisão contra o ex-presidente.

No poço de mágoa pós eleitoral, Marçal ainda mira Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e fiador da campanha de Ricardo Nunes (MDB), fazendo uma análise já antecipada há meses por analistas políticos, inclusive nesta Fórum.

“O que eles estão fazendo? Centrão já pegou no colo o Tarcísio no colo e já decidiu que ele é o candidato do sistema. Vocês nunca imaginariam um negócio desses, né? Só que o aproveitador [Malafaia] já mudou de barco e agora começou a falar loucuras”, disse Marçal.

Marçal.

Poço de mágoas

Em entrevista coletiva antes da palestra, Marçal mostrou todo seu ressentimento com o processo eleitoral, em especial com a direita bolsonarista, e fez birra e exigências ao falar de um possível apoio a Nunes.

O ex-coach afirmou que só apoiaria o emedebista se o ex-presidente, o governador paulista, a quem se referiu como “goiabinha”, Nunes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e Malafaia se retratassem das “mentiras” que ele alega terem sido faladas a seu respeito.

“Não vou apoiar Ricardo Nunes. Que fique registrado que ele não terá meu apoio pessoal, pela arrogância deles”, reforçou.

Antes, Marçal estimou que parte de seus eleitores vai migrar para a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno.

“Mais de 45% dos meus votos são de pessoas que não são de direita. Vocês não sabem ler as urnas. Existem seis regiões que eu conquistei com afinco onde o Lula ganhou disparado em 2022. Não tem nada a ver com direita”, pontuou. “Eu não indo para lado nenhum e liberando meu eleitorado, 45% dos meus votos o Lula com humildade vai tomar de volta.”

O ex-candidato do PRTB projetou uma vitória do deputado federal psolista na disputa pela prefeitura de São Paulo.“O Boulos na minha visão, antes de eu entrar na eleição, venceria essa disputa. Agora tenho certeza que ele vence. Ele sabe sinalizar para o povo, e o Ricardo [Nunes] não sabe. O Boulos e o Lula têm a língua do povo, os outros estão só brigando. O [Silas] Malafaia está tão descontrolado que hoje chamou o Bolsonaro de covarde”, apontou Marçal.

Ele também disse acreditar que o fato de não passar para o segundo turno não teria sido em função do episódio do laudo falso sobre Boulos, mas sim por não ter chegado a “21 ondas” na campanha.

“Nós não fomos para o segundo turno, não foi por causa de laudo, não. A gente não foi para o segundo turno porque o campo de energia que eu precisava chegar, que era 21 ondas, eu não consegui bater. A gente chegou em 18 e não conseguimos entrar em outra onda. E é assim que funciona”, alegou.

Revista Fórum

Bolsonaro se oferece e campanha de Nunes esnoba: “agora não queremos mais”

Discurso de Malafaia, que acusa Bolsonaro de “covardia e omissão”, repercutiu na cúpula da campanha de Nunes, que faz birra e rejeita ex-presidente: “Bolsonaro agora quer vir na janelinha? Janelinha não”

A “covardia e omissão”, segundo Silas Malafaia, de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno da eleição em São Paulo segue rendendo atritos e birras dentro da campanha de Ricardo Nunes (PL), que ainda se mostra magoado com o ex-presidente, que ficou em cima do muro – ainda segundo o pastor – na disputa com medo de perder seguidores nas redes sociais.

Ao jornal O Globo, o ex-presidente tentou passar panos quentes no próprio comportamento, que foi alvo de aliados próximos, e disse já ter se oferecido para, agora, entrar na campanha de Nunes em São Paulo.

“Já me coloquei à disposição do Nunes e, quando a campanha me solicitar, entrarei na disputa. Quando e da maneira que eles acharem necessário. Não importa se votou no Marçal, a gente precisa se unir para derrotar a esquerda na capital”, disse Bolsonaro, em tom ameno e hasteando a bandeira branca ao atual prefeito de São Paulo.

No entanto, entre aliados próximos, incluindo o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Nunes teria revelado seu ressentimento em relação ao ex-presidente, que desdenhou de sua candidatura e chegou a acenar para Pablo Marçal (PRTB).

Mesmo o silêncio de Bolsonaro, após perder seguidores em uma das poucas tentativas de criticar o ex-coach, é visto pela campanha de Nunes como um fator importante que, por muito pouco, não o tirou do segundo turno das eleições contra Guilherme Boulos.

A Malu Gaspar, também no jornal O Globo, o deputado federal Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, expôs o sentimento que paira sobre a coligação em torno do ex-prefeito e dentro da campanha.

“O que pode atrapalhar o Nunes é o Bolsonaro querer fazer campanha agora. Se Bolsonaro entrar agora na campanha do Nunes, só vai atrapalhar. Quando a gente precisou dele, ele não foi. Agora não precisamos mais”, afirmou. “Bolsonaro agora quer vir na janelinha? Janelinha não”, emendou o deputado, conhecido por ser um camaleão no mundo político.

Ainda segundo a jornalista, auxiliares e estrategistas da campanha de Nunes também têm defendido que Bolsonaro se mantenha distante e que sequer seja citado pelo prefeito no segundo turno.

“O Nunes não vai mais falar de Bolsonaro. Só de Tarcísio (de Freitas)”, diz um dos assessores a’O Globo.

A entrevista de Silas Malafaia, que criticou duramente Bolsonaro em entrevista a Monica Bergamo na Folha de S.Paulo, também repercutiu na campanha, que tem a mesma opinião do pastor: “Bolsonaro foi covarde e omisso”.

“Se estiver faltando dois dias para a eleição e Nunes com 15 pontos a mais do que Boulos, aí o Bolsonaro aparece. Se não, ele não vai aparecer. E aí já não vamos mais precisar dele”, disse um membro da cúpula da campanha a Malu Gaspar.

Revista Fórum

Delinquente, Marçal diz na Justiça que laudo falso contra Boulos foi “livre demonstração do pensamento”

A defesa de Pablo Marçal (PRTB), derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo, apresentou explicações à Justiça Eleitoral sobre a divulgação do laudo falso que associava Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína.

Os advogados afirmam que o ex-coach “não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo da forma como foi expedido”, defendendo seu “direito à livre manifestação do pensamento”.

Na última sexta-feira, véspera da eleição, Marçal publicou em seu Instagram um receituário médico falso que descrevia um suposto atendimento em que Boulos estaria “com um quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”, relacionando o caso ao uso de cocaína.

Pablo Marçal, candidato da extrema-direita, que apresentou um laudo falso para insinuar que Boulos seria usuário de drogas. Foto: reprodução

Em sua manifestação protocolada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, os advogados de Marçal argumentam que a publicação do laudo falso não teria comprometido a integridade do pleito, já que ocorreu apenas dois dias antes da eleição.

“Se a propaganda veiculada tivesse causado danos ao equilíbrio do pleito, fatalmente o representante (Boulos) não teria avançado para o segundo turno”, escreveram os advogados.

Essa linha de defesa vai contra o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), que deixam claro que “não se confunde liberdade de expressão com impunidade para agressão” e que a disseminação de notícias falsas não está protegida por imunidade.

Para as Cortes, as condições de formação das convicções dos eleitores devem ser “isentas de artificialismos”, sem o uso irregular das plataformas digitais para desinformação.

Os advogados de Marçal também solicitaram a suspensão do andamento de uma das ações em tramitação no TRE-SP até que a investigação criminal seja concluída. O empresário está sob inquérito da Polícia Federal (PF), que apura possíveis crimes de calúnia, difamação e injúria relacionados à propaganda eleitoral contra Boulos.

DCM

Segundo voo com repatriados do Líbano aterrissa no Brasil com 227 pessoas a bordo

Operação “Raízes do Cedro” já resgatou 456 pessoas e seis animais; governo brasileiro alerta para que cidadãos sigam orientações locais de segurança

O segundo voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriação de brasileiros no Líbano chegou ao Brasil no início da manhã desta terça-feira (8). A aeronave pousou na Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos (SP), às 6h58, trazendo 227 passageiros, entre eles 49 crianças, sendo sete de colo. Segundo a CNN Brasil, três animais de estimação também foram transportados.

A operação, denominada “Raízes do Cedro”, é uma iniciativa do governo federal para retirar brasileiros do território libanês devido à escalada de tensão na região. O primeiro voo da missão pousou no domingo (6), quando os repatriados foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao todo, 456 pessoas e seis pets já foram resgatados.

Além de repatriar cidadãos, a missão humanitária levou ao Líbano insumos médico-hospitalares, conforme solicitado pelas autoridades locais. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, outros bens de emergência estão previstos para serem transportados nos próximos voos.

A equipe da FAB que acompanha a operação é composta por um grupo multidisciplinar, incluindo três médicos, dois enfermeiros e dois psicólogos, para garantir o acolhimento e a assistência adequada aos repatriados.

Recomendações do Itamaraty – O Itamaraty, em comunicado emitido na segunda-feira (7), informou que mantém contato com os brasileiros que ainda estão no Líbano e seus familiares, por meio da Embaixada do Brasil em Beirute. A organização dos voos está sendo feita de acordo com as condições de segurança no terreno, priorizando a integridade dos cidadãos.

A nota também reforça o alerta para que os brasileiros sigam as orientações de segurança das autoridades locais e, se possível, deixem o território libanês por meios próprios, ressaltando que o Aeroporto de Beirute continua operando com voos regulares da companhia local Middle Eastern Airlines.

Para aqueles que possuem condições financeiras, é recomendável que deixem o país por meios próprios. O aeroporto de Beirute permanece operacional, com voos regulares, especialmente da companhia Middle Eastern Airlines. O Itamaraty disponibiliza um número de plantão consular para emergências: +55 (61) 98260-0610 (com WhatsApp).

Facilitação para pets – O Ministério da Agricultura e Pecuária continua flexibilizando as regras para a entrada de cães e gatos provenientes do Oriente Médio. As unidades de Vigilância Agropecuária Internacional, em conjunto com a Coordenação de Trânsito e Integração Nacional de Cargas e Passageiros, adotaram protocolos especiais, permitindo a entrada dos animais sem a apresentação imediata de documentos, exigidos normalmente em outras situações.

O que é a Operação Raízes do Cedro – Determinada pelo presidente Lula, a Operação Raízes do Cedro é uma resposta à escalada do conflito entre Israel e o grupo Hezbollah, no Líbano. A logística de repatriação envolve a mobilização de aeronaves e servidores da FAB, além de articulações diplomáticas conduzidas pelo Itamaraty. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mantém conversas com autoridades libanesas e de países vizinhos para garantir que as operações de resgate ocorram com segurança e eficiência.

A ação segue o modelo da Operação Voltando em Paz, realizada em outubro de 2023, que repatriou mais de 1,5 mil brasileiros da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Israel. Na ocasião, mais de 50 animais de estimação também foram resgatados.

Brasil 247

Vencedor em 248 prefeituras, PT se fortalece e supera as 183 da última eleição

“O PT mostrou o seu vigor, a sua vitalidade, a vontade de participar do processo democrático”, celebrou a presidenta do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann

A presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), comemorou o balanço positivo do primeiro turno da eleições municipais. Mais uma vez, o PT provou sua capacidade de resiliência no processo político do país, um claro sinal de recuperação em relação a eventos trágicos também para a própria democracia brasileira, como o golpe de 2016 e a Operação Lava Jato. Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido fez 248 prefeituras, sem contar ainda as disputas de segundo turno. Em 2020, foram 183, ao todo.

Em entrevista à TvPT, a presidenta do PT considerou muito “positiva” a participação do partido nas eleições municipais de 2024. “Nós já tínhamos avaliado que iríamos nos sair melhor do que saímos em 2020, que foi uma eleição muito difícil para nós. Aliás, a eleição de 2016 foi difícil, a de 2020 foi difícil e agora a de 2024 mostra um processo de reconstrução do PT no processo eleitoral local, o que é muito importante”, reconhece.

Gleisi agradeceu o engajamento da militância. “O PT mostrou o seu vigor, a sua vitalidade, a vontade de participar do processo democrático. E esse momento tão bonito, que são as eleições, é onde a gente pode depositar nosso voto na urna e escolher quem vai nos dirigir pelos próximos quatro anos nos municípios brasileiros”, exaltou.

Alianças estratégicas

A parlamentar enfatizou ainda as alianças costuradas pelo PT, com candidatos disputando o segundo turno em capitais, como é o caso de São Paulo, a maior e mais rica cidade do Brasil. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) vai concorrer ao Palácio dos Bandeirantes contra o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), considerada a melhor administradora que a capital paulistana teve nos últimos 40 anos, compõe a chapa com Boulos.

“Aí não posso deixar de falar de São Paulo, a importância que tem o Boulos ir para o segundo turno em São Paulo, mostrando a resiliência, a resistência das forças de esquerda e do campo progressista e democrático na maior cidade do país. E agora, a partir de segunda-feira, é uma outra eleição e nós vamos estar articulando com as forças políticas, com a nossa militância, como os movimentos sociais, para fazer de Boulos o prefeito da cidade de São Paulo”, assegurou Gleisi.

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No Rio de Janeiro, o PT e outras forças progressistas deram a vitória ao candidato Eduardo Paes (PSD) ainda no primeiro turno. Ele obteve 60,47% dos votos válidos. A presidenta do PT fez questão de lembrar que a vitória expressiva se deu no berço político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiou o segundo colocado, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

“Bolsonaro, que escolheu seu candidato, o Ramagem, que foi seu chefe da arapongagem, não conseguiu levá-lo para o segundo. E Eduardo Paes, que esteve nesse campo democrático, com o apoio do presidente Lula, ganha a eleição no primeiro turno. Julgo isso de grande importância para o campo democrático, progressista, popular”, lembrou a parlamentar.

O PT se aliou também a João Campos (PSB), que foi reeleito prefeito do Recife no primeiro turno, com 78,11% dos votos válidos.

Disputa nas capitais

Outros quatro candidatos petistas disputam o segundo turno em capitais: as deputadas federais Maria do Rosário (PT-RS), em Porto Alegre, e Natália Bonavides (PT-RN), em Natal, e os deputados estaduais Evandro Leitão (PT), em Fortaleza, e Lúdio Cabral (PT), em Cuiabá.

Nas cidades com mais de 200 mil eleitores, as prefeitas de Contagem, Marília Campos (PT), e de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), foram reeleitas para mais um mandato. A legenda disputa segundo turno em pelo menos mais 12 cidades.

Da Redação, com TSE

Decola do Líbano o segundo voo com 227 resgatados da zona de conflito

 Nesta segunda-feira (7), às 12h30 (horário de Brasília), decolou do Líbano o KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB), trazendo 227 brasileiros e familiares, além de três animais de estimação, na segunda etapa da Operação Raízes do Cedro. A informação é da Força Aérea Brasileira, que coordena a missão em parceria com o Itamaraty. A previsão é que o avião aterrisse na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, na manhã desta terça-feira (8), após uma escala técnica em Lisboa, Portugal.

O grupo resgatado é composto por 49 crianças, sendo sete delas de colo. A aeronave levou ao Líbano uma doação humanitária de insumos médico-hospitalares solicitados pelas autoridades locais, e novas remessas de bens emergenciais estão previstas para os próximos voos. Na primeira etapa da operação, que aterrissou no domingo (6), 229 pessoas e três animais domésticos foram trazidos ao Brasil, onde foram recebidos pelo presidente Lula (PT) e por uma equipe do governo federal responsável por agilizar o desembaraço de bagagens e providenciar assistência social e de saúde aos repatriados.

Com esses dois voos, a operação soma 456 passageiros e seis animais de estimação resgatados. Assim como no primeiro resgate, a prioridade permanece para mulheres, crianças, idosos e brasileiros não residentes no Líbano. O trabalho envolve uma coordenação intensa entre equipes do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília e na Embaixada do Brasil em Beirute, além da ação operacional da FAB. Estima-se que a comunidade brasileira no Líbano seja de cerca de 20 mil pessoas, e aproximadamente três mil já manifestaram interesse em retornar ao Brasil.

“Nossa intenção é colocar aqui na base aérea de São Paulo cerca de 500 pessoas por semana”, afirmou o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, durante a recepção do primeiro grupo de brasileiros repatriados.

Orientações do Itamaraty – O governo brasileiro reforça que os cidadãos no Líbano sigam as orientações de segurança das autoridades locais. Para aqueles que possuem condições financeiras, é recomendável que deixem o país por meios próprios. O aeroporto de Beirute permanece operacional, com voos regulares, especialmente da companhia Middle Eastern Airlines. O Itamaraty disponibiliza um número de plantão consular para emergências: +55 (61) 98260-0610 (com WhatsApp).

Facilitação para pets – O Ministério da Agricultura e Pecuária continua flexibilizando as regras para a entrada de cães e gatos provenientes do Oriente Médio. As unidades de Vigilância Agropecuária Internacional, em conjunto com a Coordenação de Trânsito e Integração Nacional de Cargas e Passageiros, adotaram protocolos especiais, permitindo a entrada dos animais sem a apresentação imediata de documentos, exigidos normalmente em outras situações.

O que é a Operação Raízes do Cedro – Determinada pelo presidente Lula, a Operação Raízes do Cedro é uma resposta à escalada do conflito entre Israel e o grupo Hezbollah, no Líbano. A logística de repatriação envolve a mobilização de aeronaves e servidores da FAB, além de articulações diplomáticas conduzidas pelo Itamaraty. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mantém conversas com autoridades libanesas e de países vizinhos para garantir que as operações de resgate ocorram com segurança e eficiência.

A ação segue o modelo da Operação Voltando em Paz, realizada em outubro de 2023, que repatriou mais de 1,5 mil brasileiros da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Israel. Na ocasião, mais de 50 animais de estimação também foram resgatados.

Brasil247

Nunes e Boulos crescem e lideram, enquanto Marçal apresenta nova queda, diz pesquisa

Levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta sexta-feira (27) revela um empate técnico entre Ricardo Nunes (MDB), com 28% das intenções de voto, e Guilherme Boulos (PSOL), que registra 24,9%. Pablo Marçal (PRTB) aparece com 20,5%, empatando tecnicamente com o psolista no limite da margem de erro, que é de 2,6 pontos percentuais.

Tanto Nunes quanto Boulos oscilaram 1,2 ponto para cima, permanecendo dentro da margem de erro. Comparado com a pesquisa da semana passada, Nunes passou de 26,8% para 28%, enquanto Boulos variou de 23,7% para 24,9%.

Marçal teve uma oscilação de 0,5 ponto para baixo, mas ainda empata tecnicamente com Boulos. O candidato do PRTB caiu de 21% para 20,5% em relação ao levantamento anterior, indicando uma leve tendência de queda desde o início do mês. A diferença atual entre os dois é de 4,4 pontos percentuais, o que, considerando a margem de erro, configura um empate técnico.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB) aparece com 7,3% das intenções de voto, enquanto o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) tem 7,1%, também empatados tecnicamente.

Outros candidatos na disputa são Marina Helena (Novo) com 2,1%, Bebeto Haddad (DC) com 0,4%, João Pimenta (PCO) com 0,3%, Ricardo Senese (UP) com 0,3%, e Altino Prazeres (PSTU) com 0,2%. Indecisos representam 3,9%, e 4,9% dos eleitores paulistanos pretendem votar em branco ou nulo.

Levantamento do Paraná Pesquisas revela empate técnico entre Nunes e Boulos (PSOL); Pablo Marçal (PRTB) aparece em terceiro. Foto: Reprodução.

Pesquisa espontânea

Na pesquisa espontânea, onde os entrevistados apontam seu candidato preferido sem consultar uma lista oficial, Nunes foi mencionado por 19,7% dos eleitores, seguido por Boulos com 17,3% e Marçal com 15,7%. Tabata Amaral obteve 4,2%, Datena 3,3%, e Marina Helena 0,9%. Já Bebeto Haddad, João Pimenta e Ricardo Senese foram citados por 0,1% cada.

Cenários de segundo turno

Em um possível segundo turno entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, o atual prefeito tem uma vantagem, com 51,6% das intenções de voto, contra 32,7% de Boulos. Indecisos somam 5,5%, e 10,2% dos eleitores optariam por votar em branco ou nulo.

Caso Nunes enfrente Marçal no segundo turno, sua vantagem é ainda maior, com 54,7% das intenções de voto contra 25,8% do ex-coach. Nesse cenário, 13,7% votariam em branco ou nulo, enquanto 5,8% não sabem em quem votariam.

Se o segundo turno for entre Boulos e Marçal, o deputado do PSOL tem uma ligeira vantagem, com 43,7% contra 36,6% do candidato do PRTB. Indecisos representam 5,8%, e 13,9% dos eleitores paulistanos declararam voto em branco ou nulo.

A Paraná Pesquisas ouviu 1.500 eleitores paulistanos entre os dias 23 e 26 de setembro. O índice de confiabilidade é de 95% e o levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-09331/2024.

MENTIROSO: Trump desmente Farçal e nega ter enviado carta após cadeirada

O ex-coach mentiu ao afirmar que recebeu carta em que o ex-presidente lamenta o ocorrido

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou ter enviado uma carta ao candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, após o episódio da cadeirada no debate da TV Cultura, informa o Metrópoles. Marçal afirmou na última segunda-feira (23), antes do debate promovido pelo Flow Podcast, que recebeu uma carta de Trump e comparou a cadeirada com o suposto atentado cometido contra o ex-presidente americano.

“Recebi uma carta do Trump falando que lamenta muito o ocorrido. O Trump que é um cara que sofreu também um atentado agora. Cada um na sua escala: o presidente dos Estados Unidos é bala de fuzil, o Bolsonaro é faca, e a Prefeitura de São Paulo, que é mais baixo um pouquinho, é cadeirada”, disse.

No entanto, o porta-voz da campanha de Trump, Jason Miller, desmentiu o ex-coach ao jornalista Paulo Cappelli. “O presidente Trump não enviou nenhuma carta do tipo”, afirmou. De acordo com Donald Trump, nenhuma carta foi destinada nem a Marçal nem a nenhum outro integrante da equipe do ex-coach no Brasil. O Metrópoles também pediu a Pablo Marçal uma foto da carta que ele teria recebido, mas ele não respondeu.

O candidato do PRTB também afirmou que estava viabilizando um encontro com o ex-presidente americano. “Estou viabilizando isso. Vou ver se eu consigo encaixar. É muita sabatina, e eu gosto de ir pro debate. Se eu conseguir um buraco na agenda, eu vou ver se dou um pulo lá, pelo menos umas 24 horas, para encontrar com o Donald Trump”, disse.

Brasil247

A cadeirada tirou Marçal do páreo

O “comedor de açúcar” derrubou o “ironman”

Por Alex Solnik (*)

Pablo Marçal entrou na campanha usando e abusando de sua autoconfiança, preparadíssimo para atacar todos os outros, que passou a desqualificar colocando apelidos pejorativos.

Nunes virou “Bananinha”; Boulos, “Aspirador de pó”; Datena, “Comedor de açúcar” e Tabata, “Chatabata”. A sua colega da direita não apelidou.

Induzido e iludido pelos números das pesquisas, que o colocavam ao lado dos dois favoritos, dobrou a aposta, além dos apelidos passou a acusá-los de crimes inexistentes (menos a sua colega de direita), forçando-os a se defender e não tem coisa mais complicada que se defender de algo que não existe.

Tentou forjar uma realidade paralela, na qual todos seus oponentes são as piores pessoas do mundo e ele é o único virtuoso, apesar de a realidade mostrar que ele era o único condenado e preso aos dezoito anos por integrar uma quadrilha que roubava clientes de bancos via internet e integrantes de seu partido são investigados por laços com o PCC.

Confiou que, ocupando seus adversários em se defender dele, não teriam tempo para atacá-lo. Ou julgou que era tão poderoso e mau, que ninguém ousaria atacá-lo, sua resposta seria ainda mais maligna. Apostou que seu comportamento extremamente agressivo geraria medo nos demais e ele, por ser o mais forte, os esmagaria, como geralmente acontece nas fábulas de La Fontaine, e eles passariam por covardes. E ninguém quer um covarde no comando de uma metrópole violenta e insegura.

A sua aposta na hostilidade, na vileza e no mau caratismo estava dando certo até o dia em que ele percebeu que sua única chance de desbancar o candidato oficial do bolsonarismo e chegar ao segundo turno era tirar do páreo o candidato que estava caindo pelas tabelas, mas ainda mantinha um eleitorado conservador significativo, o Datena, a quem passou a fustigar sem dó nem piedade, contando que ele ficaria acuado no canto do ringue, fugiria do embate, jogaria a toalha. Era, afinal, um “comedor de açúcar” e ele, o “ironman”.

Só que o imprevisível Datena respondeu com um argumento até então inédito em debates eleitorais: sentou-lhe uma cadeirada nas costas ao vivo e a cores.

E aí o Marçal, sempre tão assertivo, tão ego-centrado, pela primeira vez na campanha, hesitou. Vacilou. Pego de surpresa, não soube responder. A princípio quis continuar no debate, mas em seguida decidiu embarcar numa ambulância, a caminho da UTI, abandonou o script do homem indestrutível para o de vítima de uma “tentativa de homicídio”, copiando a historinha da bolinha de papel na cabeça que José Serra tentou transformar em atentado, numa campanha do passado.

E aí o Marçal que achou que se vitimizar seria o atalho mais rápido para o segundo turno levou uma tremenda invertida tanto do público interno, que já está com ele, quanto daquele que planejava arrancar do “Comedor de açúcar”.

Os eleitores e eleitoras normais e tradicionais perceberam rapidamente que era uma farsa, na qual só imbecis cairiam, e eles, além de não serem idiotas como ele supõe, não querem um farsante na cadeira de prefeito; e seus admiradores esperavam que ele reagisse à cadeirada com outra cadeirada, ou sem dar a menor importância, por ser superior ao agressor, ou porque o homem é intrinsecamente violento, como ele prega em seus cursos, e não fugisse numa ambulância, provavelmente com medo de tomar outra cadeirada, o covarde ficou sendo ele, e seus admiradores não querem um covarde na cadeira do prefeito.

Pode parecer insólito, e é, mas o fato é que todas as pesquisas depois da cadeirada mostraram Marçal estacionado em terceiro lugar, descolado dos dois primeiros, e Datena, que estava quase pedindo para sair e voltar logo à TV, de repente ganhou fôlego, praticamente carregado nos ombros pelo povo, e agora fica mesmo até o fim, segurando os votos tão decisivos para Marçal.

E Marçal, que no debate do SBT confessou que nessa campanha mostrou a sua “pior parte”, praticamente saiu do páreo, porque ninguém quer ver a sua apavorante “pior parte” na prefeitura.

Moral da história: nunca menospreze um “comedor de açúcar”, nem que você seja um “ironman”.

(*)  Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

Fonte: Brasil 247

Ao insultar vacina obrigatória, Ricardo Nunes consuma casamento com Bolsonaro

Ricardo Nunes (MDB) deu uma cadeirada discursiva no Zé Gotinha e abraçou o pior do bolsonarismo-raiz ao afirmar que é contra a obrigatoriedade da vacina. Entende-se que, em nome do voto, candidatos comam salgado em boteco duvidoso, beijem filhote de cachorro de rua e deem bom dia para cavalo, mas abraçar uma posição que coloca crianças em risco é abrir o alçapão no fundo do poço.
“Tenho muita tranquilidade, depois de toda experiência, e tenho humildade para te falar que hoje sou contra a questão da obrigatoriedade”, disse o prefeito ao podcast do bolsonarista Paulo Figueiredo, sobre a pandemia de covid-19. Depois, em outra entrevista, afirmou que, hoje, não teria feito o passaporte da vacina.
Por “hoje”, leia-se, em uma campanha eleitoral em que ele precisa tirar votos bolsonaristas que estão com Pablo Marçal (PRTB). O prefeito tem 40% desse grupo, o influenciador conta com 41%, segundo o Datafolha.
Questionado por Guilherme Boulos (PSOL) sobre essas declarações no debate do SBT, nesta sexta (20), Nunes reclamou que o deputado federal estava levando a discussão para a “baixaria”, tratou apenas do passaporte vacinal sem falar do arrependimento sobre a obrigatoriedade e ainda disse que ele tornou São Paulo a capital mundial da vacina. O que é irônico, pois a Forbes só se referiu à cidade dessa forma na pandemia devido ao sucesso de ações como a obrigatoriedade e o passaporte.
O Brasil já foi um caso exemplar de vacinação para o mundo, mas vem apresentando queda na taxa de imunização, o que disparou o alerta no Sistema Único de Saúde. Muito por conta da viralização do discurso negacionista. O prefeito não nega a importância das vacinas, mas é contra a sua obrigatoriedade, o que dá quase no mesmo. Por trás do discurso de “liberdade absoluta” que excita o bolsonarismo, está o risco à vida. Pôr em risco a vida dos paulistanos vale uma eleição?

Por Leo Sakamoto UOL

Datafolha – Efeito cadeirada: Boulos e Nunes comemoram; Marçal desaparece

O Datafolha divulgou nesta quinta-feira (19) nova rodada de pesquisa com a intenção de votos à prefeitura de São Paulo. Os dados mostram Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) tecnicamente empatados na primeira posição com 27% e 26%, respectivamente. Já o influenciador Pablo Marçal aparece atrás com 19%.

Além de estar atrás de Boulos e Nunes, outro dado deve preocupar Pablo Marçal: sua rejeição, que estourou e agora está em 47%, o que, na prática, torna a candidatura do influenciador impraticável, caso ele vá ao segundo turno.

Após a divulgação da pesquisa, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos comemoraram os números. Já Pablo Marçal desapareceu e apenas publicou alguns vídeos onde aparece dando entrevistas e repetindo os mesmos ataques de sempre contra seus oponentes.

O sumiço de Marçal também se deve aos dados revelados pela Quaest na quarta-feira (18): Nunes aparece com 24%, Boulos com 23% e Marçal com 20%, um recuo de três pontos em relação à pesquisa anterior do instituto.

Ainda restam quinze dias para o primeiro turno das eleições de 2024, e o cenário pode mudar até lá, mas, neste momento, o panorama é desfavorável para Marçal, pois mostra uma crescente rejeição, recuperação de Nunes entre os bolsonaristas e a consolidação de Guilherme Boulos.

O influenciador prometeu mudar a estratégia de campanha e partir para cima de Ricardo Nunes, pois, para Marçal chegar ao segundo turno, ele precisa tirar votos do candidato do MDB. A conferir.

Datafolha mostra disputa acirrada entre Nunes e Marçal por voto bolsonarista

Levantamento Datafolha desta quinta-feira (19) mostra que a disputa pela prefeitura de São Paulo segue empatada entre Ricardo Nunes (27%) e Guilherme Boulos (26%). O influenciador Pablo Marçal aparece na terceira posição com 19%.

A pesquisa do Datafolha também traz o dado de transferência de votos dos padrinhos políticos e, neste setor, Nunes e Marçal têm uma disputa acirrada, com recuperação do prefeito da capital paulista.

No levantamento desta quinta, Pablo Marçal tem 41% dos votos dos eleitores de Jair Bolsonaro, e Ricardo Nunes tem 40%. Esse dado é positivo para o prefeito, pois na rodada anterior ele tinha 39% e o influenciador, 42%, ou seja, ele está recuperando o voto daqueles que apoiam o ex-presidente.

Essa recuperação de Ricardo Nunes entre os bolsonaristas está ligada a alguns fatores: participação em programas bolsonaristas, ida ao ato do 7 de Setembro e a defesa pública de pautas como o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e a contrariedade à obrigatoriedade da vacinação contra a Covid, uma pauta cara aos bolsonaristas.

Já no campo da esquerda, Guilherme Boulos lidera entre aqueles que apoiam o presidente Lula: 48%. Boulos também herda votos daqueles que votaram em Fernando Haddad para governador, em 2022: 53%.

Datafolha: Empate com Nunes 1 ponto à frente de Boulos; cadeirada engessa Marçal

A nova pesquisa Datafolha sobre a corrida pela Prefeitura de São Paulo, divulgada na tarde desta quinta-feira (19), mostra que a briga pela primeira colocação segue firme e forte entre o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Já o coach Pablo Marçal (PRTB), alvo de uma cadeirada desferida pelo jornalista e candidato José Luiz Datena (PSDB) no último domingo (15), que monopolizou a pauta eleitoral em todo o país, ficou engessado e cada vez mais distante do primeiro pelotão.

De acordo com os números do Datafolha, Nunes tem 27% das intenções de voto, seguido muito de perto por Boulos, que obteve 26%. Já bem mais atrás, com os mesmos 19% da preferência do eleitorado da semana passada, vem Marçal, aparentemente fustigado pelo bizarro episódio que só teve vez por conta da insistência infantil e insuportável do ex-integrante de uma quadrilha de fraude a bancos em ficar provocando de maneira insultuosa quase todos os adversários.

Na quarta colocação aparece a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 8% da preferência dos entrevistados, um pouco à frente de Datena, com 6%. Depois, em sexto lugar, está Marina Helena (Novo), com 3% das intenções de voto. Brancos e nulos somaram 6%, ao passo que os que não souberam ou não quiseram responder totalizaram 3%.

Com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, segundo seus realizadores, a pesquisa Datafolha ouviu 1.204 eleitores em vários pontos da capital paulistas, entre terça (17) e esta quinta-feira (19). O registro da sondagem na Justiça Eleitoral é o SP-03842/2024.

Revista Fórum

Condenações do 8 de Janeiro: a justiça e os riscos da radicalização trans-bolsonarista

As recentes condenações dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília marcam um momento crucial para a democracia brasileira. No entanto, a questão vai além da simples aplicação da lei. Ela revela um dilema complexo sobre as narrativas que moldaram a percepção de grande parte dos envolvidos, bem como os riscos de uma nova direita radical emergente, que pode ser ainda mais perigosa do que o movimento bolsonarista original.

Os participantes dos atos de 8 de janeiro, na maioria cidadãos comuns com pouca participação política e parcos conhecimentos da legislação, agiram sob a crença de que estavam desempenhando um papel patriótico. Convencidos de que impediriam a ascensão de um “criminoso, ex-presidiário” ao poder, muitos acreditavam estar respaldados por setores das Forças Armadas, das Polícias e agentes de segurança, que, publicamente, têm simpatizado com a extrema direita bolsonarista.

Essa suposição, amplificada por desinformação, levou-os a marchar cegamente para o que agora pode ser visto como uma armadilha política.A ilusão de que uma intervenção militar ou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) seria acionada para “salvá-los” nunca se concretizou. Pelo contrário, o governo federal tomou a decisão estratégica de não seguir esse caminho. Ao não acatar a sugestão de uma GLO Lula tornou sem sentido a manifestação, mas isso não impediu que muitos dos envolvidos ainda se vissem como mártires de uma causa que não compreendiam totalmente.

A falta de compreensão das acusações que enfrentam reflete o grau de manipulação a que parcela importante desses indivíduos foi submetida.  Para eles, não houve crime, mas sim uma tentativa legítima de proteger a nação de uma “fraude eleitoral”. Ao atacar as instituições mais simbólicas do sistema democrático, como o Supremo Tribunal Federal (STF) , o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, encontraram o peso do Judiciário. Contudo, a narrativa de que são vítimas de um sistema corrompido se solidificou entre muitos desses indivíduos, criando um senso de sacrifício que pode ser usado como combustível para novas ondas de radicalização.

O bolsonarismo, enquanto movimento político, está em transição. As condenações não eliminam o potencial de ascensão de uma direita radical ainda mais organizada e articulada. Figuras como Pablo Marçal são exemplos de como esse espectro político pode se reconfigurar.  Diferente de Bolsonaro, que se apoiava em estruturas partidárias e alianças militares, Marçal se posiciona como um agente autônomo, livre de vínculos tradicionais e capaz de explorar o desencanto de setores sociais através de discursos populistas e anti-establishment sob o discurso de que “não é um ser político”.

Essa nova direita é potencialmente mais perigosa por sua flexibilidade ideológica e capacidade de mobilização. Ela não depende dos aparatos tradicionais do poder, mas se constrói em torno de líderes carismáticos que operam à margem do sistema partidário, explorando o esgotamento das massas com a política tradicional.

Um dos fatores dessa radicalização é o combate cotidiano contra uma política educacional capaz de formar cidadãos críticos e politicamente conscientes. A ênfase excessiva no empreendedorismo como solução universal para problemas sociais criou uma geração de jovens que se identificam com a lógica neoliberal de sucesso individual, muitas vezes sem questionar suas implicações. Inspirados por figuras como Elon Musk, esses jovens acreditam que o único obstáculo para se tornarem bilionários são os direitos trabalhistas e a regulamentação imposta pelo Estado, perpetuando um ciclo de alienação.  O Poder Público que deveria enfrentar esta situação trabalhando coordenadamente por uma educação que forme consciência crítica e avance na compreensão das questões básicas para enfrentar o discurso do ódio assumiu a política educacional como sua sucumbiu ao recuar no enfrentamento às reformas impostas ao Ensino Médio durante o governo Temer e referendadas por Bolsonaro.  A coalizão de governo, sob forte pressão de interesses privatistas, de governos estaduais, de corporações e alianças com setores conservadores, atravessou a base progressista com a estratégia de conciliar interesses inconciliáveis e estrategicamente incongruentes com os princípios programáticos nucleares do próprio governo central.

Essa tibieza educacional deixou grande parcela da juventude vulnerável ao apelo de figuras autoritárias, que oferecem respostas simples para questões complexas. A política educacional que prioriza o empreendedorismo sem senso crítico contribui para a ascensão de líderes como Marçal, que se vendem como a solução para os males causados pela “interferência do Estado”.

As condenações dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro são um passo importante para a preservação do Estado Democrático de Direito, mas não representam o fim da luta contra a radicalização de direita no Brasil. A construção de mártires, aliada à precariedade educacional, cria um cenário propício para o surgimento de uma extrema direita pós-bolsonarista que pode ser mais perigosa, sofisticada e autônoma. O desafio está em combater não apenas os efeitos visíveis dessa radicalização, mas suas causas profundas – o ressentimento social, a manipulação ideológica e a destituição de uma ação educativa que prepare o cidadão para os desafios do mundo contemporâneo, princípio constitucional da educação nacional.

 

Ronald Pinto

setembro/2024

Terrorismo israelense no Líbano matou criança, cegou mais de 500 pessoas e deixou mais de 2.800 feridos

Explosões simultâneas de pagers inauguram uma nova fase na tecnologia de assassinatos

A explosão quase simultânea de pagers, dispositivos eletrônicos usados para receber mensagens curtas, criou uma onda de pânico em várias regiões do Líbano nesta terça-feira. O ataque terrorista provocado por Israel deixou ao menos 12 mortos, incluindo uma criança, além de mais de 2,8 mil feridos, o que sobrecarregou o sistema de saúde do país, que rapidamente lançou uma campanha de doação de sangue. Entre os feridos, 200 estão internados em estado grave, e mais de 500 pessoas perderam a visão, de acordo com o Ministério da Saúde libanês, como reporta o jornal O Globo.

O Hezbollah e membros do governo libanês acusaram Israel de estar por trás do ataque. Embora o governo israelense ainda não tenha se pronunciado oficialmente, fontes próximas ao gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu confirmaram ao New York Times que a ordem partiu dele. O Hezbollah, por sua vez, informou que seu líder, Hassan Nasrallah, não se feriu, mas o embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, sofreu ferimentos leves. O incidente também repercutiu na Síria, onde o Hezbollah atua com frequência, resultando em 14 feridos em explosões relatadas pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro, o uso de pagers foi intensificado entre os membros do Hezbollah, a pedido de Nasrallah, por serem considerados mais seguros e difíceis de rastrear em comparação aos celulares convencionais. No entanto, os dispositivos, vistos por muitos como obsoletos, ainda são amplamente utilizados por profissionais de saúde e equipes de emergência. A explosão simultânea dos pagers, que alguns analistas acreditam ter sido causada por infiltração na linha de montagem ou malware que superaqueceu as baterias, deixou pouco tempo para os portadores se desfazerem dos aparelhos.

Firass Abiad, ministro da Saúde libanês, informou que os ferimentos mais graves atingiram o abdômen, as mãos e o rosto, devido à proximidade das vítimas com os pagers no momento das explosões. Um vídeo mostra um homem em uma motocicleta no exato momento em que o pager que ele carregava na cintura explode.

Brasil247

Ao vivo : debate RedeTV/UOL com candidatos à prefeitura de São Paulo

Em parceria com o UOL, a RedeTV! promove hoje as 10h20 (Brasilia) debate com os seis candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem posicionados nas pesquisas. O encontro terá duração de duas horas e 20 minutos e será dividido em cinco blocos. Estão confirmados para o debate: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo) — as regras foram acertadas em reunião com os representantes de cada campanha

RedeTV! e UOL realizam o próximo debate para prefeito de SP nesta terça; veja onde assistir

O sexto confronto de propostas começa às 10h20 com as participações de Boulos, Datena, Marina Helena, Marçal, Nunes e Tabata

Após o debate na TV Cultura, os candidatos à prefeitura de São Paulo voltam a se reencontrar nesta terça-feira, 17, para mais um confronto de propostas e ideias sobre a cidade. O evento será realizado pela RedeTV! e o UOL com transmissão vivo nos canais dos veículos a partir das 10h20. Foram convidados os seis candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenções de voto para prefeito da capital.

ão eles: Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB)Marina Helena (NOVO), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB). De acordo com o pool, todos já confirmaram presença.

Após o debate na TV Cultura, realizado no último domingo, 16, e a agressão de Datena a Marçal, surgiram dúvidas sobre a continuidade do evento. O UOL, porém, publicou uma matéria confirmando sua realização.

O debate terá duração de duas horas e 20 minutos e será dividido em cinco blocos. O primeiro e terceiro serão de confrontos diretos entre os adversários. Eles terão 30 segundos para fazer a pergunta, 90 segundos para resposta e 45 segundos para réplicas e tréplicas.

Nos segundo e quarto blocos, os candidatos responderão a perguntas feitas pelos jornalistas do UOL Raquel Landim, Thais Bilenky e Thiago Herdy e da RedeTV! Willian Kury, Stella Freitas e Felipe Brosco.

A ordem dos candidatos que vão responder às perguntas de cada profissional será sorteada ao vivo. Já no quinto e último bloco, os candidatos terão um minuto e 30 segundos para considerações finais.

Quando será o debate RedeTV!/UOL em SP?

Data: 17 de setembro, terça-feira
Horário: 10h20
Candidatos confirmados: Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (NOVO), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB)

Onde assistir: A transmissão será feita pela RedeTV!, A Democracia, na home UOL e no YouTube do UOL

As regras

A organização vetou o uso de celular ou câmera fotográfica no palco e pelos assessores durante o debate.

Os candidatos também não poderão exibir qualquer documento ou objeto, nem poderão sair do púlpito estabelecido, salvo em caso de autorização da mediadora, Amanda Klein da RedeTV!.

Os pedidos de direito de resposta serão avaliados pelo comitê arbitral, de acordo com as emissoras, que inclui um advogado com conhecimentos em direito eleitoral. Caso a solicitação seja atendida, o candidato ofendido terá um minuto para se manifestar.

Quem descumprir alguma das regras será advertido e, em caso de nova violação, poderá ser suspenso do bloco e depois, convidado a se retirar do estúdio. O pool também divulgou que os profissionais da equipe de segurança poderão ser acionados, se for considerado necessário.

Regras mais rígidas vêm sendo fixadas desde o debate da TV Gazeta e MyNews, no dia 8 de setembro. Isso, contudo, não tem sido suficiente para conter os candidatos. Os outros cinco debates foram marcados por xingamentos, apelidos perjorativos, ausência de debate sobre os temas da cidade e ameaça de agressão.

No último, realizado neste domingo 15, pela TV Cultura, Datena agrediu com uma cadeira Marçal, após ser provocado pelo adversário do PRTB.

Próximos debates em SP

Além do encontro nesta terça também estão previstos outros quatro debates antes do primeiro turno, no dia 6 de outubro.

  • UOL/RedeTV: 17 de setembro, às 10h20;
  • SBT: 20 de setembro, a partir das 11h15;
  • Record: 28 de setembro, entre 21h e 23h15;
  • UOL/ Folha de S.Paulo: 30 de setembro, às 10h;
  • TV Globo: 3 de outubro, às 22h.

Fonte: Exame

VÍDEO Após nocautear Marçal, Datena diz que pretende continuar na corrida

Datena admite erro, mas diz que pretende continuar na corrida. Após agredir Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena diz que foi acusado de cometer o que jamais cometeu. Momentos antes, o autodenominado ex-coach relembrou uma acusação de assédio sexual que o jornalista respondeu em 2019. “Me senti agredido, vi a figura da minha sogra [que morreu após a acusação de assedio]. Infelizmente, eu perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não, poderia ter simplesmente saído e ido embora para casa, teria sido melhor.” Ele lembrou que assim como já chorou em entrevista, como na sabatina promovida pela Folha e UOL, teve a reação contra Marçal que diz que “não pode se conter”. Por fim, disse que pretende se manter candidato do PSDB “até o fim”.

 

VÍDEOS Datena e Marçal fora do debate após briga entre os dois

Datena arremessa cadeira em Marçal após provocação: “Você não é homem”. O apresentador José Luiz Datena (PSDB) bateu com uma cadeira no influenciador Pablo Marçal

São Paulo – O apresentador José Luiz Datena (PSDB) bateu com uma cadeira no influenciador Pablo Marçal (PRTB) durante o debate da TV Cultura à Prefeitura de São Paulo, na noite deste domingo (15/9). Marçal  provocou Datena até que este foi pra cima do picareta.

Datena foi expulso do debate, conforme determinava as regras. E Pablo Marçal deixou o debate por não estar se sentindo bem.

A farsa da negação da política: chega de hipocrisia e salvadores da Pátria

Por Édson Silveira (*)

A negação da política é uma farsa descarada que cada vez mais candidatos utilizam para enganar o eleitor. Esses candidatos que dizem “não ser políticos” estão, na verdade, disputando cargos públicos, o que expõe uma hipocrisia monumental. Como alguém pode negar a política ao mesmo tempo em que luta por um cargo que existe justamente para fazer política? Esse discurso é um truque barato, uma tentativa de manipular o eleitorado que está cansado de escândalos e promessas vazias. A política é o pilar de uma sociedade organizada, e é por meio dela que se constrói o debate de ideias e o progresso democrático. Negá-la é desonesto e perigoso.

A ideia de que “todo político é ladrão” é um argumento preguiçoso, usado por quem quer manipular o povo. Sim, existem corruptos, mas existem também políticos sérios e comprometidos com o bem público. Generalizar é um tiro no pé, porque abre espaço para oportunistas que se dizem “diferentes” e, no final, são piores do que aqueles que criticam. Chegou a hora de demitir por justa causa os políticos que nos enganaram, que não cumpriram suas promessas e que só usaram o cargo para benefício próprio. Em Porto Velho, a maioria dos vereadores fez exatamente isso: decepcionou a população e não merece sequer pensar em reeleição.

O que precisamos é de uma renovação real. Chega de personalismos, de figuras que se colocam como “salvadores da pátria”. Precisamos de representantes que tenham lado, que sejam claros em suas posições e honestos com o eleitor. Essa história de candidato “independente” é pura balela. Quem se diz independente é, geralmente, alguém que governará sozinho, sem prestar contas a ninguém, sem ouvir o povo. O resultado? Uma administração centralizadora e antidemocrática. Porto Velho, com seus enormes desafios de infraestrutura, não vai resolver seus problemas sem apoio dos governos estadual e federal. E, para isso, o próximo prefeito precisa ter articulação política em Brasília e com o Estado. Acreditar que isso se resolve com um “gestor técnico” é cair em outra armadilha.

E quantos exemplos já tivemos de políticos que se elegeram negando a política e se tornaram profissionais da política? O maior exemplo disso em Porto Velho é Hildon Chaves. Ele se apresentava como promotor de justiça, o paladino da moralidade, mas depois de eleito se revelou apenas mais um político tradicional. Foi reeleito, elegeu sua esposa, Iêda Chaves, como deputada estadual, e agora quer fazer de Mariana Carvalho sua sucessora na prefeitura, tudo com um único objetivo: fortalecer seu grupo político para disputar, em 2026, a sucessão do governador Marcos Rocha. Onde foi parar o puritanismo desse senhor?

Esse discurso de negação da política é uma máscara, uma armadilha para o eleitor desavisado. Não podemos mais cair nessa. Chegou o momento de fazer escolhas conscientes, de rejeitar aqueles que se escondem atrás de discursos vazios e abraçar candidatos que tenham compromisso real com o coletivo.

Eu, Édson Silveira, nascido nesta cidade, advogado e vice-presidente estadual do PT/Rondônia, tenho lado. Vou votar no próximo dia 06 de outubro em Célio Lopes 12 PDT para prefeito de Porto Velho, que tem o apoio do PT e do governo do presidente Lula, sem medo de ser feliz. Precisamos de um gestor que tenha compromisso com a população, que saiba dialogar com as esferas federal e estadual para conseguir as melhorias que nossa cidade tanto necessita. Não podemos cair mais em discursos vazios e promessas de salvadores da pátria. O futuro de Porto Velho depende de escolhas claras e responsáveis.

15 de setembro de 2024.

(*) Édson Silveira é advogado e vice-presidente estadual do PT/RO.

Assista aqui ao vivo: TV Cultura promove debate hoje com candidatos à prefeitura de São Paulo

TV Cultura realiza hoje, dia 15 de setembro, o debate com candidatos à prefeitura de São Paulo no primeiro turno. A transmissão acontece a partir das 22h (horario de Brasilia)ao vivo, diretamente do Teatro B32.

Estão confirmadas as participações de Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).  Os candidatos discutirão propostas em cinco blocos, abordando temas centrais para o futuro da cidade.

Regras

Não haverá plateia, e jornalistas não poderão assistir ao programa dentro do auditório. Cada candidato pode levar até três assessores, e só um terá acesso ao palco.

➡️ Participantes não podem deixar seus lugares ou usar o celular para fotografar e filmar. Os assessores que acompanham os candidatos só poderão usar os telefones para consultas. Palavrões também estão barrados.

➡️ As regras são parecidas com as do último debate, da Gazeta/MyNews, que aconteceu no dia 1º. O rigor, no entanto, não foi suficiente para conter os candidatos, que trocaram xingamentos, apelidos pejorativos e acusações diversas.

https://ademocracia.com.br/2024/09/16/datena-e-marcal-fora-do-debate-apos-briga-entre-os-dois/

“Power Point” da PF mostra conluio de Moro, Dallagnol e Hardt para desviar R$ 2,5 bi da Petrobrás

Dallagnol foi condenado pelo STF a indenizar Lula pela “habilidade com marketing” – como definiu o ex-procurador sobre o Power Point. Investigação da PF foi remetida ao CNJ e está nas mãos de Dias Toffoli, no STF

Relatório produzido pela Polícia Federal (PF) a partir da correição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra em um organograma o conluio entre o ex-juiz Sergio Moro (União-PR), o ex-procurador-chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol (Novo-PR) e Gabriela Hardt – que substituiu o hoje senador na 13ª Vara Federal de Curitiba – para desviar R$ 2.567.756.592,00 para uma fundação que seria controlada por eles em “hipótese criminal de peculato-desvio”, que na prática seria corrupção.

O organograma é semelhante ao icônico Power Point apresentado por Dallagnol em 2016, que colocava Lula como centro do esquema de lawfare conduzido pela Lava Jato. Em abril deste ano, o ex-procurador foi condenado a indenizar Lula o presidente em R$ 75 mil pela estratégia de exposição.

Em mensagem, revelada em 2023 pela Vaza Jato, Dallagnol fez chacota com sua “habilidade com marketing” ao se referir ao Power Point a Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional no Brasil.
“Como procurador estou dando pro gasto como comunicador rsrs… deixa que eu vou fazer um gráfico de bolinhas concêntricas com as 12 propostas e vai bombar na net”, disse, em 20 de fevereiro de 2019, mais de dois anos após a famigerada primeira apresentação para tentar incriminar Lula.

Conluio

O relatório, a qual a Fórum teve acesso, é assinado pelo delegado Élzio Vicente da Silva, da PF, e foi enviado ao CNJ em abril deste ano. Em junho, a investigação foi remetida ao ministro Dias Toffoli, relator do inquérito sobre a Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

O organograma mostra, em 11 pontos, o passo a passo do conluio entre Moro, Dallagnol e Gabriela Hardt para tentar desviar os R$ 2,5 bilhões pagos pela Petrobras em indenizações em processos nos EUA.

A estratégia começou em 20 de novembro de 2015, quando a Lava Jato inicia a cooperação ilegal com órgãos de investigação dos EUA, sem autorização das autoridades competentes no Brasil.

Na penúltima etapa, em 25 de janeiro de 2019, Gabriela Hardt homologa a tentativa de acordo para repassar o dinheiro para a ong que seria criada pelo grupo, que ficou conhecida como Fundação Dallagnol.

“O desvio do dinheiro só não se consumou em razão de decisão do Supremo Tribunal Federal exarada no âmbito da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental nº568, que suspendeu “todos os efeitos da decisão judicial proferida pelo Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, que homologou o Acordo de Assunção de Obrigações firmado entre a Petrobras e os Procuradores da República no Paraná (Força-Tarefa Lava-Jato), bem como a eficácia do próprio acordo”, diz a PF, referindo-se ao último quadro do organograma, baseado em fatos colhidos durante a investigação.

Veja

 

Revista Forum

Datafolha: Nunes tem 27%, Boulos sobe, 25%, Marçal desaba, 19%

A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (12) sobre a eleição para prefeito de São Paulo mostra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) numericamente à frente dos seus adversários e empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL). Pablo Marçal (PRTB) recuou e saiu do empate triplo.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparece com 27%, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) tem 25% das intenções de voto, e o influenciador Pablo Marçal (PRTB) tem 19%.

Segundo a Folha de S.Paulo, o resultado deixou Nunes e Boulos isolados em relação a Marçal.

A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Veja os números

  • Ricardo Nunes (MDB): 27% (eram 22%)
  • Guilherme Boulos (PSOL): 25% (eram 23%)
  • Pablo Marçal (PRTB): 19% (eram 22%)
  • Tabata Amaral (PSB): 8% (eram 9%)
  • Datena (PSDB): 6% (eram 7%)
  • Marina Helena (Novo): 3% (eram 3%)
  • Bebeto Haddad (DC): 1% (era 1%)
  • Ricardo Senese (UP): 1% (era 1%)
  • João Pimenta (PCO): 0% (era 0%)
  • Altino Prazeres (PSTU): 0% (era 0%)
  • Em branco/nulo/nenhum: 7% (eram 8%)
  • Não sabe: 4% (eram 4%)

Vídeo Silas Malafaia “destrói” Pablo Farçal que já pediu lona: “desculpa, Malafaia”

Marçal afina de Malafaia que o chama de “frouxo” e “psicopata”. Em meio à declarada “guerra espiritual” dentro do bolsonarismo, Marçal resgatou foto antiga com Malafaia, que deu chilique chamando o ex-coach de covarde e dizendo que “ele usa técnicas de neurociência para te manipular”. Veja vídeo

Em mais uma capítulo da “guerra espiritual” anunciada por ele contra Silas Malafaia, o guru de Jair Bolsonaro (PL), Pablo Marçal (PRTB) afinou ao ser chamado de “frouxo”, “psicopata” e uma lista de impropérios, publicou uma foto com o pastor e pediu “paz” em seu perfil no Instagram.

O bate-boca entre os dois escalou desde o último sábado, 7 de Setembro, quando Malafaia impediu Marçal de subir no trio elétrico onde estava ao lado de Bolsonaro no ato em que a horda neofacista pedia o impeachment de Alexandre de Moraes.

Na segunda-feira (8), Malafaia gravou um primeiro vídeo para falar “a verdade sobre Pablo Marçal no 7 de Setembro” e apanhou de ultraconservadores que embarcaram nos discursos vazios do ex-coach.

Ironizado, o guru de Bolsonaro voltou à tona nesta terça-feira (10) e aumentou a carga contra Marçal.

“Esse cara, ele mostra sinais de que é psicopata. Ele é megalomaníaco, manipulador e mentiroso. Vou provar isso. E agora ele dá um outro sinal: de bipolaridade. Ao mesmo tempo ele me elogia e me ataca. Me elogia e me denigre”, disparou Malafaia, afirmando que o ex-coacha usa “manipulação, para mexer nas suas emoções”.

Para “provar” a “megalomania”, o pastor midiático mostra uma publicação em que o ex-coach diz ser “Davi”, o segundo rei de Israel na narrativa bíblica.

“Me chama de Eliabe [irmão mais velho de Davi] e ele se chama de Davi. Olha a megalomania. Ele é herói, ele é o cara. E ele mente. Diz lá que eu ataco ele, porque ele não quis se submeter a mim. Tu é um mentiroso, coloco a mão na Bíblia”, emenda Malafaia, totalmente descontrolado.

O guru de Bolsonaro usa a principal bandeira do ultradireita neofascista – o impeachment e os ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – para dar a sentença sobre Marçal: “frouxo ou covarde”.

“Agora tem uma pergunta que não quer calar: por que você nunca pediu o impeachment de Alexandre de Moraes? Por que você nunca abriu a boca para falar dos crimes de Alexandre de Moraes? Botando gente presa, cerceando liberdade, promovendo perseguição ao Bolsonaro. Das duas uma: você é frouxo ou covarde, que tem medo de Alexandre de Moraes ou você tem acordo com ele”, diz.

Malafaia, então, recorre a uma reportagem do The Intercept que revelou a farsa do projeto de Marçal, que construiu apenas 30 das 300 casas em que arrecadou dinheiro para um projeto na África.

“Ei povo, acorda. Essa cara é uma farsa. O cara não consegue cumprir um projetinho desse lá na África. Esses projetos de megalomania em São Paulo, acha que vai fazer? Acorda evangélicos, povo da direita, cristãos, apoiadores de Bolsonaro. Ele usa técnicas de neurociência para te manipular”, acusou.

Vídeo

Mais tarde, Malafaia voltou à rede e fez uma publicação incitando seguidores a atacar Marçal: “sobre os crimes e o impeachment de Alexandre de Moraes você não fala nada! Está calado, frouxe”, escreveu o pastor, pedindo para seguidores “mandar lá no @pablomarcalporsp”, perfil do ex-coach no Instagram.

Foto e paz

Em resposta aos insultos de Malafaia, Marçal chegou a ironizar, mas depois afinou e pediu “paz” ao reproduzir a publicação nos stories de seu Instagram. “Desculpa, Malafaia”.

“A liberdade não tem dono e não vou fazer o que você deseja irmão. Coloca a foto do Pacheco ai. Paz”, escreveu, referindo-se ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem cabe pautar o impeachment de Moraes.

Marçal também publicou uma foto antiga ao lado de Malafaia para que os seguidores do guru de Bolsonaro coloquem os comentários, em pretensa ironia.

“Como eu posto muito, quem tá vindo pelo Silas pode comentar aqui que eu leio tudo”. escreveu.

Entenda

A “guerra espiritual” declarada por Pablo Marçal (PRTB) após ter sido enxotado por Silas Mafalaia do trio elétrico no ato de sábado, 7 de Setembro, aprofundou o racha dentro da ultradireita neofascista que gira em torno de Jair Bolsonaro (PL).

Conforme prometido, o guru do ex-presidente divulgou um vídeo para falar “a verdade sobre Pablo Marçal no 7 de Setembro” e disparou impropérios, classificando o ex-coach como “narcísico, megalomaníaco, soberbo e lacrador”.

“Esse cara é narcísico, ele é megalomaníaco, ele é soberbo, ele quer tirar proveito de tudo, ele é lacrador. Ele queria fazer cortes para sua campanha. Ele queria tirar proveito daquilo que ele não ajudou [a organizar] e não correu risco [de sofrer eventuais represálias]”, disparou Malafaia.

O chilique, no entanto, não deu resultado e Malafaia apanhou dos bolsonaristas que aderiram à facção de Marçal e foram aos comentários do vídeo no Instagram.

“Vai ter que engolir”, disparou um eleitor de Marçal.

“Quem é digno então? Silas Malafaia? Boulos, datena ou tabata?”, indagou outro.

“Todo mundo sabe quem é Pablo Marçal, ele não tem medo e não tem acordo nenhum. Ele só não conseguiu chegar a tempo e todos sabem onde ele estava”, emendou uma terceira.

Em resposta, Pablo Marçal disse que “está desafiando o Silas Malafaia” ao ser indagado se toparia um papo com o guru.

“Na verdade estou desafiando o Silas Malafaia. Vamos entrar aqui ao vivo. Você fala o que você quer e ouve o que você precisa”, disparou o ex-coach em storie do Instagram.

“Todo respeito ao que você construiu na religião, mas na política todas as coisas que você faz é fora da lógica. Apoiou o [Eduardo] Paes, o Lula. Está caladinho ai por causa do [Alexandre] Ramagem para não queimar seu filme, né? Porque você está apoiando o Paes ai. Deixa aqui em São Paulo, ninguém está precisando de você aqui”, emendou.
Revista Fórum

Pesquisa Atlas: Boulos tem 28%, Marçal, 24,4%, Nunes, 20,1% na eleição em São Paulo

Candidato do PSOL mantém posição; candidatos do PRTB e do MDB brigam pelo segundo lugar

Pesquisa do instituto Atlas/Intel divulgada nesta quarta-feira (11) mostra os candidatos Guilherme Boulos (PSOL) com 28%,  Pablo Marçal (PRTB) com 24,4% e Ricardo Nunes (MDB) com 20,1%  das intenções de voto para a prefeitura de São Paulo. Pela margem de erro, Marçal está em empate técnico com Boulos na disputa pela prefeitura.

O ex-coach também aparece pela primeira vez à frente do prefeito e candidato Nunes fora da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, embora por vantagem mínima. Marçal cresceu 8,4 pontos percentuais na comparação do levantamento de 20 de agosto. Boulos oscilou negativamente 1 ponto  (tinha 29%) e Nunes 1,9. (tinha 22%).

Tabata Amaral (PSB) registrou 10,7% (antes eram 12%). e José Luiz Datena (PSDB)  7,2% (antes eram 10%), seguidos por Marina Helena (Novo), 4,7% (antes eram 4,3%). Ricardo Senese (UP) tem 0,7% (antes eram 0,2%). O candidato João Pimenta (PCO) não pontuou. Brancos e nulos são 2,5% e 1,7% não souberam.

 

Campanhas

Os candidatos do PRTB Pablo Marçal e do PSOL Guilherme Boulos em debate (Foto: Reprodução vídeo)

Boulos ganha de Marçal no segundo turno

A Atlas também mediu cenários de segundo turno. Boulos tem 44,1%, contra 43,2% de Marçal, o que configura situação de empate técnico. Na pesquisa anterior,  os números de segundo eram 38% (Boulos) a 35% (Marçal).

No cenário contra Nunes, o candidato do PSOL perderia do candiato do MDB. O prefeito cresceu 4,7 pontos percentuais e chegou a 45,7% contra 38,5% de Boulos (que antes tinha 37%). Nos dois casos, brancos e nulos somam 13,6% e os indecisos, 2,2%.

O nível de confiança do levantamento é de 95%. Foram realizadas 2.200 entrevistas entre os dias 5 e 10 de setembro pela metodologia de recrutamento digital aleatório, na qual o questionário é aplicado via internet. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-01125/2024.

ICL Notícias

Shows de Gusttavo Lima consomem até 50% de orçamento de cultura de pequenas cidades

O cantor sertanejo costuma cobrar R$ 1,1 milhão por cada apresentação paga por prefeituras

Conhecido por ostentar um estilo de vida luxuoso e exibir nas redes sociais aviões e iates, Gusttavo Lima teve sua fortuna exposta nos últimos dias por um motivo nada glamuroso. Investigado por envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais na mesma operação policial que prendeu a “influenciadora” Deolane Bezerra, o cantor sertanejo viu a Justiça bloquear R$ 20 milhões e decretar o sequestro de imóveis e embarcações em nome de sua empresa, a Balada Eventos e Produções.

Fora do foco dessa investigação, porém, há outra fatia importante da renda de Gusttavo Lima que tem origem em uma prática bastante questionável.

Levantamento exclusivo feito pelo portal ICL Notícias revela que só em 2024 o artista faturou R$ 12,3 milhões em onze shows pagos por prefeituras, na maioria cidades pequenas e médias. Para isso os prefeitos usam boa parte do orçamento municipal, algo que pode comprometer outras iniciativas culturais e até o serviço em áreas como saúde e educação.

Na lista há cidades pequenas como Mara Rosa, em Goiás, que tem apenas 10 mil habitantes. No dia 23 de maio, o rei do tchê-tchê-re-re-tchê-tchê foi contratado para show na localidade por um cachê de R 1,1 milhão, o equivalente a 10,35% do orçamento municipal para a área de cultura no ano (R$ 10.629.800,00) e 1,31% do total da verba anual disponível para todas as secretarias (R$ 83.874.936,00).

Dividido o valor do cachê pela população, o resultado é um custo de R$ 102,80 por cada morador de Mara Rosa.

Contratação de Gusttavo Lima pelo município de Mara Rosa publicada no Diário Oficial

O ICL Notícias enviou perguntas ao prefeito da cidade, Flavio Moura, sobre o alto valor do cachê do artista. Assim que houver resposta será publicada neste espaço. Presidente do PT municipal, Flávia Cavalcante critica o gasto com o show. “É um absurdo. Sou professora e trabalho diariamente em escola que precisa ser ampliada e não é. Enquanto isso, o cara ganha esse dinheiro todo em uma noite?”, questiona ela, em entrevista ao portal. “Tem boas iniciativas sendo feitas pela prefeitura, mas ainda falta muita coisa na cidade: creche, concurso público para professores…”.

No município de Campo Verde, em Mato Grosso, Gusttavo Lima fechou no início de julho um contrato para se apresentar pelo mesmo cachê estratosférico de R$ 1,1 milhão. Nesse caso, o gasto do município com o cantor sertanejo equivale a metade do orçamento municipal para a cultura em 2024, mais precisamente 52,78% . Ou R$ 24,67 por cada um dos 44 mil habitantes.

Na montagem, Gusttavo Lima e a vista da pequena cidade de Campo Verde (MT)

Gusttavo Lima esteve no alvo em 2022

Há dois anos, o cantor estava no centro do escândalo que identificou prefeituras que comprometiam grande parte do orçamento para pagar altos cachês a artistas sertanejos – exatamente o que acontece agora.

Integrantes do Ministério Público de vários estados entraram em ação e cancelaram algumas apresentações. Os artistas não foram investigados, mas sim as prefeituras que os contrataram por valores considerados desproporcionais à própria receita e tamanho.

O foco da investigação chamou atenção especialmente porque muitas das estrelas desse gênero musical fizeram duras críticas à Lei Rouanet, por repassar dinheiro público de renúncia fiscal aos artistas — era essa a argumentação de Jair Bolsonaro, a quem a maioria deles apoia. Enquanto diziam isso, vários sertanejos recebiam milhões de reais de pequenas prefeituras do interior.

Entre estes, o maior cachê sempre foi o de Gusttavo Lima. Sua remuneração costuma ser o dobro de outros astros do mesmo estilo.

Ele apareceu aos prantos em um vídeo, em 2022, no qual reclamava das ações do MP e das críticas recebidas. “Não compactuo com uso de dinheiro público, tenho meus impostos em dia”, argumentou, como se os recursos de orçamentos municipais não fossem também dinheiro público.

Após publicar essa mensagem, o cantor reduziu o número de shows contratados por cidades pequenas no restante de 2022 e no ano de 2023.

Como mostra o levantamento do ICL Notícias, essa abstinência não durou muito.

Amplie para ver valores dos cachês

(Arte: Henrique Caldeira)

A lista de municípios de 2024 inclui Nova Russas, no Ceará, onde o show quase não aconteceu. Em julho, o Ministério Público entrou com ação requerendo cancelamento do evento “Festeja”, no qual Gusttavo Lima estava incluído, devido aos altos cachês. A juíza Renata Guimarães Guerra decidiu, porém, que não havia elementos suficientes para conceder a liminar solicitada pelo MP.

Em sua decisão, a magistrada destacou que os valores das contratações “foram estabelecidos com base em pesquisas de mercado e notas fiscais, estando em conformidade com os preços praticados”.

Assim, Gusttavo Lima botou no bolso R$ 1,2 milhão pela apresentação na cidade cearense.

João Gomes, integrante do partido Republicanos em Nova Russas e aliado do candidato a prefeito Pedro Ximenes, do PT, critica o gasto. “O show aconteceu no Centro de Eventos, recém-inaugurado e orçado em algo perto de R$ 5 milhões. Um único show custou 20% a obra. Isso não faz sentido”, diz Gomes.

O ICL Notícias enviou e-mail para o gabinete da prefeita da cidade, Giordanna Mano (PL) e assim que houver resposta será publicada aqui.

Além de Mara Rosa, Nova Russas e Campo Verde, os outros municípios em que Gusttavo Lima se apresentou esse ano são Tupã (SP), Icó (CE), Mossoró (RN), Pau dos Ferros (RN), Luis Eduardo Magalhães (BA), Petrolina (PE, Maceió (AL) e Mata Grande (AL).

Amplie para ver detalhes de cada cidade que contratou shows

A legislação permite que shows assim sejam contratados sem licitação. Mas desde 2022 promotores do MP estão atentos a esse tipo espetáculo por outros motivos: tanto pelo alto valor dos cachês quanto por questionar a capacidade das prefeituras de custeá-los.

Outra preocupação dos promotores nesses casos é coibir a prática de lavagem de dinheiro.

Atual secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo era chefe do Ministério Público em São Paulo, há dois anos, quando fez um alerta sobre essa possibilidade de desvio em contratação de shows feitas por municípios paulistas. “Existem algumas suspeitas e investigações. Porque a contratação pela prefeitura pode ser um ato de limpeza de recursos arrecadados de forma irregular”, afirmou então.

No entanto, nada indica que o MP desses estados vá causar dor de cabeça a Gusttavo Lima, como aconteceu em 2022.

A única preocupação do cantor nesse momento é a invetigação que a Polícia Civil de Pernambuco realiza em parceria com o Ministério da Justiça, em que ele está sob suspeita de lavagem de dinheiro de jogos ilegais. Os shows realizados para as prefeituras  por enquanto não têm causado stress para o sertanejo, apenas lucros.

Fonte:  ICL Notícias

 

O dia seguinte: Silvio Almeida está ‘destroçado’; amigos temem pelo futuro do ex-ministro

Amigos de Silvio Almeida temem que ele possa entrar em um quadro depressivo diante da perspectiva de destruição definitiva de sua carreira e reputação

O ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania Silvio Almeida está passando por um período de profunda tristeza e desgaste emocional após ser demitido pelo presidente Lula (PT) na última sexta-feira (6), diante de acusações de assédio sexual. Fontes próximas a Almeida, incluindo amigos da academia, da área jurídica e da política, relataram a Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, que o ex-ministro está destroçado e sem forças diante da situação.

Almeida, que é professor universitário, advogado e filósofo com formação em Direito pela Universidade Mackenzie e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), sempre foi uma figura respeitada no campo dos direitos humanos, especialmente na luta contra o racismo. No entanto, sua exoneração do governo, motivada por denúncias de assédio sexual, incluindo acusações envolvendo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, abalou profundamente sua carreira e reputação.

Segundo amigos próximos, o ex-ministro chorou durante a conversa com o presidente Lula na sexta-feira e tem manifestado grande tristeza em diálogos com pessoas de seu círculo íntimo. Almeida nega com veemência as alegações, tanto publicamente quanto em conversas privadas. Contudo, o temor é que o impacto emocional desse episódio possa se agravar, potencialmente levando-o à depressão, especialmente diante das novas dificuldades que deverão surgir após o escândalo.

Impacto na carreira e reputação

A saída do governo representa uma perda significativa para Almeida, mas seus amigos temem que as consequências possam ser ainda maiores. Além de colocar em risco sua trajetória política, a reputação do ex-ministro na área de direitos humanos está seriamente comprometida. Para muitos, a dúvida é se, como e em quanto tempo ele conseguirá recuperar sua imagem pública, o que pode afetar inclusive seus planos futuros de disputar cargos eletivos.

Entre aqueles que o conhecem, há uma divisão de opiniões sobre as denúncias. Alguns acreditam nas acusações e lamentam o que consideram ser um erro grave, que pode ter implicações legais, uma vez que assédio é crime. Outros, porém, têm dúvidas sobre a veracidade das alegações, embora reconheçam a seriedade das acusações feitas por Anielle Franco e outras mulheres. Há ainda aqueles que, com base em anos de convivência com Almeida, não acreditam na sua responsabilidade e o veem como vítima de racismo e de um possível complô.

Direito de defesa

Advogados que convivem com Silvio Almeida expressam preocupação com o que consideram ser um “linchamento público” do ex-ministro, sem que ele tenha tido a oportunidade adequada para se defender. Eles ressaltam a importância dos preceitos constitucionais de ampla defesa e contraditório, mesmo em casos de acusações graves como assédio sexual. Para eles, Almeida não está sendo tratado com a justiça e o respeito aos direitos fundamentais que ele sempre defendeu ao longo de sua carreira.

Brasil 247

Autoridades prestigiam desfile do 7 de Setembro em Brasília

Brasil celebra 202 anos de sua independência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, às 9h14 deste sábado (7), o desfile cívico-militar de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O tema deste ano é Democracia e Independência. É o Brasil no Rumo Certo.

O presidente Lula chegou à Esplanada em carro aberto, o Rolls-Royce presidencial tradicionalmente usado nesta cerimônia, após passar em revista as tropas próximo ao Palácio do Planalto.

O presidente foi recebido pelo ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, e pelos comandantes das três Forças Armadas.

Na tribuna de honra do evento, marcam presença ao lado de Lula o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco; o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e os ministros da Corte Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zannin e Edson Fachin.

Também estão na tribuna o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; e os ministros da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; da Casa Civil, Rui Costa; das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; das Mulheres, Cida Gonçalves; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; da Cultura, Margareth Menezes.

Brasília (DF) 07/09/2024     Desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Imagem reprudução TV.
Presidente Lula e autoridades no desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios – Imagem reprodução da TV

Também marcaram presença o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta. Ambos prestigiam a homenagem que a festividade faz ao estado afetado pelas fortes chuvas em maio.

Porém,  foram percebidas as ausências dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a primeira-dama, Janja da Silva.

A primeira-dama foi convidada pela xeica do Catar, Mozha bin Nasser al-Missned, para participar da 5ª Celebração do Dia Internacional para Proteger a Educação de Ataques, em Doha.

O público que ocupa as arquibancadas no Eixo Monumental, em frente à tribuna das autoridades, saudou o presidente Lula em sua chegada. A estimativa da organização do evento é que 30 mil pessoas compareçam à festividade da Independência.

Eixos temáticos

Neste ano, o evento que celebra do Dia da Independência está organizado em três eixos temáticos: a presidência rotativa do Brasil do G20 e a Cúpula de chefes de Estado que será realizada em novembro, na cidade do Rio de Janeiro;  o apoio e esforços para a reconstrução do Rio Grande do Sul, após as fortes chuvas de maio; e o último eixo trata do aumento da proteção da população, em especial, das crianças, por meio das campanhas de vacinação e a ampliação dos serviços de atendimento primário em saúde, com a retomada do programa Mais Médicos do governo federal.

Participam do desfile 30 atletas olímpicos que competiram nos jogos de Paris, entre julho e agosto, além do mascote da vacinação brasileira, o Zé Gotinha. O atleta Caio Bonfim que, na França, faturou a prata inédita para o Brasil na marcha atlética, foi o porta-bandeira do grupo.

Agência Brasil

Participação Política: Por que é importante?

 

Simone Regassone Grande – Assistente em Administração na UFSCar; pós-graduanda no PGCTS/UFSCar

Augusto César Regassone Grande – estudante do 7º ano do Fundamental II

 

Você já parou para pensar no que isso significa? Quando falamos de política, entendemos que a política é tomar decisões que tanto podem ser boas quanto ruins e que afetam a vida das pessoas. Além disso, a política é também um espaço de convivência e diálogo, ou pelo menos deveria ser. Quem faz política é quem decide o que vai acontecer, é quem faz as escolhas. O político tem autonomia para decidir, mas é importante que antes de mais nada ele escute as diversas opiniões existentes, buscando envolver o maior número de pessoas. Isso ajuda a criar um envolvimento político que atenda às necessidades da maioria da população.

Quando um político escolhe um caminho, ele está abrindo mão de outro.  Por exemplo, se você escolher jogar futebol, pode estar abrindo mão de jogar videogame. Há muitas opções para escolher, e ao optar por uma, você estará rejeitando ou excluindo outras. Para tomar essas decisões, é importante que o político escute as opiniões e, para isso, as pessoas precisam ter liberdade e autonomia para expressar suas necessidades. Caso contrário, podem acabar apenas concordando com as ordens dos outros, fazendo apenas o que os outros mandam, sem ter a chance de participar ou influenciar nas decisões. Quando há um envolvimento, você se sente parte do processo e vê suas necessidades atendidas.

Para tomar boas decisões políticas, é essencial entender o que está sendo decidido, pois as decisões afetam a todos. Também é preciso pensar nas consequências, ou seja, o que vai acontecer depois da decisão. Isso nos leva à importância de escolher bem os líderes que vão decidir o que é melhor para todos nós. Quando falamos de participação política, estamos nos referindo ao modo como cada um/a de nós pode ajudar a tomar essas decisões.

Podemos participar da política, mesmo quando somos jovens e ainda não temos a nossa emancipação, mas como? Podemos começar conversando sobre o que pensamos com amigos e familiares, pois falar sobre nossas ideias e ouvir as ideias dos outros é um ótimo jeito de aprender; estudando sobre nossos direitos e deveres (quanto mais sabemos, mais podemos contribuir para as discussões e assim formamos uma visão crítica); na escola realizando rodas de conversas sobre o que percebemos que pode ser melhorado no nosso entorno.

O voto é uma das formas mais poderosas de participação política, pois ali está a chance de decidir quem vai nos representar. É essencial lembrar que, na política, devemos respeitar as opiniões dos outros, mesmo que não concordemos com elas. A política deve ser um lugar onde todos podem expressar suas ideias de forma pacífica e construtiva. O respeito e a tolerância são fundamentais para que possamos construir um ambiente saudável e democrático.

Portanto, a participação política é sobre todos nós termos a chance de fazer a diferença e sermos ouvidos. Ao nos envolvermos, contribuímos para a construção de um futuro melhor, que garanta a o respeito integral aos Direitos Humanos, aos direitos fundamentais, à Constituição Federal de 1988, ao Estado Democrático de Direito (República, federação e democracia). A participação política é um direito de todos e, ao nos envolvermos, estamos ajudando a promover a dignidade humana e a inclusão de todos na sociedade

A verdade sobre as “300 casas” de Farçal na África e o estrago causado numa cidade

O picareta Pablo Farçal, candidato à prefeitura de São Paulo que se apresenta como benfeitor e empreendedor social, prometeu construir “300 casas” na comunidade rural de Camizungo, em Angola. Porém, após arrecadar pelo menos R$ 4,5 milhões em doações ao longo de cinco anos, apenas 30 foram realmente construídas, revelando-se um projeto bem aquém do anunciado.

Para a empreitada, registrada em dois filmes e inúmeros vídeos, Farçal arrecadou pelo menos R$ 4,5 milhões em doações em leilões transmitidos ao vivo nos últimos cinco anos, diz o Intercept Brasil.

A comunidade de Camizungo, situada a cerca de 50 quilômetros de Luanda, continua enfrentando condições de vida precárias, com falta de saneamento básico e acesso limitado à água e alimentos. As promessas de novas moradias, feitas por Farçal, inclusive levaram mais famílias para a região, agravando a situação já difícil.

Pablo Farçal, conhecido por sua retórica inflamada, iniciou seu envolvimento com Camizungo em dezembro de 2019, comprometendo-se a construir inicialmente 270 casas, número que logo subiu para 300. Em um documentário de 2020, Marçal afirmou que não deixaria o local até que todas as famílias estivessem devidamente alocadas em novas residências.

No entanto, sua recente visita à área em 2023, usada para promover sua candidatura à prefeitura de São Paulo, foi marcada por declarações enganosas sobre a conclusão das construções.

O candidato afirmou, em diversas ocasiões, que o projeto estava em fase de conclusão, citando a construção de 50 casas. Porém, verificações no local e imagens de satélite confirmaram que apenas 30 foram edificadas, o que desmente suas afirmações e evidencia uma prática de desinformação.

Além disso, a área total disponível para construção em Camizungo não comportaria as 300 casas prometidas, conforme os cálculos de espaço realizados. Essas descobertas foram corroboradas por funcionários angolanos da ONG Atos, que administra o local.

As doações para o projeto foram captadas por meio de leilões anuais organizados por Farçal desde 2019, e também por doações direcionadas a CNPJs de organizações no Brasil com pouca ou nenhuma relação com a empreitada em Angola, aumentando as suspeitas sobre a gestão dos recursos arrecadados.

Desde 2019, Pablo Marçal vem arrecadando fundos para o projeto de construção de moradias na comunidade rural de Camizungo. Em sua primeira viagem ao local, Farçal levou uma comitiva de 100 empreendedores brasileiros para conhecer a comunidade e incentivar doações. Apesar dos nossos questionamentos diretos à sua assessoria sobre o total arrecadado para o projeto, não recebemos resposta.

Farçal estipulou que o custo para construir cada casa seria de R$ 50 mil. Em 2023, durante um leilão beneficente em seu aniversário, ele afirmou ter arrecadado R$ 1,5 milhão, valor que, segundo ele, seria suficiente para construir 30 casas. No ano seguinte, ele alegou ter arrecadado mais R$ 3 milhões. “Em todos os meus aniversários, realizamos arrecadações e leilões. Eu trago muitos empresários para investir lá, e todos os recursos que produzimos na África ficam lá”, declarou Farçal ao UOL, em julho.

No entanto, a quantidade de casas que realmente foram construídas não corresponde aos montantes arrecadados, que seriam suficientes para a construção de pelo menos 90 imóveis, de acordo com o Intercept.

Farçal solicitou doações para Camizungo usando CNPJs de organizações que aparentam ter pouca relação com o projeto em Angola. Duas dessas organizações estão localizadas em Prata, uma cidade remota na Paraíba. Uma delas é o Instituto Atos, registrado em junho de 2023, cujo CNPJ aparece em um filme recente sobre Camizungo. Contudo, as administradoras registradas não são reconhecidas nos materiais da organização como representantes ou funcionárias.

Outro CNPJ mencionado para doações pertence à ONG Centro Vida Nordeste, que afirma promover o desenvolvimento sustentável no semiárido brasileiro, sem mencionar atividades em Angola.

O projeto em Camizungo é parte de um esforço de evangelização liderado pelo casal Vieira desde 2010.

Em 2018, eles intensificaram sua missão em Angola através do Instituto Atos. Farçal, juntamente com Ana Paula Valadão, foram convidados a apoiar e captar recursos para o projeto, que, além das construções, foca na evangelização das comunidades rurais angolanas.

Um professor da escola de Camizungo, mantida pela ONG Atos, descreveu a abordagem pedagógica do local como fortemente baseada na Bíblia, indicando a influência religiosa no projeto educacional da comunidade.

DCM

Topo Gigio

Por Vinício Carrilho Martinez

 

Quem é o Topo Gigio?

O Topo Gigio de hoje não é aquele bonequinho rosado e orelhudo, da infância de muitas pessoas mais velhas (esse da foto).

O Topo Gigio de hoje é amigo do metafísico (o advogado de Nárnia). Ambos defendem o oligopólio tecnológico e econômico de Elon Musk e estão contra, por suposto, o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).

O metafísico, na extrema direita, e o Topo Gigio na extrema esquerda, fizeram o óbvio: as extremidades da ferradura se encontraram no infinito ideológico em defesa da liberdade para o Musk avacalhar o Brasil.

Eles têm uma amizade curiosa, pós-moderna, meio alucinante nas redes antissociais. Ambos coabitam esse metiê insalubre, bem pouco inteligente. É provável que estejam agitados, nervosos, porque o ministro bloqueou o X: uma rede social ocupada pelas mensagens de ódio fascista, racista, golpista.

Particularmente, desconfio que não se conheçam. Afinal, na ferradura ideológica, estão em polos opostos (supostamente). E tem formações e profissões diferentes. O metafísico, como disse, é advogado em Nárnia, e o Topo Gigio se mete a fazer análises estruturais sobre o país e a economia. O que os une é a adoração e o culto às redes antissociais.

Sabe-se lá quantos seguidores se perderam em Nárnia ou quantos o Topo Gigio deixou órfãos. De repente, o órfão é ele. Sem acesso a um monte de proselitismo barato, chavões e palavras de uma ordem vazia, pode ter ficado sem munição.

Com um discurso que se repete, é o mesmo de há 20, 30 anos, o Topo Gigio precisa das redes antissociais para justificar sua ausência da vida real. Precisa das redes antissociais para sempre “atualizar” o nonsense de cada dia. O seu velho papo furado.

O Topo Gigio não foi sempre assim, adorador de conglomerados econômicos (do Musk, o golpista galático) e contra a “censura de uma rede antissocial que projeta discursos nazistas”. O Gigio teve um topo progressista na vida pregressa. Esteve na crista da onda crítica a tipos como Musk e que tais.

A onda do Gigio deve ter sentido falta de fôlego em algum momento, talvez quando tenha trocado a vida real pelo digital (obs: a pandemia já acabou faz algum tempo). Talvez tenha se embebedado da grana que, possivelmente, recebia (recebe) dos seus canais de exploração de bobagens digitais. Sim, a topologia do Gigio é digital.

O Gigio, parece-me agora, perdeu seu u-topos, sua Utopia, seu pensamento que um dia foi honesto (ou parecia ser), ficou sem topo nenhum. Sua práxis, seu discurso atual a favor da “liberdade transgredir a humanidade” nesse X e em outras redes sociais, estão a revelar que o Gigio mergulhou nas sombras, pulou do Topo, caiu da borda nem no fundo. Topo Gigio vive nessa tipologia golpista, que infelizmente consegue abduzir muita gente.

Topo Gigio, sinto muito, mas terei que chama-lo assim.

O nome verdadeiro já fiz questão de esquecer.

Agora restou uma personagem.

E uma crônica, no lugar da sua história.

Uma história bem esvaziada.

Quosque tandem Topo Gigio!!

Gusttavo Lima seria dono oculto da VaideBet, alvo de operação que investiga uma organização criminosa?

Presa na manhã desta quarta-feira (4) em Recife (PE), em operação que apura um esquema de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais, a advogada e influenciadora Deolane Bezerra já esteve anteriormente envolvida em outros casos policiais.

Um jatinho de propriedade de uma empresa do cantor bolsonarista Gusttavo Lima foi apreendido pela Polícia Civil de São Paulo. A operação que faz parte da Integration, a mesma operação que resultou na prisão da influenciadora e advogada Deolane Bezerra, de 36 anos.

Avião de Gusttavo Lima é apreendido em operação que prendeu Deolane Bezerra - TNH1Gusttavo Lima é garoto-propaganda da VaideBet, alvo de operação que investiga uma organização criminosa que movimentou R$ 3 bilhões provenientes de jogos ilegais. O proprietário da empresa está em viagem ao exterior acompanhado do próprio Gusttavo. Há quem diga que seriam sócios da VaideBet.

O ministro Kassio Nunes Marques, alçado ao STF pelo ex-presidente Bolsonaro, marcou presença na comemoração de aniversário de Gusttavo Lima em um iate de R$ 1 bilhão alugado pelo sertanejo para navegar na costa da Ilha de Mykonos, na Grécia.

Cruel e sem limites, Marçal condiciona a morte de Lula para sair candidato em 2026

Sinistro. Marçal diz que derrotaria Tarcísio e condiciona 2026 à morte de Lula. Segundo o Metrópoles, o candidato do PRTB à Prefeitura de SP, Pablo Marçal disse que só pretende disputar a eleição presidencial de 2026 se Lula estiver morto

São Paulo — O candidato à Prefeitura da capital pelo PRTB, Pablo Marçal, disse nesta terça-feira (3/9), durante agenda de campanha na zona sul da cidade, que venceria o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma eventual eleição presidencial em 2026.

Questionado sobre uma possível participação na disputa, caso tivesse apoio do bolsonarismo, Marçal disse que o único cenário em que concorreria é se o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morrer.

O candidato do PRTB voltou a afirmar que será “muito difícil” derrotar o petista em 2026.

“Isso pode trazer problema para mim, mas eu vou falar. Para eu disputar essa Presidência aí em 2026, só se o Lula morrer. Vaso ruim não quebra”, disse Marçal.

“Tarcísio não dá conta de concorrer comigo, não. Se o Lula morrer, não tem ninguém para ganhar isso aí [além de mim]”, acrescentou.

Fonte: Metrópoles

Apesar da baixaria, Boulos vence debate e Farçal esgota fórmula de lacrador, aponta pesquisa qualitativa

Líder das pesquisas, candidato do PSOL foi considerado o vencedor do confronto com adversários na disputa pela Prefeitura de São Paulo e o ex-coach de extrema direita foi altamente rejeitado

Guilherme Boulos (PSOL) foi o vencedor do debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo deste domingo (1). Enquanto Pablo Marçal (PRTB) dá sinais de ter esgotado a fórmula de lacrador e foi altamente rejeitado. É o que indica uma pesquisa qualitativa realizada por uma das campanhas durante o evento à qual a Fórum teve acesso.

O levantamento também mostra que Tabata Amaral (PSB) teve o segundo melhor desempenho na avaliação dos entrevistados. Ela foi vista como a mais emocionalmente conectada, ganhando destaque especialmente quando o debate se voltou para explicações mais racionais e detalhadas. Também foi a única que não solicitou direito de resposta, uma atitude que foi vista positivamente.

Já José Luiz Datena (PSDB), apesar de parecer confuso durante parte do debate, ainda manteve certo apelo entre os eleitores das classes C e D. Ricardo Nunes (MDB) teve uma performance considerada mediana, não se destacando significativamente.

Marçal, conhecido por seu estilo provocativo e egocêntrico, tem enfrentado rejeição crescente, com críticas indicando que sua abordagem pode estar perdendo o impacto.

Mais de 20 pedidos de resposta

O debate foi organizado pela TV Gazeta e pelo My News e foi o quarto deste período eleitoral, teve início às 18h e terminou às 20h30.

A mediação foi feita pela jornalista Denise Campos de Toledo. Foram cerca de 20 pedidos de direito de resposta. Candidatos usaram apelidos como “bananinha”, “Chatabata”, “Boules”, “fujão” e “tchuchuca do PCC” para se ofenderem.

Este foi o primeiro debate na cidade desde o ocorrido em 19 de setembro, organizado pela revista Veja, que contou com a participação de apenas três candidatos.

A ausência de Nunes, Boulos e Datena no último encontro foi atribuída ao desconforto gerado pelas táticas de Pablo Marçal, que envolviam publicar vídeos editados com ataques aos adversários nas redes sociais.

Participam do debate Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB).

Um triz para agressão

Marçal e Datena quase chegaram às vias de fato. No bloco para o confronto direto entre os candidatos Datena saiu do púlpito e andou em direção a Marçal. Houve receio de que o confronto evoluísse para uma briga física. Logo na sequência, o bloco foi interrompido e o desentendimento continuou nos bastidores.

No encerramento do debate, o ex-coach usou o episódio para se vitimizar. “Datena quase me agrediu porque não tem equilíbrio emocional” disse.

Os cinco blocos do debate

No primeiro bloco foram feitas perguntas entre candidatos, nesta ordem: Marçal, Nunes, Tabata, Boulos e Datena. No segundo, perguntas feitas por jornalistas. No terceiro, perguntas sobre os temas: mobilidade, educação, saúde, meio ambiente e economia e cada candidato escolheu adversário para comentar a resposta.

No quarto bloco, perguntas do público que foram encaminhadas pelas redes sociais e selecionadas pela organização do debate. No quinto e último bloco foram feitas as considerações finais.

Revista Fórum

Marçal usa falsos banco e seguradora para vender fama de “milionário que venceu na vida” nas redes

Apesar das afirmações de Marçal em palestras e entrevistas, ele não é sócio de nenhuma dessas empresas

Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, tem divulgado aos eleitores uma imagem de empresário bem-sucedido, alegando ter fundado um banco e uma seguradora, mas a realidade é bem diferente da imagem propaganda nas redes sociais e que engana a muitos.

Documentos revelam que essas alegações são enganosas, revela reportagem do Metrópoles. O banco promovido por Marçal não está registrado no Banco Central, e a seguradora não possui autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O chamado “General Bank” é, na verdade, uma plataforma que cobra R$ 45 para abrir uma conta em outra instituição financeira, devidamente autorizada pelo Banco Central, mas que oferece o serviço de forma gratuita. A seguradora, por sua vez, apenas revende produtos de outras empresas, sem autorização legal para operar como tal.

Apesar das afirmações de Marçal em palestras e entrevistas, ele não é sócio de nenhuma dessas empresas, e sua participação se limita ao uso das marcas registradas. A empresa responsável pela operação do “General Bank” está em nome de Bruno Pierro, amigo e apoiador de Marçal.

Saiba mais – Durante uma entrevista à Folha de S. Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin expressou severas críticas à candidatura de Pablo Marçal para as eleições municipais de São Paulo, caracterizando-a como um exemplo de “espetáculo e populismo”. “A candidatura desse candidato é um atraso. É uma candidatura espetáculo e populista. O resultado disso é muito ruim”, afirmou Alckmin, ressaltando sua preocupação com o impacto que tais campanhas podem ter sobre o cenário político.

Alckmin, que também serve como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, argumentou que as eleições devem anteceder o que acontecerá no governo, sugerindo que campanhas baseadas em espetáculos e populismo podem prenunciar uma gestão problemática. “Geralmente, as campanhas eleitorais antecedem o que vai acontecer no governo”, comentou ele, indicando a importância de avaliar as propostas e a seriedade dos candidatos.

Brasil 247

Anúncios de investimento no Brasil batem recorde, aponta levantamento do Bradesco

Crescimento dos anúncios tem sido observado mês a mês e abrange diversos setores, incluindo indústria, agroindústria, serviços e comércio

Os anúncios de investimentos no Brasil alcançaram o maior nível desde 2020, conforme um levantamento realizado pelo Bradesco. Entre janeiro e julho de 2024, foram registrados 362 anúncios de investimentos, representando um aumento de 23,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este número também supera o total de anúncios feitos no mesmo período de 2020, que foi de 397.

De acordo com Priscila Pacheco, economista do Bradesco, o crescimento dos anúncios tem sido observado mês a mês e abrange diversos setores, incluindo indústria, agroindústria, serviços e comércio. Pacheco explica que o foco do monitoramento são atividades que ampliam a capacidade produtiva do país, tais como abertura de novas lojas e fábricas, construção de edifícios e aquisição de equipamentos e veículos.

O Bradesco monitora anúncios de investimentos publicados na internet, jornais e outras mídias, mas não mede o valor dos investimentos, uma vez que estes podem ser distribuídos ao longo de vários anos. No setor industrial, houve um aumento significativo de 76,8% nos anúncios de investimentos nos primeiros sete meses de 2024, comparado com o mesmo período de 2023.

A economista destaca que o setor de serviços, que representa mais de 60% do PIB brasileiro, inclui a maior parte dos anúncios. Recentemente, o setor de saneamento também tem mostrado crescimento, impulsionado pela nova legislação e a necessidade de universalização dos serviços.

Outro ponto abordado por Pacheco é a modernização em curso, com substituição de maquinário e aumento da automação, especialmente na indústria automotiva. A confiança do empresariado na demanda aquecida é um dos fatores que têm incentivado os anúncios de novos investimentos.

Brasil 247

Nota de Repúdio contra o ataque de Ibaneis ao Eixão do Lazer

A Secretaria de Cultura do PT-DF vem a público manifestar seu veemente repúdio à decisão do Governo Ibaneis de atacar as atividades culturais e comerciais realizadas tradicionalmente aos domingos no Eixão do Lazer. Essa medida, além de prejudicar a vibrante vida cultural e econômica da nossa cidade, atenta contra um espaço que há anos promove a integração social, o lazer e a cultura para a população brasiliense.

O Eixão do Lazer, realizado aos domingos no Eixo Rodoviário do Plano Piloto, é um ponto de encontro vital para nossa comunidade, oferecendo oportunidades para que artistas, artesãos e empreendedores locais possam mostrar seus trabalhos e interagir com o público. Este ataque representa não apenas uma perda para a economia local, mas também uma afronta ao direito da população de desfrutar de atividades culturais e de lazer em um ambiente seguro e democrático.

Essa decisão, além de desconsiderar a importância cultural e social do Eixão do Lazer, demonstra um descaso com as necessidades e aspirações da comunidade. Exigimos a imediata reavaliação dessa medida e a retomada das atividades que fazem do Eixão um espaço de diversidade e enriquecimento cultural para todos.

A Secretaria de Cultura do PT-DF reitera seu compromisso com a defesa da cultura e dos direitos dos cidadãos e buscará soluções que promovam a cultura e o bem-estar da nossa cidade.

No próximo domingo dia 8 de setembro iremos participar do ato previsto para mobilizar a população em defesa do Eixão do Lazer. Assim que tivermos os detalhes de horário e local informaremos.

Brasília, 1º de setembro de 2024.

Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal

Secretaria de Cultura do PT-DF

Tabata projeta 2025 ao receber o Prêmio Congresso em Foco: “Que eu esteja como prefeita”

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) reconheceu durante discurso no Prêmio Congresso em Foco, entregue na quinta-feira (29), a importância que os parlamentares possuem para impactar a vida das pessoas. Ao receber o prêmio de melhor deputada, segundo os jornalistas que cobrem o Congresso, ela relembrou de projetos dos quais esteve à frente.

“Em nenhum outro lugar eu poderia escrever um projeto que muda a vida de quase 3 milhões de jovens, como é o Pé de Meia. Liderar uma luta ao lado de muitas das mulheres que estão aqui [para] que colocassem absorventes em todas escolas. A gente está em um lugar muito privilegiado para mudar a vida das pessoas”, disse a deputada.

Tabata Amaral também destacou a presença das outras colegas premiadas, em especial a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), com quem dividiu o primeiro lugar de melhor deputada na categoria. Para a parlamentar, o reconhecimento é um “atestado de que a boa política ainda vale a pena e ainda é possível”.

Ao final do discurso, a deputada ainda brincou e disse que não pretende vencer o Prêmio Congresso em Foco no próximo ano, pois quer ser prefeita de São Paulo, onde disputa as eleições municipais. “Eu espero que no ano que vem seja o primeiro ano que eu não seja premiada pelo Prêmio Congresso em Foco e que eu esteja como prefeita de São Paulo, lutando para que a gente cuide de quem mais precisa e recompense quem trabalha”. “Estarei em dinheiro pedindo dinheiro para São Paulo”, acrescentou.

Além de Tabata e Benedita, outros seis deputados foram premiados pelos jornalistas. São eles:

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Fonte: congressoemfoco.com.br

Erika Hilton ganha prêmio de melhor deputada do Brasil

A cerimônia da 17ª edição do Prêmio Congresso em Foco, aconteceu na noite de quinta-feira (29), em Brasília, e celebrou os bons exemplos de atuação legislativa e da participação popular na política brasileira.

Erika Hilton, do PSOL, foi eleita a melhor deputada do Brasil, por votação popular. Seu partido teve, inclusive, sete dos dez deputados mais votados este ano.

A deputada é a primeira mulher trans a vencer na categoria “Melhores na Câmara” e recebeu 88.616 votos. Outros dois deputados do Psol completam o pódio: Sâmia Bomfim (SP) e Guilherme Boulos (SP), com 60.826 e 33.570 votos, respectivamente.

“Que alegria receber mais essa premiação, que é um combustível para as batalhas duras e solitárias que enfrentamos diariamente na Câmara. O Congresso Nacional ainda não suporta a chegada da diversidade, da dissidência, daquelas e daqueles que sempre estiveram do lado de fora e que agora entram de cabeça erguida dizendo: ‘Nós mulheres negras pessoas LGBT, travestis e transexuais, temos um projeto de poder para esse país’. Seguimos lutando todos os dias naquele espaço pela reconstrução de um país melhor”, discursou Erika Hilton.

Trajetória 

Antes de chegar a Brasília, Erika Hilton integrou um mandato coletivo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), onde permaneceu até 2020, quando foi eleita vereadora da capital paulista. Em 2022, foi eleita como a primeira deputada federal negra e trans da história. Na Câmara, tem atuação destacada na defesa dos direitos de minorias, sobretudo em relação à comunidade LGBTQIAP+.

Em fevereiro deste ano, foi escolhida para liderar a federação Psol-Rede na Casa e se tornou a primeira trans a ocupar o cargo no Congresso.

Premiados

No total, 31 parlamentares mulheres e 49 parlamentares homens foram agraciados nas diferentes categorias do Prêmio. Também nesta edição, o público optou por eleger dois parlamentares LGBTQIA+ como melhores da Câmara e do Senado: Érika Hilton e Fabiano Contarato (PT-ES), eleito o melhor senador na votação aberta pela internet.

O júri escolheu dois gaúchos como os melhores do ano: o senador Paulo Paim (PT) e a deputada Fernanda Melchionna (Psol).

De maneira inédita, houve empate na escolha dos jornalistas: Benedita da Silva (PT-RJ) e Tabata Amaral (PSB-SP) ganharam como melhor na Câmara. No Senado, a primeira colocação foi dividida por Eliziane Gama (PSD-MA), Fabiano Contarato e Randolfe Rodrigues (PT-AP).

Parlamentares do PT estão entre os melhores do Prêmio Congresso em Foco

Treze integrantes da Bancada do PT na Câmara estão entre os destaques da política brasileira; na categoria “Melhor Senador do País”, todos os petistas foram eleitos pelo público, entre 15 vencedores

A cerimônia da 17ª edição do Prêmio Congresso em Foco, realizada na noite dessa quinta-feira (29/8), em Brasília, foi uma celebração dos bons exemplos de atuação legislativa e da participação popular na política brasileira. Treze parlamentares da Bancada do PT na Câmara brilharam e estão entre os destaques da política brasileira e defensores incansáveis da democracia. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) foi escolhida pelos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional como a melhor do ano. Os senadores do PT também estão entre os mais votados. O senador Fabiano Contarato (ES) é novamente eleito pelo público como o melhor do País.

Para a deputada, esse momento é ímpar no sentido de que foi uma escolha dos jornalistas. “Isso significa dizer que acompanham nosso trabalho no dia-a-dia na Casa. É sempre muito difícil colocar isso para fora da Câmara, porque as pessoas não acompanham o dia-a-dia. Que a gente possa cada vez mais dar a nossa contribuição em defesa da democracia”, afirmou.

Benedita da Silva também foi premiada entre os cinco melhores do Sudeste, as cinco melhores parlamentares no Júri Popular e recebeu Menção Honrosa na categoria voto do júri.

Centro-Oeste

Pela segunda vez consecutiva, a deputada Erika Kokay (PT-DF) foi escolhida pelo público como a melhor representante do Centro-Oeste na Câmara. “Recebi com grande honra e alegria o prêmio de melhor parlamentar do Centro-Oeste. Também fiquei em 15º lugar geral na categoria de parlamentares mais bem avaliados da Câmara Federal, ambos conquistados por meio do voto popular. Além disso, fomos reconhecidos pelo júri especializado como um dos melhores mandatos da Câmara. Essas conquistas refletem nosso compromisso e esforço contínuos. Meu agradecimento sincero aos votos que nos foram confiados nas urnas e no Prêmio Congresso em Foco”.

A deputada Camila Jara (PT-MS) foi eleita a melhor parlamentar do Mato Grosso do Sul e a segunda melhor do Centro-Oeste. Ela comemorou a conquista e dedicou o prêmio aos seus eleitores. “Ser premiada pela nossa luta é algo que nunca se torna comum, e confirma: a gente pode construir uma política diferente. Nós sonhamos com um Brasil mais justo, mais igual, e é com essa força coletiva que estamos reconstruindo nosso país. Esse prêmio é de vocês, que confiaram no nosso projeto e que me dão a força para seguir em frente. Seguimos firmes, com a certeza de que podemos ainda mais”, escreveu em suas redes sociais.

O deputado Rubens Otoni (PT-GO) também se destacou pela sua atuação sendo escolhido como o quarto melhor deputado da Região.

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) foi escolhida como a melhor deputada do Rio Grande do Norte e a terceira do Nordeste no Prêmio Congresso em Foco de 2024. “Muito obrigada a cada uma e a cada um que tirou um tempinho para fazer a avaliação e votar no nosso mandato. Esse resultado mostra que estamos no caminho certo e nos dá ainda mais energia para seguir lutando em defesa dos direitos do povo trabalhador e das coisas mais belas”, agradeceu.

Norte

O deputado Airton Faleiro (PT-PA) e a deputada Dilvanda Faro (PT-PA) se destacaram entre os cinco melhores parlamentares do Norte. “Ser a única mulher entre os parlamentares destaques do Norte é uma enorme honra, mas uma grande responsabilidade também, pois mostra que ainda temos um longo caminho a percorrer em busca da igualdade de gênero no Congresso Nacional”, apontou Dilvanda.

Para Airton Faleiro o reconhecimento reflete o compromisso que o mandato tem o desenvolvimento do Pará e com a defesa dos direitos da população. “ Agradeço a todos que acreditam e caminham ao nosso lado nessa jornada”.

Sul

No Sul, o PT teve três representantes entre os melhores, as deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e Carol Dartora (PT-PR) e o deputado Bohn Gass (PT-RS). Rosário comemorou o prestígio em ser reconhecida como uma das melhores deputadas do Brasil e do Rio Grande do Sul. “Esse reconhecimento é fruto do trabalho e da luta que realizamos juntos todos os dias”.

Estando em seu primeiro mandato como deputada federal, Carol Dartora se disse “realizada” e dedicou a conquista aos seus eleitores que “confiam e acreditam no meu trabalho e na potência dessa construção política pelas mãos de uma mulher negra”. Para Bohn Gass o prêmio Congresso em Foco significa estar do “lado da boa política”.

Também foram agraciados entre os 25 melhores parlamentares escolhidos pelo voto popular: Dandara (PT-MG), Jack Rocha (PT-ES) e Rogério Correia (PT-MG).  As deputadas Benedita da Silva, Carol Dartora, Erika Kokay e Maria do Rosário também foram agraciadas nesta categoria.

Senadores também brilham

O PT no Senado dominou, pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio Congresso em Foco. Na categoria “Melhor Senador do País”, o público elegeu todos os senadores e senadoras do partido entre os 15 vencedores, e consagrou Fabiano Contarato (ES) como o grande vencedor – assim como ocorreu na edição de 2023.

Além de Contarato em primeiro lugar, na sequência aparecem mais cinco petistas: Humberto Costa (PE), em segundo; Randolfe Rodrigues (AP), em terceiro; Paulo Paim (RS); em quarto; Teresa Leitão (PE); em quinto; e Augusta Brito (CE), em sexto.

A lista ainda é completada por Jaques Wagner (BA), em oitavo; Janaína Farias (CE) – que assumiu o mandato de senadora por quatro meses, neste ano –, em nono; Rogério Carvalho (SE), em 11º; e Beto Faro (PA), em 13º.

Leia mais: PT é o partido com mais premiações na história do Prêmio Congresso em Foco

Fabiano Contarato dedicou o prêmio à família, ao padre Júlio Lancelotti – que atua com e luta a favor das populações marginalizadas – e a todos que não têm vez e voz no país.

“Eu sei muito bem o lado que eu escolhi. Eu sei que, se você está do lado dos rejeitados, você vai ser rejeitado; dos excluídos, você vai ser excluído. Mas eu escolhi esse lado, e não quero mudar de lado. Tenho muito orgulho da população brasileira. Eu sonho com o dia em que o Congresso Nacional efetivamente represente a população brasileira. Porque ainda estamos longe de ter uma representatividade (adequada) da população pobre, preta, parda, indígena, quilombola, LGBTQIA+, das mulheres”, pontua o parlamentar.

Ao agradecer pela segunda colocação, Humberto Costa declarou que prêmio é um estímulo à atividade parlamentar, especialmente quando o debate de projetos importantes para a sociedade vem perdendo força. “O Congresso Nacional vem se preocupando quase que exclusivamente com emendas parlamentares. Na maior parte das vezes, sem a transparência necessária que elas precisam ter. E isso aqui é algo importante para que nós possamos fazer a política que nos cabe constitucionalmente”, disse o senador.

Jornalistas e júri

O Partido dos Trabalhadores ainda se destacou na votação dos melhores senadores e senadoras realizada por um grupo de 25 jornalistas que cobrem o Congresso Nacional, além de júri especializado.

Entre os jornalistas, na categoria “Melhores Senadores” do país, Fabiano Contarato e Randolfe Rodrigues foram escolhidos entre os vencedores – Paulo Paim esteve ainda entre os selecionados. Além deles, a senadora Eliziane Gama (PSD-AM) também ganhou na categoria.

Randolfe, laureado pela 45ª vez e recordista do Prêmio Congresso em Foco, dedicou o prêmio ao Brasil, “que voltou a sair da extrema pobreza”. “Ao Brasil que, a despeito do que dizia o mercado, pelo segundo ano consecutivo, vai crescer a quase 3%”, disse.

“Dedico esse prêmio sobretudo ao povo brasileiro, inventivo, transformador, alegre, misturado. Dedico, por fim, ao meu Amapá, e, sobretudo, aos povos originários que, muito antes dos europeus, ocuparam a margem esquerda daquele grande rio”, complementa.

Já na escolha do júri, na categoria “Clima e Sustentabilidade”, Fabiano Contarato foi selecionado entre os melhores.

Melhores por região

A população ainda votou nos melhores senadores e senadoras em cada região do país. Novamente, o PT no Senado dominou, emplacando vitórias no Norte, no Nordeste, no Sudeste e no Sul.

Randolfe Rodrigues foi o escolhido pelo público como o melhor da região Norte, em uma categoria que também teve o líder do PT no Senado, Beto Faro, entre os vencedores.

Na região Nordeste, só deu PT: além do vencedor, Humberto Costa, os demais escolhidos pelo público foram Augusta Brito, Jaques Wagner, Teresa Leitão e Janaína Farias.

Já nas regiões Sudeste e Sul, os ganhadores foram Fabiano Contarato e Paulo Paim, respectivamente.

Premiação

Foi a 17ª edição do Prêmio Congresso em Foco, que elege os melhores da Câmara e no Senado. Neste ano, foram incluídas ainda as categorias especiais “Clima e Sustentabilidade”, “Apoio à Indústria” e “Cidades Inteligentes”.

Todos os parlamentares puderam concorrer ao prêmio, desde que não estejam respondendo a processos de improbidade administrativa ou acusações criminais, nem tenham feito apologia à tortura, violência ou práticas contrárias ao Estado Democrático de Direito. Aqueles que faltaram a duas ou mais edições anteriores também foram excluídos.

De acordo com o Congresso em Foco, os mais de 900 mil votos do público foram validados após auditagem interna e externa – esta última sob responsabilidade da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF). Os processos garantem a segurança da votação.

No ano passado, a sigla também encabeçou a escolha feita pelo público. Contarato foi escolhido como melhor senador do país pela primeira vez, enquanto Humberto terminou em terceiro e Paim, em quarto. Em segundo lugar, ficou Randolfe Rodrigues, que recentemente retornou ao Partido dos Trabalhadores. Assim como em 2024, todos os demais senadores e senadoras estiveram entre os 15 primeiros colocados.

A importância do ato de ler – em três atos

Vinício Carrilho Martinez – professor/UFSCar

Natália Ramires Pedroso – graduanda em biologia/UFSCar

 

Esta nota faz referência ao livro de Paulo Freire (1986), A importância do ato de ler – em três artigos que se completam, um quase homônimo, mas também explora uma das experimentações que compartilhamos na disciplina Educação e Sociedade, na licenciatura da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar.

Neste 2024, lemos, conversamos e escrevemos sobre algumas obras do patrono de nossa educação. No andamento dessas aulas, diálogos, debates, algumas iniciativas individuais surtiram grande efeito pedagógico, como recurso de aprendizagem e de construção da massa crítica. Todo mundo construiu seu texto.

Um desses casos está sublinhado – como recurso, veículo de Autoeducação – no link que você acessa aqui embaixo:

https://drive.google.com/drive/folders/1XHnNxGs6pPxy051Y_pmR9AQ24QDLVVgA

São fichas de leitura. Por enquanto são três arquiteturas das aulas mais expositivas, mas também de leitura do próprio Paulo Freire e de reflexão continuada. Em breve, teremos mais fichas anexadas ao mesmo repositório.

O objetivo dessa divulgação é unicamente o de colaborar com outras pessoas, pois, um “método individual” pode ser compartilhado, como esforço permanente da Autoeducação Política.

 

Referência

 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler – em três artigos que se completam. São Paulo: Editora Autores Associados, 1986.

 

 

Anatel notifica operadoras a suspenderem a plataforma X, de Elon Musk

Anatel deve adotar todas as providências para garantir a suspensão, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF

 A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou nesta sexta-feira (30) que foi intimada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da decisão referente à suspensão do funcionamento do X (antigo Twitter) e está dando cumprimento às determinações nela contidas.

STF – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (30) a suspensão imediata e completa do funcionamento do X, antigo Twitter, em todo o território nacional até que decisões judiciais da Corte sejam cumpridas e as multas aplicadas sejam pagas. A ordem também valerá até a indicação de um representante da empresa no país.

De acordo com a decisão, tomada na Petição (PET) 12404, o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Manuel Baigorri, deve adotar todas as providências para garantir a suspensão. O relator também intimou a Apple e o Google para que adotem providências para bloquear o uso do aplicativo pelos sistemas iOS e Android, além de retirá-lo de suas lojas virtuais.

Segundo o ministro, o STF fez todos os esforços possíveis e concedeu todas as oportunidades para que a X Brasil cumprisse as ordens judiciais e pagasse as multas, o que evitaria a adoção dessa medida mais gravosa.

“Lamentavelmente, as condutas ilícitas foram reiteradas na presente investigação, tornando-se patente o descumprimento de diversas ordens judiciais pela X Brasil, bem como a dolosa intenção de eximir-se da responsabilidade pelo cumprimento das ordens judiciais expedidas, com o desaparecimento de seus representantes legais no Brasil para fins de intimação e, posteriormente, com a citada mensagem sobre o possível encerramento da empresa brasileira”, afirmou.

A decisão fixa ainda multa diária de R$ 50 mil a pessoas e empresas que utilizarem “subterfúgios tecnológicos” para manter o uso do X, sem prejuízo de outras sanções nos âmbitos cível e criminal.

Brasil 247

Moraes suspende a rede social X em todo o Brasil

Nesta sexta-feira (30), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão da rede social X, antigo Twitter, no Brasil. Moraes notificou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para cortar o acesso à plataforma em todo o território nacional em até 24 horas.

A Anatel é responsável por implementar a medida, mas a retirada do ar pode não ser imediata devido a questões técnicas.

A decisão de Moraes surgiu após o X não atender a uma ordem judicial para instituir um representante legal no Brasil. Na quarta-feira (28), o ministro deu um prazo de 24 horas para que a rede social atendesse à determinação, que expirou às 20h07 de quinta-feira (29).

Em vídeo de campanha, Lula exalta trajetória de Boulos e promete parceria que “revolucionará” SP

Presidente destacou histórico do psolista em movimentos sociais que defendem a democracia e a habitação. Assista

Em um vídeo de campanha publicado na manhã desta sexta-feira (30), o presidente Lula voltou a pedir votos em Guilherme Boulos (PSOL) na disputa à prefeitura de São Paulo e prometeu que, em uma eventual gestão do psolista, o governo federal promoverá uma parceria que “revolucionará” a cidade.

A peça exibe uma visita de Lula e da primeira-dama Janja a Boulos  e sua esposa, Natália, além de suas filhas, Laura e Sofia, na residência do candidato, em Campo Limpo, na Zona Sul da capital paulista. Durante o encontro, o petista afirmou que Boulos “construiu uma história extraordinária em São Paulo”.

Além disso, Lula avaliou que, pela ligação do psolista “com os movimentos sociais que brigaram nesse país pela democracia e por habitação, Boulos é, sem sombra de dúvidas, o mais qualificado dos candidatos para ser prefeito de São Paulo”.

O presidente da República também elogiou a candidata a vice-prefeita na chapa de Boulos, Marta Suplicy, destacando que a dupla “vai juntar o vigor e a força de um jovem com a experiência de uma mulher bem-sucedida”.

Já o candidato agradeceu a Lula pelo apoio e afirmou que pretende fazer a cidade ser “mais justa e humana”, além de não deixar que “a cidade mais rica do Brasil tenha tanta pobreza e tanta gente jogada, tratada como se não fosse gente, que volte a ser a cidade de oportunidades que acolheu o retirante nordestino que veio de pau de arara, virou metalúrgico e veio a ser presidente do Brasil”.

Brasil247

Coluna Zona Franca

Novo recorde

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, trará na tarde desta quarta-feira uma grande notícia, na coletiva de imprensa em que anunciará os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) relativos ao mês de julho. Com o resultado daquele mês, o número de vagas com carteira assinada criadas nos sete primeiros meses de 2024 será maior do que o acumulado em todo o ano de 2023. Ou seja: o dado dos primeiros sete meses do ano terá que ser maior do que o saldo de 1.483.598 empregos formais criados em 2023.

Novo recorde 2

Marinho não antecipou o número exato, mas para superar os dados de 2023, o número terá que ser próximo a 200 mil vagas formais em um único mês – o que representa um resultado extraordinário. O que Marinho antecipou é que os dados referentes aos postos de trabalho na indústria, de maior qualidade e renda, também serão muito positivos.  A explicação para o excelente desempenho do mercado de trabalho são as políticas de ganho de renda que têm marcado o governo Lula 3. É exatamente o aumento do poder de compra na base da pirâmide que tem estimulado a retomada do consumo no comércio, nos serviços e, por tabela, a geração de postos de trabalho. No evento, dirigentes de várias centrais sindicais fizeram um balanço extremamente negativo da Lava Jato, que, segundo o Dieese, destruiu 4,4 milhões de empregos no País.

Extrema pobreza cai

O aquecimento da economia nacional no período entre 2022 para 2023 – fim do governo de Jair Bolsonaro (PL) e início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – levou à queda no desemprego no país, ao aumento do rendimento dos trabalhadores e à redução da extrema pobreza. Apesar disso, a concentração de renda aumentou.

Taxando big techs

meme de HaddadO Ministério da Fazenda está finalizando uma proposta que visa a taxação das gigantes da tecnologia, conhecidas como big techs, e pretende encaminhá-la ao Congresso Nacional ainda neste semestre. A medida não faz parte do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, que será apresentado na próxima sexta-feira (30) pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, caso a taxação seja aprovada em 2024, ela poderá contribuir com as receitas do governo para o próximo ano. As estimativas iniciais indicam que a arrecadação adicional pode variar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões, segundo aponta reportagem da Folha de S. Paulo.

Incêndios criminosos em SP

Uma análise realizada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) observou os 2,6 mil focos de calor registrados no estado de São Paulo entre a quinta (22) e a sexta-feira (23), quando 30 municípios foram atingidos e estado declarou estado de emergência. De acordo com o estudo, divulgado nesta terça-feira (27), 81,29% dos incêndios ocorreram em áreas de uso agropecuário e começaram quase simultaneamente, em um intervalo de 90 minutos. Em apenas um dia (23), o estado de São Paulo registrou mais focos de calor do que Amazônia inteira. Estranho, né?

Farçal

É impressionante o quanto Pablo Farçal (PRTB) consegue enganar, ludibriar, de forma tão clara, os eleitores paulistanos. Nitidamente picareta, farsante e charlatão, Farçal é uma prova de que a extrema-direita é perigosa para a população, principalmente para as camadas mais pobres. Ah, não quer votar no Boulos? Tudo bem. Vota na Tabata, no Datena, na pqp, mas não votem nesse crápula, pelo amor de Deus.

Fumaça

É aterrorizante o nível da fumaça registrado nessa manhã no Espaço Alternativo, em Porto Velho. O mais impressionante mesmo é que as autoridades sanitárias de Rondônia não proíbem ou alertam para o perigo de se praticar exercícios fisicos sob esse clima de horror. Nem máscaras usam, esses desportistas.

 

Eleições 2024

A pesquisa da Quaest divulgada ontem pela TV Rondônia, considerada um norte para todas as candidaturas, meio que define quem vai para para o segundo turno, e quem vai participar das sabatinas da TV Rondônia e do debate final no dia 3 de outubro, três dias antes ds eleições. Mariana Carvalho (União Brasil) pontuou 51% e o segundo colocado, Léo Moraes (Podemos), 18%. A ex-juíza Euma Tourinho (MDB), em terceiro, com 4%, Célio Lopes (PDT) em quarto, com 3%, Samuel Costa (Rede) em quinto, com  2%, Ricardo Frota (Novo) em sexto, com 1% e Dr Benedito Alves (Solidariedade), em sétimo, com 1%. Estes dois últimos estão fora das sabatinas e do debate, segundo as regras da emissora que estabeleceu que somente os cinco primeiros participariam.

Intenção de votos espontânea 


A Quaest também pesquisou a intenção de votos espontânea. Nesse modelo o entrevistado não tem acesso a nenhuma lista com os nomes dos candidatos. Os dados também apontam Mariana Carvalho com 19%; considerando a margem de erro, ela tem entre 15 e 23%. Léo aparece em 2º com 3% e com a margem, pode chegar até 7%. Os candidatos Euma Tourinho (MDB), Samuel Costa (Rede) e Célio Lopes (PDT) estão empatados, com 1% cada. Dr. Benedito Alves (Solidariedade) e Ricardo Frota (Novo) não pontuaram no modo espontâneo.

Mariana comenta pesquisa

A líder Mariana Carvalho  comentou os resultados da pesquisa:  “Vamos seguir trabalhando, olho no olho dos eleitores, levando nossas propostas e nossa mensagem positiva de confiança em Porto Velho. Estou preparada e determinada a fazer a melhor gestão da capital e esses números da pesquisa mostram que estamos no caminho certo, mas é manter os pés no chão e dialogando com a comunidade”.

                                                  Pesquisa coerente

Pode ser uma imagem de textoOs números da pesquisa batem com a realidade. Os dois primeiros colocados, são os mais conhecidos pelos entrevistados, como atestou a sondagem da Quaest . Mariana Carvalho é conhecida por 61% dos eleitores de Porto Velho. Apenas 17% não conhece a candidata. Já Léo Moraes, é conhecido por 41% dos entrevistados e desconhecido por 28%. Euma, Benedito,  Célio, Samuel e Frota estão na casa dos 70% de desconhecimento pelos eleitores entrevistados.

Estratégias

Os resultados da pesquisa da Quaest movimentaram ontem os bastidores das campanhas dos principais candidatos a prefeito de Porto Velho. O segundo colocado, Léo Moraes, deve imprimir um novo ritmo, focado em levar suas propostas para as periferias. Na pesquisa espontânea, onde o entrevistado não tem acesso a nenhuma lista com os nomes dos candidatos, Léo pontuou com apenas 3%. Ou seja, o nome dele não está sendo bastante massificado. Que dirá os outros, com apenas 1%.

Extorsão no pix

Nesta terça-feira (27) circulou que o DC tinha se desligado da coligação da candidata a prefeita de Porto Velho, Mariana Carvalho (União Brasil), e tinha passado a apoiar o candidato Benedito Alves (Solidariedade). Na verdade, não houve desligamento algum, mas um deputado (federal)  denunciou uma tentativa de extorsão envolvendo o DC. A denúncia foi apresentada pelo deputado à Polícia Federal, acompanhada de fotografias e de um vídeo. Também foi apresentado um recibo de transferência bancária da conta de um assessor do deputado para a presidente do DC, Raimunda Lucia da Silva Teixeira. O Blog Entrelinhas teve acesso ao recibo. Gente, extorsão só no dinheiro vivo e em caixas de sapatos. Risos.

Extorsão no pix 2

Raimunda Teixeira, a presidente do DC, é mulher do ex-empresário Silvio Jorge, preso em Porto Velho na Operação Luminus, que há anos investigou suposta corrupção na Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (Emdur). De acordo com o que foi apurado, hoje Silvio Jorge trabalha com lobby. Ele teria conseguido se aproximar de um promissor político de Rondônia, e de acordo com o que circula nos bastidores, acabará ferrando a vida do cara. Conforme a denúncia, quem de fato controlaria o DC não é Raimunda Teixeira, e sim o marido dela, o lobista Silvio Jorge. Ele teria tentado extorquir o deputado, que não pagou e denunciou o caso à Polícia Federal. Como a tentativa de extorsão não deu certo, o DC anunciou que estava se retirando da coligação de Mariana Carvalho para apoiar Benedito Alves. Acontece que o partido permanece na coligação. Nada foi alterado perante a Justiça Eleitoral.

Candidatos a vereador de Porto Velho

Lista completa de todos os candidatos a vereador de Porto Velho, aprovados em convenções e registrados no TRE-RO.

 Clique aqui

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

Informações para a coluna:  rk@maisro.com.br

Acesse também: Patrulha Verde 

A Democracia

É bandido: em vídeo duro, Tabata conecta Marçal ao PCC (assista)

Em nova peça de campanha, a candidata a prefeita de São Paulo expõe o passado criminoso do ex-coach Pablo Marçal

Candidata a prefeita de São Paulo, Tabata Amaral (PSB) emplacou mais uma peça de campanha que viralizou nas redes sociais por desmascarar o passado criminoso do também candidato Pablo Marçal (PRTB).

No vídeo, Tabata cita o enriquecimento suspeito de Marçal, sua condenação por participação em esquema de fraudes bancárias, o relacionamento de seu entorno com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e, mais recentemente, por montar uma “máfia digital” para atacar adversários políticos e se autopromover nas redes sociais. Assista:

Brasil 247

Candidato a vereador da Rede é condenado por chefiar milícia no Rio de Janeiro

A história de Valdevar da Silva Júnior, o Valde (Rede), candidato a vereador de Nilópolis. Mesmo condenado a 7 anos e 6 meses de prisão por integrar uma milícia que explora pontos de mototáxi da cidade, ele pede o voto do eleitor. “Eu tenho um sonho para todo município, que as pessoas voltem a conversar nos seus portões sem serem assaltadas”, diz Valde, candidato a vereador de Nilópolis (RJ), na Baixada Fluminense, num vídeo postado em suas redes sociais na semana passada.

A preocupação com a segurança do município, assunto recorrente das postagens do candidato, contrasta com a sentença que o condenou, em fevereiro do ano passado, a 7 anos e 6 meses de prisão por integrar uma milícia que explora os pontos de mototáxi da cidade. Escutas autorizadas pela Justiça revelaram que Valde extorquia dinheiro de mototaxistas e circulava armado pela cidade: “Ou ele paga ou sai do ponto. Como eu vou deixar um cara rodar de graça?”, disse o político num diálogo interceptado pela polícia.

Pode ser uma imagem de canhoto de ingresso e texto

A interferência de facções criminosas nas eleições municipais já pode ser detectada nesse início de campanha pelo Brasil seja no lançamento de candidaturas ligadas a grupos de extermínio, PCC e Comando Vermelho quanto na cobrança de pedágios para entrar em territórios controlados pelo crime organizado. Assim como Valde — que passou mais de um ano preso, foi libertado em julho de 2023 e, atualmente, recorre da sentença em liberdade —, outros 13 candidatos são acusados de ligações com milícias no Rio.

Fonte: O GLOBO

O metafísico na escolinha rumo a Nárnia

Quando o metafísico voltou a estudar ele se deparou com sérios problemas, pois a Academia de Ciências de Nárnia estava em vias de profunda reformulação ou extinção. Dizer que o metafísico “voltou a estudar” é uma licença poética, um malabarismo para que quem nos lê possa entender o sofrimento desse indivíduo. Porque, essencialmente, o metafísico não sabe conjugar o verbo “estudar” – apesar de emitir opiniões sobre tudo.

A primeira aula do metafísico, desse retorno de quem não foi pra aula, trazia uma profunda questão entre Ética e consciência – que sintetizamos aqui no conceito de Ciência senciente: uma Ciência consciente dos seus males. Mais à frente ficará bastante claro.

Pois bem, assim iniciou o professor do metafísico:

– É interessante lembrar que existem muitos animais sencientes e que apenas o ser humano é capaz de torturar, ridicularizar, massacrar outros animais, da mesma espécie ou de outras, por prazer ou lucro de algum tipo. Há ainda os abusadores de animais ou que se “sentem em paz” quando veem pessoas e animais vivendo na rua.

Por esse caminho, o sadismo se associa à psicopatia ou sociopatia e todas as suas variáveis de indiferença à dor, ao sofrimento, à angústia humana – como a fome, a miséria, o abandono, a indignidade humana. É o cinismo de todo gênero em pleno funcionamento.

Também é interessante lembrar de Umberto Eco quando nos avisava sobre a “invasão dos imbecis[1]”, além da “burrice solene” (Nelson Rodrigues e tantos outros) que está na soleira de cada porta ou na palma de cada mão ocupada por celulares plugados em redes antissociais e comediantes de si mesmas.

Ainda é interessante recobrar a lembrança sobre o fato de que senciente provém de Sentiens – sentir em latim. Isto é, para tipos como o metafísico, sentir a existência da dor do Outro simplesmente é impossível, ineficaz ou invariavelmente nulo. É esse o estágio de civilidade em que se encontram os indivíduos que “naturalizam” (normalizam) o fato de animais e de humanos viverem nas ruas, sofrerem, morrerem à mingua.

Nesta rua da amargura, os sencientes não são humanos, pois estamos despersonalizados, bestializados, “imbecilizados”, ao menos para o metafísico e sua maioria de seguidores, a tal ponto que lhes é inevitável sentir prazer com o desprazer do Outro.

Esses imbecilizados – no sentido de já terem se apartado da inteligência social – são incapacitados, inócuos, se lembrarmos que qualquer sociedade funcional necessita de seres sociais habilitados ao convívio social. O contrário da invasão dos imbecis estaria no revigoramento da capacidade senciente.

E ainda é curioso, interessante, lembrar que a Ciência depende disso ou se projeta em humanos sencientes – uma Ciência que vê as pessoas, a dignidade humana. Uma Ciência consciente é uma Ciência senciente, capaz de sentir e de priorizar os sentimentos e os sentidos que interessam à humanidade.

Quantos pseudocientistas se aplicaram no DOI-CODI da ditadura pós-1964? Quantos pseudo-médicos ainda se voluntariam para negar a pandemia do Coronavírus e a totalidade das vacinas? Quantos pseudocientistas das Ciências Humanas se dedicam a desacreditar a si mesmos, negando-se a ver o óbvio que despersonaliza a sociedade brasileira? Aliás, para esses em particular, o óbvio é tão ululante que sequer saberiam dizer que obviedades são essas que estamos escrevendo sobre a realidade brasileira.

E os “pseudocientistas juristas”, os antigos e os novos negacionistas da aceitação e cumprimento dos Direitos Humanos, dos direitos fundamentais? Esses nem sabem diferenciar as nomenclaturas que utilizamos e assim, alegremente imbecilizados pelo capital e pelas Fake News, negam e violam qualquer noção básica de Justiça Social.

Por fim, mas, não menos interessante, é super interessante vermos como crescem os pseudocientistas que agora nem precisam mais consultar o “Dr. Google” para emitir pareces médicos, sociais ou jurídicos. A imbecilização de que falou Umberto Eco se massificou, corre feito sangue nas artérias das redes antissociais.

Por último mesmo, não poderíamos esquecer dos “jovens pseudocientistas” que, além de imbecilizados, são também infantilizados – adoradores de joguinhos em todas as horas. Antigamente se dizia que carregam consigo um certo “kit babaca”, altamente conectado com todos os mundos fora da Terra e dos problemas reais.

Neste momento o professor do metafísico se encaminhou para o final da aula:

–Se o século XXI tem muitas coisas interessantes, é preciso lembrar, tem também essas tantas imbecilidades mais do que interessantes.

– Nosso planeta não será visitado e muito menos colonizado, porque há imbecis demais. Nenhum ser senciente os aguenta, o que dirá o navegante de algum lugar que não seja Nárnia.

[1] https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/juca-kfouri/2024/08/23/humberto-eco-e-a-invasao-dos-imbecis.htm. Acesso em 24/08/2024.

Vinício Carrilho Martinez

Em ação do PSB, Justiça Eleitoral manda tirar perfis de Marçal do ar

Uma liminar solicitada pelo PSB foi deferida pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz e determina a suspensão das contas nas redes sociais do candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal. O perfil dele no Instagram, no entanto, ainda está no ar.

“Para coibir flagrante desequilíbrio na disputa eleitoral e estancar dano decorrente da perpetuação do “campeonato”, defiro o pedido de liminar, sob pena de imposição de multa diária no valor de R$ 10 mil”, detalhou o documento.

De acordo com a coluna de Raquel Landim, do UOL, com a liminar, estão suspensos os perfis no Instagram, YouTube, TikTok e o site da campanha, além de ficar proibido que ele remunere os “cortadores” dos seus conteúdos com a vinculação de Pablo Marçal como candidato a prefeito de São Paulo.

A liminar atende um pedido feito pela campanha da candidata à prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB-SP), que alega que Marçal comete abuso de poder econômico, ao remunerar indevidamente seus seguidores para promover sua campanha nas redes sociais. Ainda segundo a coluna, Marçal nega e diz que eles fazem isso espontaneamente porque lucram com sua imagem.

A decisão é liminar e ainda não foi julgado o mérito do assunto. “Com essa decisão, o que a Justiça Eleitoral está apontando é que há suspeitas concretas de que Marçal fez uso de recursos ilegais par se promover nessas eleições. É uma decisão liminar. Basicamente, Pablo caiu no antidoping”, informou a campanha de Tabata à colunista do UOL. A reportagem apurou que Marçal vai recorrer.

Acusado de relação com PCC, Marçal chama integrantes de seu partido de “bandidos” e PCC de empreendedores

O PCC está na campanha de Pablo Marçal. Coach condenado por integrar quadrilha de fraudes a banco, que vive um crescimento explosivo na corrida pela Prefeitura de SP, reagiu ao principal assunto do dia envolvendo seu nome

O coach Pablo Marçal (PRTB), um condenado pela Justiça a cinco anos e quatro meses de prisão por integrar uma quadrilha de fraudes a banco, e que é candidato a prefeito de São Paulo, resolveu reagir ao principal assunto do dia envolvendo seu nome: as acusações de que mantém relações estreitas com o PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa do Brasil e que opera em pelo menos 24 países. No entanto, o forasteiro goiano que quer comandar a maior cidade brasileira o fez de forma um pouco incomum e complicada.

Durante uma sabatina da Record TV, Marçal chamou os aliados de seu partido, muitos deles próximos e que bancaram sua candidatura, de “bandidos”, porque a polícia e o Ministério Público vêm descobrindo elo deles com o PCC.

“Como eu já fui investigado, fiquem à vontade. Pau nesses bandidos… Todos do meu partido que tiverem qualquer ligação com quem quer que seja, pau nesses bandidos”, disse o coach, com sua habitual informalidade oral.

Para tentar se desvencilhar da acusação, Marçal colocou a culpa na existência de partidos políticos, que são obrigatórios na legislação brasileira para que alguém lance seu nome na disputa por um mandato. “Partido é aquela coisa que mais atrapalha”, começou dizendo.

“Eu sonho é com o Brasil, meu partido é o Brasil. Eu sonho com o brasileiro podendo se candidatar sem partido político. O PCC está infiltrado em quase tudo. Eles fizeram virar uma megaoperação de empreendedorismo. Eu não tenho nada com esses caras”, acrescentou Marçal, nitidamente irritado com o questionamento.

Ele ainda insistiu que as acusações são por mera estratégia política de seus adversários, que tentam “manchar” seu nome. Na manhã desta sexta (23), Tabata Amaral (PSB), também candidata à Prefeitura de São Paulo, veiculou uma propaganda eleitoral na qual mostra um complexo organograma em que Marçal supostamente seria uma figura central na estrutura do PCC.

“Todo mundo quer me associar com qualquer tipo de coisa. Não me curvo para bandido, para crime. Cada um que se lasque”, falou ainda o candidato.

Revista Fórum

“A democracia liberal está colapsando no mundo”, diz José Genoino

O ex-presidente do PT vê o fenômeno Pablo Marçal como um reflexo da decadência da democracia

O ex-presidente do PT, José Genoino, afirmou que a democracia liberal está em um processo de colapso global. Segundo ele, “a democracia liberal está colapsando no mundo”. Genoino apontou que esse fenômeno está diretamente relacionado ao impacto do neoliberalismo e à ascensão de líderes de extrema-direita.

“O neoliberalismo criou uma legião de desamparados”, disse Genoino. Ele ressaltou que as consequências desse modelo econômico vão além da desigualdade social, afetando também o campo político e contribuindo para o enfraquecimento das democracias liberais.

Durante a entrevista, Genoino também criticou o papel das grandes empresas de tecnologia no cenário político atual. “As big techs estão se aliando com a agenda da OTAN”, afirmou, sugerindo que essas corporações estão contribuindo para a manutenção de uma ordem econômica e política que não atende às demandas populares.

Para Genoino, a esquerda precisa reconsiderar sua estratégia e visão de futuro. “O grande caminho da esquerda é uma democracia popular substantivada”, afirmou. Ele argumentou que é necessário “falar do futuro da utopia, para embalar corações e mentes em uma perspectiva transformadora e não apenas de manter o status quo”. Segundo Genoino, “se a esquerda ficar nos limites da democracia liberal, ela vai junto”. Ele destacou que, enquanto a democracia liberal pode ser um ponto de partida, “não pode ser o ponto de chegada”.

Genoino também comentou sobre a crise do sistema capitalista e os desafios enfrentados pela esquerda. “É uma nova era que estamos vivendo. Estamos vivendo a crise do sistema capitalista. A esquerda precisa ser anti-sistema”, afirmou. Ele alertou que o desafio é ser “anti-sistema sem ser sectário, sem ser seita”. Para Genoino, a situação é crítica: “Estamos no fio da navalha. Se esse modelo não for derrotado, ele pode levar junto a democracia, ele precisa ser derrotado.”

Ao discutir a figura de Pablo Marçal, Genoino afirmou que ele representa “o porão que emerge”, onde “tudo está relativizado”. Segundo ele, “o crime é relativizado, a ilegalidade é relativizada, a bagunça é relativizada, e o objetivo central é ser contra os valores da esquerda”. Para Genoino, a ascensão de figuras como Marçal é um sinal da “extrema direita que não tem limite”, que promove um “negacionismo civilizacional” e se alinha com “o que há de mais reacionário da história dos povos”.

Genoino concluiu dizendo que, embora a extrema direita possa mudar de forma, “o miolo é o mesmo”. Ele alertou para o perigo de se relativizar a verdade e a legalidade, o que, segundo ele, está se tornando uma estratégia comum entre os grupos que se opõem aos valores democráticos e de esquerda.

Brasil 247

Meio ambiente – o futuro ameaçado

Por LISZT VIEIRA*

A ameaça da crise ecológica aponta para uma verdadeira crise de civilização, para a necessidade de um novo modo de vida e de produção

1.

Rios voadores da Amazônia viram corredores de fumaça tóxica. A fumaça que há semanas queima a Amazônia e o Cerrado já atinge extensas áreas do Sul e Sudeste. Ela vem carregada dos perigos do carbono tóxico, emitido pela queima da vegetação. Este material, altamente absorvente, provoca o aquecimento atmosférico e causa doenças respiratórias.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já registrou 5.454 focos de queimadas no Amazonas nesses primeiros 20 dias de agosto. No mesmo período do ano passado foram registrados 2.331 focos, o que significa um crescimento de 233% (Amazonia Real, 20/8/2024),

O Brasil atinge 1/3 de vegetação nativa perdida desde colonização. Segundo o MapBiomas, o Brasil alcançou a marca de 33% de vegetação nativa (281 milhões de hectares) destruída no seu território desde o início da colonização europeia em 1500. As áreas foram alteradas por atividades humanas, como agropecuária e urbanização (UOL, 21/8/2024).

Tradicionalmente, a questão ambiental foi negada no Brasil, e em quase todo o mundo, considerada como inexistente. Os políticos, sejam de direita, centro ou esquerda, sempre rejeitaram o meio ambiente como questão política merecedora de atenção especial dos governos e das sociedades. Os políticos de esquerda diziam que, no Brasil, a questão era social, meio ambiente era um modismo importado da Europa. E chamavam os ecologistas e ambientalistas de “bicho grilo”.

Os de direita diziam que o problema no Brasil era econômico, a questão ambiental era bobagem, “coisa de viado”. E a mídia em geral chamava os ambientalistas de “alfacinha”. Isso atingia os professores universitários e cientistas que alertavam, décadas atrás, para a importância da proteção ambiental.

Nos últimos anos, principalmente a partir do início deste século, a situação começou a mudar. A percepção de que a questão ambiental era muito séria e podia trazer consequências desastrosas passou a superar a ignorância alimentada pelos interesses econômicos.

Os cientistas de toda parte, principalmente os reunidos no órgão da ONU chamado Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, IPCC na sigla em inglês, divulgaram suas pesquisas e alertaram para a necessidade urgente de medidas de proteção ambiental para combater a emissão de gases de efeito estufa (GEE) provocada pelo uso abusivo dos combustíveis fósseis – petróleo, gás, carvão – e pelo desmatamento e destruição dos recursos naturais.

Os cientistas ambientais e ecologistas, antes vistos como bobos da corte, passaram a ser levados a sério, mas os poluidores continuaram destruindo a natureza para sua produção econômica visando a lucro.

Em todo o mundo, aumentou de forma assustadora o número de eventos climáticos extremos, como inundações, secas, calor extremo, furacões, incêndios etc. Vivemos no período de maior aquecimento em mais de 2.000 anos. A última década foi a mais quente já registrada.  O mês de junho de 2024 torna-se o décimo terceiro mês consecutivo a ultrapassar o limite de 1,5°C do Acordo de Paris. As alterações climáticas recentes são sem precedentes em milhares de anos.

2.

O primeiro Quadro abaixo mostra o aumento da temperatura global em relação ao nível pré-industrial. E, a seguir, o segundo Quadro mostra os maiores países responsáveis historicamente pelas mudanças climáticas. É curioso observar que os dois maiores responsáveis, EUA e China, foram os dois primeiros na Olimpíada de Paris de 2024, assim como em Olimpíadas anteriores.

Como se vê, o Brasil ocupa o quarto lugar, depois dos EUA, China e Rússia. No Brasil, o grande vilão é o desmatamento provocado pelo agronegócio – agricultura, pecuária, mineração, madeireiras, garimpeiros.

Ao ser desmatada, a floresta libera GEE que vão contribuir para o aquecimento global e mudanças climáticas, bem como libera vírus, antes estocados em plena floresta. Em julho/agosto de 2024, o fogo atingiu santuários de animais no Pantanal. As cenas de bichos carbonizados repetem a tragédia de 2020, considerada o recorde de destruição do bioma. As secas na Amazônia e as queimadas no Pantanal tornam-se repetitivas e apontam para um futuro sombrio.

Segundo o cientista Carlos Nobre, a Amazônia tem sofrido intensa degradação nos últimos 50 anos, com a taxa de desmatamento mais alta entre as florestas tropicais do mundo. Anualmente, 16.000 km² de floresta são derrubados, totalizando mais de 1 milhão de km² desmatados e outro milhão em degradação. A Amazônia se aproxima de seu “ponto crítico”, de seu ponto de não retorno, a partir do qual a floresta vai se transformando em savana. Para impedir isso, segundo o cientista, é essencial eliminar todo desflorestamento e degradação florestal.

Fonte: IMAZON

Cerca de 13% de todas as espécies vegetais e animais conhecidas no planeta Terra são encontradas na Amazônia, sendo cerca de 50 mil espécies de plantas, 16 mil de árvores, 350 de primatas, 800 de anfíbios e répteis, 1.330 de aves e mais 100 mil insetos, entre muitos outros que são descobertos todos os anos. A floresta armazena cerca de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de carbono no solo e na vegetação acima do solo, além de ser um grande exportador de vapor d’água para fora da Bacia Amazônica.

Esses “rios voadores”, que liberam quantidade quase idêntica à vazão do rio Amazonas, cerca de 200 mil metros cúbicos por segundo, alimentam os sistemas hidrológicos das savanas tropicais do sul da Amazônia e até mesmo do centro-leste da América do Sul, um serviço ecossistêmico importante para o planeta.

3.

O relatório “Violência contra povos indígenas no Brasil”, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em julho de 2024, aponta que 208 indígenas foram assassinados em 2023, um aumento de 15,5% em comparação com 2022, quando 180 assassinatos foram registrados. O número de suicídios aumentou 56%. No total, os casos de “Violência contra a pessoa” – que abrange assassinatos, homicídios culposos, abuso de poder, ameaças, lesões corporais, racismo, tentativa de assassinato e violência sexual contra povos originários – recuaram, mas os números não refletem as promessas do atual governo.

Um dos principais conflitos enfrentados pelos povos indígenas nos últimos anos é o marco temporal, segundo o qual apenas as terras que eram ocupadas até 5 de outubro de 1988 – data da promulgação da Constituição Federal – podem ser reivindicadas pelos povos originários. O Supremo Tribunal Federal havia julgado a tese como inconstitucional em setembro de 2023, mas dias depois o Senado aprovou a lei do marco temporal. O Presidente Lula vetou, mas o veto foi revogado pelo Congresso.

As tragédias climáticas recentes no Brasil, como as grandes enchentes que inundaram novamente o Rio Grande do Sul em maio de 2024, mostram que o país não está adotando as políticas públicas necessárias para garantir a proteção ambiental. Essas políticas exigem visão de longo prazo. Mas o mercado e os governos têm geralmente visões de curto prazo, o primeiro visando a lucro, os segundos visando às eleições.

Para evitar essas catástrofes climáticas que tendem a aumentar, é necessário zerar desmatamentos, degradação florestal e incêndios da vegetação em todos os biomas. E estabelecer uma política de transição energética para superar o uso de combustíveis fósseis em favor de energia renovável. Ondas de calor, inundações, secas e incêndios atingiram, por vezes simultaneamente, todos os continentes em 2024.

Efeito direto do aquecimento global causado pelo homem, acentuado pelo fenômeno El Niño, o meio ambiente arde, sufoca, seca ou morre. Durante semanas, senão meses, os desastres climáticos têm ocorrido um após o outro, atingindo todos os países, às vezes ao mesmo tempo.

Hoje, lançamos carbono na atmosfera a um rimo 100 vezes mais rápido do que em qualquer época anterior ao início da industrialização. Metade do carbono lançado na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis foi emitido apenas nas últimas três décadas. Mantendo o atual padrão de emissões, chegaremos a mais de 4º C de aquecimento até o ano 2100. Isso significa que muitas regiões do mundo ficariam inabitáveis devido ao calor direto, à desertificação e às inundações.

Pelas projeções das Nações Unidas, teremos 200 milhões de refugiados do clima até 2050. Outras estimativas são ainda mais pessimistas: 1 bilhão de pobres vulneráveis sem condições de sobrevivência. Os desastres climáticos levaram ao deslocamento de mais de 43 milhões de crianças em seis anos.

A atual era geológica está sendo chamada Antropoceno, pois é a ação humana que provoca a redução drástica da capacidade natural de o planeta absorver o carbono e transformá-lo em oxigênio, o que implica temperaturas mais elevadas, mais incêndios florestais, menos árvores, mais carbono na atmosfera, um planeta mais quente.

É claro que os pobres são mais vulneráveis e vão sofrer mais do que os ricos. Trata-se de um problema de justiça ambiental ou, em outras palavras, de apartheid ambiental. Os países com menor PIB serão os mais quentes. Desastres naturais e eventos climáticos extremos constituem hoje os maiores riscos para a vida humana.

Os cinco principais riscos no longo prazo são os seguintes: (i) falha em mitigar as mudanças climáticas; (ii) falha em se adaptar às mudanças climáticas; (iii) desastres naturais e eventos climáticos extremos; (iv) perda da biodiversidade e destruição do ecossistema; (v) crises de imigração em massa de refugiados.

4.

O mundo, no atual estado de coisas, está sendo catapultado para uma nova fase ecológica – menos propícia à manutenção da diversidade biológica e de uma civilização humana estável. As condições de existência de milhões ou talvez bilhões de pessoas serão destruídas e a própria base da vida como a conhecemos hoje ficará sob ameaça. pondo em risco a vida das populações mais vulneráveis do planeta.

Temos de reconhecer que é a lógica de nosso modo de produção – o capitalismo – que impede a criação de um mundo de desenvolvimento humano sustentável que transcenda o desastre que aguarda a humanidade. Para nos salvar, devemos criar uma lógica socioeconômica diferente, que aponte para outro modelo de civilização baseado no projeto de uma revolução ecossocialista.

A civilização do combustível fóssil ameaça a sobrevivência humana no planeta. Produz calor letal, fome pela redução e encarecimento da produção agrícola, destruição das florestas por incêndios, esgotamento da água potável, morte dos oceanos, tufões, inundações, ar irrespirável, pragas, secas, colapso econômico, conflitos climáticos, guerras, crise de refugiados.

As fontes de energia renováveis tornaram-se competitivas, mas as forças econômicas do mercado e os governos por elas controlados sabotam a transformação da energia fóssil poluidora em energia renovável que, entretanto, vem crescendo consideravelmente. Mas os fósseis dominarão a matriz energética até 2040, no mínimo. Os combustíveis fósseis – petróleo/ gás/carvão – deverão constituir ainda três quartos da matriz energética mundial em 2040.

Por outro lado, o conceito de crescimento econômico baseado na destruição de recursos naturais vem sendo questionado em toda parte por movimentos ambientalistas, com fundamento em novos conceitos como, entre outros, o Ecossocialismo.e o Decrescimento. O homem é o único animal que destrói seu habitat, o que coloca em questão sua racionalidade de homo sapiens.

Tudo em função da produção econômica baseada na busca do lucro máximo. Trata-se de uma crise de civilização. O estilo de vida que herdamos da sociedade industrial está ameaçado. O futuro será baseado em energias renováveis ou não haverá futuro.

Mas a mudança para uma economia global com base na transição energética levará a conflitos, com implicações geopolíticas por afetar as fontes do poder nacional, o processo de globalização, as relações entre as grandes potências e entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

De qualquer forma, a transição energética, por si só, tampouco será suficiente. A ameaça da crise ecológica, motivada pela destruição da biodiversidade e pelo aquecimento global causado pelas mudanças climáticas, aponta para uma verdadeira crise de civilização, para a necessidade de um novo modo de vida e de produção, ou seja, de uma profunda transformação ecológica para garantir a sobrevivência da humanidade no planeta.

*Liszt Vieira é professor de sociologia aposentado da PUC-Rio. Foi deputado (PT-RJ) e coordenador do Fórum Global da Conferência Rio 92. Autor, entre outros livros, de A democracia reage (Garamond). [https://amzn.to/3sQ7Qn3]

A denúncia contra Alexandre de Moraes

Por JOSÉ DIRCEU*

A denúncia contra Moraes mostrou o quanto setores da sociedade e da mídia tentam se alinhar com a nova face do bolsonarismo, que respondem pelo nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

Causa estranheza o destaque dado pelo jornal Folha de S. Paulo à denúncia de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, teria agido fora dos ritos para solicitar, por meio de auxiliares, que o Tribunal Superior Eleitoral – do qual à época era presidente (ele anteriormente a corte de agosto de 2022 a junho de 2024) – produzisse relatórios para embasar o inquérito das fake news.

O inquérito foi aberto por ele ainda em 2019, contra jornalistas e comunicadores que insistiram em divulgar notícias falsas contra o sistema eleitoral, os tribunais superiores e os seus ministros, pregando o discurso do ódio.

Estranheza porque, como bem disse o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, não faz sentido o ministro Alexandre de Moraes oficiar a si mesmo. A fundamentação da denúncia é tão pueril que Alexandre de Moraes recebeu o apoio de todos os seus pares, do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de muitos políticos e até de expoentes da ultradireita, como o jurista Ives Gandra Martins e a ex-deputada Janaina Paschoal.

É importante notar que a denúncia foi muito bem embalada e de ampla repercussão. A reportagem que a sustenta tem coautoria de Glenn Greenwald, jornalista estadunidense responsável pela denúncia da Vaza Jato , cujos documentos foram fundamentais para anular os processos contra o presidente Lula, reconhecer sua inocência e restituir seus direitos políticos.

Contudo, os bolsonaristas passaram a pedir o impeachment de Alexandre de Moraes e defender que todas as punições dadas por ele sejam revistas. Querem, ainda, anistia para os golpistas de 8 de janeiro de 2023 e para o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro – tanto em torno dos primeiros quanto do segundo o cerco vai se fechando.

A denúncia foi publicada na mesma semana em que se inicia a campanha eleitoral de prefeitos e vereadores e, como o Brasil não apoiou a articulação das plataformas digitais e redes sociais, que hoje são um importante veículo de propaganda eleitoral, todo o controle da disseminação de notícias falsas estarão nas mãos do TSE.

Fragilizar a figura do ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito das fake news e que à frente do TSE criou o Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciede), que vai atuar pela primeira vez nestas eleições, é importante para a estratégia eleitoral bolsonarista, pois ela depende da propagação de mentiras para manter suas bases estimuladas e homologadas. Se o TSE for muito ativo, ela perde pontos.

Também chama a atenção que a denúncia tenha repercutido nas redes de direita no exterior e tenha sido comentada por Elon Musk, dono do X (ex- Twitter) e crítico de Alexandre de Moraes, a quem acusa de cercear a liberdade de expressão com seu inquérito das fakes news, através do qual determinou a suspensão de contas de extremistas em redes sociais.

Elon Musk, um sul-africano que se tornou bilionário nos Estados Unidos e é dono de várias empresas de tecnologia, é apoiador declarado de Donald Trump, que, como Jair Bolsonaro e seus seguidores, é adepto da disseminação de mentiras nas redes sociais.

Neste sábado (17 de agosto), o Global Government Affairs, do X, anunciou na rede do microblog que estava encerrando sua operação no Brasil para “proteger a segurança de sua equipe”, e atribuiu a decisão às ações determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes (no âmbito do inquérito das notícias falsas). Melodramaticamente, encerra o comunicado com a seguinte frase, que bem evidencia que Elon Musk se pretende dono do mundo: “O povo brasileiro tem uma escolha a fazer – democracia ou Alexandre de Moraes”.

Não resta dúvida de que a denúncia, que já começou a refluir, mostrou que a extrema direita está muito ativa e atenta a todos os movimentos de que possa se aproveitar para fortalecer sua posição em direção ao seu projeto de poder para 2026. Mostrou também o quanto setores da sociedade e da mídia tentam se alinhar com a nova face do bolsonarismo, que respondem pelo nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas – a “suíte” [no jargão jornalístico, reportagem que explora os desdobramentos de um fato noticiado] saiu da Polícia Civil paulista.

Tarcísio de Freitas é aquele que vendeu à Sabesp um preço de banana, fazendo a alegria dos rentistas, e promete, se chegar à presidência, privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa e, quiçá, o BNDES. A Faria Lima já faz fila para apoiá-lo. Não podemos permitir que isso aconteça.

*José Dirceu foi ministro da Casa Civil no primeiro governo Lula. Autor, entre outros livros, de Memórias – Vol. 1 (Geração editorial). [https://amzn.to/3H7Ymaq]

Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo.

Tabata aponta ligações de Marçal com o tráfico de drogas

Em peça de campanha, a candidata a prefeita de São Paulo escancara o relacionamento de Pablo Marçal e seu entorno com o PCC

Candidata a prefeita de São Paulo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) divulgou nas redes sociais na noite desta quinta-feira (23) uma peça de campanha em que escancara as ligações do ex-coach Pablo Marçal, também candidato a prefeito da capital paulista, com o PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa do Brasil.

Tabata cita no vídeo Renato Cariani, Leonardo Avalanche, André do Rap, ‘Piauí’, Valquito, Escobar, Júlio César Pereira (o ‘Gordão’) e Francisco Chagas de Souza (o Coringa): “tem uma figura que liga todos esses elementos”, diz a candidata, mostrando uma foto de Marçal em seguida. Assista:

Brasil 247

Tabata Amaral deve apoiar Boulos desde já para evitar um desastre em SP com o picareta Farçal

A última pesquisa Datafolha revelou um cenário preocupante para a Prefeitura de São Paulo: o coach Pablo Farçal (PRTB), cuja ficha policial é tenebrosa, bem como de membros de seu partido, ganhou força expressiva e empatou na liderança com o deputado Guilherme Boulos (PSOL), com 24%, e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 19%.

O delinquente Farçal, que saltou de 14% para 21% nas intenções de voto, representa uma extrema direita populista e demagógica, que, se consolidada no segundo turno, poderia resultar em um desastre para a cidade e o país.

Diante desse panorama, o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que caiu de 14% para 10%, e a deputada Tabata Amaral (PSB), com 8%, emergem como figuras cruciais para a manutenção da democracia. A ascensão de Farçal reflete uma tendência que vimos crescer globalmente, em que influenciadores digitais e figuras carismáticas e truculentas ganham espaço na política, com consequências catastróficas.

Na França, a extrema-direita foi derrotada porque houve o “processo das desistências”, como definiu a cientista política francesa Florence Poznanski. Para evitar que o partido Reunião Nacional, da fascista Marine Le Pen, ocupasse mais cadeiras no parlamento, mais de 200 candidatos de centro e de esquerda se retiraram da disputa para concentrar os votos nos bem colocados.

Assim, em distritos eleitorais onde havia três candidatos, ficaram apenas dois. Os eleitores contrários ao fascismo concentraram seus votos em uma única opção. “Foi inclusive por isso que a coligação de Macron teve um resultado muito melhor do que no primeiro turno. Porque a esquerda desistiu em vários distritos”, diz Florence.

Jair Bolsonaro e Pablo Farçal. Foto: reprodução

Se Farçal chegar ao segundo turno, a eleição se transformará em um embate entre a racionalidade e o extremismo, entre a manutenção da política versus uma agenda ultraconservadora, retrógrada e bandida.

Tabata Amaral não tem chance diante desse quadro. Guilherme Boulos, por outro lado, tem se consolidado como uma liderança capaz de unir diversas forças progressistas em torno de um projeto comum para São Paulo.

Seu compromisso com a justiça social, a moradia digna e os direitos humanos o torna a escolha natural para enfrentar os desafios que a cidade enfrenta. Ao apoiar Boulos, Tabata pode não apenas ajudar a evitar um segundo turno desastroso, mas também garantir que a civilização prevaleça — além de ajudar sua própria sobrevivência política.

DCM

Caiu o pix: Marcelo Bimbi desmente acusações e pede desculpas

Governador do Acre rebate acusação de estupro de Marcelo Bimbi; Famoso afirmou que foi abusado pelo político durante um encontro, contudo, voltou atrás (caiu o pix)

“Separe a pipoca que o babado é forte!” Após ser acusado de abusar sexualmente de Marcelo Bimbi, ex-marido de Nicole Bahls, chegou a vez da réplica para o governador do Acre, Gladson Cameli.
Na manhã desta quarta-feira (21), o famoso afirmou que foi abusado pelo político durante um encontro. “Uma vez o senhor me levou para o seu apartamento em Brasília e me abusou. E vou provar! Eu fui bolinado pelo governador do Acre”, insistiu.
Por meio de nota, o político afirmou que “preza pela democracia e pelo direito de todo cidadão expressar seus questionamentos à sua gestão no governo do Acre”.
Gladson alertou que sempre respeitou o contraditório, mas “não dá direito, a quem quer que seja, fazer ataques à sua honra” e pontuou que “acusações infundadas de suposta perseguição ou ilação sobre fatos desta natureza, serão respondidas no âmbito jurídico específico”.
Além disso, o governador sugeriu a instauração de um inquérito policial para a investigação sobre a acusação gravíssima de Marcelo Bimbi. “Além das ações criminais e cíveis no âmbito da Justiça Estadual”, finalizou.

Marcelo Bimbi desmente acusações e pede desculpas

O caso tomou mais um desdobramento, o ex-A Fazenda voltou a público para se pronunciar, mas, dessa vez, se desculpou com o governador e garantiu ter sido vítima de hakers da internet.
Por nota de esclarecimento ele disse: “Nota de esclarecimento e repúdio: venho publicamente prestar minha irrestrita solidariedade ao governador Gladson Cameli em razão dos ataques absurdamente atribuídos a mim em minha conta pessoal do Instagram.”
“Quero esclarecer que fui alvo de um ataque hacker por alguém que desconheço e contra quem estou prestando queixa e espero que seja exemplarmente punido e enquadrado no rigor da lei de crimes cibernéticos, conforme o meu desejo expressado às autoridades em queixa crime na delegacia de polícia”, disse em nota.
Fonte: Uai.com

Abuso sexual: ex de Nicole Bahls acusa governador bolsonarista, réu por corrupção, de estupro

Modelo Marcelo Bimbi fez as acusações nas redes sociais e diz que sofre ameaças. Feroz apoiador de Bolsonaro, Gladson Cameli, do Acre, diz que vai responder com ações na Justiça

Ex-marido da modelo e apresentadora Nicole Bahls, Marcelo Bimbi, publicou uma série de stories em seu perfil no Instagram na noite desta terça-feira (20) em que acusa o governador bolsonarista do Acre Gladson Cameli (PP) de abuso sexual e estupro.

“O senhor, comia o ‘vulgo’ roxin. Uma vez o senhor me levou pro seu apartamento em Brasília e me abusou. E vou provar”, diz Bimbi, que na manhã desta quarta-feira (21) fez nova publicação sinalizando que está viajando para Brasília.

“Jaja, Bsb. Acredito em todo judiciário”, escreveu o modelo, ator e apresentador, que participou de realityes shows como A Fazenda e Power Couple Brasil, na TV Record.

Bimbi ainda desafiou o governador do acre, marcando Cameli na publicação: “confessa que não me estuprou?”.

O modelo ainda afirmou que está sendo ameaçado e pediu ajuda pois, segundo ele, “esse governador do Acre, com seus capangas, vai me pegar”.

“Senhor Gladson, você me usou como uma mulher. Teus amigos, inclusive um me ofereceu 13 mil reais pra matar a irmã dele. Ou o senhor manda me matar ou vou resolver”, emendou – veja as publicações ao final da reportagem.

Outro lado

Também pelos stories do Instagram, o governador bolsonarista rebateu as acusações na manhã desta quarta-feira em nota assinada pela sua equipe.

O texto diz que Cameli preza pela democracia e “pelo direito de todo cidadão expressar seus questionamentos à sua gestão no governo do Acre”.

No entanto, ressalta que “isso, porém, não dá direito, a quem quer que seja, fazer ataques à sua honra”.

“Cada acusação à sua honra, acusações infundadas de suposta perseguição ou ilação sobre fatos desta natureza, serão respondidas no âmbito jurídico específico, com instauração de inquérito policial para a devida investigação, além das ações criminais e cíveis no âmbito da justiça estadual”, diz o texto.

Réu por corrupção

Em maio deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou denúncia da  Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Gladson Cameli réu por corrupção.

Cameli, feroz apoiador de Bolsonaro que cumpre o seu segundo mandato como governador do estado nortista, é acusado de liderar um esquema de fraude em licitações desde 2019, que resultou em prejuízos de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

A PGR chegou a pedir o afastamento do governador do cargo, mas o tribunal negou a solicitação e permitiu que ele continue exercendo o mandato.

Segundo a denúncia do Ministério Público, o governo do estado do Acre contratou uma empresa de engenharia chamada Murano para manutenção predial.

O problema é que a empresa sequer tinha escritório no Acre ou tinha atuado no estado. Além disso, para contratá-la, não utilizou o método de licitação. Um dia após a assinatura do contrato, a empresa fechou uma parceria com a empresa Rio Negro, cujo sócio é Eládio Cameli, irmão do governador.

Gladson, como chefe do governo do Acre, é apontado como uma das principais figuras no esquema. Além deles, outros membros da família também são acusados de fazer parte da organização criminosa.

A empresa de Eládio pagou parcelas de um apartamento em São Paulo que seria destinado ao governador do Acre, além de 81% um veículo de luxo que seria de posse do governador.

Segundo a PGR, é “inegável o desvio de recursos públicos, os quais deveriam ser empregados na execução das obras, mas foram desviados em favor de familiares” de Cameli.

O governador nega as acusações e diz que “a defesa terá a tranquilidade e o espaço necessário para esclarecer dúvidas e repor a verdade”.

Veja as publicações de Marcelo Bimbi

Revista Fórum

 

Boulos lidera em SP com 28,5% das intenções de votos, diz pesquisa Atlas

A pesquisa Atlas/Intel divulgada nesta quarta-feira (21) mostra Guilherme Boulos (PSOL) liderando a disputa pela Prefeitura de São Paulo. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ocupa a segunda posição, enquanto Pablo Marçal (PRTB) avança para a terceira colocação isolada.

Boulos está à frente com 28,5% das intenções de voto, liderando com uma vantagem de quase sete pontos sobre Nunes, que tem 21,8%. Marçal, com 16,3%, aparece em terceiro, seguido por Tabata Amaral (12%) e Datena (9,5%). A pesquisa apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Os demais candidatos têm as seguintes intenções de voto: Marina Helena (Novo) com 4,3% (antes 3,5%), Altino Prazeres Jr. (PSTU) com 0,3% (antes 0%), Ricardo Senese (UP) com 0,2% (antes 0,7%) e João Pimenta (PCO) com 0% (antes 0%). A porcentagem de eleitores indecisos é de 0,9% (antes 0,6%), enquanto os votos em branco ou nulos somam 6,2% (antes 5,2%).

Comparando com a pesquisa de 8 de agosto, Boulos registrou uma queda de 4,2 pontos percentuais, passando de 32,7% para 28,5%. Nunes também apresentou uma diminuição, de 24,9% para 21,8%, uma queda de 3,4 pontos.

Em contraste, Marçal foi o candidato que mais cresceu, com um aumento de 4,9 pontos percentuais, subindo de 11,4% para 16,3%. Tabata Amaral também teve um aumento, subindo de 11,2% para 12%, enquanto Datena manteve sua posição com 9,5%.
A pesquisa AtlasIntel foi realizada com recursos próprios e entrevistou 1.803 eleitores de São Paulo entre 15 e 20 de agosto. Com um nível de confiança de 95%, o levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número SP-02504/2024.
DCM

VÍDEO Pablo Farçal maior mentiroso do Brasil é desmascarado, desta vez sobre Ayrton Senna

Coach Pablo Farçal se compara a Ayrton Senna e depois ofende legado do piloto. O coach fez as declarações polêmicas durante uma live e tentou desmerecer as conquistas do piloto que faleceu há 30 anos. Na ocasião, Farçal disse: “Que Senna? Senna não tinha banco não, o Senna não tinha avião próprio não, o Senna não pilotava helicóptero como eu não. Vamos tratar o Senna agora e pôr ele no lugar dele?

O coach e influenciador Pablo Farçal, conhecido por suas frases motivacionais e estilo de vida ostentativo, voltou a gerar polêmica nas redes sociais. Em uma live recente, ele fez comparações entre si mesmo e o piloto Ayrton Senna, exaltando suas próprias conquistas e diminuindo as do tricampeão mundial de Fórmula 1 que faleceu há 30 anos.

Senna teve uma experiência com Deus (…) e ele e o carro viraram um. Eu quero pegar isso. Aquilo ali é um símbolo de velocidade”, responde o coach. E prossegue: “O Senna não tinha banco, não, moço. O Senna não tinha avião próprio, não. O Senna não pilotava helicóptero igual eu, não. Vamos tratar o Senna agora e pôr ele no lugar dele? Que Deus o tenha, mas deixa eu te falar uma coisa? O Senna não era bilionário, o Senna não escreveu 45 livros. Você acha que eu tô me modelando no Senna para escrever os livros que eu escrevo? O Senna nem teve filho, eu tenho quatro. Você quer que eu continue?”.

A fala do coach gerou reações indignadas de fãs do piloto e de internautas em geral. Muitos consideraram as comparações desnecessárias e ofensivas, além de destacaram que a importância de Ayrton vai além de bens materiais, segundo o portal O Globo.

Farçal se declarou inspirado na “velocidade” de Senna, mas logo em seguida questionou o legado do piloto, dizendo que ele “não era bilionário”, “não escreveu 45 livros” e “nem teve filho”. Afirmou ainda que Senna não tinha “banco”, “avião próprio” ou “helicóptero”, como ele tem.

Farçal já foi investigado pela Polícia Federal por crimes eleitorais e lavagem de dinheiro. Apesar das polêmicas, ele mantém uma base fiel de seguidores que se inspiram em suas mensagens de superação e sucesso.

Pablo Farçal “fisgava” vítimas para golpe virtual, diz PF

Pablo Farçal “fisgava” vítimas para golpe virtual, diz PF

Nos debates eleitorais pela prefeitura de São Paulo, os adversários políticos de Pablo Farçal (PRTB), como Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), o questionaram sobre sua condenação por crimes digitais em 2005. Na ocasião, o bolsonarista afirmou que era inocente, mas o processo que culminou em seu julgamento o desmente.

Há quase 20 anos, ele foi preso na Operação Pegasus por envolvimento com uma quadrilha de fraude bancária. A investigação da Polícia Federal descreveu o caso, na época, como a maior quadrilha especializada em invasões de contas bancárias pela internet.

Farçal foi condenado a quatro anos e cinco meses em regime semiaberto pela Justiça Federal em Goiás, mas o caso acabou prescrevendo, extinguindo sua pena em 2018. Porém, as circunstâncias que levaram à sua condenação continuam a gerar polêmica, especialmente agora que ele tenta se eleger prefeito da maior cidade do país.

Segundo as investigações da PF, Farçal não se limitava a fazer a manutenção dos computadores da quadrilha, como ele alega. De acordo com o inquérito, ele também operava um programa responsável por captar e-mails que seriam usados para enviar spams com o objetivo de fisgar dados bancários das vítimas.

Esse método, conhecido como phishing, consiste em usar iscas virtuais para “pescar” as vítimas para que cliquem em links de sites fraudulentos que instalam vírus em seus dispositivos, permitindo o roubo de informações sensíveis.

Em seu depoimento à polícia, Farçal afirmou que acreditava estar realizando um trabalho de publicidade para um médico, mas essa versão foi contestada por um agente da PF que atuou no caso.

Marçal e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Durante uma audiência, o agente afirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que o coach estava ciente das atividades ilícitas do grupo. “Ah, sim. Sim. Inclusive tinha um…notebook, né, pra ele operar que foi fornecido pelo grupo”, disse o policial, acrescentando que Farçal não apenas fazia manutenção, mas também demonstrava saber como enviar os e-mails usados pela quadrilha.

O candidato da extrema-direita negou envolvimento direto no envio dos spams, alegando que apenas apertava o botão para reiniciar o programa que enviava os e-mails quando solicitado. Entretanto, o MPF considerou a versão de desconhecimento dos fatos como pouco crível, levando em conta os detalhes que o próprio Farçal forneceu durante os depoimentos.

Um despacho de um delegado da Polícia Federal revelou que Farçal tinha conhecimento sobre o funcionamento do esquema, incluindo a existência de um escritório mantido pelos líderes da quadrilha, onde eram realizadas as transferências fraudulentas via internet.

O coach relatou que recebia R$ 350 (cerca de R$ 1.000 em valores corrigidos) pelos serviços prestados a Danilo de Oliveira, apontado como o chefe da quadrilha. Ele afirmou ter conhecido Oliveira em uma igreja e admitiu ter participado das atividades ilícitas, embora alegasse um papel secundário no grupo.

A condenação de Farçal em 2010 foi baseada nesse entendimento de que ele desempenhou um papel menos central na operação criminosa. Em 2022, em um vídeo publicado em suas redes sociais, Farçal tentou minimizar sua participação, afirmando que apenas consertava computadores para “um cara da igreja” e que “os computadores ficavam rodando”.

Segundo ele, todas as pessoas envolvidas foram condenadas e cumpriram suas penas, enquanto ele teve sua punibilidade extinta devido à prescrição.

DCM

MP pede suspensão de candidatura de Farçal abuso de poder econômico

O Ministério Público Eleitoral se manifestou a favor da suspensão da candidatura de Pablo Farçal (PRTB) à Prefeitura de São Paulo por suspeita de abuso de poder econômico

O que aconteceu

A Promotoria Eleitoral do Estado de São Paulo pediu a abertura de uma investigação de suposto abuso de poder econômico por Farçal. Em peça assinada no último sábado (17), o MP sugere suspender o registro da candidatura até a apuração dos fatos. A decisão de seguir a recomendação ou não é da Justiça Eleitoral. Até o momento, não há manifestação no processo.

Parecer é em resposta a ações movidas pelo MDB de Ricardo Nunes e o PSB de Tabata Amaral. Ambos os partidos denunciaram à Justiça que Farçal paga seguidores para compartilharem cortes dos seus vídeos em diversos perfis no Instagram e no TikTok.

Em vídeos, o próprio Farçal incentiva seguidores a se cadastrarem em aplicativos de corte de vídeos e diz que vai remunerar os que tiverem mais visualizações. Há um canal no Discord com mais de 100 mil participantes em que os prêmios em dinheiro são anunciados, como revelado pelo jornal O Globo e pelo site Núcleo Jornalismo.

Farçal negou que ele próprio tenha financiado os cortes. ” Isso é só uma tentativa desesperada do bloco da esquerda, MDB, PSB, PT e PSOL, de tentar frear quem realmente vai vencer as eleições. Essa manobra só reforça o medo que estão do efeito Marçal, mas eles não vão nos parar”, disse ele em nota.

UOL

Pastor guru de Michelle Bolsonaro, recebeu verba milionária de Ramagem e Helio Lopes

Vai vendo, Brasil. Desde seu maior envolvimento com a família Bolsonaro, Josué Valandro Jr. tem acumulado polêmicas e histórias mal resolvidas que, de uma forma ou de outra, acabam esbarrando na sua ligação indiscutível com a “familícia”

O deputado federal Alexandre Ramagem, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, destinou R$ 500 mil em emenda parlamentar ao Instituto Assistencial Atitude, uma entidade liderada pelo pastor Josué Valandro Junior, que é também líder da Igreja Batista Atitude, frequentada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A verba foi solicitada formalmente pelo pastor Valandro ao Ministério do Esporte com o objetivo de financiar a criação de um time de futebol amador em uma comunidade terapêutica mantida pela igreja em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O religioso é conhecido por suas inúmeras aparições públicas ao lado de Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, incluindo a posse presidencial e cultos na sede da igreja na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Nos últimos anos, o Instituto Assistencial Atitude também foi beneficiado por emendas parlamentares de outro aliado próximo do ex-presidente Bolsonaro, o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), que direcionou R$ 1,3 milhão para projetos assistenciais da igreja, incluindo o programa “Mais que Vencedores”, voltado à reabilitação de dependentes químicos em Itaboraí.

O projeto apoiado pela emenda de Ramagem, denominado “Vencedores em Ação”, é uma continuidade da iniciativa financiada por Hélio Lopes. O valor total de R$ 500 mil já foi empenhado pelo Ministério do Esporte, que ainda analisa a documentação necessária antes de liberar os recursos. O orçamento inclui pouco mais de R$ 35 mil para a compra de equipamentos esportivos, enquanto o restante será destinado à contratação de pessoal e ao gerenciamento das atividades.

Quem é Josué Valandro Jr e seu espírito bolsonarista

Josué Valandro Jr é pastor da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Igreja voltada para um público de classe média alta e emergentes. Desde seu maior envolvimento com a família Bolsonaro (Michelle frequenta a IBA) tem acumulado polêmicas e histórias mal resolvidas que, de uma forma ou de outra, acabam esbarrando na sua ligação indiscutível com a “familícia”.

A partir da campanha de 2018, A relação entre Valandro e Bolsonaro tornou-se evidente. Bolsonaro foi diversas vezes nos cultos da IBA e em uma dessas visitas, foi “ungido” pelo pastor, que evocou o profeta Samuel, que havia ungido Davi, conforme descrito em 1 Samuel 16:6. Josué comparou Bolsonaro a Davi, um homem imperfeito, dizendo: “O homem que Deus ungiu para ser o maior rei da história não era perfeito. Nenhum de nós espera ter um presidente perfeito, mas a Bíblia diz que Deus conhece o coração”.

Em maio de 2019, já como presidente, Bolsonaro retornou à Igreja Batista Atitude durante um período difícil de seu governo para renovar sua “unção”. Com o apoio popular em declínio, ele foi novamente “ungido” pelo pastor, que lembrou a facada sofrida por Bolsonaro e destacou as orações feitas pelos fiéis desde então. Durante o ato, Valandro agradeceu a Deus pela oportunidade de sonhar com um Brasil melhor e pediu união do povo em apoio a Bolsonaro, a quem chamou de “servo escolhido por Deus” para liderar a nação.

Pandemia, Eduardo Bolsonaro e aparição em Jati-CE

Durante a pandemia, com a suspensão dos cultos, ele passou a utilizar transmissões ao vivo online, como em 26 de março, quando convidou o deputado Eduardo Bolsonaro para uma live que teve grande audiência. Durante a transmissão, Valandro defendeu o governo Bolsonaro, destacando sua participação na política como cidadão e seu apoio ao presidente, alinhado com valores como família e pátria.

Valandro também demonstrou proximidade com a família Bolsonaro, mencionando que orou para que a esposa de Eduardo engravidasse. Ele usou várias vezes o jargão “o presidente acertou”, ao mesmo tempo que buscava se defender de acusações de envolvimento político. O pastor exaltou a “força espiritual” de Bolsonaro, sugerindo que Deus estaria sustentando o presidente diante das crises no governo, como a saída do ministro da Saúde e do ex-juiz Sergio Moro.

Outro momento marcante da relação entre Valandro e Bolsonaro durante a pandemia foi a ida do pastor à inauguração de uma obra em Jati, no Ceará, junto à comitiva presidencial. Durante o evento, Valandro gravou um vídeo destacando os méritos do governo Bolsonaro na transposição do Rio São Francisco. O presidente fez questão de enfatizar sua longa relação com o pastor batista, utilizando essa aliança para fortalecer sua base de apoio, especialmente no Nordeste, onde sua popularidade é mais baixa.

É bom também lembrar que em 2018, com o apoio do núcleo duro do bolsonarismo, Valandro conseguiu, inclusive, uma revisão do plano diretor que permitiu a construção do novo prédio da IBA acima do permitido na legislação vigente. Uma articulação da família Bolsonaro com outros políticos, ligados principalmente à Igreja Universal. A nova construção e o “sucesso” da igreja “de Michelle” causou atritos entre Valandro e Malafaia, já que a nova sede da Atitude rivalizava de perto com a Assembleia de Deus Vitória em Cristo da Barra da Tijuca, de onde, segundo relatos, muita gente migrou para a igreja “mais bolsonarista”.

Acusado de acobertar golpe financeiro de um dos pastores da igreja

Em 2017, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, duas fiéis alegam ter sido vítimas de um esquema fraudulento que envolveu o pastor Oséias Oliveira de Abreu, também pastor da igreja. As mulheres afirmam ter transferido quase R$ 1 milhão para uma conta nos Estados Unidos pertencente a uma empresa do pastor Oséias, que prometeu um retorno financeiro que nunca ocorreu.

Oséias, que era responsável por uma célula da igreja e supervisionava a congregação de Valandro, está sendo processado, assim como a igreja. As vítimas relatam que procuraram Josué Valandro para denunciar o golpe e solicitar ajuda, mas alegam que ele não tomou nenhuma ação.

Após derrota de Bolsonaro, investindo na carreira de coach espiritual

Após o término do mandato de Jair Bolsonaro, que Valandro Jr chegou a gravar vídeo “profetizando” a reeleição do ex-presidente, o ex-conselheiro espiritual da família Bolsonaro, redefiniu sua carreira. Agora, ele se destaca pela organização de eventos exclusivos e de alto custo, como o ‘Christ Summit’, realizado em junho de 2023, com ingressos que chegavam a quase R$ 7.000,00 e teve grande repercussão, levando o pastor a agendar novas edições.

Além disso, Valandro está promovendo o ‘Impulso Pastoral’, um evento voltado para pastores, com ingressos que variam de R$ 2.997,00 a R$ 4.997,00. O objetivo é fornecer ferramentas e conhecimentos para a gestão de igrejas.

Por Revista Fórum

Candidatos em SP deveriam boicotar debates com Farçal ou virarão escada do picareta

Nos últimos debates eleitorais para a prefeitura de São Paulo, uma sombra de palhaçada trágica pairou no ar, principalmente devido às ações de Pablo Farçal, candidato pelo PRTB.

Farçal ultrapassou todos os limites da ética e da escrotidão ao acusar seu oponente, Guilherme Boulos, do PSOL, de usar cocaína. No encontro seguinte, na FAAP de São Paulo, provocou Boulos agitando diante dele uma carteira de trabalho e ficando de costas enquanto o psolista falava com Tabata Amaral, chamada de “adolescente” que “precisa amaduracer”, “pára-choque de comunista”, entre outras coisas.

Tais acusações não só desrespeitam o adversário como também depreciam a qualidade do debate político, transformando-o em um espetáculo de calúnias. Marçal transforma seus adversários em escada de seu jogo na lama.

Diante desse cenário, surge um questionamento urgente: os candidatos à prefeitura deveriam continuar participando de debates que servem para um canalha fazer recortes e jogar nas redes para dizer que “ganhou” o debate?

Primeiramente, ao boicotar os debates, os candidatos estariam fazendo uma declaração clara de que a política deve ser pautada por respeito e fundamentada em propostas reais, não em ataques pessoais que nada têm a ver com as questões cruciais enfrentadas pela cidade de São Paulo.

A presença contínua em debates que permitem tais comportamentos pode ser interpretada como uma aceitação tácita dessas táticas.

Além disso, ao evitar debates que se transformam em palcos de difamação, os candidatos protegem a integridade do processo eleitoral e preservam a sua própria imagem e a dos seus partidos. Afinal, o eleitorado paulistano merece uma campanha eleitoral minimamente limpa, focada nas necessidades da cidade e não em polêmicas vazias que desviam a atenção dos reais problemas urbanos.

Outro ponto relevante é o impacto na percepção pública. Debates deveriam ser momentos de discussão de ideias e projetos, contribuindo para que os eleitores façam escolhas informadas. Quando esses eventos degradam-se em ataques pessoais, toda a classe política sofre um desgaste — o que só interessa ao “candidato antissistema”, na verdade um coach fascista picareta condenado em 2010 por furto qualificado decorrente da participação em uma quadrilha especializada em golpes digitais.

Por fim, um boicote organizado e coeso poderia pressionar as emissoras e organizadores a implementarem regras mais rígidas de conduta, garantindo que todos os participantes se comprometam com uma campanha respeitosa e focada nos interesses dos cidadãos. Isso não apenas eleva o nível do debate político como também restaura a fé no processo eleitoral.

Portanto, a decisão de boicotar os debates não é apenas uma medida reativa a um candidato que escolhe baixar o nível da discussão política; é uma estratégia proativa para preservar a dignidade da campanha eleitoral em São Paulo e garantir que os verdadeiros problemas da cidade recebam a atenção que merecem.

DCM

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MST se reúne com Lula neste sábado (17) em Brasília

Lideranças discutirão projetos estratégicos para os assentamentos e o avanço da reforma agrária no país

Dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se reunirão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste sábado (17), em Brasília. O encontro acontece na Granja do Torto, uma das residências da Presidência da República,

De acordo com o movimento, na pauta estarão as iniciativas para a recuperação das áreas de assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul após as enchentes que acometeram o estado em maio deste ano. Também deve ser discutido o Plano Agrário do governo no que se refere a acesso à terra, produção de alimentos saudáveis e agroecologia, acesso a créditos, cooperação e agroindústria, além do Plano Nacional de Reflorestamento (PNR) e do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Serão debatidos ainda projetos considerados estratégicos para o MST, como os programas de aquisição de maquinário agrícola e de bioinsumos para os assentados da reforma agrária.

Os dirigentes entregarão ao presidente mudas de árvores dos biomas brasileiros, que representam os milhares de espécimes que estão sendo cultivados pelo movimento dentro do Plano Nacional de Reflorestamento. A ação pretende plantar 100 milhões de árvores até 2030. Na lista, está o butiá, árvore comum na região do Pampa, o juazeiro, da Caatinga, a andiroba e a castanheira da Amazônia, o Pequi do Cerrado, o ipê do Pantanal, a palmeira juçara, da Mata Atlântica e a Araucária, própria da região sul do Brasil.

Relação com o governo

Em abril deste ano, o governo federal lançou o programa Terra da Gente, que tem o objetivo de sistematizar as áreas disponíveis no país para serem incluídas no Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). O anúncio ocorreu em meio ao chamado Abril Vermelho, quando o MST organizou uma série de ações por todo o país para cobrar agilidade na realização da reforma agrária.

À época, Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento, declarou se tratava de “uma espécie de compensação social” e não um programa de reforma agrária. A relação com o governo federal e o avanço dos processos de regularização fundiária devem estar na pauta de discussões do próximo sábado.

Há cerca de um mês, Lula participou de outro encontro com movimentos populares em São Paulo.  Na ocasião, aproximadamente 60 organizações ligadas às Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, entre elas o Movimento Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) participam do evento, ocorrido no espaço do Armazém do Campo na região central da capital paulista.

Brasil de Fato

Indiciamentos de Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio devem ser usados como base para pedidos de extradição

A Polícia Federal (PF) deve pedir as extradições do blogueiro Allan dos Santos e do jornalista Oswaldo Eustáquio aos Estados Unidos e Espanha, países onde eles estão, respectivamente, ao fim do inquérito em que eles são investigados por ameaças e corrupção de menores.

O indiciamento dos acusados servirá de base para o requerimento. Segundo fontes da PF, o inquérito deve ser relatado “em breve” ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório vai embasar os processos que serão apresentados aos governos americano e espanhol com as solicitações para que os dois sejam enviados ao Brasil para responder às acusações. A PF iniciou os trâmites internos do processo para pedir as extradições de Santos e Eustáquio na última quarta-feira (14).

O pedido, no entanto, só deve ser encaminhado às autoridades estrangeiras após a conclusão do inquérito. Os dois foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes também no dia 14, mas, por estarem fora do Brasil, a determinação do magistrado não pôde ser cumprida.

A PF investiga Allan dos Santos por ameaças contra delegados da PF e formação de quadrilha com intenção de atacar autoridades. Eustáquio também é investigado por usar a rede social da filha menor de idade para pedir doações em dinheiro. https://www.youtube.com/watch?v=ISJU9n3bqoY O blogueiro e o jornalista são considerados foragidos da justiça brasileira, mas não estão na lista da Interpol como fugitivos internacionais porque os crimes imputados a eles são classificados como “expressões” ou “opiniões” em outros países, como os Estados Unidos, onde está Allan dos Santos. Os pedidos de prisão apresentados nessa semana são relacionados à investigação que apura ataques ao STF e a delegados da PF.

A operação da PF deflagrada na última quarta e que mirava os dois bolsonaristas cumpriu mandados de buscas e apreensão. Na casa de Eustáquio, em Brasília, a PF revistou a filha dele, de 16 anos, na presença de uma representante do Conselho Tutelar. Ela teve o celular apreendido. A CNN conversou na manhã dessa quinta-feira (15) com o acusado, que nega uso do perfil da filha para crimes.

“O ministro Alexandre de Moraes e o delegado Fábio Shor vão expor ao ridículo o sistema judicial brasileiro. Moraes vai virar piada no Reino da Espanha porque ele está me acusando de ter facilitado o cometimento de um crime pela minha filha. Qual crime? Expor a sua opinião e mostrar a foto do delegado Fábio Shor em uma publicação no X”, declarou Eustáquio à reportagem. A defesa de Allan dos Santos não foi encontrada.

Fonte: CNN

Conceição Tavares e Delfim Netto

Por DANIEL AFONSO DA SILVA*

Ambos os economistas, cada um com o seu jeitão, deixaram marcas profundas, indeléveis, positivas e superlativas na história do país e na vida de quem conviveu, muito ou pouco, com eles

“A universidade, aliás, é, talvez, a única instituição que pode sobreviver apenas se aceitar críticas, de dentro dela própria de uma ou de outra forma. Se a universidade pede aos seus participantes que calem, ela está se condenando ao silêncio, isto é, à morte, pois seu destino é falar”
(Milton Santos).

Nem clichê nem ilusão: a passagem de Antônio Delfim Netto (1928-2024) de par com a passagem de Maria da Conceição Tavares (1930-2024) causou um vazio imenso na vida nacional brasileira. Foi um choque, sinceramente, sem precedentes. Um sinistro, evidentemente, de difícil remediação. A ausência deles dois, por ser assim, inaugura um mal-estar que nada parece conseguir conter nem superar.

Conceição Tavares e Delfim Netto, cada um com o seu jeitão, deixaram marcas profundas, indeléveis, positivas e superlativas na história do país e na vida de quem conviveu, muito ou pouco, com eles. Marcas tão perenes e constitutivas que, seguramente, quase ninguém, nos últimos cinquenta, sessenta ou setenta anos, conseguiu comparar. Marcas que, portanto, vão ficar. Como patrimônio imaterial do Brasil. Feito de vivência singular. Paradigma de savoir faire. Modelo.

Muitos observadores – não raramente envenenados por ideologias confusas e rasteiras – tentam afastá-los, Conceição Tavares e Delfim Netto, um do outro. Mas isso, por lógica e verdade, é impossível. Eles sempre foram complementares. E todos sabem.

Os, hoje em dia, autodeclarados analistas, tentam reduzi-los, Conceição Tavares e Delfim Netto, à condição de economistas. Sim, eles atuaram nessa nobre área, a economia. Mas, claramente, não foram convencionais. Foram, em contrário, sempre e em tudo, outiliers. Fora da cursa, excepcionais, extraordinários. Geralmente emulando os clássicos. Sendo, assim, antes de tudo, filósofos. Filósofos morais. Como foram seus mestres atemporais Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx, Joseph Schumpeter e o próprio John Maynard Keynes. Praticantes, portanto, de Political Economy. Sem, nesses termos, jamais se render às simplificações da Economics.

Faziam, desse modo, Conceição Tavares e Delfim Netto, assim porque sabiam que o mundo é real independentemente das ilusões manifestas sobre ele. E, fazendo dessa maneira, eram, para além de tudo, humanistas no sentido mais agudo da expressão. Eram, portanto, verdadeiros eruditos. Mestres em seu ofício. Mas profundos entendedores do fluxo da vida.

De modo que eram práticos por devoção, pragmáticos por convicção e realistas por vocação. Isso, neles, era sempre líquido e certo.

E, vendo assim, poucos de verdadeiros seus pares – dos quais, entre os brasileiros, por idade e geração, talvez apenas Eugênio Gudin (1886-1986), Roberto Campos (1917-2001), Celso Furtado (1920-2004), Mário Henrique Simonsen (1935-1997) e Luiz Carlos Bresser-Pereira (nascido em 1934 e vivo entre nós) mereçam menção – foram, assim, tão dignos, fidedignos e completos.

Com acertos e erros. Mas sempre envoltos em honestidade e convicção.

Honestidade e convicção que impuseram a Conceição Tavares e Delfim Netto o imperativo da transmissão. Pois eles, intimamente, sabiam que o verão necessita de muitas andorinhas. Não feitas em seguidores nem discípulos. Mas, continuadores. Gente competente para receber, carregar e legar o bastão. E, visto assim e recompondo todos os seus tempos, é possível dizer que eles dois, Conceição Tavares e Delfim Netto, foram, antes de tudo, professores/transmissores. E, por serem quem eram, dos melhores. E, salvo melhor juízo, foi nessa condição e persona que mais cada um deles mais gostou de estar e ser. De modo que, não ao acaso, a história da consolidação da universidade brasileira se confunde com a trajetória pessoal e profissional deles dois: professor Antônio Delfim Netto e professora Maria da Conceição Tavares.

Digam o que quiser dizer, mas, sim: esses dois professores, Conceição Tavares e Delfim Netto, foram, ao longo da vida, sobretudo, construtores e formadores. Construtores de instituições e formadores de quadros.

E, justamente por isso, a USP, a Unicamp e a UFRJ, onde Conceição Tavares e Delfim Netto estiveram mais longa, duradoura e diretamente, lamentaram e lamentam tanto a ausência de seus mestres. Uma ausência que, para muito além da USP, a Unicamp e a UFRJ, deixou tudo muito triste e muito gris.

Triste e gris porque, ao fim das contas, Conceição Tavares e Delfim Netto eram, em si, instituições. Instituições que, curiosamente, retroalimentavam o ethos de um tempo que, por variadas razões, parece, naturalmente, não existir mais. Um tempo que mesclava inteligência, honestidade intelectual, ideias e elegância somadas a sinceridade, honestidade pessoal e convicções. Um tempo em que, claro, os idiotas, dos quais tanto Nelson Rodrigues (1912-1980) se referia, ainda possuíam alguma modéstia e estavam longe, muito de dominar o mundo, a sociedade no Brasil e a universidade brasileira.

Dito assim e sem pudor, Conceição e Delfim eram, por assim dizer, um obstáculo moral à afirmação da indigência cultural e intelectual no país. Tanto que todas as suas manifestações públicas – em gestos, palavras, presenças e olhares –, mesmo quando controversas e imperfeitas, sempre foram convictas e rigorosas. Sempre ensejando conscientemente impedir o espraiamento do asqueroso vale tudo que, pouco a pouco, foi tomando conta dos espaços de produção e difusão de conhecimento e saber no Brasil – sendo universidade o maior alvo – nos últimos vinte, trinta ou quarenta anos.

Mas, agora, com a sua ausência, a ausência de Conceição e Delfim, esse sustentáculo – desde muito, esmaecido e cansado de guerra – tende a ficar ainda mais frágil. E frágil sim porque, sem Conceição e sem Delfim, uma certa ideia de compromisso moral com o trabalho intelectual vai perdendo a sua condição de existir. Consequentemente, a produção de conhecimento e saber tende a singrar inocuamente irrelevante. E a universidade – especialmente a pública – tende a seguir estagnada, estrangulada e esmagada.

A idiotia moral, todos sabem, galopa por todas as frentes. A indigência intelectual, todos veem, avança para conquistar a sua plenitude. E a sinergia desses dois fenômenos – o da cretinice moral e da indigência intelectual – acentua a conhecida entropia do cotidiano intramuros das universidades no Brasil de modo a acelerar a sua deformação rumo à sua destruição.

E, sobre isso, Darcy Ribeiro (1922-1997) já disse muito. Em seu entender, trata-se de algo que vem de longe. Que foi bem pensado e bem cosido. E, com o tempo, foi se revelando no nefando projeto de se fazer do atraso da universidade (e da educação em geral) uma missão.

O problema geral é que esse projeto – inaugurado no regime militar, acelerado depois dele e afirmado neste quarto de século XXI – foi escancarado greve dos docentes das federais deste ano de 2024 e afirmado como uma cruel e inequívoca realidade. Basta lembrar pra ver. Mas quem desejar, de fato, tudo comprovar, que retorne à ambiência da paralisação deste ano.

Fazendo isso, desde que feito com paciência e sem parti pris, o cético observador vai rápido notar que, no frigir das questões, pelo menos, três reflexos alimentaram as discussões e inundaram os espíritos.

Um primeiro, de cunha afoita e majoritariamente sindical, em defesa da greve. Um segundo, de franca mistura governista, em recusa e negação da greve. E um terceiro, assentado em questões de ordem e princípios, sugerindo o caminho do meio; ou seja, o caminho da reflexão e da meditação sobre o sentido da universidade, a natureza da atuação de seus frequentadores e o lugar dessa instituição multissecular no interior da sociedade brasileira.

Foi isso e não mais que isso o que se teve. A saber, posições a favor, contra e nem a favor nem contra a greve. E, sendo assim, esses três reflexos produziram uma massa crítica e analítica impressionantemente inédita e rica. Parte disso, é válido reconhecer, pelo papel decisivo exercido pelo site A Terra é redonda.

Observando todo o debate com calma, publicou-se, nos mais de oitenta dias da greve, perto de duas centenas de artigos sobre o assunto. E, sinceramente, não foram quaisquer artigos. Foram artigos, em geral, muito bem informados e intencionados. Produzidos por docentes de todas as regiões e sub-regiões do Brasil. Das mais remotas às mais centralmente situadas. Reunindo-se, assim, impressões e sensibilidades oriundas de praticamente todas as realidades universitárias. Das instituições federais, universidades e institutos, mais antigas às mais recentes e às novíssimas. E, realizando-se, assim, a melhor e mais densa fotografia do ofício docente nas federais hoje.

De minha parte, inaugurei uma modesta colaboração com um singelo artigo, muito gentilmente publicado aqui, no início da greve, no dia 15 de abril, dia 1 da paralização, sob o título de “A greve dos professores das universidades federais”, onde se podia ler que, em minha compreensão, “Não vem, assim, ao caso defender ou não a greve dos professores das federais por merecidas, constitucionais e morais reposições salariais. O fundamental é se recobrar nas forças para se reconhecer com honestidade a brutalidade do peso derrota de cunho existencial dos últimos anos e enfim voltar a meditar com seriedade sobre pra quê todos nós professores das federais e das demais universidades brasileiras efetivamente servimos”.

Adiante, como desdobramentos de reafirmação de minha convicção, apareceriam “Muito além das relvas verdejantes dos vizinhos” e “Navegando a contravento”. Dois artigos produzidos em diálogo, sempre sincero e respeitoso, com argumentos contrários aos meus. Onde pude ressaltar que “A greve dos docentes das federais enseja decorrer de desconforto muito mais profundo, fundamental e quase existencial”.

E, de modo mais detalhado, ainda acentuar que “Afinando o debate nesse tom do diapasão, apoiar ou denegar a greve vira uma estranha navegação. Navegação a contravento. Sem bússolas e sem direção. O que, por certo, não retira a legitimidade de todas as ações de paralisação ou de negação da paralisação nas federais. Entretanto, infelizmente, simplesmente, sinceramente, indireta, mas insistentemente, vai jogando água nos moinhos daqueles, notadamente extramuros, que consideram que ‘A universidade brasileira, salvo raros quadros, é inofensiva, inócua. Mesmo assim, alguns estão debatendo o que a greve poderá fazer com o governo (desgoverno) Lula’”.

Essas singelas manifestações – em linha com um artigo anterior, “Alicerces desertificados” –, como se pode, de saída, notar advogavam pelo caminho do meio. Aquele da meditação e da reflexão. Um caminho, sinceramente, perigoso. Sobretudo quando se circula sem armaduras pelo interior do sistema. Um sistema, como bem sabido, preenchido de armadilhas e eivado de terrenos movediços que, não raramente, mostram a sua face na forma de represálias e admoestações. Esse habitat, todos sabem, detesta divergentes.

Mas, desta vez, não singrei sozinho tampouco arei o mar. Bem do contrário. Tão logo a greve foi se afirmando, vários docentes da mais alta qualidade intelectual, competência técnica e valores morais e espirituais adentraram a trincheira em comum e, sinceramente, sofisticaram a globalidade dos argumentos que impõe a todos o caminho do meio.

Para ficar apenas em alguns, vale fortemente acentuar que a professora Marilena Chaui subiu indelevelmente o nível da discussão com o seu precioso “A universidade operacional”. Em seguida, o antigo reitor da UFBA, João Carlos Salles, alargou a senda guiada de sua colega de ofício da USP com o seu sugestivo “Mão de Oza”. Mais à frente, foi a vez do professor Roberto Leher, antigo reitor da UFRJ, ampliar ainda mais a complexidade cognitiva do debate mobilizando evidências contundentes que quase ninguém sabiam ou, ao menos, ainda não tinha observado em perspectiva.

Desse modo, eles três – para ficar apenas neles, Chaui, Salles e Leher – estraçalharam a mesquinhez da discussão varejista sobre apoiar ou não a greve dos docentes em 2024 e lançavam a discussão em um, verdadeiro, outro patamar. Um patamar que, sinceramente, teve o mérito de avivar o único debate urgente, necessário e válido sobre a universidade brasileira que diz respeito à permanente perquirição de seu sentido, natureza e dignidade. Trocando em miúdos, qual universidade, universidade pra quê e universidade pra quem.

É curioso, mas foi assim. E fazendo assim eles se reataram ao elo perdido das batalhas de Conceição Tavares e Delfim Netto, que sempre foi a educação.

Conceição Tavares e Delfim Netto sempre singraram os mares agitados e controversos da excelência do ensino superior brasileiro. E, nesse sentido, eles sempre foram defensores implacáveis de uma universidade pública, digna e honesta. Um espaço intelectualmente decente, culturalmente relevante e politicamente engajado no aperfeiçoamento da sociedade brasileira – leia-se: na redução de suas aporias, desigualdades e injustiças. E, portanto, uma universidade avessa ao atraso, à estagnação, à indigência, ao ensimesmamento e à mediocrização.

Conceição Tavares e Delfim Netto, nesse propósito, foram, sim, teóricos, mas também práticos. Veja-se, como exemplos, os departamentos de Economia que eles, com seu suor, criaram. Mas, no plano mais geral, foi no início da redemocratização, na viragem dos anos de 1970 para os de 1980, que eles – e todos – começaram a notar que a deriva da universidade brasileira em geral ao encontro do atraso era grave, crônica e acelerada. Mas, depois do Muro e sob a mondialisation heureuse, essa primeira apreensão virou pesadelo.

Os ingênuos dilemas que envolviam provincianismo versus cosmopolitismo tornaram-se mais acentuados. As inconsequentes reações que aplacavam complexos de interioridade versus receios dos grandes centros, com o início da expansão da interiorização da malha universitária pelos interiores do país, produziram verdadeiras deformações e dramas – alguns deles, ainda hoje, não superados. Mas, pior que tudo isso, os ventos daqueles tempos depois do Muro inebriaram os olhares, taparam os ouvidos e soterraram a quase totalidade do ensino superior público brasileiro nas ilusões do utilitarismo técnico frente aos imperativos do pensamento complexo. Como resultado, como bem notou Marilena Chaui, abriu-se caminhos para o surgimento dessa excrescência denominada “universidade operacional.”

De todo modo, vale bem marcar, por aqueles tempos, in real time, sob as tormentas dos anos de 1990, Conceição Tavares e Delfim Netto militavam em outras paragens. Estavam no Parlamento. Eram deputados. Acreditavam na política e entendiam-na como salvação.

Enquanto isso, no chão de terra do cotidiano intramuros das universidades, vozes inquietas vocalizavam o mal-estar. Mas uma delas, francamente, destoou e desconcertou. Destoou pela força, pela presença e pela estridência. E desconcertou pelo seu tom, visto hoje e em perspectiva, macabramente profético.

Tratava-se da voz de um brasileiro peculiar, de inteligência superior, conhecido e afamado – como seus pares Florestan Fernandes (1920-1995), César Lattes (1924-2005) e Mário Schenberg (1914-1990) – no mundo inteiro. Era a voz de um sujeito baiano, crescido em Brotas, formado, inicialmente, em Salvador e que atendia pelo nome de Milton de Almeida Santos (1926-2001). Mestre incontornável e inesquecível de todos nós.

Milton Santos, como tantos outros brasileiros ilustres, foi cassado, perseguido, preso, humilhado e maltratado pelos militares após 1964. Mas, diferente de muitos, jamais perdeu a esperança tampouco a dignidade. Milton Santos não se vendeu nem abandonou as suas convicções.

E, talvez, também por isso, o seu retorno ao Brasil e a sua reintegração – após martírios – ao sistema universitário brasileiro foram, para dizer pouco, experiências, nitidamente, complexas, ruidosas e tortuosas.

Para fazer curto, ele não foi aceito no arranjo CEBRAP, teve dificuldades na UFRJ e viveu uma rude novela para ser integrado à USP.

Mas, uma vez integrado à mais importante universidade do país, ele expandiu a sua diferença.

Não é o caso de aqui se esmiuçar o impacto político, moral, intelectual e estético de obras suas como Por uma Geografia Nova (1978), O trabalho do geógrafo no terceiro mundo (1978), O espaço dividido (1978), O espaço do cidadão (1987), A natureza do espaço (1996) e Por uma outra globalização (2000). Qualquer geógrafo – ou qualquer pessoa minimamente academicamente bem formada – sabe do se trata.

Também não é o caso de muito se rememorar nem de muito se acentuar que esse ilustre baiano e cidadão de Brotas recebeu o Prêmio Vautrin Lud, espécie de prêmio Nobel em sua área exclusiva de atuação, em 1994. Mas, para quem alimenta dúvidas ou, quem sabe, complexos de vira-lata ao encontro da genialidade desse distinto brasileiro, vale simplesmente ressaltar que os mundialmente conhecidos e afamados David Harvey, Paul Claval, Yves Lacoste e Edward Soja – para ficar apenas em alguns dos mais célebres de métier comum – receberiam o mesmo prêmio só tempos depois ou bem depois.

Dito, portanto, assim e sem pudor, Milton Santos foi, sim, genial e singular.

E, por tudo isso, os seus pares na USP decidiram conceder-lhe, em 1997, o honroso título de Professor Emérito da USP. Ao que, Milton Santos recebeu, por claro, com muito gosto.

Mas, diferente de muitos de seus pares em situação similar, ele usou o momento para realizar uma alentada denúncia sobre a situação da universidade brasileira.

Quem viveu, pode lembrar. Quem simplesmente ouvir falar, que acredite: a sua manifestação não foi nada amena.

O intelectual e a universidade estagnada era o seu título. O ano era 1997. O mês, agosto. O dia, o 28.

Milton Santos iniciou a sua manifestação com uma curiosa ode aos obstáculos e derrotas vida intelectual acentuando que “um homem que pensa, e que por isso mesmo quase sempre se encontra isolado no seu pensar, deve saber que os chamados obstáculos e derrotas são a única rota para as possíveis vitórias, porque as ideias, quando genuínas, unicamente triunfam após um caminho espinhoso”.

Mas, logo adiante, chamou a atenção para o fato desse “caminho espinhoso” estar sendo solapado pelo carreirismo universitário imposto pelo modelo de universidade em vigência. Um carreirismo, ao seu ver, só podia conduzir ao conformismo e ao silenciamento do pensar. E, ao fim, fazia entender que, claro: uma universidade que não pensa nem deixa pensar não é bem uma universidade.

E seguia o discurso. Onde, adiante, vaticinou que “acreditar no futuro é também estar seguro de que o papel de uma Faculdade de Filosofia é o papel da crítica, isto é, da construção de uma visão abrangente e dinâmica do que é o mundo, do que é o país, do que é o lugar e o papel de denúncia, isto é, de proclamação clara do que é o mundo, o país e o lugar, dizendo tudo isso em voz alta”.

E continuou dizendo que “essa crítica é o próprio trabalho do intelectual”.

Um trabalho, anteriormente, praticado, genuinamente, por filósofos. Mas, em tempos hodiernos, depositário dos artífices das Humanidades. Ou seja, da gente que, por ofício, vai metida seriamente com Artes, Filosofia, Geografia, História, Letras e afins. Gente que, ao fim das contas, possui formação e disposição para navegar pelas encruzilhadas da incomensurabilidade da complexidade da transversalidade do processo de construção do conhecimento. Gente sem a qual, fazia novamente entender, a universidade simplesmente não existe.  Ou, quando insistem em subsistir, na melhor das hipóteses, vai fadada à indigência.

Sim: duro assim. Mas contundente e veraz. E, sinceramente por isso, O intelectual e a universidade estagnada, merece ser lido e relido, meditado e entendido.

Seguramente ninguém foi mais direto, honesto e preciso no diagnóstico sobre o sinistro da universidade brasileira que Milton Santos. Lá atrás, em 1997 e até a sua morte em 2001, ele chamava a atenção para essa crise crônica. Que, ao fim e ao cabo, era uma de sentido e de identidade. Crise essa que, com o passar dos anos, só fez piorar.

E vem sendo assim, sobretudo, porque a indigência intelectual, cultural e moral tomou, efetivamente, de tudo conta. De modo que, hoje em dia, parte majoritária dos frequentadores das universidades se tornou indiferente ao problema. Parte por não dispor de competência cognitiva para adentrar a discussão. Parte por, sinceramente, nem saber do que se trata.

Desse modo, sim: leia-se Milton Santos. E, ao se fazer, vai-se perceber o óbvio: não existe universidade sem Humanidades. Mas, como tudo na vida, pode-se apreender isso de modo diferente e contemporizador. Quem saber numa fórmula mais amena que sugere, simplesmente, que o destino da universidade depende do destino que se der às Humanidades.

Quando Milton Santos clarificou essa compreensão, vivia-se, no Brasil, o imediatamente após o regime militar, Muro de Berlim, fim do bloco soviético e início da ubiquidade da globalização. Pois, depois disso e século XXI adentro, todo esse quadro ficou mais complexo e, com ele, a situação da universidade.

Ocorreu, de saída, uma desbragada expansão da malha de instituições de ensino superior no país. O que, por claro, gerou uma ampliação do número de instituições. Mas, ao mesmo, curiosamente, não aumentou o número de universidades. Do contrário, quem sabe, até diminuiu. E diminuiu porque, aos poucos, o que se entendia por universidade foi virando outra coisa, que, sinceramente, não se sabe muito bem o que é.

Mas as razões, depois de se ler Milton Santos, ficam clarividentes. Basta-se retomar com calma o processo de aceleração da expansão de instituições de ensino superior desde o início do século.

Quem fizer isso vai rápido notar que, por mais incrível que se possa parecer, houve, em geral, pouco ou nenhum verdadeiro interesse em se valorar o lugar das Humanidades no interior das novas instituições. E isso, quer-se crer, não foi simples descuido nem mera desatenção. Trata-se do atraso como projeto. E, visto assim, virou o féretro da universidade como missão. Pois, claramente, as instituições que saíram do zero ou se emanciparam de outras a partir do ano 2003-2005 foram sendo, em geral, forjadas sem nenhum interesse na criação de cursos realmente consistentes e relevantes em campos essenciais do conhecimento e do saber como artes, filosofia, geografia, história, letras e afins.

Esse imperdoável despautério, levado às últimas consequências, violentou o próprio sentido da universidade no Brasil. Isso porque, sem a latência das Humanidades no interior dessas novas e novíssimas instituições, a formação de uma ou duas gerações de brasileiros foi integralmente deformada a ponto de se comprometer a “construção de uma visão abrangente e dinâmica do que é o mundo” no interior da sociedade.

Consequentemente, não adiante negar, a indigência intelectual virou norma em todas as partes e ajudou a pavimentar um caminho seguro para a ascensão de um verdadeiro estúpido à presidência da República. O leite foi derramado. Todos viram e todos sabem.

As agonias das noites de junho de 2013 ao 8 de janeiro de 2023 foram imensas. Mas, assim, não sem razão. E a greve dos docentes das federais em 2024 veio simplesmente ampliar a convicção do sinistro e evidenciar que a situação virou muito pior que a que Milton Santos imaginou.

O lapso de vinte ou vinte e cinco anos de expansão/deformação universitária brasileira, produziu entre os acadêmicos uma maioria sem nenhuma aptidão nem sensibilidade para notar as infinitas sutilidades no interior da variedade de campos de conhecimento e saber. Dito sem nenhum pudor, perdeu-se a noção de coisas básicas, como a distinção entre humanidades e ciências (humanas ou naturais).

Diante disso, sinceramente, o melhor é se calar. Mas com o silêncio, a universidade – sem as Humanidades – vai morrendo. Pois como vaticinou Milton Santos “A universidade, aliás, é, talvez, a única instituição que pode sobreviver apenas se aceitar críticas, de dentro dela própria de uma ou de outra forma. Se a universidade pede aos seus participantes que calem, ela está se condenando ao silêncio, isto é, à morte, pois seu destino é falar.”

Tudo, portanto, além de muito triste, é muito grave.

E, talvez, agora, vendo-se, assim, a gravidade de todo o quadro, perceba-se o quanto Conceição Tavares e Delfim Netto, sem clichê nem ilusão, fazem falta.

Conceição Tavares e Delfim Netto eram obsessivos no falar. Não no falar por falar. Mas no falar – agora, talvez, entenda-se – para adiar o silêncio do fim. Do fim da universidade e do fim do devir.

*Daniel Afonso da Silva é professor de história na Universidade Federal da Grande Dourados. Autor de Muito além dos olhos azuis e outros escritos sobre relações internacionais contemporâneas (APGIQ). [https://amzn.to/3ZJcVdk]

Políticas educacionais nos EUA

Por OTAVIANO HELENE*

A desigualdade social, em especial a desigualdade na distribuição de renda, provocam também grande desigualdade educacional nos EUA

1.

A educação escolar dos EUA não é das melhores. Em programas de comparação internacional de estudantes, como o Pisa, os EUA ficam em uma posição relativa muito abaixo daquela que seria esperada considerando sua realidade econômica. Em alguns indicadores educacionais, a posição dos EUA é próxima daquela observada em países com PIB per capita igual à metade do norte-americano.

Dadas as condições materiais daquele país e a existência de escolas e universidades excelentes, essa situação poderia parecer estranha. Entretanto, a desigualdade social, em especial a desigualdade na distribuição de renda, parece provocar uma também grande desigualdade educacional. Isso faz com que coexistam uma educação de ponta e um enorme desenvolvimento científico e cultural, de um lado, com péssimos indicadores educacionais, de outro.

Outras características daquele país que o coloca em uma posição bastante atípica dizem respeito ao ensino superior. Nos EUA, o ensino superior é majoritariamente público. Entretanto, apesar de bem menos privatizado do que o ensino superior no Brasil (um quarto dos estudantes daquele país estão em instituições privadas, proporção inversa da brasileira, onde um quarto está em instituições públicas), sua taxa de privatização é mais elevada do que aquela que se observa tipicamente nos países mais avançados.

Outra característica bastante marcante dos EUA é o fato de que lá o ensino superior público não é gratuito e as anuidades cobradas são bastante altas, situação bem diferente daquela tipicamente observada nos países avançados.

Como os dois partidos que disputam a presidência daquele país entendem essa situação e que propostas têm?

2.

Em alguns aspectos, as diferenças entre os partidos Democrata e Republicano dos EUA são muito pequenas. Entretanto, nas políticas sociais, não ocorre o mesmo. Nesse aspecto, o Partido Democrata tem um perfil mais parecido com o da social-democracia europeia, enquanto o Partido Republicano defende valores tradicionais, às vezes embasados em princípios religiosos. Vejamos alguns exemplos.

O Partido Republicano defende a não estabilidade de professores e uma política de remunerações que podem depender de critérios sem relação com o desenvolvimento escolar e educacional. Por exemplo, o seu atual candidato à Casa Branca entende que a educação está tomada por “maníacos radicais de esquerda” e isso deve acabar. E, talvez, para acabar com isso seja necessário acabar antes com a estabilidade de professores.

Democratas, por sua vez, reconhecem a importância da estabilidade de professores e da participação da comunidade (educadores, pais, líderes comunitários e estudantes) na definição dos projetos educacionais e uma melhor remuneração dos trabalhadores da educação. Democratas reconhecem que a possibilidade de municípios complementarem os orçamentos das escolas, inclusive salários, faz com que a educação nas cidades de maiores rendas per capita seja muito diferente daquela oferecida aos jovens e às crianças das cidades mais pobres, sendo essa uma importante fonte das desigualdades educacionais que devem ser superadas.

Republicanos entendem que a ajuda federal destinada à educação e à saúde de crianças de famílias de baixa renda hoje existente deve ser eliminada. Outras propostas, ainda, são transformar despesas públicas com educação em vales (vouchers) que podem ser usados para pagamento de escolas privadas, e fechar a secretaria de educação, órgão correspondente ao Ministério da Educação do Brasil.

O Partido Democrata, por seu lado, afirma entender que educação não é mercadoria e que todas as crianças e jovens devem ter acesso ao ensino de qualidade controlado pelo setor público. As desigualdades devem ser enfrentadas por meio de ajudas do governo federal voltadas às crianças e aos jovens dos segmentos mais desfavorecidos. Democratas também entendem que recursos públicos devem ser direcionados apenas a instituições públicas.

Republicanos tendem a apoiar o ensino domiciliar inclusive subsidiado com recursos públicos. Democratas, por outro lado, reconhecem a importância do ensino presencial, que ficou muito clara durante os confinamentos provocados pela covid-19.

Como aqui, outras pautas invadem a questão educacional nos EUA. Democratas repudiam a proposta de que professores usem armas nas escolas, um ponto defendido por republicanos; seria a versão estadunidense das escolas militarizadas? Segundo estes últimos, as escolas também devem promover os “valores ocidentais”, enquanto democratas entendem que todas as crianças e jovens devam ser tratados da mesma forma, independentemente de suas origens nacionais, sexo, identidade de gênero, religião ou da ausência dela e de outras características pessoais.

Outro ponto importante a diferenciar os dois partidos é quanto ao financiamento do ensino superior. Uma prática comum – cobrança combinada com financiamentos para pagar as anuidades – tem provocado danos bastante importantes. As dívidas estudantis, quase totalmente federais, estão próximas a dois trilhões de dólares, valor próximo ao PIB nominal brasileiro de um ano inteiro, o que corresponde a uma média da ordem de US$ 40 mil por devedor.

Por um lado, isso afeta mais duramente os grupos social e economicamente mais frágeis; por outro lado, reduz ou mesmo anula os ganhos econômicos individuais esperados como decorrência da frequência de um curso superior. Além disso, a possibilidade de financiamento para arcar com as anuidades contribui para o aumento destas.

3.

Como democratas e republicanos entendem essa questão?

Parte do Partido Democrata defende simplesmente o fim das cobranças do ensino superior em instituições públicas, proposta abraçada por Bernie Sanders em seu programa quando candidato à Presidência da República. As atuais propostas dos democratas, reconhecendo a gravidade do problema criado pela cobrança do ensino superior, são, entretanto, mais modestas, mas defendem a redução das dívidas estudantis e dos juros dos empréstimos públicos.

A proposta do Partido Republicano para enfrentar a mesma questão é mais corriqueira: promover escolas e cursos mais baratos. Esta resposta está de acordo com o fato de que 59% dos republicanos ou simpatizantes pensam que o ensino superior tem um efeito negativo para o país. Acabar com ele seria uma possibilidade?

Enfim, tanto lá como aqui, o entendimento do papel da educação escolar em uma sociedade difere bastante segundo a posição política e ideológica dos partidos. E, tanto lá como aqui, a pauta educacional está contaminada pela pauta ideológica.

Otaviano Helene é professor sênior do Instituto de Física da USP.

Publicado originalmente no Jornal da USP.

A evolução das comunicações: da mídia impressa às redes sociais e seus desafios contemporâneos

A comunicação é uma das principais forças motrizes da sociedade. Desde os primeiros jornais impressos até a ascensão das redes sociais, a capacidade de disseminação de ideias evoluiu exponencialmente, proporcionando um alcance sem precedentes. No entanto, essa evolução não veio sem desafios. A transição da mídia impressa tradicional para o ambiente digital não apenas ampliou a capacidade de publicização de ideias, mas também desencadeou uma ansiedade por conteúdos que atendam à curiosidade e expectativas dos espectadores. Este cenário criou o ambiente perfeito para o surgimento de notícias falsas e golpes comerciais, fenômenos que têm gerado preocupações em várias esferas da sociedade.

Com o surgimento da mídia impressa, as ideias passaram a circular de forma mais ampla e acessível, rompendo barreiras geográficas e sociais. Jornais e revistas tornaram-se meios fundamentais para a disseminação de informações, opiniões e ideologias. No entanto, o processo de produção e distribuição dessas mídias era relativamente lento e controlado, o que permitia uma verificação mais rigorosa dos conteúdos.

Com o advento da internet e, posteriormente, das redes sociais, essa dinâmica mudou drasticamente. Hoje, qualquer pessoa com um dispositivo conectado à internet pode produzir e compartilhar conteúdo com milhares, senão milhões, de pessoas instantaneamente. Essa democratização da comunicação ampliou o alcance das ideias, mas também reduziu os filtros que tradicionalmente controlavam a qualidade e a veracidade das informações divulgadas.

A rapidez com que as redes sociais se estabeleceram criou uma nova realidade: a sede insaciável por novos conteúdos. Esse apetite por informações instantâneas e muitas vezes sensacionalistas gerou uma pressão sobre produtores de conteúdo para que entregassem notícias que captassem a atenção do público, mesmo que isso significasse sacrificar a precisão e a veracidade.

Nesse contexto, as fake news surgiram como um fenômeno preocupante. A disseminação de informações falsas não é um fenômeno novo, mas as redes sociais deram a esse problema uma nova dimensão. Agora, notícias falsas podem se espalhar em questão de segundos, alcançando um número imenso de pessoas antes que possam ser desmentidas. Além disso, a combinação de algoritmos que priorizam conteúdos populares com o comportamento humano, que tende a compartilhar informações emocionantes ou chocantes, criou um ambiente propício para a proliferação de desinformação.

Enquanto as redes sociais avançavam a passos largos, os Estados, em grande parte, demoraram a compreender e controlar esse novo fenômeno. A ausência de regulamentação eficaz e a complexidade de monitorar o vasto volume de conteúdo que circula nas plataformas digitais criaram um vácuo, preenchido por ideias e práticas que muitas vezes não são aceitas pela sociedade. Essa lacuna permitiu a proliferação de golpes comerciais, a manipulação política e a disseminação de ideologias extremistas, fenômenos que têm colocado em risco a integridade social e a segurança dos indivíduos.

Em face desses desafios, algumas abordagens conservadoras emergiram como tentativas de controle, como a retirada de celulares e tablets das mãos das crianças e o monitoramento rigoroso dos conteúdos acessados por adolescentes. No entanto, essas estratégias mostram-se inviáveis a longo prazo. Proibir o acesso a dispositivos e conteúdos pode, paradoxalmente, aumentar o fascínio por eles, resultando em comportamentos amorais ou imorais.

Além disso, a exclusão digital pode gerar um retrocesso no desenvolvimento das competências necessárias para a navegação segura e crítica no ambiente digital. A educação digital torna-se, assim, uma necessidade urgente.

A solução para os desafios impostos pelas redes sociais não reside na repressão, mas na educação. É preciso construir uma nova forma de educação que capacite as pessoas a usar dispositivos digitais e as ferramentas disponíveis de maneira crítica e consciente. Ensinar desde cedo a diferenciar informações confiáveis de notícias falsas, a compreender as dinâmicas das redes sociais e a reconhecer os perigos dos golpes online é fundamental para a formação de cidadãos informados e responsáveis.

Enquanto isso não for alcançado, continuaremos a testemunhar uma corrida desenfreada por audiência, impulsionada pela necessidade de vender produtos e promessas ilusórias. Essa corrida não só empobrece os consumidores, como também enfraquece a confiança na mídia e nas instituições, minando as bases da sociedade.

A evolução das comunicações, da mídia impressa às redes sociais, trouxe avanços significativos na disseminação de ideias, mas também gerou novos desafios. A proliferação de fake news e golpes comerciais é um sintoma de um ambiente digital desregulado e de uma sociedade ansiosa por conteúdos que muitas vezes sacrificam a verdade em nome do entretenimento. A resposta conservadora de proibir o acesso a dispositivos digitais é ineficaz e pode gerar consequências indesejadas. Em vez disso, é fundamental investir em uma educação digital que prepare os cidadãos para navegar com segurança e criticidade no mundo digital, garantindo, assim, um futuro onde a verdade e a ética prevaleçam.

Por Ronald Pinto

Risos. Folha desembarca da farsa contra Moraes com editorial que propõe a anulação das condenações contra os golpistas de 8 de janeiro

Fica claro, portanto, que o objetivo é anistiar personagens como Jair Bolsonaro

O jornal Folha de S. Paulo, que apoiou a ditadura militar de 1964, chegando até a emprestar seus carros para o aparato de tortura, o golpe de estado de 2016 e o choque neoliberal dele decorrente desembarcou melancolicamente, nesta quinta-feira, da operação de ataque, em parceria com Glenn Greenwald e a extrema-direita internacional, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que agiu para evitar um novo golpe no Brasil, desta vez por Jair Bolsonaro e seus asseclas, nas eleições presidenciais de 2022.

A saída encontrada pela Folha foi um editorial com críticas a Moraes e a seus colegas de Supremo Tribunal Federal, que o defenderam de forma enfática e sem margem para qualquer contestação. “Não estão em questão a boa-fé de Alexandre de Moraes nem a obtusidade da ala do bolsonarismo que flertou com a ruptura institucional. Discutem-se os meios utilizados para enfrentar a ameaça, real”, aponta o editorial

No mesmo texto, a Folha revela sua provável intenção, que parece ser a anistia a Jair Bolsonaro, único político capaz de fazer frente a uma eventual reeleição do presidente Lula em 2026. “É uma pena que, por espírito de corpo, colegas de Moraes tenham se apressado a conceder-lhe um novo salvo-conduto. Há acusados e investigados que poderão, com base nas informações que vêm sendo levantadas pelo jornalismo profissional, solicitar a nulidade de provas ou a reversão de decisões”, escreve o editorialista. “Já sabem que contarão com a antipatia do tribunal que deveria zelar pelas prerrogativas fundamentais dos brasileiros, entre as quais fulgura o devido processo legal”, finaliza.

Brasil 247

Folha reconhece ter promovido narrativa de Bolsonaro com acusações infundadas contra Moraes

https://www.brasil247.com/midia/folha-reconhece-ter-promovido-narrativa-de-bolsonaro-com-acusacoes-infundadas-contra-moraes

Humilhação e deboche: alguém precisa parar Carlinhos Maia

BRASÍLIA (DF)-Alguém precisa parar Carlinhos Maia, influencer tipo Pablo Farçal que ganha dinheiro enganando os trouxas. E haja trouxas. Um desses espertalhões chegou até a presidência da República. E o impressionante é que pessoas fazem fila para serem humilhadas, pisoteadas e debochadas por Carlinhos Maia, numa clara violação dos direitos humanos.

Na foto ao lado, o influenciador Catchall Pegasus, se humilha para voltar para o Rancho Maia. “Só um conselho: vá criar seus conteúdos e fazer por onde pra ser notado e ter mérito para estar no projeto! Se humilhando você só vai se rebaixar ainda mais. O que ele te disse naquele dia em live já foi o suficiente! (Pára que tá feio)”, postou  um internauta, criticando a posição humilhante do influenciador.

Sob a cortina de um reality show na internet, realizado no Rancho do Maia, reunindo um monte de  “influenciadores” e subcelebridades em um sítio cafona, Carlinhos Maia pratica os mais diversos e perversos crimes contra a pessoa humana, ferindo a alma daqueles que vão para aquele lugar em busca de mudança de vida. E o que encontram são manifestações de deboche, humilhações e submissão. Quando confrontado, ele se assume um tirano dizendo que quanto mais criticarem mais ele ganha dinheiro em cima dos trouxas. Alguém precisa parar Carlinhos Maia. Antes que algo muito pior aconteça.

Carlinhos Maia se explica sobre vídeo polêmico Uma das últimas aberrações no Rancho Maia, funcionárias esfregam o rosto de uma influenciadora em esterco de vaca. No vídeo, a influenciadora conhecida como Debochada, que sempre está nas festas de Carlinhos, era arrastada por funcionários, que esfregam o rosto dela em esterco e a jogavam em um curral com cabras.

Após a repercussão negativa do vídeo, o influenciador decidiu se explicar. “Vocês que seguem já sabem, mas aos que sempre buscam deturpar tudo, a debochada estava atuando. Ela trouxe as funcionárias para o enredo dela. Ela passa a temporada toda ‘humilhando’, ‘mandando’ nas meninas. No fim, elas se vingam. Inclusive, ideia delas mesmas. Então, relaxem, tem muito teatro aqui também, ninguém é obrigado a nada”, disse ele.

“São quase 8 anos tentando me cancelar, não perceberam que não paro nunca? Amo que vocês me deixam ainda mais famoso, mais rico, ainda mais popular. Olha a quantidade de gente que ama. E a quem odeia, bem-vindos. Quanto mais vocês reproduzem meus vídeos, mais gente vem e fica”, completou Carlinhos.

J.K. Rowling e Elon Musk são mencionados em processo movido pela campeã olímpica Imane Khelif

A campeã olímpica de boxe Imane Khelif se viu no centro de uma polêmica acirrada que agora evoluiu para uma ação legal. A boxeadora argelina, que recentemente ganhou a medalha de ouro na categoria feminina de 66 quilogramas nas Olimpíadas de Paris 2024, está movendo uma queixa criminal contra aqueles que supostamente cometeram “atos de assédio cibernético agravado” contra ela.

A queixa, apresentada pelo advogado de Khelif, Nabil Boudi, às autoridades francesas, menciona várias figuras de destaque, incluindo a autora J.K. Rowling e o empresário Elon Musk. Embora a ação judicial seja movida contra pessoas desconhecidas (uma prática comum na lei francesa), ela menciona especificamente esses indivíduos, entre outros, que podem ter contribuído para o assédio online.

A controvérsia surgiu de acusações infundadas sobre a elegibilidade de Khelif em relação ao gênero. Apesar de ter nascido mulher e não se identificar como transgênero ou intersexo, Khelif enfrentou uma enxurrada de abusos online questionando seu direito de competir no boxe feminino. O Comitê Olímpico Internacional apoiou firmemente Khelif, declarando: “Cientificamente, isso não é um homem lutando contra uma mulher.”

No entanto, os ataques online persistiram, com algumas figuras influentes adicionando combustível ao fogo. J.K. Rowling, conhecida pela série Harry Potter, postou uma mensagem para seus 14,2 milhões de seguidores no X (anteriormente Twitter), acusando Khelif de ser um homem “desfrutando do sofrimento de uma mulher que ele acabou de socar na cabeça”. Elon Musk, o proprietário do X, compartilhou e concordou com uma postagem afirmando que “homens não pertencem aos esportes femininos.”

A ação judicial não se limita a essas duas figuras. Boudi mencionou que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também faria parte da investigação devido à sua atividade nas redes sociais relacionada a Khelif. Outras personalidades, como Logan Paul, também fizeram comentários depreciativos, embora Paul tenha posteriormente apagado sua postagem e admitido a possibilidade de ter espalhado desinformação.

Boudi explicou o motivo por trás da apresentação da queixa contra pessoas desconhecidas: “Isso garante que a promotoria tenha toda a latitude para poder investigar contra todas as pessoas, incluindo aquelas que podem ter escrito mensagens odiosas sob pseudônimos.”

React - Nikolas Ferreira e as bobagens biológicas sobre a lutadora argelina Imane Khelif

O advogado também enfatizou que a queixa poderia ter alcance internacional. Ele afirmou: “O gabinete do procurador para combater o discurso de ódio online tem a possibilidade de fazer pedidos de assistência jurídica mútua com outros países.” Isso significa que, embora a ação judicial tenha sido movida na França, ela poderia potencialmente visar indivíduos no exterior.

O impacto desse assédio online em Khelif foi significativo. Seu treinador, Pedro Diaz, compartilhou com a Variety que o bullying “afetou incrivelmente ela” e “todos ao seu redor”. Diaz, que já treinou 21 campeões olímpicos antes de Khelif, disse: “Nunca tinha visto algo tão repugnante em minha vida.” Ele aconselhou Khelif a evitar as redes sociais durante as Olimpíadas para manter seu foco em ganhar a medalha de ouro.

Apesar dos desafios, Khelif perseverou e alcançou seu sonho olímpico. Diaz elogiou sua resiliência, dizendo: “Ela é tão inteligente e tem uma motivação incrível.” Ele acrescentou que a vitória na medalha de ouro “foi a vitória mais gratificante da minha carreira como treinador.”

Misteriosdomundo.org

Pablo Farçal se encontrou com irmão de líder do PCC citado por presidente de seu partido

O coach se encontrou com o irmão de um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), mencionado por presidente de seu partido em gravação recente

O coach de extrema-direita Pablo Farçal (PRTB), candidato à Prefeitura da capital paulista, encontrou-se com o irmão de um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) citado pelo presidente de seu partido em uma gravação que veio à tona na semana passada.

O caso ganhou repercussão quando o jornal Folha de S. Paulo publicou um áudio em que Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, afirma ter ligações com o PCC e menciona nominalmente “Piauí”. Farçal evitou criticar seu aliado, que o acompanhou no mesmo dia ao debate da TV Bandeirantes.

Segundo informações do jornal, a gravação foi feita em fevereiro deste ano durante uma conversa com Thiago Brunelo, filho de um dos fundadores do PRTB. A disputa pelo comando do partido, que passou por intervenção do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), serviu como pano de fundo para a conversa.

De acordo com o portal Metrópoles, Farçal encontrou-se com Valquito Soares da Silva, de 58 anos, irmão de Francisco Antonio Cesário Soares, o “Piauí”, apontado pela Polícia Civil como líder da facção criminosa na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. O encontro foi registrado e divulgado nas redes sociais.

Experimento: violinista Joshua Bell toca no metrô de NY e não é reconhecido

O Washington Post quis provar até que ponto as pessoas eram capazes de reconhecer algo bonito ou sublime quando a beleza competia com a rotina. Infelizmente, provou o contrário: que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar. Mostrou o quanto os americanos não dão valor aos talentos e se importam mais com os ídolos produzidos na mídia.

Foi realizado pela primeira vez em 2007 e repetido após sete anos. Seu protagonista foi o famoso violinista Joshua Bell, e ele provou que os seres humanos são bons em ignorar a beleza.

O experimento foi organizado pelo jornal Washington Post. Partia de uma pergunta: a beleza é capaz de capturar a atenção das pessoas se for apresentada no contexto cotidiano e em um momento inadequado?

O experimento do violinista no metrô: uma prova de que olhamos sem verEm pleno horário de rush na capital do mundo, alguns dias  depois de tocar no Symphony Hall de Boston, com ingressos a US$ 1 mil, o prestigiado violinista Joshua Bell ficou 45 minutos executando obras clássicas em um raríssimo Stradivarius de 1713, cujo valor é estimado em US$ 3 milhões.

Ninguém, absolutamente ninguém, percebeu que estava diante de um dos maiores músicos virtuoses do mundo. O objetivo da experiência, segundo os executivos do jornal, era lançar um debate sobre valor, contexto e arte entre os americanos. A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Joshua Bell, um virtuoso

Joshua Bell é um dos melhores violinistas do mundo. Nasceu em Indiana (Estados Unidos) em 1967. Quando era muito pequeno, seus pais o viram reproduzindo o som do piano que sua mãe tocava, com faixas de borracha. Ele tinha apenas 4 anos de idade.

Seu pai lhe comprou um violino e aos 7 anos o garoto já fazia seu primeiro show.
A característica mais marcante de Joshua Bell é seu amor pela música clássica e sua defesa de uma ideia: ela deve estar ao alcance de todos os públicos. Ele não é um daqueles músicos que pensam que ela é válida apenas em determinados ambientes ou para um público treinado.
Bell apareceu na Vila Sésamo e participou da criação de várias trilhas sonoras para filmes. Além disso, interpretou o tema central do filme O Violino Vermelho e atuou como o dublê do protagonista em várias cenas.

Taxação olímpica: Bolsonaro cobrou R$ 1,2 milhão em imposto, que foi criado na Ditadura

Deltan Dallagnol usou a imagem de Rebeca Andrade para incitar a horda bolsonarista. O que os bolsonaristas omitem é que a taxação foi criada nos anos 1970, durante a Ditadura

Arma da oposição em mais uma narrativa para atacar o presidente Lula, a “taxação olímpica” – que aplica uma alíquota de até 27,5% do Imposto de Renda para premiações recebidas no exterior – existe há pelo menos 50 anos e, em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro (PL) resultou em R$ 1,2 milhão em arrecadação cobrada sobre os medalhistas brasileiros nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão.

O que os bolsonaristas omitem é que a taxação foi estabelecida ainda nos anos 1970, durante a Ditadura Militar, que definiu que prêmios obtidos em “competições desportivas, artísticas, científicas e literárias, exceto se outorgados através de sorteios, serão tributados como rendimentos do trabalho”.

Em 1998, o governo Fernando Henrique Cardoso atualizou a legislação afirmando que   “são entendidos como salário” valores recebidos a título de abono de férias, décimo-terceiro salário, “gratificações e prêmios”.

Ex-procurador chefe da Lava Jato e deputado cassado, Deltan Dallagnol (Novo-PR) é um dos bolsonaristas que tentam colar a narrativa como se fosse algo determinado pelo governo Lula.

“Você acha justo que nossos campeões olímpicos, que trazem projeção e orgulho para o nosso país, sejam tributados desta forma?”, incita Dallagnol usando a imagem – e o caso – da ginasta Rebeca Andrade, que faturou mais de R$ 800 mil com as quatro medalhas, incluindo uma de ouro, nos Jogos Olímpicos de Paris.

A realidade paralela criada pelos bolsonaristas fez com que o deputado Luiz Lima (PL-RJ) tentasse gerar lucros eleitorais com o caso, propondo um Projeto de Lei para isentar os atletas dos impostos.

 

Revista Fórum

Veja a agenda: Gilberto Gil fará sua última turnê

Fim do ‘tempo rei’ – Gilberto Gil deu a notícia que os fãs não queriam ouvir: em 2025, o artista fará sua última turnê. Pra dar adeus aos palcos, ele tem onze shows marcados entre março e novembro do ano que vem, em oito estados brasileiros.

Aos 82 anos, Gil deve cantar músicas que marcaram sua carreira e embalaram tanta gente durante todos esses anos de estrada. “Foram vários os elementos que ponderei para chegar na decisão da realização de uma última turnê”, disse ele no comunicado oficial anunciando “Tempo rei – Última turnê’.

Pra quem já tá com saudade do cantor, ele conta que não deve deixar a música de vez. “Houve reflexão sobre este mercado e também sobre a exigência física necessária para esses grandes shows. Quero continuar fazendo música em outro ritmo, mas, antes, teremos essa celebração bonita junto do público e da família.”

As vendas pra turnê começam no dia 22, mas uma pré-venda, para clientes do Banco do Brasil, acontece entre os dias 19 e 22. O valor dos ingressos vai de R$ 90 a R$ 1.580.

Veja a agenda:
15 de março de 2025 – Salvador (BA) – Casa de Apostas Arena Fonte Nova
29 de março de 2025 – Rio de Janeiro (RJ) – Farmasi Arena
30 de março de 2025 – Rio de Janeiro (RJ) – Farmasi Arena
11 de abril de 2025 – São Paulo (SP) – Allianz Parque
12 de abril de 2025 – São Paulo (SP) – Allianz Parque
07 de junho de 2025 – Brasília (DF) – Arena BRB Mané Garrincha
14 de junho de 2025 – Belo Horizonte (MG) – Arena MRV
05 de julho de 2025 – Curitiba (PR) – Ligga Arena
09 de agosto de 2025 – Belém (PA) – Estádio Mangueirão
15 de novembro de 2025 – Fortaleza (CE) – Centro de Formação Olímpica (CFO)
22 de novembro de 2025 – Recife (PE) – Classic Hall

Sentiu: Maduro considera anular as eleições por alegado ataque cibernético, diz Iván Duque

O ex-presidente colombiano Iván Duque revelou à CNN que o governo venezuelano, incapaz de manipular os resultados das eleições para justificar a vitória de Nicolás Maduro, está planejando declarar a eleição nula. De acordo com Duque, a estratégia envolve alegar que dados foram corrompidos devido a um suposto ataque cibernético.

Duque afirmou que a tática de Maduro visa atrasar a divulgação das atas eleitorais e criar uma narrativa de fraude digital. O objetivo seria convencer o Supremo Tribunal de Justiça a declarar a eleição inválida e convocar novas eleições para dezembro.

O ex-presidente também destacou que o governo venezuelano e o Conselho Nacional Eleitoral estariam tentando adiar a publicação das atas para manipular os resultados. No entanto, a oposição conseguiu tornar as atas públicas antes que isso ocorresse, dificultando a manipulação dos dados.

Em convenção, Pablo Marçal elogia Lula e mente sobre Bolsonaro ter reduzido impostos

Locutor boiadeiro, chá revelação e documentário sobre Venezuela: convenção que oficializou Marçal em SP assume tom de caricatura

Cadeiras gamers, hip hop estadunidense, locutor boiadeiro, bateria de escola de samba, louvor, elogios e críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esses foram apenas alguns dos elementos que deram o clima da convenção que oficializou a candidatura do coach Pablo Marçal pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) para a Prefeitura de São Paulo, na manhã de domingo (4).

Sob o típico clima de palestra motivacional, negócio no qual Marçal é empresário, o evento também teve “chá revelação” para divulgar se sua chapa seria composta por um homem ou uma mulher no cargo de vice. Sob uma chuva de papel picado em cor-de-rosa, veio o nome: a policial Antônia de Jesus Barbosa, formando uma chapa “puro-sangue”, ambos do mesmo partido.

Mas, acabou elogiando Lula, uando disse que ele, Marçal, mudou mais de partido do que de cueca. “Uma coisa bonita no Lula é o fato de ele estar no mesmo partido uma vida inteira. Que eu esteja sempre nesse partido. Eu queria seguir o Lula pelo menos nessa questão”. O influenciar digital, porém, classificou Jair Bolsonaro (PL) como “o único que diminuiu a quantidade de impostos”, apesar de não ser verdade.

Marçal passou por mais de um partido em sua trajetória antes do PRTB. Foi filiado ao Pros, Solidariedade e Democracia Cristã – por isso, elogiou o presidente Lula por nunca mudar de sigla.

Esqueceu de ajudar os pobres de São Paulo

“Meu coração é africano. Eu dei meu coração para ajudar o povo africano. Agora eu percebi que São Paulo está pior do que na África”, disse o coach sobre o trabalho de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade que fez. Pois é. Só agora (em campanha) Marçal percebeu que São Paulo está pior do que na África. Vai vendo, São Paulo.

Com informações do Brasil de Fato

Mestre em Políticas Públicas, Raí quer transformar o Brasil com esporte: ‘é a base da democracia’

Ex-craque já visitou municípios na Bahia e no Maranhão em busca do local ideal para implementar seu projeto de mestrado

O ex-futebolista brasileiro Raí está determinado a utilizar o esporte como ferramenta de transformação social no Brasil. Após retornar a Paris, ele obteve o diploma de mestre em Políticas Públicas pela prestigiada Universidade Sciences Po. Agora, ele pretende aplicar um projeto inovador de integração entre arte, esporte e educação em uma pequena cidade do Nordeste brasileiro, para servir como modelo de democratização do esporte.

“Quero fazer o projeto em uma cidade que tem essa vocação, não quero impor nada”, disse Raí ao Estadão. Ele já visitou municípios na Bahia e no Maranhão em busca do local ideal para implementar sua iniciativa. “Provo na minha dissertação que essas atividades lúdicas têm impacto muito grande no desenvolvimento humano, educacional, cognitivo e de integração. São atividades hoje, num mundo tão dividido, que quebram as diferenças e juntam as pessoas. Tem tudo isso dentro do projeto, que visa radicalizar a integração e universalizar o acesso a esse tipo de política pública. Essas atividades têm que ser um direito humano”.

Raí é uma figura muito respeitada na França, onde jogou pelo Paris Saint-Germain e recentemente carregou a tocha olímpica dos Jogos de Paris. Ele foi convidado pelo Comitê Olímpico Internacional para participar desse evento emblemático, sendo disputado pelas cidades de Paris e de Versailles para carregar a tocha em suas ruas. Raí optou por Versailles, com quem já tinha um compromisso anterior. “Carregar a tocha olímpica na França tem um gosto especial”, declarou o ex-craque.

Além de seu envolvimento com o esporte e a educação, Raí também se destacou como uma voz ativa contra a extrema direita. No início de julho, ele discursou em uma manifestação em Paris, sendo aplaudido pela multidão. “Viva a França, viva a República, viva a democracia”, disse Raí em francês. “Conheço bem a extrema direita. O que eles fazem de melhor é mentir. Eu os conhecia no poder. A extrema direita é o fim do mundo, é o fim dos direitos humanos, da humanidade”.

Brasil 247

VIDEO Pastor é expulso da Assembleia de Deus após fazer sexo com obreiro e ter vídeo vazado

Vários vídeos íntimos de um pastor de Rio Branco, no Acre, mostrando relações sexuais com um obreiro da igreja Assembleia de Deus viralizaram nas redes sociais. A ampla repercussão das imagens levou à expulsão do pastor da igreja.

De acordo com informações, o pastor, que seria casado e pai de três filhos, aparece em pelo menos seis vídeos vazados, que mostram interações com o obreiro e outras pessoas.

Os vídeos foram divulgados inicialmente em grupos de WhatsApp associados à igreja no dia 24 de julho. Na mesma data, a liderança da igreja decidiu afastar o pastor de suas funções e atividades.

“Ai pastor!”

Nos vídeos, é possível ver o fiel e o pastor mantendo relações íntimas consensuais. “Ai pastor, ai pastor”, diz o homem, enquanto é penetrado pelo religioso. Os vídeos caíram nas redes sociais e deixaram os internautas chocados. “Quando eu falo que esse povo da igreja não presta! Tá aí ó!!! Se escondem e são piores do que os mundanos, como eles falam!”, apontou um internauta no X, antigo Twitter.

“Eu sempre fico incrédula. Se tá fazendo algo escondido PRA QUE registrar?”, questionou outra. “Acho muito que bem feito expor gente hipócrita, que prega no púlpito sobre imoralidade e pecado, mas que não vive nada disso. Desse tipo de crente a igreja tá cheia”, observou mais um, na mesma rede social. “A aliança bem grande e brilhante mostrando o quanto ele ama a esposa”, ironizou uma internauta.

VEJA O VIDEO AQUI

DCM

Coluna Zona Franca

Guajará-Mirim

A convenção Partido Progressista (PP)  é hoje, sábado. O evento ocorrerá a partir das 19h, no Palácios Club. O partido Novo, no dia 04, 19h, na Avenida Quintino Bocaiuva Esquina com Avenida Rocha Leal, 936 – Master Pizzaria, Bairro Tamandaré. O MDB realiza convenção dia 4, domingo, no plenario da CMGM, a partir das 15h. PT, dia 5 de agosto, 19h, no imóvel situado na avenidMarechal Rondon, 5393, Liberdade.

Podemos e Novo

Faltando apenas dois meses e três dias para as eleições municipais, acontecem neste sábado, 3, as duas últimas convenções partidárias em Porto Velho. O Podemos realiza a sua as 16 horas, na Talismã 21. O partido Novo realiza a convenção no auditório da Unopar, na zona leste de Porto Velho, as 15 horas.

Definidos

Com as duas últimas convenções, estes serão os candidatos a prefeito de Porto Velho: Benedito Alves (SD), Célio Lopes(PDT), Euma Tourinho (MDB), Léo Moraes (Podemos), Mariana Carvalho (União Brasil), Ricardo Frota (Novo) e Samuel Costa (Rede-PSOL). 

 

Candidatos a vereador de PortoVelho homologados

PSB oficializa saída de bloco de apoio a Arthur Lira na CâmaraPSB-Prefeito, Vinícius Miguel (PSB): ANSELMO DA SILVA GOMES, nome de urna: ANSELMO VAI LA SABIDO, n° 40.456ABIDAO FERREIRA DA SILVA FILHO, nome de urna: ABIDÃO FILHO, n° 40.321; DANTE LOPEZ CHAVEZ, nome de urna: DR. DANTE, n°40.364;  EDENILSON SOUZA ARAUJO, nome de urna: DR EDENILSON, MÉDICO VETERINÁRIO, n° 40.000; EDMILSON BEZERRA CRUZ JUNIOR , nome de urna: PROF ENF EDMILSON JUNIOR, n° 40.192; EDNILSON ALVES DA SILVA, nome de urna: EDNILSON GADON, n° 40.140; ERIQUE DOS SANTOS SILVA, nome de urna: ERIQUE SILVA, n° 40.258; FRANCISCO DAS CHAGAS PERES GUTIERRE, nome de urna: CHAGAS PEREZ GUTIERRE, n° 40.240; FRANCISCO JOSE DE CARVALHO TORRES, nome de urna: RACHID TORRES, n° 40.555; JOAO CANDIDO DA COSTA, nome de urna: JOÃO CÂNDIDO, nº 40.888; JONH ROBISON GOMES DA SILVA, nome de urna: JONH ROBISON, n° 40.333; JOSÉ SATIRO DE MENDONÇA JÚNIOR, nome de urna: JOSÉ SATIRO, n° 40.444; LUIZ CARLOS FERRARI, nome de urna: DR. LUIZ FERRARI, n° 40.123; MARCONDES PEREIRA GUIMARAES, nome de urna: MARCONDES GUIMARÃES, n° 40.678; PEDRO LIMA DA PAULA, nome de urna: PEDRINHO MOTORISTA, n° 40.222; ROSENILTON DE ARAUJO NEVES, nome de urna: NILTINHO NEVES, n° 40.789; e 17º SEVERINO DOS PASSOS NOBRE, nome de urna: SEVERINO NOBRE, n° 40.234; CAROLINE SUAREZ COSTA, nome de urna: CAROL SUAREZ, n° 40.111; GABRIELE CRISTINA ALVES DE SOUSA COUTINHO, nome de urna: PROF. GABY COUTINHO, n° 40.100; LUCIANA GONÇALVES BEZERRA, nome de urna: LUCIANA BEZERRA N ° 40.777; MARILENA PEDROSA ARAUJO GONÇALVES, nome de urna: MARILENA GONÇALVES, n° 40.345; NEIRLENE DOS SANTOS SILVA REIMANN, nome de urna: NEIRLENE REIMANN, n° 40.400); RAFAELA CAROLINA EVANGELISTA DE OLIVEIRA, nome de urna: RAFAELA OLIVEIRA, n° 40.200; REGINA CELIA DOMINGUES, nome de urna: REGINA CELIA, n° 40.300.

Avante-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil): RENATA QUEIROZ CAMURÇA, RENATA CAMURÇA, nº 70.227; CARLA ANDREIA DE ALMEIDA TAVARES, CARLA TAVARES, nº 70.700; MARCIA APARECIDA COSTA SILVA, MARCIA SILVA, nº 70.190; CARLA TELES PRIORE, CARLA TELES, nº 70.900; JOYCE RAMALHO PIRES KONAGESKI, JOYCE KONAGESKI, nº 70.111; DAIHANE REGINA LOPES GOMES, DAIHANE GOMES, nº 70.603; ROSELY LEITE SÁ DE SOUZA, ROSELY SOUZA, nº 70.223;  KARLA LUCIANA BARRETO, KARLA BARRETO, nº 70.888;  CARLOS EDUARDO ROCHA ARAUJO, nº CARLOS EDUARDO KADU, nº 70.222; RONALDO GOUVEIA SANCHES, RONALDO SANCHES, nº 70.200; ANDERSON DOS SANTOS MENDES, DR. NANAN, nº 70.555; EVALDO SILVA CARVALHO, EVALDO CARVALHO, nº 70.567; RAIMUNDO NONATO BORGES DE CARVALHO, Pr. NONATO BORGES, nº 70.077; JEANDERSON MELONIO RABELO, MARANHÃO DO PORTO VELHO, nº 70.100 ; JOSE UÍLSON GUIMARAES DE SOUZA, ZÉ PAROCA, nº 70.000; BRENO MENDES DA SILVA FARIAS, DR. BRENO MENDES O FISCAL DO POVO, nº 70.456 – 9. JOSE FELIPE FILHO, FELIPE, nº 70.444 – 10. PAULO TICO FLORESTA, PAULO TICO, nº 70.300;  ANDRÉ FERREIRA ROCHA DE OLIVEIRA, ANDRÉ ROCHA, nº 70.789; JOSE BARBOSA REIS, ZÉ REIS, nº 70.890; RAIMUNDO COSTA DE MORAES, DR. RAIMUNDINHO BIKE SOM, nº 70.333;  FRANCISCO FERREIRA DOS SANTOS, CHIQUINHO DO SINTAX, nº 70.123; FRANCISCO ALEX SALES, ALEX SALES, nº 70.345; CLEVER CUSTODIO DE ALMEIDA FILHO, DR. CLEVER, nº 70.777.

PP-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil):  RAIMUNDO TORRES FILHO, TORRES FILHO, 11.321;ANA PAULA LIMA SOARES, Dra. ANA PAULA, nº 11.345; FRANCINETE FERREIRA FERNANDES, FRAN DO CENTRAL, nº 11.100; 3. DAIANE ALINE PINTO MELO, DAIANE MELO, 11.233; LUCIENE MARTINS DE SOUSA, LUCIENE DA TV, nº 11.777; RAQUEL SILVA SANTOS, Professora RAQUEL, nº 11.000; RAYANE ALMEIDA DOS SANTOS VALENTE, RAYANE DO AGRO, nº 11.022; ROSELI DOS SANTOS BARBOSA, ROSELI BARBOSA; nº 11.456;  ADMILSON COSTA DOS REIS, Pastor ADEMILSON, 11.101; ALYSON FIGUEIREDO DA SILVA DOMINGOS, ALYSON CUIABANO, nº 11.111; CARLOS ANDRE MATIAS COSTA, CARLOS MATIAS, 11.444; DOUGLAS BENER MAIA OLIVEIRA, DOUGLAS LOPES, nº 11.112; 5. FERNANDO ALVES LORAS QUEIROZ, FERNANDO LORAS, nº 11.500; HORAN VITORIO DE SOUZA SALES, Sargento VITÓRIO, 11.190; JOSIAS BATISTA SILVA, JOSIAS PERITO, 11.411; MATHEUS SERRATE DE ARAÚJO CARVALHO, MATHEUS SERRATE, 11.222; MOISES CORREIA LOPES, MOISES LOPES, 11.333; PAULO ROBERTO LUBIANA, PAULO LUBIANA, 11.789; PAULO MONTEIRO ORIGA, PAULO ORIGA, 11.123; PEDRO AUGUSTO DE OLIVEIRA, PEDRO CERO, 11.007; PEDRO GEOVAR RIBEIRO JUNIOR, PEDRO GEOVAR, 11.234; RAFAEL DO AMARAL CAMPANHA DA SILVA, Oficial RAFAEL CAMPANHA, 11.011; SEBASTIÃO GERALDO FERREIRA, TIÃOZINHO de União Bandeirantes, 11.555.

PRD-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil): JOELNA RAMOS HOLDER. NOME PARA URNA: JOELNA HOLDER 25.300MARIA MADALENA FARIAS FERNANDES GOMES. NOME PARA URNA: MADÁ FARIAS, 25.700;  OLINDA CHAGAS DE SOUSA. NOME PARA URNA: OLINDA DO SALGADINHO DO PORTO, 25.900; MARIA APARECIDA NOBRE SANTOS. NOME PARA URNA: CIDINHA DA ZONA SUL, 25.500; NOELI DE FRANÇA CARDOSO. NOME PARA URNA: NOELY FRANÇA, SENDO-LHE ATRIBUIDA O Nº DE URNA 25.777;  YASMIN LUCAS DE AMORIM. NOME PARA URNA: YASMIN AMORIM, 25.375; LUZIA MENDES VIANA. NOME PARA URNA: LUZIA DO CAPES, 25.000; ; ROSÂNGELA MUNIZ BEZERRA.  NOME PARA URNA: ENFERMEIRA ROSÂNGELA MUNIZ, 25.800; JULIA DE ALMEIDA. NOME PARA URNA: ENFERMEIRA JÚLIA, 25.127; FRANCISCO BRUNO OLIVEIRA DA COSTA. NOME PARA URNA: BRUNO DO PINGO, 25.025; NILSON JOSÉ NETTO.  NOME PARA URNA: FININHO DA SAÚDE, 25.007; JOBERTO SOARES CUNHA. NOME PARA URNA: GILBERTO SOARES, 25.140;  JON ADSON FERREIRA DA SILVA. NOME PARA URNA: JON ADSON PIABA, 25.678; RAILSON DUARTE DE MEDEIROS. NOME PARA URNA: RAILSON MEDEIROS, 25.444; JOSÉ FERREIRA DA SILVA,. NOME PARA URNA: IRMÃO FERREIRA, 25.321; PEDRO DOS SANTOS TEIXEIRA. NOME PARA URNA: PEDRO TEIXEIRA, 25.123; ROMILDO TERRES PORTELA DE OLIVEIRA JÚNIOR. NOME PARA URNA: PORTELA, 25.250; HELTON APARECIDO CORDEIRO COELHO. NOME PARA URNA: HELTON CORDEIRO, 25.255; ALEKSANDER ALLEN NINA PALITOT.  NOME PARA URNA: PROFESSOR ALEKS PALITOT, 25.222; CLAUDIO JOVELINO ASEVEDO DOS SANTOS JUNIOR. NOME PARA URNA: CLÁUDIO JOVELINO, 25.999;  DEVONILDO DE JESUS SANTANA. NOME PARA URNA: DR. SANTANA, 25.555; SANDRO MARCELO ALVES DOS NASCIMENTO. NOME PARA URNA: SANDRÃO, 25.197; LEYLSON VIANA LIMA.  NOME PARA URNA: DJ LEYLSON LIMA, 25.100; LAELSON DA SILVA LIMA. NOME PARA URNA: LAELSON LIMA DO PLANALTO,  25.456.

SDPrefeito- Benedito Alves-IRAILTON D’AUREA, Terrinha, 77456; ADELSON ALUIZIO SANTOS DE AZEVEDO, Adelson Azevedo, 77520; COSMO ARAÚJO FERREIRA, Cosmo da Marmoraria, 77100; EDIELSON BARBOZA PEREIRA DE SOUZA, Edielson da TV, 77111; JOÃO BATISTA BARBOSA, Ferrujo, 77777; LEONARDO PEREIRA CAVALHEIRO, Leonardo Cavalheiro, 77500; ANCELMO DA SILVA PENASCO, Lulinha da Rádio, 77677; MAICON DA SILVA MENDES, Maicon Mendes, 77800; ; JOSE MARIA DIOGO GARCIA, Zé Maria Diogo, 77234; JOSÉ JUILO QUEIROZ CHAVES, Julio Chaves, 77321; JOÃO BOSCO DE LIMA CARDOSO, Bosco Cardoso, 77123; JESUÍNO SILVA BOABAID Jesuíno Boabaid, 77190; PAULO CARVALHO DE BARROS, Paulo Carvalho, 77127; FRANCOÍSE ALMEIDA DE SOUZA DANTAS, Fran Almeida, 77477; LUCIANA PAULA PEREIRA DO NASCIMENTO, Pastora Luciana, 77144; ROSANE SOARES RODRIGUES, Rosane da Saúde, 77555; ROSICLER MUNIZ OLIVEIRA, Profª Rosi, 77017; JESSICA CAROLINE CRISPIN DE LIMA, Jessica Crispim, 77027; MARILDA BEZERRA CAVALCANTE, Marilda da Creche, 77888; ANA QUELE DE SOUZA LIMA FERROSIL, Ana Quele, 77012; ELIZABETE MATIA DE SIQUEIRA, Profª Betinha,
77567.

Agir-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil):1. ALEXANDRE SILVA DE OLIVEIRA FILHO, 36070, ALEXANDRE SILVA.
2. ANTÔNIO ENIVALDO FERREIRA MEDEIROS, 36999, ANTÔNIO MEDEIROS.
3. CLAUDIO HÉLIO DE SALES, 36130, CLÁUDIO DA PADARIA.
4. CLEVELAND RODRIGUES HERON, 36900, CLIVER HERON.
5. EDNEI LIMA PINHEIRO, 36000, EDNEI LIMA.
6. EDNEI MENEZES DE ASSIS, 36456, EDNEI ASSIS.
7. JEOVANE DE JESUS ROCHA, 36100, JEOVANE IBIZA.
8. JOSÉ HERMÍNIO COELHO, 36036, HERMÍNIO COELHO.
9. ANTONIO MARCOS MOURÃO FIGUEIREDO, 36700, MARCOS COMBATE.
10. MARCOS ANTÔNIO PEREIRA MALAQUIAS, 36361, PASTOR MARCOS DO BEM.
11. ROBERTO DILAMITE SOUSA, 36111, ENFERMEIRO ROBERTO DILAMITE.
12. RUBEMAR MORAES DE SOUZA, 36190, RUBEMAR MORAES.
13. AIRTON TRINDADE DA SILVA, 36222, SARGENTO AIRTON TRINDADE.
14. MEZAQUE ROCHA DO COUTO, 36333, MEZAQUE ROCHA.
15. JEAN FERNANDES MOREIRA DE SOUZA, 36321, JEANZINHO.

1. CECILIA ALVES DE OLIVEIRA CARVALHO, 36787, CECILIA CARVALHO.
2. DALVA CRISTINA MOREIRA MEDEIROS DE SOUZA, 36888, DALVA MEDEIROS.
3. GABRIELE MOREIRA GASPAR, 36500, GABRIELE GASPAR.
4. MARILENE NOLETO PAIVA, 36789, MARILENE DA URBANO NORTE.
5. FRANCISCA DE SOUSA CAVALCANTE, 36777, IVANILDA CAVALCANTE.
6. MEIRIANE SILVA SANTOS, 36123, MEIRY SANTOS.
7. SOLANGE DA SILVA GOMES, 36200, SOLANGE DA FEIRA.
8. TALIANA APARECIDA NEVES VELASQUE, 36555, TALIANA NEVES.
9. REJANE DA SILVA FREITAS, 36444, ENFERMEIRA REJANE 

PL-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil): 1. ANDRÉA VIRGINIA FARIAS LIMA, nome de urna ANDRÉA FARIAS,
número de urna 22022- 2. SOFIA ANDRADE DE AGUIAR GOMES, SOFIA ANDRADE, número de urna 22222; 3. TÂNIA OLIVEIRA SENA ALVES, nome de urna DRA. TÂNIA SENA, número de urna 22456;  4. MARIA JOSÉ FERNANDES MARTINS DE SOUZA, nome de urna
MARIA DA FRIBOM, número de urna 22500; 5. EDILAINE RODRIGUES
PEREIRA OLIVEIRA, nome de urna EDILAINE RODRIGUES, número de urna 22233; 6. MÁRCIA DA SILVA FERREIRA, nome de urna MÁRCIA FERREIRA, número de urna 22234; 7. MARILIA UCHOA LIMA, nome de urna PRA. MARILIA GUERREIRA,
número de urna 22444; 8. MARIA MARINETE SOUZA DO NASCIMENTO,
nome de urna MARI DO BAZAR, número de urna 22700; 9. MARIA HELENA
DIAS DE ARAÚJO, nome de urna HELENINHA ARAÚJO,
número de urna 22100; e os seguintes CANDIDATOS DO GÊNERO
MASCULINO: 10. GILBER ROCHA MERCÊS, nome de urna
DR. GILBER, número de urna 22333; 11. ALISSON CARREIRO LEMES, nome
de urna ALISSON SANDUBAS, número de urna 22111; 12. EYDER
BRASIL DO CARMO, nome de urna EYDER BRASIL,
número de urna 22000; 13. BRUNO LUCIANO DO COUTO ARAÚJO, nome de
urna PASTOR BRUNO LUCIANO, número de urna 22123; 14. LEONARDO
ALENCAR MOREIRA, nome de urna LEO ALENCAR,
número de urna 22777; 15. MOISÉS CRUZ VIEIRA, nome de urna MOISÉS
CRUZ, número de urna 22300; 16. DIONE APARECIDO OLIVEIRA BERTO,
nome de urna DIONE BERTO, número de urna 22357; 17. VANDEIR
ALVES PEREIRA, nome de urna VANDEIR BOI NA BRASA,
número de urna 22122; 18. JOSÉ FRANCISCO ARAÚJO SARAIVA, nome de
urna ZEZINHO SARAIVA, número de urna 22007; 19. JULIMAR
PEDRO MORAES OLIVEIRA, nome de urna JULIMAR
GRANDÃO, número de urna 22789; 20. ALMIR PAIVA CAVALCANTE, nome
de urna ALMIR PAIVA, número de urna 22555; 21. WILLIAM FERREIRA
CHAVES DA SILVA, nome de urna WILLIAM POMBO,
número de urna 22345; 22. MÁRCIO JEAN PEREIRA DA SILVA, nome de
urna MÁRCIO TERRA SANTA, número de urna 22600; 23. ANTÔNIO
JANOSKI, nome de urna ANTÔNIO JANOSKI, número de
urna 22765; 24. ILSON CARLOS FERREIRA, nome de urna ILSON BIGO,
número de urna 22800,.

PSOL-REDE:Prefeito-Samuel Costa
1. GIOVANNI BRUNO SARO MARINI
2., MARCUCE ANTONIO MIRANDA DOS SANTOS
3. RAIMUNDO ALZINO N. DOS SANTOS
4. EDGLEY BENÍCIO DE BRITO
5° CHARLES JANUÁRIO DA COSTA
6° EDUARDO FELIPE DE OLIVEIRA LIMA
7. FELIPE DE OLIVEIRA FELIX
8. EDILENE JUSTO DE SOUZA
9. IULE CARLA PINHEIRO VARGAS
10. JONAS CUSTODIO TORRES
11. IVANEIDE BANDEIRA CARDOZO
12. PAULO HENRIQUE S. DA SILVA
13. JOSÉ MARIA SOARES MEIRELES
14. FRANCISCO SEMÃO NETO
15. MICHELE TOLENTINO
16. RAYMISON CORREA DA SILVA
17. VANESSA FELIPE DE MELO
18. RAIMUNDO DE ALMEIDA QUEIROZ
19.JAQUELINE ROCHA SALES
20. LUIZ ISRAEL SANTIAGO DE NEGREIROS
21.LAYRA ANGELICA FERREIRA
22. SEBASTIÃO GONÇALVES NEVES
23. VIVIANE PEREIRA DOS SANTOS FERREIRA
24. ANTONIO CARLOS PIMENTA COSTA

União Brasil-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil):VEREADORAS
1. NATHANY FERREIRA SERPA MICHELATO, NOME PARA URNA: NATHANY SERPA, SENDOLHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.420.
2. MILENE CRISTINA DA SILVA BARRETO, NOME PARA URNA: SGT MILENE DA MARIA DA
PENHA, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.190.
3. ELLIS REGINA BATISTA LEAL OLIVEIRA, NOME PARA URNA: ELLIS REGINA DO SINDEPROF, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.333.
4. VALQUIRIA FABRICIA GARCEZ TEIXEIRA, NOME PARA URNA: KYRA GARCEZ, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.000.
5. EMANUELA HELENA MARTINS HENRIQUE MOREIRA, NOME PARA URNA: S.O.S MANU,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.777.
6. DULIA DO NASCIMENTO PASSOS, NOME PARA URNA: DULIA DO CRISTAL DA CALAMA,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.111.
7. INGRID OLIVEIRA CASTRO, NOME PARA URNA: DRA. CASTRO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.424.
8. SANDRA LÚCIA MACHADO ALVESNOME PARA URNA: SGT. SANDRA, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.675.
9. ANA CRISTINA AGUIAR DE SOUZA LIRA, NOME PARA URNA: ANA CRISTINA AGUIAR,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.300.
VEREADORES – GÊNERO MASCULINO
1. ISAQUE LIMA MACHADO, NOME PARA URNA: ISAQUE MACHADO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.500.
2. EDIMILSON DOURADO GOMES, NOME PARA URNA: EDIMILSON DOURADO, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.100.
3. JOSÉ IRACY MACÁRIO BARROS, NOME PARA URNA: DR. MACÁRIO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.444.
4. LUCAS HENRIQUE DONADON, NOME PARA URNA: LUCAS DONADON, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.321.
5. JOEL FREITAS DE SOUZA, NOME PARA URNA: JOEL DA ENFERMAGEM, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.200.
6. SANDRO DE CARVALHO, NOME PARA URNA: PASTOR SANDRO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.123.
7. ADOLFO GONSALO DO ESPiRITO SANTO JUNIOR, NOME PARA URNA: SGT ADOLFO
GONSALO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.004.
8. ROGERIO DUARTE QUARESMA DE CARVALHO, NOME PARA URNA: ROGERIO QUARESMA,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.140.
9. DEYVISON BARBOSA MORAES, NOME PARA URNA: DEYVISON MORAES, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.222.
10. MARCELO DA SILVA LIMA, NOME PARA URNA: PR. MARCELO LIMA, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.433.
11. ANTONIO CARLOS DA SILVA, NOME PARA URNA: DA SILVA DO SINTTRAR, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.555.
12. JARBAS LOPES DA SILVA, NOME PARA URNA: PROFESSOR JARBAS DA SEGURANÇA,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.007.
13. PEDRO ROBERTO GEMIGNANI MANCEBO, NOME PARA URNA: DELEGADO PEDRO
MANCEBO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.033.
14. RAIATI GOMES DE SOUZA, NOME PARA URNA: RAYATE GOMES DOS APLICATIVOS,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.040.
15. CARLOS DE OLIVEIRA SILVA, NOME PARA URNA: CARLOS DE OLIVEIRA, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 44.456.

MDB:Prefeita Euma Tourinho1. Nome Completo: FRANCISCO RODRIGUES BARRETO JUNIOR
Nome para a urna: JUNIOR DA VERSÁTIL
Número do Candidato: 15364
2. Nome Completo: FRANCISCO BARROZO DA SILVA
Nome para a urna:
Número do Candidato: 15888
3. Nome Completo: SEBASTIÃO FERREIRA DE SOUZA
Nome para a urna: SEBASTIÃO TAXISTA
Número do Candidato: 15420
4. Nome Completo: JORGE MOLINA
Nome para a urna: MOLINA SAÚDE
Número do Candidato: 15111
5. Nome Completo: CARLOS CESAR VELOSO
Nome para a urna: CARLOS VELOSO
Número do Candidato: 15789
6. Nome Completo: VANDERLEI GARCIA DE LIMA
Nome para a urna: VANDERLEI ORIANI
Número do Candidato: 15234
7. Nome Completo: BRUNO GONÇALVES ALVES DE OLIVEIRA
Nome para a urna: BRUNO OLIVEIRA
Número do Candidato: 15777
8. Nome Completo: LEDWIN AGUIAR LOBATO
Nome para a urna: LEDWIN LOBATO
Número do Candidato: 15000
9. Nome Completo: PAULO HENRIQUE
Nome para a urna: PAULO HENRIQUE
Número do Candidato: 15333
10. Nome Completo: RAUBER GONÇALVES PINTO
Nome para a urna: RAUBER GONÇALVES
Número do Candidato: 15999
11. Nome Completo: RAIMUNDO DAMIÃO RODRIGUES
Nome para a urna: DAMIAO
Número do Candidato: 15147
14.2 – CANDIDATOS A VEREADOR DO GÊNERO FEMININO:
12. Nome Completo: MARIA RITA PERPETUO SOCORRO
Nome para a urna: MARIA RITA
Número do Candidato: 15123
13. Nome Completo: FRANCISCA SOUZA DA SILVA
Nome para a urna: FRAN KAXARARI
Número do Candidato: 15555
14. Nome Completo: REBECA VASCONCELOS DE SOUSA PEREIRA
Nome para a urna: REBECA VASCONCELOS
Número do Candidato:15222
15. Nome Completo: LUARA FERREIRA RAMIRO
Nome para a urna: LUARA RAMIRO
Número do Candidato: 15315
16. Nome Completo: CIRLEIDE DOS SANTOS SILVA OLIVEIRA
Nome para a urna: CIRLEIDE OLIVEIRA
Número do Candidato: 15190

PRTB-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil):1. ADRIANO DA SILVA GOMES, 28300, ADRIANO GOMES.
2. CARLOS TADEU SANTOS LUCENA, 28100, TADEU REDANO.
3. CLEITON ROQUE JUNIOR, 28111, CLEITON ROQUE JR.
4. WILLIAM FERREIRA DA SILVA, 28888, WILLIAM O HOMEM DO TEMPO.
5. JOSÉ RABELO DA SILVA, 28133, JACARÉ.
6. JAMILTON DA SILVA COSTA, 28900, JAMILTON COSTA.
7. JOSIVÂNIO CORREIA MEDINA, 28101, JOSIVÂNIO MEDINA.
8. LUIS HENRIQUE PEREIRA NOBERTO, 28120, LUIZ NORBERTO.
9. JOZINÉLIO MUNIZ DE OLIVEIRA, 28777, PASTOR JOSINÉLIO.
10. EVANILDO FERREIRA DA SILVA, 28500, PASTOR EVANILDO FERREIRA.
11. CELIO LEANDRO DA SILVA, 28123, PROF. CELIO LEANDRO.
12. PEDRO TAVARES PEREIRA, 28140, GARGAMEL.
13. EDER SEIXAS DE SOUZA, 28234, ENG. EDER POLICIAL.
14. GEOVANE PEREIRA DA SILVA, 28290, SGT GEOVANE PEREIRA.
15. RALCICLEI DA SLVA CARVALHO, 28007, SARGENTO RALCICLEI MURALHA.
16. MARCIO DE SOUZA ALVES, 28190, SGT M ALVES.
TOTAL GÊNERO FEMININO – 8.
1. ANTÔNIA MARIA SANTOS DA COSTA, 28147, ANTÔNIA DA VIDRO ARTS.
2. ELMARA CRISTINA FREITAS COELHO, 28444, ELMARA PERON DA ENFERMAGEM.
3. JACQUELINE SUZANA PEREIRA, 28000, JACQUELINE SUZANA.
4. MÁRCIA VIEIRA DA SILVA, 28193, MARCIA DA SAÚDE.
5. SUELY BELARMINO DOS SANTOS, 28200, SUELY BELARMINO.
6. AUCILENE PINTO DOS PASSOS, 28013, TINA DO APONIÃ.
7. THAUANE DE SOUZA GOMES BRUSKE, 28222, THAUANE GOMES,
8. JUCELIA DA SILVA ARAUJO, 28456, JUCELIA NOVINHA.

Republicanos-Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil):1. MARIA CLEONICE FERREIRA DA SILVA, NOME PARA URNA: CLEONICE DO MARIANA SENDOLHE ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.555.
2. FERNANDA GÉSSICA COSTA NUNES, NOME PARA URNA: FERNANDA DURAN, SENDO-LHE
ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.400.
3. OZANEIA MONTEIRO DE MATOS, NOME PARA URNA: OZANEIA MONTEIRO, SENDO-LHE
ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.143.
4. ANA CLEIDE DE OLIVEIRA CLAUDINO, NOME PARA URNA: ANA CLAUDINO, SENDO-LHE
ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.333.
5. FERNANDA ARAÚJO AMARAL, NOME PARA URNA: FERNANDA AMARAL, SENDO-LHE
ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.700.
6. VALDINEIA BARRETO COELHO, NOME DE URNA: PROF. VAL BARRETO, SENDO-LHE
ATRIBUIDO O N° URNA 10.777.
7. DAIANA ALINE DESMAREST REIS, NOME PARA URNA: DAIANA REIS, SENDO-LHE ATRIBUIDO
O N° DE URNA 10.444.
8. JAQUELINE GOMES DA SILVA, NOME PARA URNA: JAQUELINE DO UNIVERSITÁRIO, SENDOLHE ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.100.
9. DAGUIMAR LUSTOSA NOGUEIRA CAVALCANTE, NOME PARA URNA: DAGUIMAR
CAVALCANTE, SENDO-LHE ATRIBUIDO O N° DE URNA 10.128.
VEREADORES – GÊNERO MASCULINO
1. IVANILDO DOS SANTOS GONÇALVES, NOME PARA URNA: IVANILDO SANTOS, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.123.
2. MÁRCIO PACELE VIEIRA DA SILVA, NOME PARA URNA: MÁRCIO PACELE, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.200.
3. MILITINO FEDER JUNIOR, NOME PARA URNA: DR. JUNIOR QUEIROZ, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.111.
4. ADALTO DONATO DE OLIVEIRA, NOME PARA URNA: ADALTO DE BANDEIRANTES, SENDOLHE ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.500.
5. MÁRCIO JOSÉ SCHEFFER DE OLIVEIRA, NOME PARA URNA: MÁRCIO OLIVEIRA, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.140.
6. EVALDO PEREIRA FARIAS, NOME PARA URNA: SARGENTO PEREIRA, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.190.
7. DIMAS DE ARAÚJO BARROS FILHO, NOME PARA URNA: DIMAS BARROS, SENDO-LHE  ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.000.
8. JURANDIR RODRIGUES DE OLIVEIRA, NOME PARA URNA: JURANDIR BENGALA, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.600.
9. MIRIN LUIZ DE BRITO, NOME PARA URNA: MIRIN, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O N° DE URNA 10.010.
10. ENDERSON PANTOJA DOS SANTOS, NOME PARA URNA: ENDERSON DO ESPORTE, SENDOLHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 10.077.
11. FERNANDO CELESTINO DA SILVA, NOME PARA URNA: FERNANDO SILVA, SENDO-LHE
ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 10.222.
12. JOSÉ FILHO BARBOSA DOS SANTOS, NOME PARA URNA: SARGENTO J.FILHO, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 10.911.
13. JUAREZ DE JESUS TAQUES, NOME PARA URNA: JUAREZ TAQUES, SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 10.678.
14. MAURO CESAR NOGUEIRA PINHEIRO FERREIRA, NOME PARA URNA: JUNINHO PIPAS,
SENDO-LHE ATRIBUÍDO O Nº DE URNA 10.300.
15. CLAUDEMIR PEREIRA DA SILVA, NOME PARA URNA: CLAUDEMIR, SENDO-LHE ATRIBUÍDO Nº DE URNA 10.007.

DCPrefeita Mariana Carvalho (União Brasil)1. ALESSANDO PINHEIRO DOS SANTOS, 27197, ALESSANDRO PINHEIRO.
2. ALEX SANTIAGO DE OLIVEIRA DO NASCIMENTO, 27777, ALEX DO MONTE SINAI.
3. CAIO SOUZA ARAUJO, 27100, CAIO SOUZA.
4. CARLOS ADRIANO COSTA DE LIMA, 27500, CARLOS ADRIANO.
5. EDMO FERREIRA ALMEIDA PINTO, 27456, DIMDIM.
6. TELSON MONTEIRO DE SOUZA, 27222, DR. TELSON MONTEIRO.
7. HELDO OLIVEIRA DE SOUSA, 27333, HELDO SOUSA DO AGRO.
8. LAELSON JUNIOR MARQUES SILVA, 27369, LAELSON MARQUES.
9. RODRIGO LINHARES DE SOUSA, 27321, RODRIGO LINHARES.
10. PEDRO NASCIMENTO VIEIRA, 27978, PEDRO VIEIRA.
11. TIAGO FELIPE SARTURI, 27123, TIAGO SARTURI.
12. WELLEM ANTONIO PRESTES CAMPOS, 27888, WELLEM PRESTES.
13. CLEBERSON PORTILHO RIBEIRO, 27666, TTIO RIBEIRO.
14. FRANCISCO LEONILSON CARLOS DE SOUZA, 27200, PROFESSOR LÉO.
15. ERIQUE RODRIGUES MARQUES, 27190, CABO ERIQUE.
GÊNERO FEMININO – 9
1.CRISELIDE HENRIQUE GIRÃO, 27789, CRIS GIRÃO.
2. LUZIA DE BRITO FIGUEIREDO, 27010, MISSIONÁRIA LUZIA LUZ.
3. SUELY DOURADO DA SILVA, 27262, SULA DOURADO.
4. IRENE GONÇALVES DE LIMA, 27012, IRENE GONÇALVES.
5. ANA GLAIDE MONTEIRO DE MATOS, 27150, GLAIDE MATOS.
6. SIMONE SOARES DA COSTA, 27027, SIMONE SOARES.
7. DANIELE ALENCAR DE SÁ, 27444, DANIELE ALENCAR.
8. ELANE CRISTINA RIBEIRO DE QUEIROZ, 27007, SARGENTO ELANE CRISTINA.
9. ADRIANA EMILIA BAPTISTA, 27111, ADRIANA DA G.J.

PSDB/Cidadania: Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil)
1. MARLEIDE SOARES DA COSTA REIS, NOME DE URNA: MARLEIDE REIS, N° DE URNA
45.444.

2. RAYANE STEFANY TRAJANO PEREIRA, NOME DE URNA: RAYANE TRAJANO, N° DE
URNA: 45.145.
3. ANA CLAUDIA MESQUITA DE ARAUJO, NOME DE URNA: ANA CLAUDIA MESQUITA, N°
DE URNA 45.197.
4. MARCIA HELENA MARTINS HENRIQUE, NOME DE URNA: MARCIA SOCORRISTA DE
ANIMAIS, N° DE URNA 45.300.
5. ANA VALÉRIA DE ASSIS MIRANDA, NOME DE URNA: DRA ANA VALÉRIA, N° DE URNA:
45.777.
6. POLIANA NATALIA XIMENES RIOS, NOME DE URNA: POLIANA XIMENES, N° DE URNA:
45.800.
7. IVANILDA DE SOUZA INACIO, NOME DE URNA: DUDA SOUZA, N° DE URNA: 23.150.
8. ANDREZA DOS SANTOS BARBOSA ALMEIDA, NOME PARA URNA: ANDREZA BARBOSA,
N° DE URNA: 23.768.
9. MARIA DAS GRAÇAS ROCHA BRITO, NOME PARA URNA: GRAÇA ROCHA (APONIÃ), N°
DE URNA: 23.111.
VEREADORES – GÊNERO MASCULINO:
1. FRANCISCO EDWILSON BESSA HOLANDA DE NEGREIROS, NOME DE URNA: EDVILSON
NEGREIROS, N° DE URNA: 45.140.
2. MARCIO AURELIO GONÇALVES FERREIRA FILHO, NOME DE URNA: MARCIO COIMBRA,
N° DE URNA: 45.111.
3. THIAGO DOS SANTOS TEZZARI, NOME DE URNA: THIAGO TEZZARI, N° DE URNA:
45.678.
4. FRANCISCO EVALDO DE LIMA, NOME DE URNA: EVALDO DA AGRICULTURA, N° DE
URNA: 45.222.
5. RANDRESON DA SILVA PINTO, NOME DE URNA: RANDO SILVA, N° DE URNA: 45.100.
6. NILTON DE SOUZA MELO, NOME DE URNA: NILTON SOUZA, N° DE URNA: 45.123.
7. ROBSON DAMASCENO SILVA JUNIOR, NOME DE URNA: ROBSON DAMASCENO, N° DE
URNA: 45.555.
8. CARLOS AUGUSTO FARIAS DAMACENO, NOME DE URNA: CARLOS DAMACENO, N° DE
URNA: 45.000.
9. WALDISON FREITAS NEVES, NOME DE URNA: VALTINHO CANUTO, N° DE URNA:
45.500.
10. JOSÉ ASSIS JUNIOR REGO CAVALCANTE, NOME DE URNA: JUNIOR CAVALCANTE, N°
DE URNA: 45.045.
11. JOBEL SILVA DE MORAIS, NOME DE URNA: JOBEL, N° DE URNA: 23.123.
12. CLAUDINALDO LEÃO DA ROCHA, NOME DE URNA: CLAUDIR ROCHA, N° DE URNA:
23.000.
13. FERNANDO COSTA DE OLIVEIRA, NOME DE URNA: FERNANDO OLIVEIRA, N° DE URNA:
23.456.
14. FRANCINEI OLIVEIRA DA SILVA, NOME DE URNA: FRANCINEI OLIVEIRA, N° DE URNA:
23.300.
15. JERONIMO JUNIOR BATISTA DE MELO, NOME DE URNA: JERONIMO JÚNIOR, N° DE
URNA: 23.023.

PSD: Prefeita Mariana Carvalho (União Brasil) 1) ARNALDO LOURENÇO – Nº 55.513 – NOME DE URNA: ARNALDO BUIU DA TV
2) DIMAS DE SOUZA CRAVEIRO – Nº 55.777 – NOME DE URNA: DIMAS CRAVEIRO
3) EVERALDO ALVES FOGAÇA – Nº 55.789 – NOME DE URNA: FOGAÇA DO SITE O OBSERVADOR
4) KAUÊ CRISTINAN DA COSTA RIBEIRO – Nº 55.000 – NOME DE URNA: KAUE RIBEIRO
5) LUIZ AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA – Nº 55.127 – NOME DE URNA: LUIZ PORTO
6) MAYKON FELICIANO DOS REIS – Nº 55.300 – NOME DE URNA: MAYKON FELICIANO
7) NAIDIO RAI GONÇALVES FERREIRA WAGNER – Nº 55.555 – NOME DE URNA: RAI FERREIRA
8) NATALINO GOMES DOS SANTOS GASPAR – Nº 55199 – NOME DE URNA: GASPAR
AÇOUGUEIRO
9) NILBERTO SILVA DE OLIVEIRA – Nº 55.222- NOME DE URNA: BETO OLIVEIRA
10) RAFAEL ALVES SILVA – Nº 55.444 – NOME DE URNA: Rafael do UBERRR
COMPARTILHADO
11) RONEUDO SOARES FERREIRA – Nº 55.123 – NOME DE URNA: ENFERMEIRO
RONEUDO
12) WANOEL CHAVES MARTINS – Nº 55.100 – NOME DE URNA: WANOEL MARTINS
13) PÉRICLES LUIS DOS SANTOS – Nº 55.525 – NOME DE URNA: SARGENTO PÉRICLES
VEREADORAS – GÊNERO FEMININO:
1) ALDESSANDRA DE ARAUJO DE SOUZA – Nº 55.666 – NOME DE URNA: SANDRA SOUZA
2) EVANEIDE MARCOLINA DAS NEVES FERNANDES DOS SANTOS – Nº 55.333 – NOME DE
URNA: EVANEIDE FERNANDES
3) ELIZANGELA MATIAS BRASIL – N° 55.888 – ELIZÂNGELA BRASIL
4) MARIA DA CONCEIÇÃO PRESTES VAZ – Nº 55.233 – NOME DE URNA: MARIA PRESTES
5) WANDERLEIA DE LIMA BENTES – Nº 55.122 – NOME DE URNA: WANDERLEIA BENTES DO  CONSIGNADO

PT/PCdoB/PV – Prefeito Célio Lopes (PDT)-JAMYLE VANESSA COSTA BRASIL 65084

2 – ELESSANDRA REIS BATISTA 65123

3 – VITORINO VALE JÚNIOR 65555

4 – ARMINDO DOS SANTOS TARGINO 65432

5 – FRANCISCO MARISSILVES PINTO DA SILVA 13113

6 – JOSÉ CLÁUDIO NOGUEIRA DE CARVALHO 13123

7 – MARIA DE DEUS ALVES CARNEIRO 13021

8 – EDMILSON ALMEIDA MARTINS 13567
EDMILSON DA ZONA SUL
9 – MARIA DE FÁTIMA FERREIRA DE OLIVEIRA
ROSALINO
13789  FATINHA
10 – FRANCIMAR SIMÃO DA SILVA DE CARVALHO 13456

FRANCIMAR SIMÃO

11 – GILVANA MARIA NOLETO BARROS DA SILVA 13333

GIOVANA BARROS

12 – ISRAEL TRINDADE LOURENÇO 13222
ISRAEL TRINDADE

13 – MARIA FRANCINEIA BENIGNO DOS SANTOS 13293

NÉIA SORRISO

14 – PEDRO HENRIQUE REGIS 13300 M
PEDRO DO KAMINARI

15 – RAIMUNDO SOARES DA COSTA 13444 TOCO DO STICCERO

16 – VALDIRENE APARECIDA DE OLIVEIRA 13013 VAO OLIVEIRA

17 – ROSILENE GONÇALVES SANTOS 43789 ROSE DO TAXI

18 – ALDENOR PASSOS DAS NEVES 43456 NEVES DO TRANSPORTE

19 – ISNAR JOANA ROCHA DOS SANTOS 43777 ISNAR ROCHA

20 – AIRES MOTA DE ALMEIDA 43123

AIRES MOTA

21 – JOÃO VÍTOR NUNES AZEVEDO 13133

JOÃO VÍTOR NUNES

PDT-Prefeito Célio Lopes (PDT)- 1 – ANA PAULA PEREIRA DA SILVA 12007
PAULINHA DO RESTAURANTE

2 – DOUGLAS DE SOUZA LIMA 12111

PROFESSOR DOUGLAS

 3 – EZEQUIEL SOARES DA SILVA 12100

EZEQUIEL SILVA DA AJERO

4 – JEFFERSON MAGALHÃES PEREIRA 12222

JEFERSON MAGALHÃES

5 – JOSÉ RAIMUNDO DINIZ ABREU 12112 Masculino

DINIZ DA ZONA SUL

6 – LEILA CANDIDO DOS REIS 12015

LEILA REIS

7 – LEILSON DA SILVA ALMEIDA 12321
LEILSON SILVA

8 – MARCOS ANTÔNIO COSTA DO NASCIMENTO 12888
MARCOS BALI

9 – MARKLIN DE OLIVEIRA CANTANHÊDE 12345 MARKLIN CANTANHÊDE

10 – MARLENE SOUZA MONTEIRO 12268
MARLENE MONTEIRO

11 – MAURA REGINA TORRÊS 12444
MAURA TORRÊS

12 – LION SILVA DOS SANTOS 12900
LION SILVA

13 – PATRICIA OLIVEIRA DA SILVA QUEIROZ 12030
PATRICIA QUEIROZ

14 – RAIMUNDA DE ALMEIDA MIRANDA 12456
RAI DO SOPÃO

15 – ROBERTO FERRAZ MARCIANO 12001
ROBERTO FERRAZ MOTOBOY

16 – ROMILSON DE OLIVEIRA DA SILVA 12555
ROMEUZINHO DA COMUNIDADE

17 – ROSIMAR FRANCELINO MACIEL 12822
ROSIMAR FRANCELINO

18 – TIAGO CARNEIRO GOMES DOS SANTOS 12999
TIAGO CARNEIRO

19 – VALDECI BATISTA RIBEIRO DE OLIVEIRA 12000
BATISTA DE OLIVEIRA

20 – VIVIANE SIMÃO DO NASCIMENTO MACHADO 12500
VIVIANE NASCISMENTO

21 – WALKDNEIRES CONCEIÇÃO OLIVEIRA DA SILVA 12774
WALKÊ SILVA

22 – WILDERVAN FRANKLIN DE SOUZA LIMA 12123

PROFESSOR WILL

23 – JONAS MINELE FIRMIANO SOARES 12012
JONAS MINELE

24 – LUCIMAR DA SILVA OLIVEIRA 12777
PASTOR LUCIMAR

Podemos: Convenção dia 3 de agosto

Novo: Convenção dia 3 de agosto

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

Informações para a coluna:  rk@maisro.com.br

O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidaddo colaborador e titular desta coluna. O Portal Mais RO não tem responsabilidade legal pela opinião, que é exclusiva do autor.

Acesse também: Patrulha Verde 

A Democracia

PM do Reino de Deus: policiais de SP voltam a se reunir na Igreja Universal

No oficio de convocação, a comandante do batalhão, major Alessandra Paula Tonolli, não especificou o objetivo do encontro nem justificou a escolha da igreja como local para a reunião

Por Zé Barbosa Junior

Centenas de policiais militares se reuniram novamente em uma unidade da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo, para uma reunião interna da corporação na manhã desta quinta-feira (1), conforme informação do site Metrópoles. A participação é obrigatória para todos os PMs do 11º Batalhão Metropolitano, que está situado na região central da capital.

No comunicado de convocação, a comandante do batalhão, major Alessandra Paula Tonolli, não especificou o objetivo do encontro nem justificou a escolha da igreja como local para a reunião.

Os policiais de folga e aqueles que acabaram de concluir seus turnos também são obrigados a comparecer, sem garantia de compensação pelo tempo extra fora da escala regular de trabalho. Os PMs devem comparecer uniformizados e assinar uma lista de presença. A única exceção é para aqueles que estão em afastamento regulamentar, como férias ou dispensa de serviço.

Durante o evento, cada uma das quatro companhias do 11º BPM deve manter pelo menos três patrulhas em sua área, conforme as diretrizes estabelecidas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP).

A reunião desta quinta-feira ocorre na unidade da Igreja Universal localizada na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no bairro Bela Vista. Em junho, policiais do 8º e do 21º Batalhões Metropolitanos participaram de uma reunião em outra unidade da igreja, situada no Brás.

O encontro de junho teve duração de aproximadamente três horas e incluiu palestras sobre cuidados com uniforme, direção de viaturas e saúde mental. Policiais presentes consideraram as informações genéricas, que poderiam ter sido transmitidas por meio de mensagens de WhatsApp. Além das comunicações gerais, houve relatos de “testemunho” e uma “pregação” do Pastor Roni Negreiros.

Nesta reunião, o coronel João Alves Cangerana Junior, comandante do Comando de Policiamento de Área, afirmou que o encontro trataria exclusivamente de questões de trabalho. Contudo, durante o evento, o próprio coronel destacou a importância de os policiais terem uma religião e “honrarem os templos”.

Reclamação e processo administrativo

O policial militar Marco Aurélio Bellorio, de 43 anos, entrou com uma ação judicial alegando ter sido obrigado a participar de reuniões da corporação realizadas em um templo da Igreja Universal do Reino de Deus. Católico, o policial argumentou que a obrigatoriedade violava sua liberdade de crença e configurava abuso de poder. Ele afirmou que, por não ter comparecido a uma dessas reuniões, passou a ser alvo de um procedimento administrativo.

Durante uma solenidade de entrega de medalhas a policiais que se destacaram em suas funções, foi oferecida “assistência espiritual e valorativa aos policiais”, conforme noticiado, citando uma publicação da igreja no Instagram. Isso indica que as reuniões da PM na Universal continuaram a ocorrer sob o governo de Tarcísio de Freitas.

A Justiça paulista rejeitou a ação de Bellorio em primeira instância, argumentando que não havia provas de que a administração o obrigou a participar de cultos religiosos.

Fonte: Revista Fórum

Lula comemora ouro de Bia Souza no judô e destaca importância do Bolsa Atleta

Programa completa 20 anos (-4 de Bolsonaro) em 2024 e já empenhou cerca de R$1,7 bilhão em bolsas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou nesta sexta-feira (2) a conquista do ouro pela judoca brasileira Bia Souza nos Jogos Olímpicos de Paris, a primeira medalha dourada do país nesta edição. A fala de Lula ocorreu durante uma agenda no Ceará para a sanção de um fundo voltado para obras de infraestrutura social e a política nacional de hidrogênio de baixa emissão de carbono, além da expansão do programa Pé-de-meia.

Lula aproveitou a oportunidade para exaltar o programa Bolsa Atleta, iniciativa do governo federal criada em 2004 e que já empenhou cerca de R$1,7 bilhão em bolsas, se tornando a principal política pública de apoio ao esporte no Brasil. “Eu recebi um recado aqui: a nossa companheira Beatriz Souza, no judô, acaba de ganhar a primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas. É importante lembrar que 80% dos atletas que estão em Paris recebem uma coisa chamada Bolsa Atleta, que nós criamos em 2004”, disse.

O presidente também explicou o funcionamento do Bolsa Atleta e a sua importância para o esporte nacional. “Você tem várias faixas salariais, mas todo mundo ganha. Uns ganham R$ 10 mil, outros ganham R$ 15 mil, outros ganham R$ 3 mil, outros ganham R$ 4 mil. E por que a gente fez isso? Porque quando o atleta fica famoso ele tem patrocínio, aí os bancos vão atrás dele, os empresários vão atrás. Mas enquanto ele não é famoso, às vezes ele não tem um tênis para andar, não tem um lugar para uma menina jogar bola, saltar, dançar. Não é bonito a gente ver aquilo na televisão? Por que a gente não garante que as nossas crianças nascidas nos lugares mais pobres tenham direito de chegar ali? Por que a gente não garante? É só a gente direcionar o dinheiro público para isso”, afirmou.

Brasil 247

Judoca Beatriz Souza derrota israelense e garante primeiro ouro do Brasil

Em uma emocionante final dos pesos pesados, a judoca brasileira Beatriz Souza venceu a israelense Raz Hershko, número 2 do ranking mundial, por waza-ari, conquistando o primeiro ouro do Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024. Com essa vitória, o Brasil soma agora um ouro, três pratas e três bronzes nesta edição dos Jogos Olímpicos.

Após a luta, a brasileira celebrou: “eu abdiquei de tanta coisa para chegar até aqui, abri mão de tanta coisa, é uma vida por um dia”. “É inexplicável. É uma das melhores coisas do mundo. Eu consegui. Deu certo, mãe. Eu consegui. Eu consegui. Foi pela avó. É para a avó, mãe. Eu amo vocês mais do que tudo. Eu amo vocês. Obrigada”, acrescentou.

Beatriz Souza já tinha um retrospecto positivo contra a adversária: em quatro confrontos anteriores, a brasileira havia vencido todos, informa o ge. No tatame, ela demonstrou a razão de seu domínio sobre Hershko. Controlando o combate desde o início, a brasileira focou em segurar a manga direita da adversária e utilizou uma pegada alta nas costas, neutralizando as tentativas de ataque da israelense. A tática deu resultado rapidamente: com apenas 44 segundos de luta, Beatriz aplicou um o-soto-guruma, derrubando Hershko de lado e garantindo o waza-ari que lhe daria a vitória.

Após conquistar a vantagem, Souza manteve o controle da luta, defendendo-se eficazmente e administrando o combate até o final. Mesmo recebendo dois shidôs, a brasileira não deixou a adversária encontrar brechas, assegurando o título olímpico em sua estreia nos Jogos.

A medalha de ouro de Beatriz Souza é a terceira conquista do judô brasileiro em Paris, somando-se à prata de Willian Lima e ao bronze de Larissa Pimenta. Com isso, o Brasil chega a 27 medalhas na história da modalidade.

Irã e aliados regionais planejam retaliação contra Israel após assassinato de líder do Hamas em Teerã

Ismail Haniyeh (Foto: Reuters/Mohammed Salem)

Reunião com representantes do Irã, Líbano, Iraque e Iêmen nesta quinta-feira visa discutir uma possível retaliação pela morte de Ismail Haniyeh

Autoridades iranianas irão se reunir com representantes de aliados regionais do Líbano, Iraque e Iêmen nesta quinta-feira (1) para discutir uma possível retaliação contra Israel. A reunião ocorre após o assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em Teerã, na quarta-feira (31), e depois da morte de um comandante sênior do Hezbollah em um ataque israelense nos arredores de Beirute na terça-feira (30).

Representantes do Hamas, Jihad Islâmica, movimento Houthi do Iêmen, Hezbollah libanês e grupos de resistência iraquianos participarão da reunião em Teerã, diz a CNN citando a agência de notícias Reuters. “O Irã e os membros da resistência realizarão uma avaliação minuciosa após a reunião em Teerã para encontrar a melhor e mais eficaz maneira de retaliar o regime sionista (Israel)”, afirmou uma autoridade iraniana sênior sobre o encontro.

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, e membros da alta cúpula da Guarda Revolucionária também estarão presentes. O general Mohammad Baqeri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, declarou à TV estatal que “o regime sionista (Israel), sem dúvida, se arrependerá”.

Tanto o Irã quanto o Hamas acusaram Israel de realizar o ataque que matou Haniyeh horas após sua participação na posse do novo presidente do Irã. Embora as autoridades israelenses não tenham reivindicado responsabilidade, o ataque gerou ameaças de vingança e aumentou as preocupações de um conflito mais amplo no Oriente Médio.

O chefe da Força Aérea israelense, Tomer Bar, afirmou que Israel está preparado para agir contra qualquer ameaça. “Centenas de soldados de defesa aérea, juntamente com o pessoal de controle aéreo, estão posicionados em todo o país com os melhores sistemas, prontos para cumprir sua missão”, disse Bar durante uma cerimônia de graduação militar.

Brasil 247

A longa marcha da OTAN para o Leste

Por GILBERTO LOPES*

Para Bill Clinton e sua secretária de estado, a expansão da OTAN para o leste não representava uma ameaça para a Rússia

“A expansão da OTAN seria um erro fatal”, afirmou o contra-almirante da marinha dos Estados Unidos, Eugene James Carroll Jr., num artigo publicado no Los Angeles Times de 7 de julho de 1997.

Defensor do desarmamento nuclear após sua aposentadoria, o contra-almirante interveio no debate sobre a ampliação da OTAN para o leste, que a então secretária de estado Madeleine Albright, da administração Clinton (1993-2001), defendeu com entusiasmo. “Minha visão de uma OTAN nova e melhor pode ser resumida numa frase”, diria a secretária: “queremos uma Aliança reforçada por novos membros; capaz de se defender coletivamente; comprometida em enfrentar uma ampla gama de ameaças aos nossos interesses e valores compartilhados”. “Sei que há quem sugira que falar de interesses comuns euroatlânticos, para além da defesa coletiva, afasta de alguma forma a intenção original do Tratado do Atlântico Norte. Já disse antes e volto a repetir: isso é uma bobagem!”.

Nascida em Praga, Madeleine Albright morreu em março de 2022, tendo publicado vários livros. Num deles, sobre o fascismo – Fascism, a warning –, publicado em 2018, demonstra mais uma vez seu gosto pelo resumo, pela capacidade de definir seus objetivos em uma frase. “Para mim”, diria Madeleine Albright em seu livro, “um fascista é alguém que se identifica totalmente com toda a nação ou com um grupo em nome do qual afirma falar. Desconsidera os direitos dos outros e é capaz de utilizar todos os meios necessários, incluindo a violência, para atingir seus objetivos”.

Mais adiante, no mesmo livro, refere-se aos objetivos da política externa, cuja pasta chefiou de 1997 a 2001, durante a administração de Bill Clinton. “Digo aos meus alunos que o objetivo fundamental da política externa é muito simples: convencer os demais países a fazer o que queremos que eles façam. Para isso, temos diversos instrumentos à nossa disposição, desde uma exigência educada até o envio de fuzileiros navais”.

Entusiasmada com a perspectiva de incorporar à OTAN os três primeiros países da Europa Oriental – República Tcheca, Hungria e Polônia –, Madeleine Albright, num discurso em Bruxelas em 8 de dezembro de 1998, falou da importância desses novos membros juntarem-se ao debate então em curso sobre “as iniciativas essenciais para preparar a Aliança para o século XXI”. Era a primeira ampliação da OTAN para o leste após a Guerra Fria. Em 2004, mais seis países se juntariam.

Embora as estimativas variem, o Pentágono calculava então que a ampliação da OTAN poderia custar entre 27 e 35 bilhões de dólares nos dez anos seguintes, dos quais Washington deveria assumir cerca de 200 milhões por ano. Um número ridículo (mesmo se atualizado para o valor atual do dólar) se comparado com os mais de 175 bilhões de dólares já destinados à Ucrânia desde 2022. Para não falar de montantes semelhantes concedidos por países europeus, que, somados, superam amplamente os 223,7 bilhões de dólares destinados no ano passado à Assistência Oficial ao Desenvolvimento (AOD).

Não era uma ameaça

Para Bill Clinton e sua secretária de estado, a expansão da OTAN para o leste não representava uma ameaça para a Rússia. Era a véspera da cúpula de Washington, em abril de 1999, na qual a organização celebraria seus 50 anos, em meio à operação militar no Kosovo (uma operação polêmica realizada sem autorização do Conselho de Segurança da ONU), e na qual seria discutido seu novo conceito estratégico e a adoção do plano de adesão dos novos parceiros, ex-aliados da União Soviética e membros do Pacto de Varsóvia.

Na Rússia, Boris Yeltsin terminava seu período à frente do governo (iniciado em 1991), após uma reforma política e econômica caótica, uma privatização de empresas públicas que despertou o apetite do Ocidente, interessado nos vastos recursos do país. Em 31 de dezembro de 1999, entregou o poder ao primeiro-ministro Vladimir Putin, que assumiu a presidência interinamente antes de ser eleito para o cargo três meses depois. Durante sua década de governo, o PIB da Rússia diminuiu quase à metade.

A OTAN ainda tinha esperança de poder convencer a Rússia “a fazer o que nós queremos que façam”. Madeleine Albright falou longamente sobre as implicações para a Rússia das propostas de ampliação da OTAN (seu discurso pode ser visto aqui). Em seu testemunho perante a Comissão dos Serviços Armados do Senado em 23 de abril de 1997, lembrou os senadores que era diplomata e que “o melhor amigo de um diplomata é uma força militar efetiva e uma capacidade crível de utilizá-la”. “Deixem-me explicar o objetivo fundamental de nossa política”, dizia ela aos senadores, “é construir, pela primeira vez, uma comunidade transatlântica pacífica, democrática e não dividida”.

O que, em sua opinião, lhes daria maior segurança de que não seriam chamados, outra vez, a combater em solo europeu. Já naquele momento destacava a importância de fortalecer a cooperação com a Ucrânia, promover uma reforma militar neste país e melhorar a interoperabilidade com a OTAN.

“A OTAN é a âncora de nosso compromisso com a Europa. “É prometendo lutar, caso seja necessário, que tornaremos menos necessário lutar”. Um argumento que não leva em consideração que, hoje em dia, essa luta seria com armas nucleares (pensavam então que podiam ganhá-la). Sequer, como veremos, levou em consideração os muitos avisos de que os resultados dessa ampliação poderiam ser contrários aos que Madeleine Albright prometia.

Insistiu que essas medidas não deveriam ser evitadas apenas por causa da oposição russa. “Os piores elementos da Rússia poderiam sentir-se fortalecidos, convencidos de que a Europa poderia ser dividida em novas esferas de influência e de que essa confrontação com o Ocidente valeria a pena”. Em sua opinião, não podiam esperar que a Rússia se manifestasse a favor da democracia e dos mercados para construir “uma Europa unida e livre”. Também não pretendia fazer a Rússia aceitar tal ampliação da OTAN para o Leste.

Um erro de proporções históricas

Madeleine Albrigth discursou no Senado em 23 de abril de 1997. Dois meses depois, em 26 de junho, um grupo de 50 importantes políticos e acadêmicos norte-americanos expressou uma opinião diferente numa carta aberta ao presidente Bill Clinton.

O contra-almirante Carroll Jr. lembrou em seu artigo do que o general Dwight D. Eisenhower, o primeiro comandante supremo aliado da OTAN, disse pouco depois de tomar posse em fevereiro de 1951: “se todas as tropas norte-americanas estacionadas na Europa para fins de defesa nacional não regressarem aos Estados Unidos dentro de dez anos, então todo este projeto terá fracassado”.

O contra-almirante questiona o que Dwight D. Eisenhower pensaria sobre os planos para expandir a OTAN e sobre a permanência dos EUA na Europa. Cita uma iniciativa de Susan Eisenhower, neta do general e especialista em segurança, que “reuniu um grupo impressionante de 50 líderes militares, políticos e acadêmicos” (incluindo Paul Nitze, Sam Nunn e Robert McNamara) para assinar uma carta aberta ao presidente Clinton, chamando o plano de ampliação da OTAN de “um erro político de proporções históricas”. (A carta pode ser consultada aqui).

Na Rússia, diz a carta, “a expansão fortalecerá a oposição não democrática, reduzirá o número dos que são a favor de reformas e da cooperação com o Ocidente e levará os russos a questionarem todos os acordos pós-Guerra Fria”. Na Europa, acrescentam, a expansão fixará uma nova linha entre os que estão “dentro” e os que estão “fora”, fomentará a instabilidade e diminuirá a sensação de segurança dos que não estão incluídos e, em última análise, envolverá os Estados Unidos na segurança de países com graves problemas de fronteiras e de minorias nacionais.

Os signatários da carta propunham outras coisas. Entre elas, a cooperação entre a OTAN e a Rússia, política, econômica e militarmente. Naturalmente, não foram ouvidos. Farah Stockman, membro do Conselho Editorial do New York Times, publicou um artigo em 7 de julho sugerindo algumas mudanças na OTAN. Referia-se a um crescente mal-estar que sentia na Europa, onde vários países estavam ficando desconfortáveis com a dependência da organização em relação aos recursos e interesses de Washington. Citou o caso dos presidentes da Finlândia e da França, que pediam uma OTAN “mais europeia” e perguntou-se por que essa dependência persistia.

Uma das razões era estrutural, histórica. A OTAN foi criada quando a Europa saía de uma guerra devastadora, que criou enormes hostilidades entre os países europeus. “Alguém tinha que juntar os gatos”, diz Farah Stockman. Mas há outras razões. Stockman cita os lucros do complexo militar-industrial norte-americano que, no período de 2022-23, forneceu 63% do equipamento militar dos países da União Europeia. Esta dependência é acompanhada por uma dependência política importante, à qual Washington não pretende renunciar.

Um diplomata notável

O contra-almirante Carroll Jr. lembra de outro personagem notável da diplomacia norte-americana, George Kennan, embaixador na União Soviética durante alguns meses, em 1952, durante o governo de Stalin, e na Iugoslávia de Tito, durante a administração Kennedy, além de outros cargos no Departamento de Estado e de uma carreira acadêmica destacada.

Para George Kennan, a ampliação da OTAN seria também “o erro mais desastroso da política estadunidense na era pós-Guerra Fria. É de esperar que tal decisão… leve a política externa russa a direções que decididamente não serão de nosso agrado”.

Um diário de quase 700 páginas, publicado por Frank Costigliola em 2014, registrou, ano após ano, de 1916 a 2004, os mais diversos comentários deste personagem extraordinário – que nasceu em fevereiro de 1904 e morreu aos 101 anos, em março de 2005 – sobre a política norte-americana, as relações internacionais, as relações familiares e seus estados de espírito.

Figura-chave na política de contenção da União Soviética no início da Guerra Fria, na concepção e implantação do Plano Marshall para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, conselheiro informal de Henry Kissinger quando este foi nomeado secretário de estado na administração de Richard Nixon, interlocutor dos mais variados líderes internacionais de seu tempo, considero o diário de George Kennan uma leitura fascinante.

Esta tarde – diria, em junho de 1960 – sentei-me com Willy Brandt e sua mulher norueguesa e outras pessoas num restaurante em Berlim. Conversamos longamente… No mês seguinte, em julho, a convite do presidente Tito da Iugoslávia, passaram uma hora conversando. Ele estava interessado em Cuba, diz George Kennan. Alguns anos depois, o presidente Kennedy ofereceu-lhe a embaixada dos Estados Unidos em Belgrado, que assumiria também por um curto período.

São famosos na história diplomática o “Long telegram” enviado por George Kennan de Moscou para o secretário de estado em fevereiro de 1946 e o artigo “The sources of Soviet conduct”, publicado na revista Foreign Affairs em julho de 1947, assinado por “X”. Neles analisava a conduta soviética, suas raízes e sua importância no cenário internacional, e sugeria uma linha de contenção que deu origem à Guerra Fria.

A lua de mel acabou

Mas isso não foi tudo. Afastado do Departamento de Estado, suas recomendações posteriores, que evoluíram para posições um pouco diferentes das iniciais, foram muitas vezes ignoradas, e algumas dessas ideias estão reunidas em seu diário. “Quando eu falava, em 1947, por exemplo, contra as políticas pró-soviéticas dos anos da guerra, havia grandes aplausos e tudo estava bem. Quando eu dizia que devíamos permanecer fortes diante do poder soviético, todos estavam de acordo”, afirma George Kennan.

Mas, de repente, acrescenta, a lua de mel acabou: “quando me atrevi a sugerir que talvez estruturar nossa força ao redor da bomba de hidrogênio não era a melhor ideia, houve apenas perplexidade. Quando expressei ceticismo sobre a intenção dos russos de nos atacarem e sugeri que pensássemos em nossa força militar não tanto para dissuadir um ataque russo como elemento central de nossa política, mas antes como um elemento discreto, para uma política orientada para uma solução pacífica, houve uma grande e duradoura incredulidade”.

George Kennan tinha então 56 anos. Estávamos em 1960. A administração Eisenhower não lhe tinha oferecido nenhum cargo diplomático. Kennedy já estava em campanha e George Kennan regressou de Berlim e Belgrado para preparar uma carta de oito páginas, com seus pontos de vista sobre a política externa norte-americana, para lhe ser enviada. Fala das relações com a URSS e com a OTAN. “Quando sugeri”, diz ele no diário, “que algumas das coisas que os russos faziam era uma reação ao que nós estávamos fazendo, as pessoas pensaram que eu estava louco. E quando, finalmente, sugeri que poderíamos estar interessados em negociar um acordo entre as grandes potências para uma retirada conjunta tanto da Europa como do Extremo Oriente, houve uma indignação geral”.

George Kennan já não estava otimista quanto ao rumo da política externa norte-americana. “Em nenhum momento nos últimos dez anos a política externa dos Estados Unidos se assemelhou ao que eu pensava que deveria ser e em nenhum momento se baseou numa interpretação da natureza do poder soviético semelhante à minha”, afirma. “Agora estamos enveredando por caminhos que me parecem equivocados, que nos conduzirão a maus resultados, e fomos tão longe nesses caminhos que sou obrigado a reconhecer que minhas antigas opiniões perderam completamente sua relevância”.

Considerava ser muito tarde para falar em retirar os russos da Europa de Leste, uma questão particularmente sensível nos anos da Guerra Fria. “Eles estão ali para ficar, e não vejo hipocrisia maior dos políticos ocidentais do que a afirmação piedosa de que queriam outra coisa”.

Falou também das negociações sobre o desarmamento. “A corrida aos armamentos nucleares, a cuja promoção nossa política parece ter sido dedicada com singular intensidade nos últimos quinze anos, agora avança com tal ímpeto que não há a menor possibilidade de pará-la; e aqueles que outrora temeram que fossem colocados obstáculos de qualquer tipo à proliferação de armas nucleares nas mãos de um número x de governos, podem agora ficar tranquilos. Não haverá tais obstáculos; quem as quiser poderá obtê-las”.
Em 1975, o primeiro-ministro polonês Adam Rapacki tinha proposto a criação de uma zona livre de armas nucleares na Europa Central, o que estava em sintonia com a proposta de retirada conjunta de George Kennan. Mas, acrescenta, “os esforços dos poloneses para promover uma discussão sobre a proibição de armas atômicas na Europa Central foram rejeitados com sucesso”.

Atualmente, a Polônia, juntamente com os países bálticos, está entre as nações mais comprometidas no apoio à Ucrânia, tendo sugerido, entre outras coisas, a possibilidade de derrubar mísseis russos sobre o território ucraniano.

George Kennan lamentava, nas suas memórias, que tinha insistido, durante todos estes anos, “que, se agirmos como se pensássemos que a guerra é inevitável, podemos contribuir para que assim seja. Se tratarmos os líderes soviéticos como se não tivessem outra intenção que não fosse declarar-nos guerra, eventualmente isso poderia tornar-se realidade. Se agimos como se o perigo militar fosse o mais importante, poderíamos acabar tornando isso verdadeiro”.

O incidente do avião espião U-2, que os Estados Unidos tinham enviado para se assegurarem de que a URSS não preparava um ataque surpresa contra eles (e que os soviéticos abateram, sobre seu território, em 1 de maio de 1960), foi o resultado da visão dos governos ocidentais, que priorizavam o ponto de vista militar em suas relações com a União Soviética. E, naturalmente, atuavam de acordo com isso. Uma política que George Kennan considerava totalmente desnecessária, equivocada. Ironicamente, concluía que era “mais fácil identificar a personalidade soviética com a conhecida personalidade de Hitler, cujas intenções eram tão ambiciosas e agressivas que só podíamos esperar que ele tentasse o pior, do que tentar compreender o que um tipo como Kennan tem a dizer sobre a Rússia”.

Hoje, a porta-voz do bloco militar, Farah Dakhlallah, exibe, como um ponto forte, o fato de que a OTAN tenha mais de 500 mil soldados em estado de alerta máximo para o que considera ser a ameaça de um conflito direto com a Rússia. Como a OTAN entende esse “conflito direto” com a Rússia? Faz algum sentido uma política orientada não para evitá-lo, mas para travar uma guerra como essa?

Como afirmou o contra-almirante Carroll Jr., a expansão da OTAN para o leste é uma tentativa de prolongar as divisões da Guerra Fria e de reforçar a aliança contra a expectativa de que a Rússia procure impor sua hegemonia na Europa Oriental. Algo que, em todo o caso, parece, política ou militarmente, fora de questão no cenário atual e tem sido repetidamente rejeitado por Moscou.

O contra-almirante conclui que, naquele momento (em 1997), podia parecer seguro tratar a Rússia como um inimigo quando esta não podia impedir a expansão da OTAN. Mas, avisou, havia o perigo, a longo prazo, de que “uma coalizão antiocidental de linha dura” se fortalecesse em Moscou, provocando reações contra a OTAN no futuro. Uma realidade que acabou por explodir, interrompendo-se essa longa marcha da OTAN para o leste, um movimento sobre o qual – segundo Albright – a Rússia não tinha direito de veto.

*Gilberto Lopes é jornalista, doutor em Estudos da Sociedade e da Cultura pela Universidad de Costa Rica (UCR). Autor, entre outros livros, de Crisis política del mundo moderno (Uruk).

Tradução: Fernando Lima das Neves.

Eleição na Venezuela – como resolver o impasse?

Por LISZT VIEIRA*

Na Venezuela, embora reprimida, a oposição de direita é tolerada e concorre à eleição presidencial, mas eu não botaria a mão no fogo por um ou outro: tudo tem que ser provado

1.

Como era esperado, tanto o governo como a oposição ganhou a eleição na Venezuela. Nenhum dos lados aceitaria a derrota, já se sabia antes. Pelo resultado oficial, o atual presidente Maduro ganhou com 51% dos votos. Isso é perfeitamente possível, assim como o contrário também seria possível. Como todo candidato perdedor diz que venceu e que houve fraude, isso tem de ser provado. Vide os exemplos de Donald Trump nos EUA e Jair Bolsonaro no Brasil.

A Venezuela é um regime militar com fachada civil. Eu chamo de democracia autoritária. Não chamo de ditadura porque nunca ficou provado que houve fraude em eleição presidencial. E existe oposição. Mas há denúncias de tortura, censura e perseguição política.

Na Venezuela existe oposição de direita, reprimida, mas continua existindo. A líder da oposição, Maria Corina Machado, é de extrema direita. Sua candidatura foi barrada, mas ela não foi presa sem provas, como ocorreu com Lula na democracia brasileira. Segundo li, ela assinou a Carta de Madri, que reuniu fascistas da Europa e América Latina.

Ela é da turma de Jair Bolsonaro e Javier Milei. A presença dela na política venezuelana seria comparável a imaginar Marighela candidato da oposição a presidente durante a ditadura militar. Na ditadura brasileira, a esquerda não era tolerada, pra dizer o mínimo. Na Venezuela, embora reprimida, a oposição de direita é tolerada e concorre à eleição presidencial.

O curioso é que a Venezuela é considerada de esquerda porque os militares não quiseram entregar o petróleo às empresas americanas. Mas a política econômica é neoliberal, existe uma enorme desigualdade social e, para sobreviver, cerca de 20% da população emigrou para outros países.

Nas eleições parlamentares de 2015, a oposição venceu com 7,7 milhões de votos, enquanto os governistas tiveram 5,6 milhões. Os resultados foram reconhecidos e ninguém falou em fraude. Como os exilados em outros países, em grande número, não puderam votar, isso favoreceu o candidato Nicolás Maduro. Não sei se houve fraude, mas isso tem de ser provado. Eu não botaria a mão no fogo, seja em favor do governo ou da oposição. As alegações de violação de direitos humanos, como tortura, também precisam ser provadas.

2.

O assessor internacional do Presidente Lula, o embaixador Celso Amorim, pressionou o presidente Nicolás Maduro a divulgar as atas eleitorais. O Brasil ainda não reconheceu oficialmente a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial. Enquanto isso, foi anunciado que a Venezuela decidiu expulsar diplomatas de países que contestaram a vitória de Nicolás Maduro e vai retirar o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai.

Mas há também uma questão geopolítica. O governo da Venezuela foi sancionado pelo governo americano, pelo Tesouro e Departamento de Estado. E sofre um cerco dos EUA. É verdade que, depois de 11 anos no poder, Nicolás Maduro enfrenta um desgaste, mais por “fadiga de material” devido ao fracasso econômico do que por motivos ideológicos. Como ocorre em toda parte, a maioria do eleitorado não vota por razões ideológicas. Ao vencer, se é que venceu mesmo, Nicolás Maduro mostra que, com todo o barulho da oposição na mídia, o governo tem maioria.

Sinceramente, talvez nunca fique esclarecido se houve ou não fraude. Mas existe uma maneira de resolver isso definitivamente. Se por acaso os militares venezuelanos decidirem fazer acordos com empresas americanas de petróleo, a Venezuela passaria imediatamente a ser um exemplo de democracia e nunca mais ninguém iria questionar o resultado da eleição. Vide o caso da Arábia Saudita, a ditadura mais sanguinária do mundo e tratada como democracia pela mídia em geral.

Assim, voltaríamos a ter na Venezuela a “pax americana” e ficaria tudo resolvido. Amém!

*Liszt Vieira é professor de sociologia aposentado da PUC-Rio. Foi deputado (PT-RJ) e coordenador do Fórum Global da Conferência Rio 92. Autor, entre outros livros, de A democracia reage (Garamond). [https://amzn.to/3sQ7Qn3]

Líder supremo do Irã ordena ataque direto contra Israel, diz New York Times

Ofensiva seria retaliação à morte do líder político do Hamas; Israel não assumiu autoria do assassinato

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ordenou um ataque direto contra Israel como retaliação ao assassinato do líder político do Hamas em Teerã, segundo informou o New York Times.

O Irã e o Hamas acusaram Israel, que não assumiu autoria da ofensiva que matou Ismail Haniyeh.

A ordem foi emitida em uma reunião de emergência do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã nesta quarta-feira (31), de acordo com três autoridades iranianas ouvidas pelo NYT.

Efeito Lula: desemprego cai para 6,9% e Brasil se aproxima do pleno emprego

Geração de empregos levou Brasil ao mesmo patamar de 10 anos atrás, no governo Dilma Rousseff. Renda cresceu 5,8% no ano, segundo o IBGE

Dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) divulgados nesta quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o governo Lula derrubou a taxa de desemprego, que chegou a 6,9% no trimestre encerrado em junho de 2024.

O recuo de 1 ponto percentual ante ao três meses anteriores levou o país à menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em junho desde 2014, quando o índice estava nos mesmos 6,9%, no governo Dilma Rousseff (PT).

Com o resultado, o governo coloca o Brasil novamente no caminho do chamado “pleno emprego”. Em 2010, o presidente deixou o Planalto, encerrando seu segundo mandato com uma taxa de desemprego de 5,7%, registrada no mês de novembro.

Em entrevista ao portal R7, Pedro Afonso Gomes, economista e presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), afirma que no Brasil pode ser considerado “pleno emprego” a permanência da taxa abaixo dos 7% por um ano.

“Alguns economistas colocam 3,5% como o percentual ideal de desempregados para que a economia funcione normalmente. Outros dizem 5,5%. […] Se a economia funciona de maneira mais dinâmica, admite-se um desemprego maior, de até 7%, como no caso brasileiro”, disse.

Aumento da renda e geração de empregos

O rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.214) cresceu em ambas as comparações: 1,8% no trimestre e 5,8% no ano.

Fonte: PNAD Contínua / IBGE

Segundo dados do IBGE, a população empregada no país chegou a 101,8 milhões de brasileiros, um novo recorde da série histórica, iniciada em 2012, crescendo em ambas as comparações: 1,6% (mais 1,6 milhão de pessoas) no trimestre e 3,0% (mais 2,9 milhões de pessoas) no ano.

Já o número de desempregados é o menor desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015. Atualmente, 7,5 milhões de pessoas buscam emprego, um recuo de 12,5% (menos 1,1 milhão de pessoas) no trimestre e de 12,8% (menos 1,1 milhão de pessoas) no ano.

O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) chegou a 38,380 milhões, novo recorde da série histórica da PNAD Contínua, iniciada 2012. Houve alta de 1,0% (mais 397 mil pessoas) no trimestre e de 4,4% (mais 1,6 milhão de pessoas) no ano.

O número de empregados sem carteira no setor privado (13,797 milhões) também foi novo recorde da série histórica, com altas de 3,1% (mais 410 mil pessoas) no trimestre e de 5,2% (mais 688 mil pessoas) no ano.

Revista Forum

Gabriel Medina brilha em Teahupoo e chega às quartas de final no surfe

Tricampeão mundial e João Chianca protagonizarão confronto brasileiro

 

O Brasil já tem presença confirmada na semifinal do torneio masculino de surfe dos Jogos Olímpicos de Paris, isso porque Gabriel Medina e João Chianca brilharam nesta segunda-feira (29) nas ondas de Teahupoo, no Taiti, para se garantirem nas quartas de final da competição, etapa na qual protagonizarão um confronto brasileiro.

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O grande protagonista das oitavas de final foi o tricampeão mundial Gabriel Medina, que bateu o japonês Kanoa Igarashi, algoz do brasileiro na última edição dos Jogos Olímpicos (que foram realizados no Japão) por 17,40 a 7,04. Para ficar com a vitória, o surfista de São Sebastião mostrou parte de seu repertório de grandes manobras, incluindo um tubo que lhe garantiu uma nota 9,90.

“É um sonho disputar as Olimpíadas nessas condições. Nunca imaginei que estaríamos mostrando para o mundo esse tipo de surfe, pois não é sempre que encontramos condições como essas. Vivo um sonho hoje. Estou feliz em ter a oportunidade de representar o meu país”, disse Medina.

O outro brasileiro avançar na competição foi João Chianca, que superou o marroquino Ramzi Boukhiam por 18,10 a 17,80 em uma bateria muito disputada. Desta forma Chumbinho e Medina farão um confronto brasileiro em busca de uma vaga nas semifinais do torneio olímpico.

“Acredito que o melhor surfista [entre eu e Medina] vai vencer e fico na torcida para a gente honrar esta bandeira [brasileira]”, declarou Chianca.

Quem deu adeus à competição foi o atual campeão mundial Filipe Toledo, que foi derrotado pelo japonês Reo Inaba por 2,46 a 6,00.

100 anos da Oposição de esquerda

Por OSVALDO COGGIOLA*

A IV Internacional adotou como objetivo continuar a luta da III Internacional pela derrubada do capitalismo mundial através da revolução proletária

A Oposição de Esquerda do PCUS, foi criada em finais de 1923 contra a política seguida pelo secretário-geral, Stálin, e sua fração clandestina. A Oposição lutou tanto no plano da política interna (pelo direito de tendência e a revitalização dos sovietes, por um plano de industrialização, que fortalecesse a base social da ditadura proletária) como no da política internacional (contra a teoria do “socialismo num país só”, por uma orientação revolucionária para a Internacional Comunista, incluindo a frente única operária contra o nazismo).

Seu destino é conhecido; a quase totalidade dos seus membros, entre os quais muitos dirigentes revolucionários de 1917, foi massacrada pela repressão stalinista, não sem antes se organizar internacionalmente, rompendo em 1933 (logo depois da vitória de Hitler na Alemanha) com a Internacional Comunista, e fundando em 1938 a IV Internacional, considerada pelo organizador do Exército Vermelho como a obra mais importante da sua vida.

A IV Internacional adotou como objetivo continuar a luta da III Internacional pela derrubada do capitalismo mundial através da revolução proletária, o que a colocou em oposição irredutível à política de “coexistência (ou emulação) pacífica”. Leon Trótski rejeitou toda explicação do stalinismo como “desvio” devido ao “culto à personalidade”. Todo fenômeno político tinha uma raiz social: o stalinismo era a burocratização do Estado soviético, devida ao seu isolamento internacional e ao cerco imperialista. Em função disso colocou a necessidade de uma revolução política na URSS, que devolvesse ao proletariado o poder político, e lutou pela criação dos instrumentos políticos dessa perspectiva.

A vitória do Exército Vermelho na guerra civil russa (1918-1921) não teve solução de continuidade com o início da crise do Estado soviético e do partido bolchevique. Um ano antes da revolta de Kronstadt (1921), de fato no movimento final em direção à NEP (Nova Política Econômica), Leon Trótski – só, no Birô político do partido bolchevique – havia proposto renunciar à política do “comunismo de guerra” motivada pela questão do abastecimento do exército, mas não encontrou o apoio necessário. Leon Trótski pensava que era preciso substituir o sistema de apropriação do excedente por uma taxa progressiva in natura.

Essa política foi adotada em finais de 1921, no X Congresso do partido. A demora na revolução internacional significava que eram necessárias medidas especiais para manter o Estado Operário. O longo período de guerra civil tinha devastado a economia russa. A política de comunismo de guerra, traçada para defender a Rússia soviética das tentativas do imperialismo visando à sua destruição, até que a classe trabalhadora da Europa fosse capaz de movimentar-se em sua ajuda, foi substituída pela NEP, uma concessão ao capitalismo destinada a reanimar a agricultura, que obteve considerável êxito em regenerar a vida econômica do país. Contudo, a economia desenvolveu o efeito tesoura, o crescente hiato entre as duas linhas do gráfico representativo da alta dos preços dos bens manufaturados e da queda dos preços dos produtos agrícolas. A produção diminuiu, os salários atrasaram, os trabalhadores foram forçados a fazer greve. O de que se necessitava era de um programa para erguer a indústria. Leon Trótski propôs que se introduzisse a planificação.

Em novembro de 1922, Lênin escreveu: “Eu remeto àqueles que não compreenderam suficientemente nossa NEP ao discurso do camarada Leon Trótski e ao meu sobre essa questão no IV Congresso da Internacional Comunista”. Dez dias mais tarde, Lênin se dirigia a Leon Trótski: “Eu li suas teses sobre a NEP e considero-as de modo geral muito boas; algumas formulações são muito bem elaboradas, alguns poucos pontos me parecem discutíveis. Minha vontade, agora, seria publicá-las nos jornais e depois rapidamente reimprimi-las em brochura”.

Essa brochura nunca foi publicada, em virtude da interferência burocrática. A luta contra a burocratização do Estado e do partido foi, nas palavras de Moshe Lewin, “o último combate de Lênin”, que ele pretendeu levar adiante numa aliança com Leon Trótski. O reproche feito com mais frequência a Leon Trótski é o de não ter tornado pública essa aliança, ou de não ter sido consequente com ela, em especial na questão nacional georgiana (contra o chauvinismo grã-russo da nascente burocracia, e de Stalin em especial) e na questão da revelação e implantação do “Testamento” de Lênin (que defendia, entre outros pontos, a destituição de Stalin do posto de secretário-geral).

A respeito do primeiro assunto, Leon Trótski escreveu: “A ideia de formar um ‘bloco’ Lenin-Trótski contra a burocracia somente Lênin e eu a conhecíamos. Os outros membros do Birô Político tinham apenas vagas suspeitas. Ninguém sabia nada a respeito das cartas de Lênin sobre a questão nacional nem do Testamento. Se eu tivesse começado a agir, poderiam dizer que iniciava a luta pessoal para ocupar o lugar de Lênin. Eu não podia pensar nisso sem arrepios. Pensava que, mesmo saindo vencedor, o resultado final seria para mim uma tamanha desmoralização que me custaria muito caro. Em todos os cálculos entrava um elemento de incerteza: o próprio Lênin e seu estado de saúde. Poderá ele manifestar sua opinião? Sobrar-lhe-á tempo para tanto? Entenderá o partido que Lênin e Leon Trótski lutam pelo futuro da revolução e não que Leon Trótski luta pelo posto de Lênin enfermo? … A situação provisória continuava. Mas a protelação favorecia os usurpadores, pois Stalin, como secretário-geral, dirigia no período do interregno toda a máquina estatal”.[i]

Na questão nacional georgiana, Lênin tornou pública sua ruptura com Stalin nos últimos dias de 1922, pouco antes de ficar quase totalmente afastado da política pela doença. Como Comissário para as Nacionalidades, Stalin tinha “sovietizado” a Geórgia manu militari, não só contra a vontade da maioria da população, mas também dos bolcheviques georgianos. Dois deles (Mdivani e Macaradze) protestaram publicamente.

Lênin manifestou-se então numa “Carta ao Congresso” (do partido): “Penso que, neste episódio, a impaciência de Stalin e seu gosto pela coerção administrativa, bem como o seu ódio contra o famoso ‘chauvinismo social’, exerceram uma influência fatal… a influência do ódio na política em geral é extremamente funesta. O nosso caso, o caso de nossas relações com o Estado da Geórgia, constitui um exemplo típico da necessidade de usarmos o máximo de prudência e mostrarmos um espírito conciliador e tolerante, se quisermos resolver a questão de modo autenticamente proletário…”.

Mais adiante prosseguia, referindo-se a Stalin: “O georgiano que se mostra desdenhoso quanto a esse aspecto do problema, que descaradamente lança acusações de social-nacionalismo (quando ele mesmo é um autêntico social-nacionalista e também um vulgar carrasco grã-russo), esse georgiano, com efeito, viola os interesses da solidariedade proletária de classe… Stalin e Djerzinski devem ser apontados politicamente como os responsáveis por essa campanha”.

Historiadores soviéticos provaram que Leon Trótski não só aceitou o bloco com Lênin a respeito, como também foi politicamente consequente com ele (o que não significa que esse bloco tivesse garantida a sua vitória).[ii] No XII Congresso do partido, em 1923, Leon Trótski e Bukhárin defenderam contra Stalin, secretário geral, a posição de Lênin a respeito do problema das nacionalidades. Simultaneamente, diante da “crise das tesouras”, Leon Trótski defendeu a ajuda estatal à indústria, para poder baixar seus preços. Leon Trótski apresentou o relatório “Sobre a Indústria” que foi acolhido pelos delegados com aplausos ardentes e longos.

Esse relatório apresentava uma perspectiva para o desenvolvimento da indústria nos anos subsequentes. Seu ponto essencial coincidia com a tese incluída na resolução do Congresso: “Só pode ser vitoriosa uma indústria que ofereça mais do que consome. A indústria que vive às custas do orçamento, ou seja, da agricultura, não saberia criar o apoio estável e duradouro necessário à ditadura do proletariado”.

No seu último ano de vida, Lênin testemunhou os inícios da cisão dentro do partido bolchevique. O contexto social de 1923 era o de uma nova onda de greves, com a formação de grupos operários de oposição. O contexto mundial era o da esperança no “outubro alemão” (uma virada favorável da revolução mundial). No quadro da derrota alemã, Leon Trótski enviou uma carta ao Birô Político criticando o regime interno do partido, apoiada por uma declaração de 46 “velhos bolcheviques”: nascia a Oposição de Esquerda, contra a qual engajou a luta a “troika” dirigente de Stalin-Zinoviev-Kamenev. A organização da Oposição, com a “Carta”, em outubro de 1923, foi tomada após percorrer todas as vias políticas remanescentes, e não levou apenas em conta a situação interna da URSS, mas também a situação internacional.

A revolução alemã foi um momento-chave na luta interna do partido bolchevique, quando se manifestou uma fração interna organizada contra sua burocratização, chefiada por Leon Trótski. Numa situação revolucionária, como a existente na Alemanha, as vacilações de Zinoviev (principal dirigente da Internacional Comunista) foram um fator decisivo na derrota. Mas elas tinham origem clara nas pressões de Stalin (“é necessário frear os alemães, não os empurrar”).[iii] A derrota alemã condenou à revolução russa a um período indefinido de isolamento.

Diante da crise, o Birô Político estabeleceu um “novo curso”. Leon Trótski atacou a burocratização do Estado e do partido, a hierarquia dos secretários, evocou o perigo de degeneração da revolução. O regime militar no interior do partido, imposto pelas condições da guerra civil, estava gerando um perigo maior para o futuro da revolução – uma vasta hierarquia burocrática tomando corpo no lugar de um funcionalismo livremente eleito. Leon Trótski, no panfleto intitulado Novo Rumo,clamou pela democracia operária e pela erradicação da burocracia vinculadas à perspectiva da rápida construção da indústria através da introdução de um plano econômico geral. A “troika” o acusou de promover a “luta de gerações” e defendeu o aparelho partidário e estatal.

As preocupações de Lênin com a burocratização do partido bolchevique e do Estado soviético, registradas em um documento que ficou conhecido como seu “testamento”, provocaram grande constrangimento; em reunião às vésperas do XIII Congresso resolveu-se pelo não afastamento de Stalin de seu cargo (solicitado por Lênin) e pela divulgação do documento apenas aos principais delegados. A decisão de não tornar público o documento foi adotada pelo pleno do Comitê Central do partido. Leon Trótski o comunicou secretamente ao seu partidário norte-americano Max Eastman, quem o publicou nos EUA, sendo então desmentido pelo próprio Leon Trótski.

Por esse e outros motivos, algumas queixas apontam Leon Trótski como corresponsável pela ascensão de Stalin, o que foi objeto de uma observação de Ernest Mandel contra os que “querem simultaneamente provar duas coisas inteiramente contraditórias: por um lado, que Leon Trótski cometeu muitos erros táticos; por outro lado, que a vitória de Stalin era inevitável, porque correspondia às condições objetivas da Rússia dessa época. Isto é particularmente nítido em Issac Deutscher, onde essas duas teses se entrecruzam continuamente”.[iv]

A maioria dos “kremlinólogos” apresentou a história do PC russo pós-morte de Lênin como uma “luta pela sucessão”: trata-se, no mínimo, de uma simplificação. Em janeiro de 1924, Lênin morreu. Leon Trótski, doente, não compareceu aos funerais (aparentemente enganado quanto à data dos mesmos por Stalin). Logo depois, a Oposição de Esquerda foi condenada na XII Conferência do PC, que condenou o “fracionismo” da Oposição e pôs em prática a “promoção Lênin” (recrutamento massivo de militantes inexperientes). A Oposição foi alijada da imprensa e, logo depois, do partido, com métodos burocráticos (deslocamentos de opositores, votos “de cabresto” nas células e comitês).

O “passado menchevique” de Leon Trótski foi atacado na imprensa: Stalin o chamou de “patriarca dos burocratas”. Seguiram-se uma série de provocações e insultos contra Leon Trótski, polarizando o cenário. Contra Leon Trótski, descobriu-se uma carta esquecida, escrita por ele em 1913, dirigindo palavras duras contra Lênin. O objetivo, com sua publicação, era claro: mostrar a incompatibilidade entre “leninismo” e “trotskismo”. O idílio entre Leon Trótski e a imprensa soviética esmoreceu rapidamente.

A 23 de fevereiro de 1924, sexto aniversário da criação do Exército Vermelho, Leon Trótski era ainda celebrado pelo Izvestia dos sovietes. Mas o Pravda, órgão oficial do partido, já começara a esquecê-lo. “Caro Camarada Lev Davidovitch, – escrevia o Izvestia – no sexto aniversário do nosso glorioso Exército Vermelho, a assembleia geral do Soviete de Moscou envia uma calorosa saudação àquele que o organizou e guiou”. O jornal publicava também um boletim médico, explicando que Leon Trótski vira-se forçado a ir descansar na região Sul. O Pravda, ao contrário, deu cobertura às celebrações do Exército Vermelho, sem citar o nome de Leon Trótski. Num artigo, se afirmava que só Lênin fora o chefe e o organizador do Exército Vermelho.

Nesse clima geral, Leon Trótski contra-atacou publicando, em setembro de 1924, o texto Lições de Outubro onde, discutindo questões de estratégia revolucionária, atacava a passada hostilidade de Zinoviev e Kamenev à insurreição de outubro de 1917, episódio repetido na Alemanha de 1923, novamente com Zinoviev (agora chefe da Internacional Comunista). A “troika” se solidificou contra o debate provocado por Leon Trótski, demissionário do Comissariado de Guerra a partir de 1925. Outra oposição (“de direita”) se desenhou em torno das teses de Bukhárin, de defesa e aprofundamento da NEP.

A 2 de novembro de 1924, o Pravda deu o sinal da campanha “anti-trotskista”, com um texto de Bukhárin: “O livro do camarada Leon Trótski (Lições de Outubro) está rapidamente se tornando ‘a última moda’. Isso não surpreende, pois o seu objetivo principal é o de causar sensação no partido… A introdução (chave da obra) está escrita numa linguagem meio enigmática. As alusões e insinuações não podem ser facilmente percebidas pelo leitor profano. Por isso é necessário desvendar os mistérios deste linguajar oculto (tão do agrado de Leon Trótski, apesar de suas exigências de ‘clareza na crítica’). O autor assume a responsabilidade de intervir contra a linha política adotada pelo partido e pelo Komintern. Essa intervenção não tem caráter puramente teórico, mas ao contrário se assemelha a um programa político destinado a anular as decisões dos congressos…”.

A viúva de Lenin, Nadedja Krupskaia, escreveu no mesmo Pravda, a 16 de dezembro de 1924: “Não sei se o camarada Leon Trótski é realmente culpado por todos os pecados mortais de que é acusado, não sem intenções polêmicas. Mas o camarada Leon Trótski não se deve lamentar por isso. Não nasceu ontem e por conseguinte deve saber que um artigo escrito no tom de Lições de Outubro só pode suscitar a polêmica. Mas não é esse o pivô da questão. O fato é que ao nos convidar à meditação das ‘lições do outubro vermelho’, ele nos propõe enfocá-las precisamente sob o ângulo errado… Nos anos decisivos da revolução, o camarada Leon Trótski dedicou todas as suas forças à luta pelo poder soviético. Desincumbiu-se corajosamente de uma difícil tarefa… Isso o partido jamais esquece. Mas a luta iniciada em outubro (de 1917) ainda não está terminada. É preciso batalhar com denodo até conquistar as metas almejadas pela Revolução de Outubro. A essa altura, seria mortal afastar-se do caminho leninista. E quando um camarada como Leon Trótski se desvia, talvez inconscientemente, para o caminho da revisão do leninismo, o partido tem o dever de intervir.”

Em dezembro de 1924, Bukhárin escreveu um artigo focalizando as discordâncias entre Lênin e Leon Trótski. Stalin, dias depois, publicou um extenso artigo afirmando que “a revolução permanente de Leon Trótski é a negação da teoria da revolução proletária de Lênin”. Suas declarações tiveram grande impacto na defesa do “socialismo num só país” por oferecer uma meta positiva e definível, por acabar com as expectativas de ajuda do exterior, e por massagear o orgulho nacional apresentando a revolução como fruto do “espírito de vanguarda” do povo russo.

A polêmica de 1924 teve só um grande vencedor: Stalin, que se beneficiava do desgaste mútuo a que se submetiam Leon Trótski e Zinoviev-Kamenev: “A maioria dos membros do partido, para quem a revolução de 1917, na melhor das hipóteses, não passava de uma gloriosa lenda, talvez admitisse com certa amargura o papel de ‘mau’ desempenhado por Leon Trótski, sem acreditar realmente nos méritos do ‘bom’ Zinoviev. Na troika, o discreto Stalin é o menos atingido, uma vez que sua posição de segundo plano em 1917 lhe permite fugir ao descrédito que abala os velhos detentores dos primeiros postos”.[v]

Uma reviravolta se produziu em finais de 1925: Zinoviev e Kamenev, responsáveis do PC em Leningrado, atacaram a política pró-kulak e retomaram as teses de Leon Trótski sobre a democracia partidária (em privado, lhe revelaram os métodos burocráticos contra ele usados em 1923-1924). Mas o peso do aparelho levava vantagem: no XIV Congresso, a oposição Zinoviev-Kamenev foi esmagada pela aliança Stalin-Bukharin, que impôs Serguei Kirov como chefe do partido em Leningrado. Zinoviev e Kamenev se aproximaram de Leon Trótski, constituindo em 1926 a Oposição Unificada, que reunia em torno de 8.000 militantes, com numerosos “velhos bolcheviques”.

Com sua maioria nos órgãos dirigentes, Stalin aproveitou a situação para subordinar o aparelho do partido em Leningrado, base de Zinoviev e Kamenev, o que levou estes últimos, numa reviravolta de 180 graus, a buscar uma aliança com Leon Trótski, a princípio resistida pelos membros da Oposição de Esquerda. A aliança foi finalmente concluída, graças à intervenção do próprio Leon Trótski, criando a Oposição Unificada.

Três dos cinco dirigentes indiscutidos do partido eram opositores (Zinoviev, Kamenev e Leon Trótski): a Oposição parecia uma aliança dos velhos bolcheviques, o grupo dos “companheiros” de Lênin, contra Stalin e Bukhárin. Uma aliança dos revolucionários, não os “administradores”, da qual faziam parte também boa parte dos comissários do Exército Vermelho. Influência de Leon Trótski? Mas não estava na Oposição também Ivar Smilga, que teve sérios conflitos com Leon Trótski na guerra civil? E também Muralov, o herói dos combates de Moscou, Mrachkovsky (nascido na prisão do czarismo), I. N. Smirnov, operário chamado “a consciência do partido…”.

O combate da Oposição Unificada se estendeu desde 1925 até 1927, e esteve fortemente condicionado pela situação internacional, sobretudo pelo destino da revolução chinesa, que aparecia como a grande esperança de tirar a URSS do isolamento internacional. O centro político do debate deslocou-se para a Internacional Comunista, onde Leon Trótski enfrentou a dupla Stalin-Bukhárin; seu centro teórico foi a questão da “revolução permanente”.[vi]

A teoria da revolução permanente foi acusada de não levar em conta as mudanças entre a revolução de 1905 e a de outubro de 1917. Era, segundo Kamenev, “retilínea como o voo de uma gralha”. Bukhárin concedeu a Leon Trótski certo brilhantismo, mas fez objeções a sua postura formal e literária sobre questões políticas. O dirigente comunista italiano Antonio Gramsci, já preso pelo fascismo, anotou nos seus Cadernos do Cárcere que “Bronstein [Leon Trótski] pode ser considerado o teórico político do ataque frontal, em um período em que isso só pode ser causa de derrota”. Comparando-o com Lenin, acrescentou que “Bronstein, que aparece como ‘ocidentalista’, era, ao contrário, um cosmopolita, isto é, superficialmente nacional e superficialmente ocidentalista ou europeu. Diferentemente, Ilich [Lenin] era profundamente nacional e profundamente europeu. Bronstein, nas suas memórias, lembra que lhe foi dito que sua teoria foi demonstrada como válida quinze anos depois, e responde a epigrama com outra epigrama. Sua teoria, na verdade, não era correta quinze anos antes nem quinze anos depois…só teve razão na sua previsão prática mais geral, como se predissesse que uma criança de quatro anos será um dia mãe, e quando isso acontece, aos vinte anos, afirmasse ‘eu tinha adivinhado’, não lembrando que se tivesse estuprado a criança aos quatro anos ela não teria sido mãe. Parece-me que Ilich tinha compreendido que acontecera uma mudança da guerra de movimentos, aplicada vitoriosamente em Oriente em 1917, para a guerra de posição, a única possível no Ocidente, onde em pouco espaço os exércitos podem acumular enormes quantidades de munição”. [vii]

Quanto à questão da “guerra de posição” (que Gramsci identificava com a “tática da Frente Única”) e da “guerra de movimento”, Perry Anderson questionou a opinião de Gramsci,[viii] que, por outro lado, não podia ignorar que fora o próprio Leon Trótski um dos formuladores da política de Frente Única, na Internacional Comunista. A crítica de Gramsci à “revolução permanente” era praticamente a mesma formulada por Kamenev, simplesmente ignorava o conteúdo dessa teoria, que não consistia em ignorar as etapas do desenvolvimento histórico, mas em estabelecer a dinâmica da passagem de uma para outra etapa sob determinadas condições (as da existência do proletariado enquanto classe). Em ambos casos, a opinião de Gramsci parecia menos fundamentada num exame dos textos e acontecimentos, do que na imagem caricatural de Leon Trótski forjada no quadro da luta de frações que testemunhou a emergência da burocracia stalinista.

Anos depois (já no exílio), Leon Trótski respondeu às críticas no seu artigo Três concepções da Revolução Russa: “A acusação frequente nos escritos dos teóricos atuais de Moscou, de que o programa da ditadura do proletariado era ‘prematuro’ em 1905, não vem ao caso. Em um sentido empírico, o programa da ditadura democrática do proletariado e dos camponeses resultou também ‘prematuro’. A combinação de forças desfavorável na época da primeira Revolução não somente impediu a ditadura do proletariado, como sobretudo a vitória da revolução em geral”.

Leon Trótski não só manteve a ideia da “revolução em permanência”, como ampliou, depois de 1917, seu campo: de uma teoria que inicialmente explicava o nexo entre as diversas fases da revolução (democrática e socialista), também para os seus nexos internacionais e para a dinâmica pós-revolucionária. Leon Trótski não só assentava as bases para a compreensão da burocratização do Estado surgido da revolução (o que muitos marxistas adjudicaram ao fato circunstancial de Leon Trótski ter sobrevivido a Lênin) como estabelecia toda uma teoria da época histórica: a “era da revolução permanente”. Leon Trótski ridicularizou a tentativa stalinista de construir um “leninismo” artificial contraposto não só ao chamado trotskismo, mas também ao marxismo de Marx: de acordo com a definição de Stalin (“leninismo é o marxismo da era das revoluções proletárias”) o marxismo de Marx era pré-revolucionário!

Desde os inícios da Internacional Comunista, o PC russo cumpria um papel central, não só pela sua autoridade política, mas também pela ajuda financeira aos outros partidos comunistas, que se transformava em direito de tutela. Em pouco tempo, PCs que mal tinham se emancipado do “modelo social-democrata” se viram às voltas com uma “bolchevização” que lhes impunha um “modelo” monolítico, baseado num aparelho rigorosamente centralizado. O aparelho internacional da IC foi sendo criado com base no financiamento da URSS e na cooptação, baseada na docilidade e no posicionamento dos dirigentes em relação às lutas internas do PC russo.

A partir de 1924, em todos os PCs se constituiu uma “fração da IC” que, no final da década, seria o aparelho internacional do stalinismo, cuja construção exigiu a eliminação dos dirigentes-pioneiros do comunismo em diversos países: Alfred Rosmer e Pierre Monatte na França, Heinrich Brandler e os antigos partidários de Rosa Luxemburgo na Alemanha. Foi o início das carreiras de Palmiro Togliatti na Itália, Maurice Thorez e Jacques Doriot (futuro fascista) na França, Ernest Thälmann e Walter Ulbricht na Alemanha. Em alguns casos, a situação beirava o ridículo. A “nova política” na China foi explicada pelo antigo menchevique Martinov, quem reivindicou para a China a mesma teoria que o opôs a Lenin: a “revolução por etapas”…

No PC soviético, depois de certo sucesso inicial da Oposição Unificada, os “métodos” de 1923 voltaram a ser usados contra ela, em escala e profundidade maior, incluindo provocações policiais (como o uso pela Oposição da gráfica de um antigo oficial de Wrangel, chefe da contrarrevolução “branca” na guerra civil: na verdade, era um agente da GPU, polícia política). A Oposição terminou amordaçada. Apesar do novo surto oposicionista de 1927, quando as esperanças na revolução chinesa, primeiro, e a condena à política suicida imposta por Stálin-Bukharin na China, depois, ampliaram as bases da Oposição, esta foi finalmente esmagada, tendo suas teses postas fora da circulação.

A vitória de Stalin contra a esquerda não foi, porém, automática, e teve que atravessar uma série de crises. A Oposição deflagrou uma ofensiva de críticas contra a “linha chinesa” de Stalin-Bukhárin. Stalin respondeu administrativamente, com mutações, exclusões e repressão, inclusive contra a manifestação oposicionista no terminal ferroviário de Iaroslavl, quando seu dirigente Ivar Smilga foi transferido para o Extremo Oriente.

A derrota na Alemanha não foi o último episódio do fracasso da revolução europeia. O Comitê Anglo-Russo, inicialmente idealizado a fim de atrair os dirigentes sindicais de esquerda para a influência dos sindicatos soviéticos, rapidamente adotou uma política conciliadora que levou à traição da greve geral de 1926. Leon Trótski solicitou que se dissolvesse esse bloco. Zinoviev inicialmente vacilou, mas no final apoiou o ponto de vista de Leon Trótski. No entanto, Stalin não renunciou a essa política. Quando os líderes sindicais britânicos apoiaram o ataque imperialista britânico de Nanquim em 1927, o grupo stalinista não rompeu com eles. Pelo contrário, foram os líderes sindicais britânicos que abandonaram seus amigos quando não mais os precisaram de uma coloração rósea. A greve geral de 1926 não foi apenas um acontecimento marcante na história britânica, mas também na vida do partido da Rússia. Os escritos de Leon Trótski no período, Para Onde vai a Grã-Bretanha? Lições da Greve Geral, em particular, foram uma leitura decisiva do porvir imediato da revolução europeia.

As duas frações do PC soviético estavam em crise: Leon Trótski manobrou para conservar Zinoviev e Kamenev, que aspiravam à “unidade” com Stalin e Bukhárin; em agosto de 1927, Ordjonikidzé desafiou Stalin no Birô Político do PC, fazendo aprovar uma resolução que não excluía Zinoviev e Leon Trótski (como Stalin solicitava). Para Pierre Broué, “Stalin só venceu graças à intervenção da polícia política e ao uso da provocação, pressionando também seus aliados vacilantes. Só Leon Trótski pôde algumas vezes falar, na executiva da Internacional Comunista. Mas a polícia decidiu o conflito, com o caso do uso da gráfica do ‘oficial de Wrangel’ (um agente da GPU) para imprimir a plataforma da Oposição, e seu suposto ‘complô militar’.

A vitória final veio com o fracasso das manifestações organizadas pela Oposição para o 7 de novembro: não era, porém, a vitória da maioria do aparelho do partido, mas a da polícia secreta controlada por Stalin sobre o partido, que seria condenado a morte, nos anos 1930, com a execução de seus antigos dirigentes e quadros, inclusive os stalinistas, na época dos grandes expurgos”.[ix] Começaram as exclusões do partido e as detenções. Em novembro de 1927, no 10º aniversário da revolução de 1917, a Oposição se manifestou em público pela última vez, com faixas próprias (“abaixo os nepmen”; “pôr em prática o testamento de Lenin”). As agressões físicas a fizeram recuar: o carro de Leon Trótski foi ameaçado com armas de fogo, a sua mulher Natália Sedova foi agredida. No dia seguinte, Leon Trótski pronunciou seu último discurso na URSS, no enterro de Abraham Ioffe, antes de ser detido e deportado para a Sibéria.

No mesmo dia, Leon Trótski tinha sido excluído do partido, junto com Kamenev, Zinoviev, sem que os militantes fossem informados das causas, nem das propostas da Oposição (democracia interna, industrialização baseada no planejamento centralizado e na taxação dos kulaki, abandono da estratégia internacional da “revolução por etapas”). No XV Congresso do PC, em dezembro de 1927, foi exigida a capitulação dos opositores: a maioria destes cedeu, com Zinoviev e Kamenev, buscando a sua reintegração no partido. Leon Trótski, isolado, não cedeu: exilado em Alma-Ata reorganizou seus partidários da Oposição de Esquerda para continuar um combate que se desenvolveria em condições cada vez mais precárias. O combate de Leon Trótski contra a burocratização foi uma continuidade de seu combate político geral diante dos problemas do Estado soviético na década de 1920.

A derrota da revolução chinesa foi um fator decisivo na derrota da oposição russa, apesar desta ter visto confirmados todos os seus prognósticos a respeito: “Se, por um lado, a máquina burocrática deve o próprio triunfo à desmobilização das massas, por outro, ela mesma é fator de desmobilização, encontrando aí a sua justificativa. As trágicas derrotas da revolução chinesa, em 1927, representam uma contundente confirmação das profecias da oposição, que denuncia a política burocrática como causadora dessa desgraça. Mas, caso estranho, essas derrotas debilitam terrivelmente a oposição, desferindo um golpe mortal contra a autoconfiança, a audácia e o moral dos militantes.

Por fim, os reveses reforçam a posição dos próprios responsáveis, tornando irreais os pontos de vista daqueles que haviam indicado a maneira de evitá-los.” [x] O ano de 1927 marcou um momento decisivo na luta de Leon Trótski e da Oposição de Esquerda. A luta para salvar a Revolução de Outubro foi literalmente uma luta de vida e morte, com o custo de milhares de vidas dos mais dedicados revolucionários. Proeminentes personagens que tinham sobrevivido a anos de exílio, a prisões, às perseguições do czarismo e às devastações da guerra civil, foram varridas e brutalmente eliminadas pela burocracia stalinista nos anos seguintes.

O atraso econômico da Rússia, a devastação causada pela guerra civil e a intervenção imperialista, combinados com as derrotas experimentadas pelo movimento revolucionário internacional, tudo implicou no crescimento da burocracia e na exaustão das massas soviéticas. Depois da morte de Lênin, a autoridade pessoal de Leon Trótski não tinha rival; o destino dessa autoridade dependia do processo social geral. A vitória de Stalin não pode ser atribuída a habilidades e a manobras maquiavélicas. As intrigas stalinistas tinham o concurso de condições objetivas; seus êxitos dependeram destas condições.

Os nomes de Lênin e Trótski estavam intimamente ligados à revolução na consciência das massas. A reação tinha primeiramente de preparar o terreno através de uma campanha de calúnias. Por sua vez, o sucesso desta campanha de mentiras e distorções dependia do fracasso da revolução internacional. A teoria do socialismo em um só país, um aborto concebido do casamento entre a reação interna e a derrota internacional, surgira em finais de 1924. Stalin tinha escrito em fevereiro de 1924, “pode-se conseguir a vitória final do socialismo em um só país, sem os esforços conjuntos do proletariado de vários países avançados? Não, isto é impossível”. Sem rubor, o próprio Stalin podia escrever em novembro do mesmo ano: “O partido assumiu como ponto de partida… a vitória do socialismo neste país, e essa tarefa pode ser realizada com as forças de um só país”.

Em finais de 1927, a Oposição de Esquerda foi quebrada e Leon Trótski expulso do partido: logo depois, ele conheceria o “exílio interno”, em Alma Ata, para finalmente ser expulso da URSS em 1929, iniciando um período de vários anos no qual, em meio a “escalas” em vários países (Noruega, Turquia, França) o mundo se transformaria, para ele, num “planeta sem visto de entrada”. Sobre o impacto internacional provocado pelo exílio interno, e depois expulsão, de Leon Trótski, esta informação fala de modo eloquente: “Quando os alemães entraram em Paris, em junho de 1940, [o editor] Gaston Gallimard tomou cuidado, antes de fugir para o Languedoc, de queimar alguns papéis comprometedores para seus autores, notadamente um documento extraordinário: o plano de uma expedição ao Cazaquistão concebido por André Malraux em 1929, para libertar Leon Trótski, deportado em Alma Ata por ordem de Stalin”.[xi]

O plano incluía uma fuga aérea. O jovem romancista francês, já autor de Os Conquistadores, combatente da revolução indochinesa (e futuro combatente da guerra civil espanhola) tinha criado uma associação para arrecadar fundos e conquistado adesões importantes: Gallimard o fizera desistir da empresa. Antes da sua ruptura pública, Leon Trótski admiraria o talento literário do autor da Condição Humana, com quem sustentou uma polêmica recolhida em Literatura e Revolução.[xii]

Entre 1923 e 1929, Leon Trótski e a Oposição de Esquerda livraram um combate, na URSS, em todos os planos: o da teoria e do programa revolucionários, o da política interna em todos seus aspectos e o da política internacional nos principais países imperialistas e no mundo colonial e semicolonial. A partir do exílio de Leon Trótski, em 1929, esse combate se desdobrou na luta por uma Oposição internacional que continuasse as linhas da corrente política que liderara a Revolução de Outubro. Com a vitória do nazismo, em 1933, medindo seu alcance internacional e a responsabilidade do stalinismo nessa catástrofe, a Oposição proclamou a necessidade de uma nova Internacional operária, concretizando esse objetivo na conferência que, em 1938, nos arredores de Paris, fundou a IV Internacional.

*Osvaldo Coggiola é professor titular no Departamento de História da USP. Autor, entre outros livros, de Teoria econômica marxista: uma introdução (Boitempo). [https://amzn.to/3tkGFRo]

Notas


[i] Leon Leon Trótski. Ma Vie. Paris, Gallimard, 1953.

[ii] V. V. Juravlev e N. A. Nenakorov. Leon Trótski et l’affaire géorgienne. Cahiers Leon Leon Trótski n° 41, Paris, março 1990.

[iii] Stalin escreveu a Zinoviev e Bukharin, em agosto de 1923: “Deveriam os comunistas no atual estágio esforçar-se para tomar o poder sem a socialdemocracia? Já estarão eles maduros para tal?… Se agora na Alemanha, o poder, por assim dizer, cair, e os comunistas empolgarem-no, eles cairão fragorosamente. Isto no ‘melhor’ dos casos. E no pior, eles serão esmigalhados e lançados por terra…. Certamente os fascistas não estão tirando uma soneca, mas para nós é mais vantajoso que os fascistas ataquem primeiro. Este fato reagrupará toda a classe operária em torno dos comunistas. Além disto, os fascistas na Alemanha, segundo dados de que dispomos, são fracos. Em minha opinião, os alemães devem ser refreados, não instigados”.

[iv] Ernest Germain [Ernest Mandel]. A Burocracia nos Estados Operários. Lisboa, Fronteira, 1975.

[v] Pierre Broué. Le Parti Bolchevique. Paris, Minuit, 1971.

[vi] Cf. Pierre Broué. La Question Chinoise dans l’Internationale Communiste. Paris, EDI, 1976; e Grigori Zinoviev et al. El Gran Debate. Córdoba, Pasado y Presente, 1972.

[vii] Antonio Gramsci. Quaderni del carcere. In: Le Opere (org. Antonio Santucci). Roma, Riunti, 1997. Gramsci não só ignorava que um dia seus Cadernos seriam publicados, como também que se tornariam na bíblia de uma corrente dentro da esquerda. Os Cadernos são anotações pessoais, nas quais o autor abandona as precauções normais de um texto destinado à publicação. Gramsci, por isso, não pode ser considerado responsável pelo uso e abuso político feito com eles, embora, ainda assim, os fragmentos citados revelem informação de segunda mão e conclusões sem fundamento (Cf. Luigi Candreva. Gramsci e la “bolscevizazzione” del PCI. Milão, 1996).

[viii] Perry Anderson. As antinomias de Gramsci. Crítica Marxista n° 1, São Paulo, 1986.

[ix] Pierre Broué. A Oposição Unificada (1926-1927). In: Osvaldo Coggiola. Leon Trótski Hoje. São Paulo, Ensaio, 1994.

[x] Pierre Broué. Le Parti Bolchevique. Paris, Minuit, 1971.

[xi] Jean Lacouture. André Malraux. Une vie dans le siècle. Paris, Seuil, 1973.

[xii] As lembranças de Malraux de seus encontros posteriores com Leon Trótski, na França, durante o temporário exílio do líder bolchevique nesse país, estão em: André Malraux. Encuentros con Leon Leon Trótski. Leon Trótski. Buenos Aires, Jorge Álvarez, 1969.

Curso de formação de extrema direita vai do conspiracionismo à obsessão pela esquerda

Jornalistas que participaram de curso idealizado por Eduardo Bolsonaro detalham experiência

Com objetivo de entender como pensa e o que propaga a extrema direita no Brasil, os jornalistas Andrea Dip e Niklas Franzen se matricularam no curso Formação Conservadora, idealizado pelo pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O resultado da imersão é um dossiê completo que analisa como o discurso conservador é propagado nos espaços do campo reacionário. Dos perfis de quem ministrou as aulas ao discurso propagado, as conclusões apontam para uma subversão da história e da realidade.

No documento, publicado pela Fundação Heinrich Böll, Dip e Frazen expõem teorias conspiratórias, releituras de fatos políticos e econômicos e um pensamento que limita os papéis da família e da sociedade. A espinha dorsal do discurso é um suposto complô, que seria operado pela esquerda global, para acabar com valores tradicionais.

Termos como globalismo, ideologia woke e guerra cultural são repetidos ao longo de todo o curso. Eles são associados a alertas sobre um imaginário conflito internacional iminente. O curso é vendido como um caminho de preparo e treinamento para evitar as consequências da suposta ofensiva em território nacional e “tirar o Brasil das garras da esquerda”.

Em entrevista ao Brasil de Fato, os autores afirmam que a aderência das ideias propagadas nas aulas era alta e que praticamente não havia ideias discordantes. No entanto, Dip e Frazen observam também que a audiência era composta por pessoas já inseridas no discurso extremista, o que pode sinalizar pouco apelo para atrair mais público.

Leia a entrevista a seguir.

Brasil de Fato: Como foi sistematizada a ideia de produzir um dossiê a partir do curso? Vocês já imaginavam alguns assuntos chave que apareceriam durante as aulas ou foram sem expectativas quanto aos temas e tons adotados? 

Niklas Franzen: Eu fiquei sabendo desse curso por meio de uma conhecida e já me perguntava como a extrema direita brasileira se organiza, principalmente longe dos grandes holofotes, fora dos parlamentos e, agora, na oposição também. Essa abordagem anti-institucional sempre me interessou muito. Decidimos assistir às aulas e fazer parte dele.

Eu também observo que a extrema direita, em algum sentido, é muito inovadora, especialmente no uso das redes sociais. Mas essa formação conservadora mostra também alguns aspectos que podem ser até pioneiros e servir como exemplo para a extrema direita em outros países.

Eu pesquisei muito sobre a conexão da extrema direita europeia, principalmente a extrema direita alemã, com a brasileira. A extrema direita da Alemanha sempre se mostrou muito interessada e fascinada com os processos do Brasil.

Assim, surgiu o interesse de fazer o curso, ver que isso, em algum sentido, pode até virar um exemplo para outro país, conectar-se e formar uma rede não institucional ativa, com membros fiéis e, de alguma forma, fornecer algum tipo de conhecimento teórico, político e social.

Sobre os assuntos, basicamente esperava os temas que surgiram. Não houve grandes surpresas para mim. Os temas de globalismo, ideologia de gênero e armas são as grandes bandeiras do clã Bolsonaro. Mesmo sem grandes surpresas, foi muito interessante para nós, porque o curso entrou em muitos detalhes.

Eles falaram mais profundamente sobre certas coisas, citaram livros, pesquisas, e explicaram de onde vêm essas informações que, muitas vezes, no dia a dia da política, não são aceitas.

Então, existe dentro da extrema direita uma ala um pouco mais intelectualizada. Claro, com muitas nuances, mas existe uma estrutura ideológica que é importante entender. Foi um dos motivos pelos quais decidimos fazer esse curso.

No dossiê vocês apontam que temas conspiracionistas internacionais, como referências ao globalismo, a chamada ideologia woke e uma guerra cultural em andamento globalmente aparecem com frequência no curso. Também citam que Eduardo Bolsonaro faz referências a uma suposta influência com personalidades da direita de outras nações. Como avaliam a capilaridade do discurso extremista em todo o mundo, após a participação nas aulas? 

Niklas Franzen: Eu diria que esse curso mostra que a extrema direta está conectada no mundo inteiro e aprende muito entre si. Há certos certos temas que sempre aparecem, como o globalismo, a ideologia woke, a guerra cultural. São conceitos fundamentais para explicar o avanço da extrema direita.

Esses temas estão sendo usados e surgindo sempre porque deu certo em várias ocasiões. A extrema direita conseguiu vitórias eleitorais com ênfase nessas temas. Dá para observar que principalmente o Eduardo Bolsonaro (PL) é muito influenciado pelo discurso dos Estados Unidos.

Mas ele também fala sobre outros países. Dá para ressaltar que a extrema direita realmente, de alguma forma, criou uma certa fórmula que se mostrou bem-sucedida e é repetida em vários países.

Voltando para o curso, é importante também dizer que não precisamos superestimar a importância dele. Observamos a ideia de criar uma rede em que os fiéis de Bolsonaro conseguissem se conectar, mas na verdade havia poucas interações nos fóruns e parece que não foi um grande sucesso.

As pessoas que fizeram um curso também não eram novas na ideologia, mas sim pessoas já convictas. Então eu acho que a relevância assim desse curso específico é pequena.

É óbvio que foi também um jeito de lucrar. O curso custa R$ 500 , o que não é pouco. Isso nós observamos em outros lugares. A extrema direita achou um jeito de se vender. Outros influenciadores da extrema direita estão fazendo a mesma coisa, isso é importante falar.

Foi possível identificar uma adaptação do discurso internacional para a realidade brasileira, especialmente na divisão de temáticas e na escolha dos ministrantes do curso? 

Andrea Dip: Sim, os módulos e a escolha dos temas vão totalmente de encontro aos temas que estão sendo mais importantes, propagandeados e discutidos pela extrema direita no mundo todo. Temos a questão das armas – que é superimportante, por exemplo, para a extrema direita dos Estados Unidos – a (chamada) ideologia de gênero, o aborto, o feminismo, a educação.

Eduardo Bolsonaro (PL) traz também essa ideia do woke, ele menciona isso. É interessante porque essa é uma narrativa importante, que tem sido recentemente propagandeada pela extrema direita em todo o mundo, a de que há uma ideologia woke no mundo todo.

O termo se tornou sinônimo de políticas liberais ou de esquerda, que defendem vários temas como igualdade racial e social, feminismo, movimento LGBTQIA+, uso de pronomes inclusivos, multiculturalismo, a própria vacinação na época da covid, o ativismo ecológico, o direito ao aborto.

Ela abrangeria, dentro desse guarda-chuva, muitas das pautas que são importantes para a esquerda ou para os liberais e para defensores de direitos humanos, movimentos sociais e ativistas.

Eles estão usando muito mais essa denominação do woke do que o próprio termo ideologia de gênero ultimamente. Então é interessante ver como o Eduardo Bolsonaro vai trazendo esse conceito já no curso dele.

Na escolha dos ministrantes também há uma adequação. O Nikolas Ferreira (PL), por exemplo, que fala nos módulos sobre juventude e sobre educação, tem sido um grande representante da juventude de extrema direita no mundo. Temos a Damares Alves (Republicanos), o Marcos Pollon (PL) e a Chris Tonietto (PL), que são pessoas importantes para o bolsonarismo no Brasil.

Em relação ao público, o grau de aderência às ideias apresentadas pode ser classificado como alto? Havia espaço para algum tipo de discordância e questionamentos por parte dos participantes? 

Andrea Dip: O grau de aderência às ideias pode sim ser classificado como alto sim. Inclusive, muitas vezes em que Eduardo Bolsonaro fazia um revisionismo histórico, ele ia bem longe, até os mouros, muro de Berlim, ditadura militar brasileira. Fazia toda uma reconstituição histórica.

Muitas pessoas comentavam que nunca tinham ouvido e entendido a história dessa maneira. O curso pedia que as pessoas fizessem tarefas que eram comentários respondendo a perguntas de cada módulo. Não vi nenhum tipo de discordância, nem de questionamento.

Acho que o único comentário discordante que vi foi de uma mulher que não se sentiu representada durante uma oração de uma pastora para conversão ao cristianismo. Ela questionava se para ser conservadora era preciso ser cristã e dizia que não era cristã.

Eu acho que é o curso cumpre bastante bem esse papel de formação, no sentido de que está formando mesmo essas pessoas que que participam.

Em alguns momentos do dossiê, temos a impressão de que o idealizador do curso nutre interesse intenso nas práticas de organização social e popular da esquerda. Como explicar o fenômeno? 

Niklas Franzen: Na verdade, esse é um processo que já vem acontecendo há muito tempo e não começou no Brasil. Na Europa, a nova direita – em um movimento que começou na França – passou a usar outros métodos e táticas. Uma dessas táticas é aprender com a esquerda.

A extrema direita gosta muito de citar o marxista italiano Antonio Gramsci e sua teoria de hegemonia cultura. No Brasil, a pessoa que introduziu esse conceito para o contexto do país foi Olavo de Carvalho, que também é muito citado no curso. Se tem algo com que todo mundo concorda, são as ideias do Olavo de Carvalho.

A ideia, basicamente, é que esquerda não conseguiu tomar o poder por meio da força, então tomou com a cultura. Eduardo Bolsonaro fala que a esquerda largou as armas e foi para cima dos livros. Em outro trecho ele fala sobre essa dimensão de uma guerra ao longo prazo.

Eles falam que a esquerda é muito esperta, que não dá para subestimar o inimigo. Por um lado, é interessante que ele sempre fala esquerda como uma doença mental. Ele realmente fala muito sobre seu ódio pela esquerda. Por outro lado, ele se mostra muito fascinado com sucessos ou os aparentes sucessos da esquerda.

Eles basicamente acreditam, ou pelo menos dizem acreditar, que uma ideologia woke domina o ocidente e que uma pequena minoria consegue impor assuntos como a igualdade racial, feminismo, o uso de pronomes de gênero neutro, multiculturalismo, vacinação, ativismo ecológico, e por aí vai.

Aí entra a função da extrema direita, que se vê como salvadora contra esses avanços de uma elite globalista. Esse é um discurso quase igual em todos os países e não termina por aí. O Bolsonaro e a extrema direita, nesse caso, o Eduardo Bolsonaro (PL), não dizem só que é assim. Eles também dizem que, para combater isso, você tem que usar os mesmos métodos.

No capítulo sobre isso, no dossiê, falamos sobre um contramovimento da extrema direita. O Eduardo Bolsonaro fala abertamente sobre isso. Ele sempre diz que a esquerda é muito esperta e acredita que a direita tem que aprender muito com ela.

Muitas vezes ele faz um chamado para a criação, por exemplo, de novos canais no YouTube, para realmente criar uma nova cultura no cinema, na música. E, na verdade, isso já vem acontecendo no mundo inteiro. A extrema direita conseguiu tomar certos espaços e ter muito sucesso com isso, graças a essas novas táticas que aprenderam a usar, principalmente nas redes sociais.

Vimos isso nas eleições para o Parlamento Europeu. Eu posso falar do caso da Alemanha. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) está muito presente nas redes sociais, muito mais que os outros partidos. Nem chegam perto os outros partidos. E o resultado foi que o AfD, na eleição para o Parlamento Europeu na Alemanha, foi o segundo partido mais votado entre eleitores de 16 a 24 anos. Então, realmente, isso é um desenvolvimento assustador que é muito importante observar.

Conseguem perceber as táticas expostas no curso nas repercussões do recente ataque contra o candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, figura importante para o conservadorismo? 

Andrea Dip: Eu acho que essa tática de pânico moral e a ideia bélica de que se está em uma guerra cultural, de que se está em uma guerra em andamento, que é longa, faz sentido, inclusive com a postura do Trump na hora do atentado, em que ele diz “continuem lutando”. Talvez tenha esse viés, essa semelhança.

Claro, tem as atuações nas redes sociais. O curso do Eduardo Bolsonaro traz um módulo sobre redes sociais que é bastante completo e didático, explicando como as pessoas devem se mover nas redes. Ele vai passando uma por uma: Instagram, YouTube, Twitter, e vai dizendo as melhores maneiras de se manifestar em cada uma dessas redes, quais têm mais censura e quais têm menos. Ele fala para ter muitas redes, para que, se você for banido de uma, possa se manifestar em outra até voltar. Ele recomenda ter muitos perfis.

Enfim, ele é bastante didático e dá bastante importância à atuação nas redes sociais. Ele sempre diz para comentar, curtir, compartilhar, engajar nos conteúdos. Então, acho que talvez dê para perceber um pouco da semelhança, que é na verdade uma estratégia da extrema direita como um todo. Eles sabem se mover muito bem nas redes sociais, sabem muito bem causar esse pânico. O curso do Eduardo Bolsonaro traz isso, mas são estratégias da extrema direita no mundo.

Poderiam contar um pouco sobre as impressões pessoais de vocês a respeito do que viram ao longo do curso? A experiência mudou sua percepção em relação ao avanço da extrema direita no Brasil e no mundo? 

Niklas Franzen: O curso foi bem cansativo. Assistimos a todas as aulas e, às vezes, foi bem difícil e bem duro assistir a tudo isso. Muitas coisas foram repetidas. Mas de alguma forma, foi muito interessante também para a nossa pesquisa e para mim, pessoalmente. Ajudou muito a entender como a extrema direita pensa.

Eu acho que isso é fundamental também para pensar em como combater a extrema direita. Eu acho que, em primeiro lugar, sempre temos que entender como eles pensam, o que eles fazem.

Eu não diria que minha percepção mudou, mas acho que confirmou algumas coisas. Como já falei, a conexão da extrema direita, os discursos que são usados em vários países no mundo, a habilidade da extrema direita de se adaptar, mudar os rostos, mudar seus discursos, mudar as táticas. Mas é óbvio, as ideias são as mesmas.

Então, para mim, foi realmente muito interessante fazer esse curso, e eu acho que devemos observar esses processos, esses fenômenos, para talvez achar um jeito de combatê-los.

Brasil de Fato

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Tendo em vista denúncias, proferidas sobre prática de ato ilícito em
desfavor de terceiros, em veículos de comunicação e redes sociais, Carlos Alberto
de Azevedo Camurça, já está tomando todas as medidas legais cabíveis e
necessárias para esclarecer as denúncias amplamente divulgadas na imprensa
local.
Carlinhos Camurça, por meio de seu advogado, devidamente constituído,
já protocolou no dia 26 de julho de 2024 petição perante a Autoridade de Polícia
Judiciária requerendo cópia integral do caderno apuratório, que se encontra sob
sigilo, colocando-se à disposição da Justiça, para comprovar, bem como,
esclarecer que os fatos não ocorreram conforme noticiado.
Carlinhos Camurça, após manifestar-se voluntariamente conforme
retromencionado, já foi devidamente intimado para comparecer perante Delegacia
Especializada, oportunidade que se fará presente para comprovar que os fatos ora
noticiados não condizem com a verdade.
Renato Cavalcante
Advogado.

NOTA DE ESCLARECIMENTO CARLINHOS CAMURÇA

Dilma retorna ao Palácio da Alvorada oito anos após o golpe

Presidente Lula disse que a ex-presidenta é “sempre bem-vinda” em sua antiga casa em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta sexta-feira (26), Dilma Rousseff, ex-presidenta da República e atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco do BRICS, no Palácio da Alvorada. Este é o primeiro retorno dela à residência oficial da presidência em Brasília (DF) desde 2016, ano em que a petista sofreu um golpe de Estado.

“Sempre bem-vinda”, postou o presidente Lula em suas redes sociais. A postagem acompanha uma foto dos dois caminhando sorridentes do lado de fora do Palácio.

Foi no governo Dilma que o Brasil saiu oficialmente do mapa da fome das Nações Unidas. Ela também concedeu direitos trabalhistas às empregadas domésticas. Revoltadas, as elites do atraso começaram a articular a derrubada inconstitucional de Dilma.

Em abril de 2016, o relatório favorável à derrubada ilegal da presidenta foi aprovado pela Câmara dos Deputados, com 367 votos a favor e 137 contra. O processo seguiu para o Senado, onde também foi aprovado, levando à remoção da presidenta. O então vice-presidente, Michel Temer, assumiu o cargo e passou a implementar uma agenda neoliberal. Em 31 de agosto de 2016, o Senado finalizou o processo, cassando o mandato de Dilma com 61 votos a 20.

No entanto, o Ministério Público Federal arquivou o caso em fevereiro 2022, citando falta de provas. Ainda em 2016, a presidenta foi inocentada por uma perícia do Senado. O laudo técnico mostrou que, “pela análise dos dados, dos documentos e das informações relativos ao Plano Safra, não foi identificado ato comissivo da Exma. Sra. Presidente da República que tenha contribuído direta ou imediatamente para que ocorressem os atrasos nos pagamentos”, referente ao caso das supostas “pedaladas fiscais”.

Brasil 247

Paris 2024: abertura teve muita chuva, aposta em diversidade e manifestações políticas discretas

Festa no rio Sena trouxe pela primeira vez as delegações desfilando em barcos

A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 aconteceu nesta sexta-feira (26) debaixo de chuvas torrenciais. A festa trouxe mensagens de diversidade e registrou poucas manifestações políticas. Pela primeira vez, um evento de abertura rompeu a tradição de ser realizada em um estádio e de separar as coreografias que contam a história do país-sede do desfile de delegações, que foram mesclados.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, e o mandatário francês, Emannuel Macron, haviam manifestado o desejo de que os Jogos fossem despolitizados. A expectativa de que delegações de esportistas demonstrassem solidariedade em grande escala à Palestina não se concretizou e a distância do público, a inclusão de inúmeras passagens previamente gravadas e a tempestade que caiu contribuíram para esfriar os ânimos.

Ainda assim, alguns incidentes deram tom político ao evento. Recém-saída de eleições em que foi necessária a união de forças antagônicas para brecar a chegada da extrema direita – com ideário racista e xenofóbico – ao poder, a organização dos Jogos apostou em mensagens de inclusão e diversidade.

A cerimônia começou com o ex-jogador de futebol Zidane – herói nacional de origem argelina – entregando a tocha olímpica para três garotos de etnias diferentes. As primeiras delegações que desfilaram também quebraram padrões, com a Alemanha escolhendo um porta-bandeira negro e a Arábia Saidta, uma mulher.

A delegação da Argélia jogou flores no Sena, em memória dos milhares de argelinos mortos por franceses na guerra de independencia. Em 1961, um protesto de argelinos em Paris foi massacrado pela polícia e os corpos de vários manifestantes acabaram jogados no rio.

Havia expectativa em relação à passagem dos atletas de Israel, que contou com a presença de um forte esquema de segurança. Cogitou-se a possibilidade de que o barco da delegação desfilasse vazio, mas no final os esportistas também estiveram a bordo.

Em telões espalhados pela cidade, ouviram-se vaias vindas da multidão quando os atletas de Israel desfilaram. Eles foram liderados pelo porta-bandeira Peter Paltchick, judoca de origem ucraniana, que costuma assinar bombas usadas por militares israelenses contra civis na Faixa de Gaza.

 

Por outro lado, o porta-bandeira Palestino Waseem Abu Sal usou a cerimônia para denunciar o genocídio de seu povo atualmente em curso. A roupa do palestino traz o desenho de bombas caindo enquanto uma criança joga bola.


O boxeador Waseem Abu Sal é um dos oito integrantes da delegação palestina / Reprodução X

A delegação brasileira foi uma das mais animadas a desfilar. Chamou a atenção os uniformes escolhidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro, bastante criticados por supostamente parecerem roupas usadas em igrejas e não terem elementos de brasilidade para além dos bordados. Estes foram confeccionados por cerca de 80 costureiras de Pernambuco que assistiram, juntas e orgulhosas, a abertura pela TV.

Os porta-bandeiras foram Isaquias Queiroz, da canoagem velocidade e Raquel Kochhann, do rúgbi. Logo após o desfile, no entanto, os atletas se retiraram para a Vila Olímpica, visando a preparação para as competições.

 

Brasil de Fato

O princípio de autodestruição

Por LEONARDO BOFF*

Qual ciência é boa para a transformação mundial?

Os países que formam o G20, desde 2017, criaram uma articulação entre as academias de ciências dos países membros para elaborar subsídios científicos e tecnológicos para as suas reuniões anuais. O país que hospeda o G20 é responsável pela reunião desse grupo, no caso, o Brasil, onde ocorrerá a Cúpula no Rio de Janeiro em 2024. O grupo criou o nome Science20. Os estudos e debates foram concluídos no dia 2 de julho do corrente ano.

O tema é “Ciência para a transformação mundial”. Ele vem detalhado em cinco eixos temáticos – inteligência artificial, bioeconomia, processo de transição energética, desafios da saúde e justiça social.

Como se trata de algo muito importante – cabe uma análise criteriosa sobre as propostas feitas aos chefes de Estado e de Governo reunidos nessa Cúpula.

Como se trata do tema específico das áreas de ciência e tecnologia é natural que o resumo apresentado nas cinco temáticas se concentre nesses ramos de saber.

Entretanto, salta logo à vista que temos a ver com um discurso intra-sistêmico, sem questionar os pressupostos subjacentes a este sistema. Nele funciona o paradigma das ciências da modernidade que atomiza os saberes, é antropocêntrico, pois vê o ser humano separado da natureza, cujo eixo estruturador de sua prática é a vontade de poder/dominação sobre tudo e sobre todos. Inscreve-se, sem qualquer observação crítica, dentro do sistema do capital, criado por este paradigma, com todos os seus conhecidos mantras.

Neste sentido, no resumo publicado, não se vê nenhuma apropriação do novo paradigma holístico e relacional baseada na física quântica (Bohr/Heisenberg), cuja compreensão fundamental é sustentar que tudo é relacionado com tudo e nada existe fora da relação; na ciência introduzida por Albert Einstein da equivalência entre matéria e energia; nem na nova biologia e cosmologia, vistas em processo, por isso, como cosmogênese e biogênese.

Nem no discurso ecológico que desde seu fundador Ernst Haekel (1834-1919) que cunhou a palavra ecologia (1866) se considera a ecologia como a ciência das relações, porquanto todos os seres estão interligados entre si e todos em permanente diálogo com o ambiente. Isso o expressou claramente a Carta da Terra, assumida pela ONU (2003), como um dos documentos oficiais mais importantes da atual ecologia: “Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções includentes” (Preâmbulo, 4).O mesmo escreve o Papa Francisco em sua encíclica Sobre o cuidado da Casa Comum (2015).

Em vão encontramos no aludido resumo tal “interligação” e a busca de “soluções includentes”. Os temas correm paralelos sem se notar e interconexão sistêmica entre eles.

Entretanto; que fique claramente afirmado ser a ciência e a técnica fundamentais para o funcionamento de nossas sociedades complexas. Mas estamos também conscientes pela epistemologia contemporânea de que por detrás de todo saber vigoram interesses de toda ordem, também geopolíticos. Basta lembrar o livro clássico de Jürgen Habermas, Conhecimento e interesse (Unesp), filósofo e sociólogo da escola de Frankfurt.

Quais seriam esses interesses? O mais importante comparece na manutenção do atual sistema socio-econômico, o capitalismo, como modo de produção e sua expressão política, o neoliberalismo com seu mercado. Em seguida, a preocupação da potência dominante, os EUA, pela segurança no sentido de garantir um mundo unipolar, fundado na tecno-ciência e na produção de armas cada vez mais sofisticadas, muitas delas tão poderosas que podem liquidar com a vida humana. Em função deste propósito investem-se trilhões de dólares que, se aplicados, resolveriam o grave problema da fome, da saúde e da moradia para os milhões de marginalizados do atual sistema dominante.

Afora estas reflexões de viés teórico, cabe ressaltar os efeitos concretos deste tipo de ciência e de técnica desenvolvido a partir da modernidade e vigente ainda hoje. No afã de dominar tudo, criou-se o princípio de autodestruição com todo tipo de armas letais, o que mostra que a racionalidade técnico-científica se fez totalmente irracional.

A fúria por acumulação devastou praticamente todos os ecosistemas terrestres e marinhos. O consumo dos países opulentos exige mais de uma Terra e meia de bens e serviços, coisa que ela não pode atender: a conhecida “Sobrecarga da Terra”. A extração extremamente intensiva dos recursos naturais, alguns commons coletivos (como água, florestas e sementes), levou à crise ecológico-social de hoje.

Esta crise se mostra pelo aquecimento global que é sem precedentes desde o último período interglacial há 125 mil anos atrás. As temperaturas globais atingiram o recorde em 2023 e em 2024, chegando a 1,5ºC acima do período pré-industrial (1850-1900). As inundações e queimadas assolaram várias regiões como entre nós no Rio Grande do Sul e no Pantanal.

A desigualdade social é uma das realidades mais perversas: 1% mais rico possui mais da metade da riqueza mundial. A poluição do ar por mini-partículas é responsável por muitas doenças e anualmente por sete milhões de mortes prematuras. E poderíamos prosseguir com muitos outros efeitos danosos resultantes deste paradigma.

O importante é dizer que esta degradação do planeta Terra e da vida tem como principais agentes exatamente aqueles que se reúnem na Cúpula dos G20 (com algumas exceções): os Governos onde estão os poderosos e endinheirados deste mundo. É sintomático que no item “Justiça Social” não há uma palavra sobre a brutal desigualdade social mundial. Concentram-se na expansão do acesso universal à internet.

No item “Bioeconomia” esperávamos que se referisse à superação do tipo atual de economia, altamente excludente, centrada na produção de bens materiais. Ao invés de colocar, como o título sugere, a vida no centro e a ciência e tecnologia, a política e a economia a serviço da vida. Mas faz-se uma conclamação “para formular um quadro de políticas conjuntas que permite os países implantar programas de bioeconomia…melhorar a qualidade de vida e proteger os recursos naturais”.

Sem tocar no sistema acumulador e excludente, é um belo propósito como o Acordo de Paris de 2015 que não foi posto em prática. Tal propósito idealista vai contra a lógica do sistema dominante. Seguramente não será implantado.

Estas são algumas ponderações críticas às propostas dos técnicos e cientistas que serão apresentadas na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

Ressalvo a proposta do Presidente Lula de formar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Mas a verdade tem que ser dita: esse tipo de tecno-ciência, sem consciência, não é suficientemente bom para a transformação mundial. Se ficarmos apenas nos meios sem definir outros fins humanitários e ecológicos, sob outro paradigma, caminharemos na direção de uma catástrofe incomensurável.

Quanto de verdade e quanto de mudança de rumo suporta o espírito do capital? Eis a questão que dificilmente encontrará uma resposta.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor. Autor, entre outros livros, de Sustentabilidade: O que é – O que não é (Vozes). [https://amzn.to/4cOvulH]

Raquel Cattani: bolsonarista acusado de ser mandante de assassinato, ex chorou em velório; VÍDEO

Nas imagens, Romero Xavier aparece sendo consolado atrás do sogro, o deputado bolsonarista Gilberto Cattani. Ex teria ameado de morte a produtora rural 4 dias antes do assassinato, com 34 facadas

Preso nesta quarta-feira (24) pela Polícia Civil do Mato Grosso acusado de ser o mandante do assassinato da ex-esposa, a produtora rural Raquel Cattani, Romero Xavier aparece em vídeo aos prantos durante o velório, realizado no sábado (20). A cerimônia teve a presença, entre outros, da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Segundo os investigadores, Romero teria encomendado o crime ao próprio irmão, Rodrigo Xavier, que também foi preso por executar com 34 facadas a ex-cunhada no sítio onde ela morava em um assentamento no Pontal do Marape, em Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá.

Ex-marido de Raquel, Romero chegou a ser interrogado após chegar à cena do crime com os filhos do ex-casal – um menino de 6 anos e uma menina de 3 anos -, na hora da perícia.

Diante das especulações que ele seria o responsável pelo crime, Gilberto Cattani (PL) foi às redes defender o ex-genro.

“O marido da Raquel não foi preso nem confessou crime algum e nem eu matei minha filha como foi noticiado. Tenham pelo menos respeito a dor alheia seus  desgraçados”, escreveu o deputado às 14h56 do sábado (20) na rede X.

Choro

Nas imagens divulgadas, Xavier aparece sentado com uma camiseta azul sendo consolado por uma mulher. O sogro, Gilberto, está logo à frente.

Gilberto, está logo à frente.

Segundo a polícia Civil, quatro dias antes do crime, Raquel foi ameaçada de morte pelo ex-marido, caso não reatasse o casamento.

Segundo uma testemunha, a produtora rural foi procurada pelo ex-marido, que teria dito que “se ela não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém”.

Ela teria contato à testemunha que estava instalando câmeras no sítio onde mora, em uma região isolada, por medo do ex-marido.

Comportamento possessivo

Nesta quarta-feira (24), antes da conclusão do crime e da prisão dos dois acusados, Cattani voltou às redes e fez especulações com nota de jornalista sobre um suposto envolvimento do crime organizado, que diz que “o atual governo federal firmou um vínculo eleitoral com os presídios”, requentando fake News propagadas pelo clã Bolsonaro.

As investigações apontaram, no entanto, que Raquel foi vítima de um ciúme doentio de Romero Xavier, que segundo o delegado Edmundo Félix mantinha comportamento possessivo e não aceitava o término da relação com a vítima.

Romero levou o irmão, Rodrigo, no próprio carro e o deixou escondido nas proximidades do sítio. No dia do crime, ele teria feito um churrasco e ido à uma boate para ter provas de que não estaria na cena do crime no momento da execução.

Enquanto isso, o irmão dele aguardava Raquel chegar ao sítio, onde ela foi atacada com 34 facadas. Após o assassinato, ele teria revirado a casa e levado uma moto para simular um latrocínio.

“Questionamos por que alguém tentaria levar uma televisão em uma motocicleta. Tal evidência sugeriu que aquele televisor foi deixado de forma proposital para fora da casa com o intuito de complicar a investigação”, disse o delegado.

Investigação

O assassinato da produtora rural Raquel Cattani, de 26 anos, com 34 facadas em um sítio no Assentamento Pontal do Marape.

Produtora de queijos artesanais – premiada no 3º Mundial do Queijo, em São Paulo, neste ano – Raquel foi encontrada morta na manhã de sexta-feira (19) em um dos quartos da casa com ferimento “possivelmente causado por arma branca”, afirmou a Polícia Civil do Mato Grosso.

Segundo informações da Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica), foram identificadas 34 lesões de faca no corpo da produtora rural, algumas superficiais e no braço, indicando lesões de defesa, e outras mais profundas.

Um fato intrigou os investigadores – que ainda não divulgaram qual a linha de investigação.

A polícia acreditava que a casa tenha sido revirada de propósito para simular um latrocínio. Uma TV foi quebrada, haviam roupas no chão, armários revirados e a moto da vítima foi levada.

A polícia colheu amostras de DNA e digitais, que comprovaram o envolvimento do cunhado.

Raquel foi sepultada no sábado (20) em no Cemitério Jardim da Paz, em Lucas do Rio Verde, no norte do estado. A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, esteve na cerimônia.

Produtora de queijo

Localizada no chamado “Nortão” de Matogrosso, o sítio onde Raquel morava com os filhos –  um menino de 6 anos e uma menina de 3 anos – fica em uma área isolada a cerca de 40 quilômetros do município mais próximo, Tapurah.

Os imóveis mais próximos ficam localizados a cerca de um quilômetro. O pai, deputado, tem um sítio a cerca de 3 quilômetros da casa da filha.

Além de fotos com filhos e em defesa de Jair Bolsonaro (PL), a quem o pai apoia de forma extremista, Raquel publicava nas redes as tarefas no sítio e o trabalho de empreendedora na Queijaria Cattani;

Em abril deste ano, os produtos fabricados por ela receberam duas premiações no 3º Mundial do Queijo, em São Paulo.

“Sem palavras e eternamente grata a Deus por todas as bençãos em minha vida. Tive o privilégio de participar desse evento em são Paulo @mundialdoqueijobrasil, estava esperando levar pra casa apenas mais conhecimento e agora estou levando embora duas premiações, Super ouro e ouro”, comemorou.

Em maio, ela recebeu uma moção de aplausos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, ao lado do pai, pelo trabalho como empreendedora rural.

Polêmicas

Aliado extremista de Jair Bolsonaro, Gilberto Cattani já se encontrou diversas vezes com o ex-presidente e faz a ponte com os ruralistas do Mato Grosso.

Eleito deputado estadual, ele coleciona polêmicas e projetos nonsenses, como um Projeto de Lei para considerar Lula persona non grata no estado.

Em 2023, ele foi alvo de um processo de cassação do mandato por comparar a gravidez de mulheres com a gestação de vacas em ao menos três ocasiões.

Revista Fórum

Justiça suspende reconstrução da BR-319 por falta de medidas para evitar destruição da Amazônia

Cidade de Alagoas com 3 mil habitantes é a 3ª maior em emendas no Brasil

Foto: Delegado Fábio Costa segura cheque simbólico de R$ 1,75 milhão de sua emenda parlamentar para pavimentação de vias de Mar Vermelho

Levantamento aponta que município recebeu R$ 6,4 milhões este ano, o que dá R$ 2 mil por habitante

Com pouco mais de 3 mil habitantes, Mar Vermelho, cidade localizada na Zona da Mata de Alagoas, é a terceira cidade do Brasil que mais recebe emendas parlamentares. De janeiro até o início de julho, o município recebeu R$ 6,4 milhões em emendas, o que dá R$ 2.013 por habitante. O levantamento foi feito pelo jornal “Folha de S Paulo”.

O Delegado Fábio Costa (PP-AL) é o parlamentar que mais destina recursos para Mar Vermelho. Curiosamente, Costa foi o candidato a deputado federal menos votado na cidade em 2022, recebendo apenas 35 votos. Fábio Costa destinou R$ 2,9 milhões das chamadas “emendas Pix”, que caem direto no caixa da prefeitura.

Em março, Costa postou em suas redes sociais um vídeo ao lado do prefeito de Mar Vermelho, André Almeida (MDB), que deve disputar a reeleição, segurando um cheque no valor de R$ 1,74 milhão que seria usado para pavimentação de uma importante via da cidade.

Por meio de sua assessoria, o deputado afirmou que as verbas destinadas por ele também serão usadas na construção de um ponto turístico e que ele prioriza “municípios com capacidade de execução e transparência para garantir a melhor aplicação dos recursos”, não havendo relação entre “quantidade de votos e valor das emendas”.

O valor repassado à cidade de Mar Vermelho é um reflexo da distorção nas emendas parlamentares, causada pela multiplicação do valor das emendas nos últimos anos e a quase total autonomia de deputados federais e senadores na distribuição do dinheiro.

Isso coloca cidades pequenas no topo do ranking de verba por habitante. Segundo o levantamento feito pela “Folha de S Paulo”, todas as dez cidades proporcionalmente mais beneficiadas têm menos de 6.000 moradores. No topo da lista das cidades mais beneficiadas proporcionalmente estão Bom Sucesso e Curral Velho, na Paraíba.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político.

Pressionado pelo Congresso, o governo Lula (PT) acelerou a liberação de emendas e pagou cerca de R$ 23 bilhões até a primeira semana de julho, principalmente aos municípios. A pressa deve-se à trava imposta pela legislação eleitoral a novos repasses nos três meses que antecedem as eleições.

Imagem: Reprodução/Redes sociais

Fonte: Jornal Extra

Padre Ezequiel Ramin: luta e sacrifício

Por Vinicius Valentin Raduan Miguel (*)

Padre Ezequiel Ramin, nascido em 1953 na cidade italiana de Pádua, é uma figura cuja vida se entrelaça com os fios da luta e do sacrifício.

Desde jovem, sentiu-se atraído pela missão de servir os marginalizados, um chamado que o levou a ingressar na Congregação dos Combonianos.

Com uma sólida formação em Teologia, sua alma inquieta, embora doce, não encontrou repouso nas zonas de conforto clerical.

Foi no Brasil, em meio às agruras dos camponeses e indígenas, que encontrou o cenário de sua luta mais árdua e de seu destino trágico.

Ao pisar em Rondônia, no início dos anos 1980, Ramin encontrou uma terra fervilhante de conflitos agrários.

A disparidade entre pequenos agricultores, indígenas e os latifundiários era abissal, exacerbada pela ganância daqueles que tentavam grilar mais terras e expulsar pequenos agricultores.

Inspirado pela Teologia da Libertação e pelos valores do Evangelho, Padre Ezequiel posicionou-se ao lado dos oprimidos: assumiu postura defendendo seus direitos e denunciando as injustiças.

Sua presença vigorosa conquistou rapidamente a confiança dos camponeses, mas também atraiu a ira dos que detinham o poder econômico.

Ramin não se limitava a sermões e homilias. O padre caminhava ao lado dos trabalhadores rurais, organizava comunidades e participava ativamente das manifestações.

Sua liderança carismática e sua inabalável fé na justiça social fizeram dele uma figura central na defesa dos trabalhadores.

Contudo, essa mesma atuação o tornou um alvo.

As ameaças não o dissuadiram. Ao contrário, reforçaram sua convicção de que sua missão era maior do que qualquer temor pessoal.

Em 24 de julho de 1985, o destino de Padre Ezequiel encontrou seu clímax trágico.

Após uma reunião com trabalhadores do campo, foi emboscado e covardemente assassinado.

Sua morte brutal foi um golpe para as comunidades que ele apoiava.

Desvelava o lado mais brutal e torpe da violência no campo em Rondônia.

O martírio de Ramin é lembrado como um dos marcos históricos das violações aos direitos humanos em Rondônia.

Ezequiel se tornou um ícone e um testemunho de coragem e sacrifício.

No entanto, há algo mais nas sombras da história de Padre Ezequiel Ramin, algo que ressoa como uma lenda de tempos passados, uma figura que atravessa o crepúsculo entre o heroísmo e o martírio.

Suas jornadas pelas florestas de Rondônia, sob o manto escuro da noite, lembram os contos de cruzadas solitárias contra forças invisíveis.

As ameaças que pairavam sobre ele, como nevoeiro denso, nunca o desviaram de seu caminho.

Ao contrário, pareciam solidificar sua determinação, um eco das lutas ancestrais pela justiça.

A descrição de sua morte, uma emboscada sob a penumbra do entardecer, carrega a aura de uma tragédia, onde o herói cai, mas não sem antes deixar um legado indelével.

O sangue de Padre Ezequiel, derramado na terra que ele tanto defendeu, é um símbolo vivo, quase místico, da luta que não conhece fim.

Como um cântico, uma balada que inspira e convoca à resistência.

Como um personagem das crônicas antigas, a figura de Padre Ezequiel permanece nas memórias daqueles que ainda lutam.

A cada injustiça enfrentada, a cada vitória conquistada, há um tributo silencioso a ele, um reconhecimento de que sua missão continua a viver nas ações daqueles que não se rendem.

Assim, ao olharmos para a vida de Padre Ezequiel Ramin, não vemos apenas um homem, mas um símbolo eterno de resistência.

Sua narrativa é entrelaçada com os contornos de uma saga épica, onde a coragem, o sacrifício e a luta pela justiça formam o cerne de uma história que, como todas as grandes histórias, transcende o tempo e o espaço.

Padre Ezequiel é um herói.

E como todos os heróis, Governos, mesmo ditos democráticos, por omissões e silenciamentos, tentam apagar seu legado.

Padre Ezequiel será inesquecível!

É a chaga aberta contra a impunidade na Amazônia.

(*) Vinicius Valentin Raduan Miguel é advogado e professor da Universidade Federal de Rondônia

“Sou fanático pela educação”, diz Lula após anunciar R$ 79 milhões em investimentos na UFSCar

Cerimônia de celebração dos 10 anos de atividades do Campus Lagoa do Sino da UFSCar e anúncios de investimentos do Ministério da Educação (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Presidente falou sobre a necessidade de ampliar o acesso à educação no país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na manhã desta terça-feira (23) em um evento para anunciar o investimento de R$79,3 milhões na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O valor contempla obras de infraestrutura elétrica, biblioteca, auditório, urbanização, centro de pesquisa, edifícios universitários, reforma e ampliação do Hospital Universitário em três campus da instituição.

Lula falou sobre a importância dos investimentos e reforçou a necessidade de ampliar o acesso à educação no Brasil. “Minha obsessão depois de tudo que passei é permitir  que todas as pessoas deste país, nascidas dentro deste 8,5 milhões de metros quadrados, que tenham nosso sangue, nosso dna, tenham o direito de estudar, direito de ter oportunidade, direito de fazer um curso profissional, um curso técnico, tenham o direito de virar doutor ou doutora”, disse.

O presidente também falou que os investimentos na área permitem que a população pobre tenha novas possibilidades, e comparou o ato de governar ao jogo “pega varetas”.

“Governar é pegar 203 milhões de habitantes, você solta e depois vai tentar mexer com aquele que não te dá problemas, porque se der problemas você não mexe. Este problema é um palito chamado povo, ele está sempre por baixo. É sempre o mais difícil de um jogador de palitinho pegar. Porque se ele tentar pegar ele vai mexer nos ricos, nos grandes fazendeiros, nos grandes empresários, nos banqueiros , vai mexer em setores da classe média alta. Então não pode mexer com o povo: deixa o povo pobre lá. Mexer com o povo e perder o jogo. Devemos mudar a lógica deste jogo de palitos . A gente precisa ter coragem de mexer com este palito chamado povo para que a gente tire o povo desta linha de submissão que ele é colocado a vida inteira. E é exatamente por a gente ter coragem de mexer neste palito chamado povo que sou muito fanático pela educação”, explicou.

Brasil 247

 

“Çei”: Bandidos invadem clube de tiro em Santa Catarina e roubam mais de 100 armas de fogo

Proprietário do clube de tiros chora ao citar prejuízo de mais de R$ 800 mil: “Não sei o que fazer agora, pois as armas já estavam quase todas vendidas para clientes que aguardavam apenas a liberação do registro pelo Exército”. A preocupação do proprietário é só com o prejuízo de mais de R$ 800 mil e não com as armas nas mãos de bandidos. O “Çei” acima é por conta do modus operandis dos bolsonaristas. Com certeza, esse roubo é fake.

Assaltantes invadiram um clube de tiros na cidade de Itaiópolis, em Santa Catarina, e levaram mais de 100 armas de fogo. O crime aconteceu no último dia 17 de julho.

A esposa do dono do clube de tiro abriu a loja. Ela disse ao marido que três homens armados e mascarados anunciaram o assalto. Eles amarraram a esposa e pedreiros que trabalhavam em uma obra no local.

O prejuízo causado pelo assalto está causando uma grande dor de cabeça para o proprietário do estabelecimento. Isso porque a maioria das armas levadas pelos criminosos já estavam vendidas para os clientes do local.

Segundo Jefferson José Drozdek, cerca de 90% das armas que estavam no cofre do clube já tinham sido pagas pelos clientes e aguardavam apenas a liberação de registro pelo Exército Brasileiro.

“Nem sei o que fazer agora, como vou comprar tanta arma pra devolver para os clientes”, afirma Drozdek. De acordo com o proprietário, quase todas as armas do local foram roubadas pelos criminosos.

Ainda conforme Jefferson, os assaltantes usaram roupas dos pedreiros que estavam trabalhando no clube de tiro, como chapéus, por exemplo. “Por isso pareciam ser agricultores, algo do tipo”, afirma.

O prejuízo estimado é de mais de R$ 800 mil. As armas costumam ser compradas e armazenadas até a liberação. “Como tem que garantir preço, tem que comprar da fábrica e armazenar para o cliente”, explica Drozdek.

No assalto, os criminosos levaram armas de longo alcance e cerca de 80 pistolas, além de mais de 10 mil munições. Os criminosos não foram encontrados até agora.

Pragmatismo Politico

Ranking: os 10 estados mais violentos do Brasil

O ranking do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que Amapá é o estado brasileiro mais violento de 2023.  Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 18, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estado tem 69,9 mortes violentas por 100 mil habitantes – o triplo da média nacional. Cerca de 751 mil pessoas vivem no Amapá.

Em números absolutos, o Amapá teve 513 mortes no último ano, um aumento de 39,8% em comparação com o ano anterior. A violência na região está concentrada em duas cidades, Santana, o município mais violento do Brasil, e Macapá, a capital do estado que está entre as dez cidades com mais mortes violentas do país. Santana, região de portos, sofre por ser rota do tráfico de drogas internacional.

Na segunda posição está a Bahia, com 46,5 mortes violentas por 100 mil habitantes. O total de homicídios na região foi de 6.578, queda de 1,3% em comparação com 2022. O estado tem seis cidades entre as dez mais violentas do Brasil. Camaçari (BA), o segundo município mais violento do país, tem o dobro de mortes violentas que a média do estado, com 90,6 por 100 mil habitantes. Jequié (BA), com 84,4; Simões Filho (BA), com 75,9; Feira de Santana (BA), com 74,5; Juazeiro (BA), com 74,4; e Eunápolis (BA), com 70,4, também estão entre as cidades mais violentas na Bahia.

Pernambuco também está entre os estados mais violentos do Brasil, com 40,2 homicídios por 100 mil habitantes. Foram 3.638 mortes violentas em 2023, alta de 6,2% em um ano. Recife, a capital do estado, acompanhou a média estadual e teve 40,1 mortes violentas no ano passado. A alta de 10,1% representou 597 homicídios.

Outros estados que estão na lista são o Amazonas, com taxa de 35,6 mortes, seguido pelo Ceará, com 35,4, e o Pará, com 32,8 homicídios intencionais. As três localidades, porém, tiveram queda no número de mortes na comparação anual.

l.

Os dados mostram que as regiões Nordeste e Norte continuam liderando o ranking de regiões mais violentas do país. No Nordeste, a taxa de mortes violentas é 60% superior à média nacional; na região Norte, 48,8% mais elevada.

Segundo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a queda da violência letal no Brasil é desigual e heterogênea. Ele alerta ainda que as duas regiões convivem com disputa de grupos criminosos e são rotas do tráfico internacional de drogas.

“Nessas duas regiões estão localizados os estados que estão convivendo com um quadro acentuado de disputas entre facções de base prisional por rotas e territórios e, ao mesmo tempo, concentram a maioria dos estados com altas taxas de letalidade policial”, explica o presidente do FBSP.

Os 10 estados mais violentos do Brasil

  1. Amapá
  2. Bahia
  3. Pernambuco
  4. Alagoas
  5. Amazonas
  6. Ceará
  7. Pará
  8. Mato Grosso
  9. Rio Grande do Norte
  10. Sergipe

Acessse o último anuário

https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2024/07/anuario-2024.pdf

Lula se emociona e diz que vitória de Boulos em São Paulo é sua prioridade

Durante convenção, o presidente foi enfático em caso de triunfo de Boulos: “A extrema direita nunca mais vai voltar a governar o país e essa cidade”

O presidente Lula (PT) fez questão de prestigiar a convenção eleitoral que oficializou a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo, tendo Marta Suplicy (PT) como vice.

O evento foi realizado neste sábado (20), no Expo Center Norte, na capital paulista, e reuniu mais de 10 mil pessoas.

Lula se emocionou e chorou algumas vezes, como nas falas da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP) e em seu próprio discurso. Na oportunidade, o presidente ressaltou que eleger Boulos em São Paulo é sua prioridade.

“O Boulos é o meu candidato. Eu me sinto tão candidato quanto ele. Eu quero ser responsável pela vitória dele. Mas, muito mais do que eu, vocês’”, afirmou.

Lula foi enfático ao criticar o atual prefeito Ricardo Nines (MDB), que tenta a reeleição, e Jair Bolsonaro (PL). O presidente deixou claro o quanto é importante derrotar a extrema direita. “Não vou citar nome de adversário. Quem está com fulano, com beltrano, com o outro”, começou dizendo.

Porém, em seguida, afirmou: “Nós temos que mostrar quem está com quem. Com a vitória de Boulos, a gente pode falar que a extrema direita nunca mais vai voltar a governar o país e essa cidade”, acrescentou o presidente.

Frente ampla progressista

Em todos os pronunciamentos na convenção foi unânime a opinião da importância da formação de uma frente ampla para derrotar a extrema direita em São Paulo.

O próprio Boulos destacou: “Vamos juntar a maior frente progressista da história de São Paulo. Oito partidos para conduzir a mudança nessa cidade a partir de hoje”. São eles: PSOL, PT, Rede, PCdoB, PDT, PV, PMB e PCB.

Espaço para as mulheres

A vice de Boulos, Marta Suplicy revelou que a gestão da chapa, caso vença a disputa à prefeitura de São Paulo, dará amplo espaço à participação feminina.

“Nós mulheres seremos 50% do futuro governo que começa na cidade hoje”, declarou a ex-prefeita da capital paulista, durante a convenção eleitoral.

Revista Fórum

Guilherme Boulos é oficializado candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Psol

Deputado federal terá a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) como vice na eleição municipal

candidatura de Guilherme Boulos (Psol) à Prefeitura de São Paulo foi oficializada neste sábado (20) durante a convenção do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), na capital paulista. A atividade contou com a presença de parlamentares, ministros e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O evento reuniu três ex-prefeitos petistas de São Paulo: a candidata a vice na chapa de Boulos, Marta Suplicy (PT), Fernando Haddad (PT), e a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP).

No discurso, o presidente Lula (PT) chamou os três ao palco, além do deputado federal petista Rui Falcão – que se licenciou do cargo para ajudar na articulação da chapa ‘Boulos-Marta’.

“É essa a comparação que vocês têm que fazer. Ninguém fez mais por São Paulo do que esses três companheiros que estão aqui. Eu não vou citar nome de adversário, mas a gente vai poder comparar quem é que tá com fulano e quem é que tá com beltrano (sic). A comparação entre o pior e o melhor momento de São Paulo”. Ao propor uma foto entre os três ex-mandatários da capital paulista, Lula acrescentou: “Essa fotografia vale mais que um discurso”.

Candidata a vice na chapa de Boulos, Marta Suplicy destacou o papel do presidente Lula na articulação que produziu a aliança entre o PT e o Psol para a disputa municipal e exaltou as gestões petistas na capital paulista.

“Eu estou cheia de energia, de garra para estar ao lado do Boulos num governo da altura dos sonhos e da grandeza de São Paulo. Trazemos tudo o que aprendemos nas gestões da Erundina, do Haddad, e na minha”, disse. “Nós representamos o amor por São Paulo”, completou.

Erundina, que governou São Paulo de 1989 a 1993, recordou as gestões populares dos governos do PT em São Paulo e se mostrou otimista diante das eleições municipais de outubro.

“Em 2024, o povo vai eleger de novo outra chapa de companheiros que vão governar com o povo. Essa chapa, não há dúvidas, é Boulos e Marta Suplicy. Essa é a chapa que vai governar os próximos quatro anos”, disse a decana da Câmara dos Deputados.

Já Haddad, que foi prefeito da capital paulista entre 2013 e2016, falou do caráter nacionalizado das eleições em São Paulo.

“A disputa aqui diz muito o que o brasileiro deseja para o país”, disse o ex-prefeito. “Boulos, você tem uma tarefa histórica pela frente, que a gente não pode menosprezar, porque é uma tarefa para todos nós. São Paulo é a maior cidade do país. São Paulo tem 12 milhões de habitantes. O Brasil inteiro vai estar olhando para sua cidade e vai estar olhando para São Paulo”, afirmou.

Além do ministro da Fazenda, outros seis ministros participaram da atividade: Marina Silva, do Meio Ambiente; Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas; Alexandre Padilha, das Relações Institucionais; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário; Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego; da Ciência Tecnologia e Inovação, Luciana Santos e o secretário-geral da Presidência, Marcio Macedo.

“Se a gente conseguir resolver o problema da desigualdade, resolver o problema da falta de emprego, de oportunidade, para as mulheres, para os jovens, para a população periférica em São Paulo, a gente resolve o problema no Brasil”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, da Rede, que compõe uma federação com o Psol.

A presidente do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) destacou a importância da unidade dos partidos de esquerda na maior cidade do país.

“Essa é uma frente de enfrentamento, de resistência, e sobretudo de vitória contra a extrema direita na cidade de São Paulo. Nós não podemos deixar a extrema direita avançar”, declarou.

O agora candidato oficial pelo Psol à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, exaltou a parceria do seu partido com o PT. E falou da sintonia com a vice, Marta Suplicy.

“Essa parceria já está dada. É a parceria da moradia popular com os Céus. É a parceria das cozinhas solidárias com o Bilhete Único, é a parceria da coragem com a experiência para mudar a cidade de São Paulo”. Em tom de brincadeira, Boulos rebateu as críticas de que a chapa com a petista poderia não dar certo, e mandou o recado: “A nossa dupla está mais afinada que Chitãozinho e Xororó”.

Boulos também sem citar nomes – assim como Lula – alfinetou os possíveis adversários na disputa eleitoral.

“Não vamos governar para meia dúzia de empresas de ônibus. E se quem governa São Paulo hoje não se importa com pessoas esperando horas num hospital para ser atendido, a gente se importa. Por isso que a gente vai assumir o compromisso de zerar a fila da saúde de São Paulo”. Ao se dirigir ao presidente Lula, Boulos emendou: “Lula, o seu governo e o da Dilma criaram o programa Mais Médicos, vamos precisar da ajuda de vocês para levar médico para onde não tem”.

Psol é o primeiro partido a realizar convenção entre os que apresentarão candidaturas à Prefeitura de São Paulo.

“Hoje começa o jogo”

Ao chegar ao espaço da Expo Center Norte, na capital paulista o deputado federal e aspirante à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, disse estar confiante na vitória.

“Hoje começa o jogo, começa um processo de mudança para cidade de São Paulo. para fazer uma cidade mais justa, mais humana, que vai se completar daqui a 75 dias com a nossa vitória”, declarou ao Brasil de Fato.

Fonte Brasil de Fato

Indústria da carne age para distrair, atrasar e inviabilizar ação climática, diz relatório

Trabalho de organização europeia analisou 22 das maiores empresas de carne e laticínios em quatro continentes

Relatório divulgado esta semana pela organização holandesa Changing Markets Foundation revela o que seriam as principais práticas empregadas sistematicamente pelos gigantes mundiais da carne e dos laticínios que resultam em distração, atraso e inviabilização do enfrentamento da crise climática. Intitulado “Os novos comerciantes da dúvida”, o trabalho analisou as ações de 22 das maiores empresas de carne e laticínios do mundo – incluindo a brasileira JBS – em quatro continentes.

Segundo o relatório, o setor tem inviabilizado ações climáticas significativas a nível global por meio de lobby junto a políticos, investimentos maciços em publicidade para públicos mais jovens e uso de ciência enganosa para minimizar o impacto que suas atividades têm nas emissões de metano e disseminar falsas alegações climáticas.

Documentos obtidos via leis de acesso à informação revelam, por exemplo, o extraordinário acesso que o setor tem a políticos. Somente na última década, representantes da indústria da carne e laticínios tiveram mais de 600 reuniões de alto nível com a Comissão Europeia.

“Memorandos internos revelam como o principal grupo europeu da indústria láctea celebrou a manutenção do metano fora da legislação sobre qualidade do ar e está a preparar-se para mantê-lo assim nas próximas revisões da lei previstas para 2025”, diz trecho do relatório.

Fazendo uma comparação às táticas usadas pelas indústrias do tabaco e dos combustíveis fósseis, o relatório também revela que as grandes empresas do setor empregam táticas como a intimidação e o medo sobre consumidores e pequenos agricultores, ao alegarem que leis mais restritivas, por exemplo, implicariam em prejuízos para tais públicos.

A pesquisa envolveu mais de 15 investigadores especializados e jornalistas de investigação e decorreu entre fevereiro de 2023 e junho de 2024.

A investigação mostra que as grandes indústrias do setor estão especialmente preocupadas com as gerações mais jovens, que consomem menos carne e laticínios do que as gerações anteriores. Elas visam, diz o documento, a “Geração Z” (nascidos entre 1995 e 2010) com campanhas publicitárias enganosas no TikTok e no Instagram, promovendo falsamente a carne e os laticínios como escolhas sustentáveis ​​e mais saudáveis ​​em países de alto consumo como os EUA e o Reino Unido, contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os sistemas alimentares contribuem para aproximadamente um terço das emissões globais, sendo 60% provenientes da pecuária – a maior fonte de metano produzido pelo homem. No entanto, apenas 15 das 22 grandes empresas de carne e laticínios têm uma meta de emissões líquidas zero e nenhuma cumpre as normas da ONU. A Danone é a única empresa com uma meta específica de metano.

“Tivemos as Grandes Indústrias do Tabaco, tivemos as Grandes Petrolíferas, agora temos as Grandes Carnes e Laticínios. ‘Os novos comerciantes da dúvida’ é uma exposição impressionante das táticas das grandes empresas de carne e laticínios. O relatório descreve exemplos específicos e flagrantes de campanhas de desinformação, greenwashing e interferência política. Esclarece como a indústria manipula o preço e os tipos de alimentos que comemos”, diz o pesquisador Paul Behrens, Professor Associado de Mudanças Ambientais na Universidade de Leiden, na Holanda.

Diego Pupe, ex-caso de Jair Renan Bolsonaro, é agredido em Brasília

Ele afirmou que o agressor o pegou de surpresa, de costas, em um momento de distração de seus seguranças

Diego Pupe, ex-assessor e ex- caso de Jair Renan Bolsonaro (filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro), foi agredido na madrugada desta sexta-feira (19), no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Segundo ele, o agressor é uma pessoa conhecida contra quem ele já move outro processo. Pupe foi dar queixa no 5ª DP de Brasília. Ele postou vídeo no stories do seu Instagram com o rosto sangrando e falou sobre o ataque:

“Estava no Mané Garrincha e fui agredido por um agressor que tenho vários processos contra ele. E a Justiça do Brasil, infelizmente, é isso. Ele me pegou por trás, de costas, porque ele é um covarde. Estamos aqui na delegacia e vamos seguir com todas as medidas cabíveis. Estou aguardando meus advogados porque fui resgatado pela Polícia Militar”, contou.

“Estou aqui mais uma vez, pra registrar mais uma queixa, entrar com mais um processo contra a mesma pessoa e nada dá”, prosseguiu.

A seguir, Pupe revelou a identidade do seu agressor: “Estou registrando mais uma queixa contra o Vitor, que é um empresário lá da feira dos importados que vende iPhone. Já tenho vários processos contra ele. E eu quero dizer que estou bem, mas vou seguir mais uma vez contra ele.”

Distração dos seguranças

“Estava indo ao banheiro do evento quando fui surpreendido pela agressão dele. Ele é tão covarde que me pegou de costas, supernormal, né, pra quem é covarde. Essa pessoa já é bem falada da Justiça brasileira”, revelou. Ele ainda disse que conseguiu imagens das câmeras do estádio

“Eu estava com segurança, sim. Eu tava bem apertado pra ir no banheiro e meus seguranças estavam distraídos lá. Eu saí do camarote e acabei indo no banheiro sozinho, sem ajuda de amigos e seguranças. E ele acabou sendo covarde, me pegou e me agrediu”, revelou.

Veja o vídeo abaixo:

Caso com Jair Renan

Diego Pupe revelou em outubro do ano passado que teve um relacionamento amoroso com o filho mais novo de Jair Bolsonaro.

A revelação foi feita logo após Pupe prestar depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal no âmbito de uma investigação que apura esquema de lavagem de dinheiro e organização criminosa do qual Jair Renan faria parte.

“Com o Jair Renan eu tive um relacionamento mais delicado, eu e ele (…) Gente, eu tive um relacionamento com o Renan, que não falei pra ninguém ainda, estava esperando todo esse auê da polícia, essa confirmação que eles estão querendo finalizar. Mas logo logo vou falar sobre isso, tá bom?”, disparou o ex-assessor em entrevista ao site Metrópoles.

Um repórter perguntou que tipo de relacionamento Pupe tinha com Jair Renan, ao que o ex-assessor declarou: “Íntimo”. O jornalista ainda fez mais um questionamento para confirmar. “Romântico?”, perguntou, e Pupe respondeu: “Sim”.

Após esta primeira revelação, Pupe chegou a divulgar fotos íntimas em que Jair Renan aparece apenas de cueca e olhando o celular.

Jair Renan sempre negou a história e chegou a dizer que um print dizendo que ama Diego Pupe poderia ser “coisa do PT”.

Revista Fórum

Empresários do agro (bolsonaristas) são presos pela Polícia Federal por golpe de R$ 40 milhões na Caixa Econômica

Além dos empresários, gerente de banco também participava do esquema criminoso. Todos eles ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais e postavam frases como “o trabalho duro recompensa”. A riqueza, porém, era fruto de desvio de dinheiro público

A Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular um grupo que aplicou um golpe de R$ 40 milhões na Caixa Econômica Federal com fraudes em financiamentos agropecuários.

Os agentes cumpriram 18 mandados em 13 endereços nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde, todas em Goiás. Os alvos da operação são empresários do agro, advogados e funcionários da Caixa suspeitos de formarem uma quadrilha criminosa que aplicava golpes no banco público. Duas pessoa foram presas.

Nas redes sociais, integrantes do grupo ostentavam uma vida de luxo e alguns postavam até mensagens motivacionais, no sentido de dizer que os frutos são colhidos através do trabalho duro.

“No ano de 2023 foram adquiridos mais de 40 veículos em nome de integrantes desse grupo. Veículos de luxo, caminhonetes, importados, moto aquática e joias com dinheiro produto do financiamento que deveria ser aplicado em atividade rural. Um dos investigados estava ostentando viagem pela Europa”, detalhou o delegado do caso.

O grupo emitia documentos falsos para praticar o golpe milionário e subornava funcionários da Caixa. Conforme a PF, os suspeitos teriam causado um prejuízo de pelo menos R$ 40 milhões à estatal entre 2022 e 2023.

Os acusados tiveram contas bancárias bloqueadas. A Justiça também determinou o sequestro de pelo menos 48 imóveis e 44 veículos de propriedade dos membros da organização criminosa, além da constrição de criptoativos.

O caso passou a ser investigado depois que um cartório recusou o registro de uma cédula de crédito rural por indício de falsificação e comunicou a Caixa Econômica Federal. O delegado explicou que, na ocasião, a instituição financeira apurou internamente a situação, encontrando os indícios de fraude e entregou a documentação para a Polícia Federal.

Em nota, a Caixa disse ter auxiliado a PF na investigação. “A Caixa esclarece que informações sobre eventos criminosos em suas unidades são repassadas exclusivamente às autoridades policiais e ratifica que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes”.

O grupo responderá por uma série de crimes. Conforme a PF, os suspeitos devem ser indiciados por golpes contra o Sistema Financeiro Nacional, organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. Se condenados, a pena para cada um dos envolvidos é superior a 42 anos de detenção. Nenhum dos nomes dos envolvidos foi divulgado.

Pragmatismo Pólítico

O espetáculo em torno de Donald Trump

Por LUCAS PAOLILLO*

Com o atentado, Trump fica mais forte: midiaticamente mais presente, vinculado para sempre à história de um estado e mais seguro para efetuar trocas de pele entre o legítimo e o ilegítimo

Desde o dia treze de julho não se fala noutra coisa: nenhuma retina ficou impune às imagens do comício de Donald Trump na cidade de Butler na Pensilvânia. O acontecimento foi visto literalmente por todo o mundo: o estampido, a mão na orelha, o agachamento, o levantamento, o fluido vermelho e a pose triunfalista com os engravatados da segurança. Como pedagogia, uma verdadeira enxurrada fílmica.

Se não bastasse a exposição exaustiva das imagens, e esse é só o começo, o complexo midiático planetário pôs para jogo, como era de se imaginar, o comércio de opiniões e versões precipitadas. Com elas, de cima para baixo, o assunto ganhou a circulação de boca em boca. Nas grandes emissoras, vedetes opinativas do telejornalismo rezam a cantilena de acomodar posições oficiais. Nas redes, vídeos porcos reverberam mil e uma traquinagens monetizadas. E la nave va.

Para nós, meros mortais perdidos nos labirintos de imagem e opinião da sociedade excitada, o panorama político do mundo mudou de um dia para o outro. Impôs-se um assunto incontornável e, com ele, um plebiscito ruidoso e convicto de opiniões aceleradas. Ao final das contas, esta peça própria à forma integrada do espetáculo, como diria Guy Debord, rendeu alguns dos seus dividendos.

Noutra era geológica, Mário de Andrade chegou a falar, em carta a Alceu de Amoroso Lima, na impossibilidade um pouco quixotesca de se desejar conter uma enchente com as mãos. Já Adalgisa Nery, em coluna para o jornal Última hora, se reportou a uma “incontinência americana de julgar sem ponderar”. O eco involuntário de ambas as frases salta à escrita como muleta ilustrativa: indícios de uma combinação explosiva.

Deste modo, tudo se passa como se estivéssemos, junto à hegemonia já cinquentona do lastro dólar, sob a fatalidade de uma enchente de incontinência.

Cientes do risco de comporem a amplificação desse coro, as notas que se seguem não se pretendem mais do que, nalguma medida, profiláticas.

Em nível de sugestão, não é demais lembrar que a análise dos acontecimentos políticos é menos frutífera quando projetar respostas do que quando analisa efeitos e resultados. Optar por manter isso à vista em casos como este pode colaborar para tirar de cena polêmicas vãs e propõe inclinações na direção de tentativas de identificação mais lastreáveis. Ainda que especulações bem calibradas não caiam mal.

Conforme sugere Betinho nos seus esquemas abecedados sobre análise de conjuntura, atinar com os acontecimentos demanda primeiramente um esboço da fisionomia dos elementos em cena. Apenas depois é que a representação das conjecturas se dá com maior clareza. No pequeno volume, o método se inicia com o levantamento, segue com as identificações e só depois culmina no exercício da representação. Daí os resultados: “A representação é reveladora também das atitudes básicas que temos sobre as diferentes forças sociais que atuam na luta política e o quanto estamos ou somos influenciados pela informação e ideologia dominantes”.

Como o acontecimento em torno de Donald Trump é recente, e os recursos dispostos para compreendê-lo são bastante limitados, assumirmos, por enquanto, que há pouco a ser dito pode ser um bom começo.

Mais do que, digamos, especularmos se Capitu traiu Bentinho ou não, isto é, se o atentado foi ou não real, fixemos, no lugar disso, as evidências da partida: a dramatização midiatizada da possibilidade de extermínio de líderes políticos cria efeitos de repercussão fortes. Arbitrária ou acidentalmente, como não foi morto, essa bola caiu no colo de Donald Trump. Tendo em vista a volubilidade da extrema direita em face a tais conjunções, há elementos relevantes para se observar e refletir.

Por ora, vamos a algumas pontuações sobre o acontecimento em Butler.

Mudança no padrão de exposição e engajamento

Conforme buscamos situar, o atentado gerou um efeito midiático. Dada a natureza da cena, trata-se antes do mais de um efeito de amplo alcance e interesse. Em perspectiva geral, não é a primeira vez que temos um atentado contra um candidato à presidência da República no núcleo orgânico do sistema. O mesmo pode ser dito quanto ao impacto da repercussão na opinião pública. Há quem atribua a vitória forte de Ronald Reagan em 1984 ao atentado sofrido por ele em 1981.

Contudo, há algo de muito próprio ao nosso tempo que permite nos colocar eventos assim sob suspeita, como se fossem cenas montadas por encomenda. Pode ser que seja. Pode ser que não. No Brasil, depois do episódio da facada em 2018, Jair Bolsonaro mudou o patamar da relação da sua candidatura com a publicidade: o atentado lhe rendeu horas nada desprezíveis de exposição nos principais telejornais. Não como alguém que, digamos, inaugura uma ponte sob bocejos em um dia cinzento, mas que é apresentado como um polêmico portador de esperanças injustamente ferido.

Nas redes, o burburinho fez do caso uma trend (tendência). Situações assim mudam o desenho de processos eleitorais. Pensando ainda no caso brasileiro de 2018, enquanto candidatos como Geraldo Alckmin investiram todo o seu cacife no desmoralizado horário eleitoral, Jair Bolsonaro lucrou horas e horas de engajamento a flor da pele mediante ao espanto proveniente da ocorrência.

Donald Trump, por outro lado, não é um iniciante, mas um ex-presidente: é conhecido e o tempo dará a régua e o compasso sobre o modo como isso interferiu na maneira de angariar ou retirar do sofá seus simpatizantes. A nova situação pode impactar favoravelmente, por exemplo na mobilização pelos votos populares (que, vale lembrar, não são obrigatórios nos EUA). Passado o dia treze, Donald Trump será mais falado – e a partir de uma posição nova.

Criação de trauma histórico em um swing state

Há estados nos Estados Unidos que historicamente tendem a oferecer maiorias previsíveis, coisa que a seu modo o Brasil também faz. Há estados mais republicanos, como Texas. Há estados mais democratas, como Califórnia. Outros, ainda, como Pensilvânia, local em que se deu o atentado em questão, são conhecidos como swing states ou purple states, isto é, são localidades nas quais se espera uma disputa real de votos a cada eleição presidencial.

Na eleição de 2016, por exemplo, o estado votou majoritariamente em Donald Trump. Em 2020, por outro lado, deu maioria a Joe Biden. A criação de um trauma histórico como o ocorrido recentemente na Pensilvânia abriu portas gerar, no estado, efeitos de curta, média e longa durações. Há, com isso, digamos, uma tendência a oscilação de grupos focais. Efeitos de público-alvo. De modo que paira hoje uma incógnita no perfil aberto do estado em disputa.

Assim sendo, podemos assumir de partida que, embora não tenhamos definidos os seus efeitos práticos nesse sentido, o acontecimento do último dia 13 marcou de maneira indelével a identidade política do estado. Daqui a cinquenta anos, caso ainda reste mundo ou eleições estadunidenses, alguém poderá reivindicar ou detratar posições trumpistas com remissões ao ocorrido ali. Até segunda ordem, Pensilvânia ficará marcado como um estado no qual Trump sofreu um atentado.

Movimento do ilegítimo ao legítimo

As pautas em torno da política oficial têm transbordado ao acompanhamento. Aceleradamente, num dia a atenção está numa coisa, noutro dia, noutra. Assim, fica difícil situar os acontecimentos. O que explica a memória curta em torno dos desmandos de Jair Bolsonaro ao longo dos seus quatro anos de mandato, somados ao oito de janeiro.

Da filial para a matriz, com Donald Trump não é diferente: a troca de atenção depois do atentado interfere também na maneira como as ações dele são lembradas ou avaliadas. De alguns anos para cá, ao mesmo tempo em que ele se normalizou no campo republicano, Donald Trump tem sido alvo de acusações, digamos, deslegitimadoras.

É o caso da condenação pelo aprontado com a atriz Stormy Daniels, da reprovação pela postura de negar as urnas eletrônicas, ou então pelas relações que manteve com os apoiadores que entraram no Capitólio. Tanto de um modo como de outro, parte da opinião pública e das instituições investiram (ainda que pouco) na sua pessoa doses de descrédito. Depois do atentado, no entanto, deu-se o exato oposto: nalguma medida, as instituições se sentiram obrigadas em brindá-lo com notas de apoio e a opinião pública de oposição o alçou a uma posição tolerável.

Na dinâmica incessante de produção de fatos públicos, o atentado conferiu a ele, portanto, legitimidade. No que essa oscilação de legitimidade acarretará, na medida em que ele decidir trocar de posição novamente e se encaminhar para o polo oposto? Mais uma vez é Donald Trump quem dá as cartas.

Por exemplo, o candidato à vice-presidência na chapa de Donald Trump, J. D. Vance, não tardou em colocar na conta do governo de Joe Biden a falha no sistema de segurança que permitiu ao atirador agir.

Com o atentado, Donald Trump, de cara, mais forte: midiaticamente mais presente, vinculado para sempre à história de um estado e mais seguro para efetuar trocas de pele camaleônicas entre o legítimo e o ilegítimo. Mas no que isso vai dar, ainda estão rolando os dados.

*Lucas Paolillo é doutorando em Ciências Sociais na Unesp-Araraquara.

Bolsonaro se desespera com “lavagem de dinheiro” de Wassef e da ex; entenda o motivo

Em áudio gravado por Ramagem, Bolsonaro se desespera sobre investigação contra Wassef e “dessa empresa da mulher dele”. Cristina Boner, ex do advogado, faturou mais de R$ 86 milhões em contratos com a União na gestão do amigo e ostenta vida de luxo

No áudio da reunião em que trata com advogadas sobre a interferência da Agência Brasileira de Informação (Abin) na investigação sobre o sistema de corrupção de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – as chamadas “rachadinhas” – Jair Bolsonaro (PL) mostra especial interesse na varredura que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, fez nas contas do advogado Frederick Wassef.

OUÇA O ÁUDIO: o grampo em que Bolsonaro interfere em investigação contra Flávio

O nome de Wassef é citado logo no primeiro minuto de conversa, quando a advogada Luciana Pires, que fazia a defesa do senador, diz ter recebido naquele 25 de agosto de 2020 a “atualização de um RIF [Relatório de Inteligência Financeira] do Frederick”. Bolsonaro reage com um misterioso “hum”.

Wassef volta a ser citado por Luciana aos 10 minutos de conversa que, dessa vez, fala em “pirâmide sobre a vida” do advogado e a relação com as investigações sobre Flávio Bolsonaro.

“O que o RIF do Fred está fazendo no PIC [processo de investigação criminal] do Flávio?”, indaga a advogada, para na sequência responder. “Se ele trabalhou, não trabalhou, lavou dinheiro. Não tem nada a ver com a investigação do Flávio, entendeu presidente”, emenda, sobre o advogado que serve ao clã, inclusive escondendo Fabrício Queiroz em seu sítio em Atibaia.

Pânico de Bolsonaro

Ao final da reunião, por volta de 35 minutos da gravação, Bolsonaro procura Luciana demonstrando certo desespero para saber mais detalhes da investigação sobre Wassef.

“Por que investigar o Frederico? Por que investigar o Frederico”, repete o ex-presidente.

Luciana, então, justifica dizendo que seria porque ele “é o advogado do Flávio”. Bolsonaro insiste na pergunta e ouve da advogada: “Porque, apareceu um RIF espontâneo com lavagem de Dinheiro”.

“Pagou médico para Queiroz. Qual o problema?”, emenda Luciana causando pânico em Bolsonaro.

“Fred pagou [inaudível] pagou como? DOC, Dinheiro. Pagou como?”, indaga o ex-presidente. “Transferência bancária do médico”, responde a advogada.

“Aí o que que acontece? Apareceu no RIF transferência do médico”, diz Luciana. “E, eles falam, que isso é uma movimentação atípica e começam a varrer a vida dele, que ele recebeu quatorze milhões”, emenda.

Bolsonaro, então traz à tona, uma personagem que enriqueceu e ostenta vida de luxo após firmar contratos de “suporte técnico de computadores” com o governo federal, turbinados na gestão do ex-presidente.

“Dessa empresa da mulher dele”, diz Bolsonaro, referindo-se a Maria Cristina Boner Leo, ex-esposa de Wassef, que desde 2011 acumula R$ 258,4 milhões de faturamento em contratos somente com o governo federal.

Na sequência da conversa, Luciana Pires explica a Bolsonaro que Wassef “trouxe dinheiro dos Estados Unidos, [inaudível], tem que transferir, que a conta dele tá tudo lá”.

Bolsonaro complementa [inaudível] “há anos” e segue com certo alívio: “não é comigo”.

“Inclusive [inaudível], do meu governo, caiu a, o contrato do governo. Devia aumentar, né?”, emenda Bolsonaro, pedindo a anuência de Augusto Heleno possivelmente sobre os contratos da empresa de Cristina com a União. “É lógico, lógico”, responde o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Contratos milionários e vida de luxo

Casada com Frederick Wassef entre 2008 e 2017, Maria Cristina Boner Léo começou a construir seu império quando ainda era casada com o advogado, que a auxiliara a entrar em esquemas nos governos Aécio Neves (PSDB), em Minas Gerais, onde teria faturado R$ 310 milhões, e Sérgio Cabaral, no Rio, onde teria embolsado R$ 130 milhões – veja denúncias na Agência SportLight, de Lúcio Castro.

Os valores, no entanto, seriam prenúncio do faturamento que a empresária, que ostenta vida de luxo em viagens ao mundo nas redes, teria a partir de 2011, quando firmou o primeiro contrato da nova empresa, a GlobalWeb Outsourcing do Brasil – que nasceu a partir da fusão do Grupo TBA, de sua propriedade, com Benner Sistemas –  com o governo federal.

Os contratos foram turbinados a partir do governo golpista de Michel Temer e chegaram ao pico durante o governo Jair Bolsonaro (PL), a quem Wassef admirava e passou a construir uma relação de amizade e consultoria jurídica a partir de 2014 – quando defendeu o então deputado nos ataques misóginos contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Em 2018, Wassef se tornou homem de confiança de Bolsonaro, atuando na defesa dos filhos também. Com a eleição do amigo, a empresa da agora ex foi turbinada e teve que fazer uma manobra para burlar a decisão judicial, de junho de 2019, que proibiu a GlobalWeb de contratar com o Poder Público ou receber benefícios pelo período de três anos.

Milhões

Impedida de fazer contratos com o poder público, a matriz da GlobalWeb Outsourcing do Brasil assinou apenas um contrato com o governo Bolsonaro, em janeiro de 2021, no valor de R$ 3.508.018,80, junto ao Ministério das Comunicações.

No entanto, Cristina Boner turbinou os ganhos de duas filiais, que levam o mesmo nome da matriz e atuam apenas com CNPJs diferentes, driblando a punição da Justiça. No total, em quatro anos de governo Bolsonaro, a empresa da ex de Wassef embolsou R$ 86,1 milhões em contratos com a União.

Fundada em 2013, a primeira filial – com CNPJ terminado xxx.013/0002-45 – recebeu R$ 3.142.788,02 em 15 contratos firmados com órgãos do governo federal entre agosto de 2021 e novembro de 2022, segundo o portal da Transparência. Em todos eles não há informação sobre a localidade de aplicação do recurso – ou seja, onde o dinheiro foi gasto.

O maior faturamento, no entanto, foi acumulado pela segundo filial – CNPJ terminado xxx.013/0003-26 – com sede na sala 716 do Brasília Shopping, que foi aberta em 13 de junho de 2018.

No total, a empresa da ex de Wassef recebeu R$ 79.556.758,71 em 9 contratos com órgãos da União, que ainda estão sendo pagos pelo atual governo.

O último contrato foi assinado em 31 de março de 2022 com a Agência Espacial Brasileira, que fica sob a tutela do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, pasta que era comandada pelo “astronauta” Marcos Pontes (PL-SP), atual senador.

Com vigência até março de 2025, o contrato prevê o pagamento de R$ 1.725.256,08.

Modus operandi

Segundo informações obtidas pela Fórum, além de contar com a intimidade de Jair Bolsonaro, então presidente, a GlobalWeb Outsourcing do Brasil cresceu cooptando servidores responsáveis por editais de licitações na área de tecnologia.

Fornecedora exclusiva da Microsoft no Brasil, a TBA – empresa que antecedeu a GlobalWeb -mantinha um esquema de cooptação para que as licitações exigissem que as máquinas usassem o sistema operacional Windows. Além disso, ofereciam aos servidores “capacitação”, totalmente custeadas pela empresa, entre outras benesses.

Separada de Wassef, mas ainda mantendo relações com o ex-marido – que teriam recebido os R$ 14 milhões citados por Bolsonaro na reunião no Planalto -, Cristina Bonner agora se ocupa em ostentar a vida de luxo e o novo romance com fotos nas redes sociais.

Com viagens frequentes à Europa, ela compartilha “hábitos das mulheres bem sucedidas” no Instagram, entre publicações com roupas de grife e em lugares paradisíacos.

No Brasil, o passado da empresária e os milionários frutos do casamento com Wassef seguem causando pânico e preocupação no clã Bolsonaro.

Além da relação “pouco republicanas” com o advogado, Bolsonaro teme ainda que a investigação da Polícia Federal em parceria com o FBI descubra um suposto esquema de compra e ocultação de imóveis nos EUA, onde Wassef teria comprado ao menos 20 casas e apartamentos na Flórida e Nova Jersey em nome de terceiros.
Fonte: Revista Fórum

Moraes divulga áudio dos esquemas de Bolsonaro na Abin; ouça agora

Conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para obter informações sobre a investigação de Flávio Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu, nesta segunda-feira (15), levantar o sigilo da gravação feita de forma clandestina pelo ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem com Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, e a advogada do senador Flávio Bolsonaro. Com isso, o conteúdo de mais de uma hora do conteúdo será tornado público.

“Ressalto, ainda, que, a eventual divulgação parcial – ou mesmo manipulação – de trechos da Informação de Polícia Judiciária nº2404151/2024 (fls. 334-381), bem como da gravação nela referida, tem potencial de geração de inúmeras notícias incompletas ou fraudulentas em prejuízo à correta informação à sociedade”, diz trecho da decisão de Moraes.

O áudio foi citado no relatório da investigação da Abin paralela. A gravação tem 1 hora e 8 minutos e está sob segredo de Justiça. Segundo a PF, a conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para obter informações sobre a investigação na qual Flávio foi indagado sobre “rachadinha” no seu gabinete parlamentar quando ele ocupou do cargo de deputado estadual. Clique aqui para acessar a gravação.

Ou aqui

Brasil 247

Um nacionalismo internacionalista?

Por EUGÊNIO BUCCI*

Nos nossos dias a notícia mais momentosa é que a extrema direita nacionalista, cobrindo de sombras pesadas o palco da política, quer ser internacional

A ideia do internacionalismo vem da esquerda. Apareceu no Manifesto Comunista, um pequeno livro assinado por dois jovens autores, Karl Marx e Friedrich Engels. Jovens de verdade: em fevereiro de 1848, quando a brochura incendiária foi lançada, Marx tinha 29 anos de idade e Engels, 28. O bordão que eles inventaram, “Proletários do mundo, uni-vos”, sobreviveu a ambos e demarcou o conceito.

No século XX, uma das incompatibilidades fatais entre Joseph Stalin e León Trotsky passava exatamente por aí. O primeiro, já entronizado como tirano da União Soviética, abraçou (feito urso) a tese de que era possível erigir o socialismo num só país. O segundo, pulando de exílio em exílio, afirmava que a revolução socialista teria de ser internacional – ou não seria nem revolução, nem socialista.

Joseph Stalin levou a melhor e se firmou numa ascensão mortífera. Em sua folha corrida constam milhões de cadáveres, incluindo os que foram tragados pela fome-terror na Ucrânia, durante o Holodomor, em 1932 e 1933. No mesmo período, por meio dos fraudulentos “processos de Moscou”, o “guia genial dos povos” dizimou vários de seus camaradas que em 1917 faziam parte do Comitê Central do Partido Bolchevique. Pouco depois, em 1940, enviou o agente secreto Ramón Mercader para assassinar mais um deles, León Trotsky.

Em Coyoacán, na Cidade do México, Ramón Mercader usou uma picareta de alpinista para abrir o crânio de sua vítima e, em 1961, recebeu a medalha de Herói da União Soviética. Prestou serviços ao stalinismo em terras distantes, mas nunca foi internacionalista – matou um.

Entre o bem e o mal, o movimento operário sempre se vinculou a organizações supranacionais. Umas eram melhores, outras eram vis. A Segunda Internacional, ligada à social-democracia, inspirou a criação do PSDB no Brasil. A Quarta Internacional, de León Trotsky, fragmentou-se em cisões sequenciais até se estilhaçar em pedacinhos praticamente invisíveis. A Terceira Internacional, comandada por Moscou, limitava-se a transmitir as ordens do Kremlin para suas filiais mundo afora.

Agora já era. O sonho do internacionalismo solidário mergulhou em viés de baixa. Às vezes é um hino na vitrola – ou num baile da saudade. Outras vezes, é sucata ideológica. Nos nossos dias, veja você, a notícia mais momentosa é que a extrema direita nacionalista, cobrindo de sombras pesadas o palco da política, quer ser internacional.

Sim, é uma contradição em termos. Forças xenófobas – dessas que abominam imigrantes, arrostam a ONU, enxovalham a Organização Mundial da Saúde (OMS), esnobam o Mercosul, bajulam Elon Musk e desdenham dos esforços para conter o aquecimento global – vêm se dedicando a promover encontros internacionais. Encontros para quê? Ora, para celebrar a desunião e exacerbar o ódio contra qualquer forma de entendimento, de acordo, de encontro internacional. Se há algo que, por definição, não pode ser internacionalista, de jeito nenhum, é o nacionalismo, mas o nacionalismo parece que não foi avisado.

Marx e Engels diziam que o movimento operário tinha de ser internacionalista porque as relações de produção já tinham sido internacionalizadas pelo capital. Portanto, se quisessem virar o jogo, os partidos revolucionários não poderiam se limitar aos espaços nacionais. Nesse ponto, foram cartesianos. Você pode até discordar dos dois rapazes, mas não tem como não reconhecer a lógica do raciocínio.

Já o nacionalismo internacionalista é ilógico. Seus expoentes proclamam, entre outras aporias involuntárias, que são contra a globalização. Será que eles não viram que a globalização é uma consequência da ordem econômica que juram defender em armas? Não viram que eles mesmos são um sintoma reverso da globalização? Atacam o “globalismo” – a quem atribuem a culpa pelas migrações e pelo dinheiro digital, que dá a volta no planeta em menos de um segundo –, sem notar que aqueles a quem xingam de “globalistas”, longe de ser os culpados, são os que mais denunciam os efeitos perversos da globalização.

Não entenderam a si mesmos e abominam quem entendeu. Em transe anticívico, em ritmo de embalo sísmico, acalentam fantasias globalitárias. Talvez desejem um futuro em que as nações, fortificadas, armadas e enclausuradas em si mesmas, vão competir umas com as outras até o fim dos tempos. Talvez acreditem que, da guerra de todos os nacionalismos contra todos os nacionalismos, o paraíso brotará como um cogumelo.

Para complicar o tabuleiro, uma parcela do Brasil embarcou nesse delírio tanático, entre a nulidade mental e a opulência performática. Sem surpresas. Temos convivido há décadas com fenômenos incongruentes que transitam por aí como se fossem normais. Tome-se, por exemplo, o adjetivo “progressista”, que denomina um pessoal convertido às pautas mais conservadoras. Tome-se outro adjetivo, “republicano”, que batiza um segmento de adoradores de igrejas. Existem ainda os liberais iliberais.

Nesse meio, os nacionalistas internacionalistas são mais do mesmo. Será que eles sabem que o internacionalismo é de esquerda? Provavelmente não. Eles nunca souberam que o nazismo era (e é) de direita.

*Eugênio Bucci é professor titular na Escola de Comunicações e Artes da USP. Autor, entre outros livros, de Incerteza, um ensaio: como pensamos a ideia que nos desorienta (e oriente o mundo digital) (Autêntica). [https://amzn.to/3SytDKl]

Publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo.

Julian Assange, Edward Snowden, Daniel Ellsberg

Por WALNICE NOGUEIRA GALVÃO*

Só permanece desinformado sobre segredos e inconfidências quem de fato tiver muita preguiça

1.

Uma robusta tradição de desobediência civil consiste no vazamento de informações confidenciais (e ilegais) que o Estado moderno armazena para usar contra seus cidadãos. O fito é enganá-los, manipulá-los, forçá-los a fazer o que os prejudica, levá-los ao suicídio se necessário. Julian Assange e Edward Snowden têm dignos precursores em seu país.

Como os Estados Unidos são a mais poderosa nação do planeta, nada mais natural que seja lá que faça sentido operar tais vazamentos. Um dos casos mais notórios é o de Daniel Ellsberg, cujas credenciais são impecáveis: economista por Harvard e marine com estágio no Vietnã. Foi ele o pivô do grave incidente que ficou conhecido como “Os papeis do Pentágono”.

Este analista militar da Rand Corporation fez um trabalho no Pentágono em 1971, durante a Guerra do Vietnã, e começou a ficar, primeiro espantado e depois indignado com a discrepância entre o que o governo dizia e as estatísticas que lhe vinham às mãos. Enquanto o governo afirmava desacelerar o esforço bélico para concluir a guerra apesar das vitórias, os dados mostravam que, ao contrário, empenhavam-se numa escalada, investindo recursos cada vez maiores para camuflar as derrotas. Em vez de pôr fim ao conflito, portanto, preparava-se uma hecatombe crescente.

Hesitou, prevendo o que viria pela frente. Ninguém acreditaria nele; ninguém respaldaria a publicação de papéis secretos que arriscava botar todo mundo na cadeia; ninguém atribuiria confiabilidade às fontes – pois, quem poderia garantir que não eram falcatrua? E, pairando sobre tudo, o medo das represálias dos órgãos de segurança, sempre provocando acidentes suspeitos e execuções por baixo do pano.

Ainda assim, Daniel Ellsberg copiou clandestinamente sete mil documentos, procurou contato com um dos jornais mais importantes e mais sérios do país, o New York Times, e devotou-se a contar a história. Antes, assediou senadores que eram notoriamente contra a guerra, como Fullbright, mas foi repelido. Os papeis comprometiam as administrações anteriores de John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson, bem como a atual, de Richard Nixon.

New York Times começou a publicar os documentos em série. O governo sustou a publicação. O jornal apelou para a Suprema Corte, que lhe deu ganho de causa.

Descoberto, Daniel Ellsberg foi acusado de traição sob o Ato de Espionagem e julgado como réu de uma pena de 115 anos. Mas, à medida que o julgamento prosseguia, os desmandos do governo, com provas sujas obtidas inclusive por escuta ilegal do FBI, foram surgindo. E ele acabou por ser absolvido, para alegria de seus fãs no mundo inteiro, a essa altura constituindo uma torcida atenta à justiça do processo. Em seu próprio país, contavam-se entre seus aliados os progressistas e os críticos em geral, os estudantes, os religiosos, o Black Power, os hippies.

Nunca desmentiu sua garra de ativista. Até hoje, ultrapassados os 80 anos, vive protestando e sendo preso – por manifestar-se contra as armas nucleares, contra as invasões do Afganistão e do Iraque, contra a política externa que criminaliza o Irã.

Por isso, mesmo em meio a um vasto movimento nacional e internacional de protesto, devemos principalmente a Daniel Ellsberg o fim da Guerra do Vietnã – que, sem razões de peso, lá do outro lado do mundo, vitimou três milhões de vietnamitas, a maior parte civis, contra a perda de 25 mil soldados americanos.

À época, tornou-se best-seller planetário afora um documentário contra essa guerra, Corações e mentes, em que aparecem entrevistas de Daniel Ellsberg. O filme fez muito pelo esforço antibélico e foi agraciado com o Oscar. Todavia, e curiosamente, afora o livro Os papeis do Pentágono, não rendeu mais nada no cinema. Só várias décadas mais tarde surgiriam dois filmes, um de ficção, chamado The Pentagon papers (2003)e um documentário, The most dangerous man in America (2009).

Ambos vindo bem a propósito para retirar do olvido tão portentosa proeza deste precursor de Assange e Snowden.

E o que Julian Assange fez de tão grave? Apenas fundou o Wikileaks, o maior fórum de denúncias contra os crimes dos Estados e das agências de segurança. Como aqui no Brasil fomos vítimas do terror da ditadura, deveríamos ser sensíveis à defesa das liberdades democráticas. E a informação é uma delas. Não fosse o Wikileaks, nunca teria havido a Vaza Jato, que desmoralizou as falcatruas da Lava Jato.

2.

Assim como Julian Assange e Edward Snowden estão ligados aos vazamentos que mostram como os órgãos de segurança norteamericanos espionam os cidadãos, Daniel Ellsberg tornou-se conhecido como aquele que revelou os papéis secretos do Pentágono, pondo fim à Guerra do Vietnã. Os três são representantes de uma corrente subterrânea libertária que flui quase invisível sob a carapaça de uma dúbia democracia. A linhagem da desobediência civil é extraordinária e merece respeito, vindo desde a Underground Railroad que contrabandeava escravos para a liberdade, num total estimado de 100 mil.

A forca aguardava esses beneméritos cidadãos, que arriscavam tudo, inclusive a acusação de traição à pátria, em nome de lealdades mais altas. Foi o caso de John Brown e seu grupo na Virginia, todos enforcados após processo, apesar dos protestos vindos do mundo inteiro. Até Victor Hugo mandou uma carta ao presidente, pedindo clemência. Em vão.

Neste capítulo, sempre é bom lembrar que houve um surto de auto-imolações por incineração, praticada por monges budistas em sinal de protesto, no Vietnã conflagrado. Em solidariedade, Norman Morrison, jovem pacifista norte-americano, copiou o gesto, imolando-se nos degraus do Pentágono. Para homenageá-lo, os vietnamitas criaram um selo com sua efígie e deram seu nome a uma rua em Hanói. Até hoje ele é lá venerado, e as crianças de escola compõem poemas louvando seu martírio. Após o armistício, o Vietnã recebeu oficialmente a viúva e os três filhos como hóspedes do estado, cobrindo-os de honrarias.

A exemplo dos monges budistas, vários religiosos norteamericanos – padres católicos e pastores protestantes – estiveram na linha de frente da resistência. Dois deles se destacaram, dois padres jesuítas irmãos, os Berrigan. Não temiam nada e enfrentavam qualquer risco, mantendo recordes de prisões: foram incluídos na lista dos dez mais perigosos do país procurados pelo FBI. Depois que a guerra acabou, protestariam contra as armas nucleares e continuariam a ir para a prisão.

Se os Berrigan eram oriundos de imigrantes irlandeses operários, outro que se destacou fazia parte da elite wasp novaiorquina, o pastor protestante presbiteriano William Sloane Coffin Jr., mais conhecido como Bill Coffin. Durante muitos anos capelão da Universidade de Yale, liderou passeatas e outros protestos antibélicos dos estudantes. Mais tarde, estaria no seio do grupo ecumênico de sacerdotes que fariam vigílias na fronteira da Nicarágua, contra a ingerência armada norteamericana naquele país.

Aqui também, durante a última ditadura, ninguém pode passar por alto a atuação desassombrada de D. Paulo Evaristo Arns, cardeal-arcebispo de São Paulo e incansável opositor do arbítrio fardado. Juntamente com outro pastor protestante presbiteriano por nome Jaime Wright e com o rabino Henry Sobel, teve desempenho destacado. Recusaram-se os três, por exemplo, a legitimar a versão do suicídio de Wladimir Herzog, morto sob tortura nas dependências do II Exército. Denunciando o assassinato do alto do púlpito da Catedral da Sé, D. Paulo lançou o anátema da Igreja sobre os perpetradores durante a missa especialmente celebrada.

Os três religiosos formaram um triunvirato ecumênico que foi fundamental nesses tempos tenebrosos. Passaram anos recolhendo clandestinamente documentação e entrevistando pessoas que tinham sido torturadas, e acabaram por publicar Brasil: Nunca mais, formidável dossiê que registrou para sempre os crimes da ditadura. Quando eram mais necessários, os três ativistas dos direitos humanos não fugiram ao desafio que a História lhes lançou.

Recentemente, foram outros militantes norte-americanos que saíram do anonimato. Grupos pacifistas religiosos vieram a público para assumir a autoria de uma invasão do escritório do FBI em Filadélfia, em 1971, quando roubaram uma quantidade enorme de arquivos. Gente da mais alta respeitabilidade, acima de qualquer suspeita.

Entre outros feitos, davam suporte aos irmãos Berrigan. Os papeis que roubaram mostram como J. Edgar Hoover – de que ninguém conhecia ainda a alma de criminoso – perseguia qualquer opositor, mas especialmente se fossem negros, de que tinha ódio. A publicação de um livro, seguida de entrevistas no New York Times, somou novos nomes a esse elenco de heróis da liberdade.

3.

Militantes norte-americanos correm risco desde que, por uma ironia da história, tornaram-se vulneráveis a processos devido aos novos e bem-vindos acordos celebrados entre seu país e Cuba. Há vários deles nessa situação, herança de outros tempos em que o Black Power estava no auge. Cuba nunca aprovou os sequestros de avião, que iam parar em Havana, e nunca facilitou a vida dos sequestradores.

Um deles, William Potts, ex-Pantera Negra, no momento no torrão natal aguardando julgamento, foi preso, julgado e condenado a onze anos de cadeia (que cumpriu), assim que pousou o avião em Cuba. Agora reclama do destino, porque já saiu de uma longa pena pelo mesmo crime, só que em outro país.

Entre segredos e inconfidências, assinalam-se os casos de impeachment: dos mais rumorosos, afora Collor, é o de Richard Nixon, que acabou renunciando.

Foi em sua gestão que ocorreu o vazamento dos Papéis do Pentágono por Daniel Ellsberg, que arrastou em seu bojo o fim da Guerra do Vietnã. Como arremate, o vietcong assediou e invadiu Saigon, a capital do Vietnã do Sul, e tomou a embaixada americana. O final inglório foi fotografado, filmado e exibido por toda parte. O planeta inteiro viu os últimos defensores da embaixada fugirem pelo telhado, num helicóptero em que alguns deles mal se equilibravam, agarrando-se à escada de corda.

Tudo isso abalou irremediavelmente o governo de Richard Nixon. A onda de desassossego e o desgaste da confiança desembocariam no escândalo de Watergate, que acabaria levando à queda do presidente. As investigações revelaram que ele tinha conhecimento da invasão do diretório nacional do Partido Democrata, e, pior ainda, acobertara o crime, negando-o repetidas vezes, inclusive sob juramento, mentindo à nação.

O trabalho de detetive que levou à revelação deveu-se a dois repórteres investigativos do Washington Post – Carl Bernstein e Bob Woodward – que recebiam segredos de Estado de um membro das altas esferas, protegido pelo anonimato e alcunhado de “Deep Throat”. Meio século depois, o então vice-presidente do FBI, segundo em comando do sinistro J. Edgar Hoover, assumiria o papel desse informante. O escândalo originou um grande livro e um grande filme, ambos com o título de Todos os homens do presidente, que estamparam para o mundo esses meandros escabrosos. Ótimos atores como Robert Redford e Dustin Hoffmann encarnariam a dupla de jornalistas.

Richard Nixon, que era bem desconfiado, mandava gravar clandestinamente todas as conversas em seu gabinete, para se proteger e poder apelar para os testemunhos contidos nas fitas. Só que o feitiço a certa altura virou-se contra o feiticeiro, e as gravações foram requisitadas pela Justiça – e nelas o papel de Richard Nixon não mais pôde ser escondido.

Em outras circunstâncias, e ao contrário, é a publicidade extremada que pode salvar tanto Julian Assange quanto Edward Snowden.

Foi nisso que se envolveu a ganhadora do Oscar de melhor documentário, Laura Poitras, diretora de Citizenfour, sobre o grande dissidente. A intrépida cineasta há anos que tem sua vida esmiuçada e devassada, é seguida, é detida em aeroportos para interrogatório. É por isso que se mudou dos Estados Unidos para Berlim, onde se sente menos vigiada e mais à vontade.

Laura Poitras estreou há poucos anos e já mostrou sua garra em duas outras películas. Em My country, my country filma a ocupação do Iraque e em The oath registra o testemunho de um guarda-costas de Osama Bin Laden. Cineasta independente, arrisca a vida visitando campos de concentração, prisões secretas, acampamentos de refugiados, centros de treinamento de ativistas. Edward Snowden bem que precisava de uma artista com essa coragem. Se os filmes forem difíceis de obter, sempre se pode ler o livro de Glen Greenwald, Sem lugar para se esconder, que descreve a saga de Snowden. E também é possível acompanhar o desenvolvimento do projeto on-line de Laura Poitras intitulado The Intercept.

Só vai permanecer desinformado sobre segredos e inconfidências quem de fato tiver muita preguiça.

*Walnice Nogueira Galvão é professora Emérita da FFLCH da USP. Autora, entre outros livros, de Lendo e relendo (Sesc\Ouro sobre Azul). [amzn.to/3ZboOZj]

Bloqueio contra o fascismo

Por TARSO GENRO*

O Brasil é o país ideal para a experiencia da Nova Frente Popular francesa, e o Rio Grande do Sul e Porto Alegre são pontos axiais desta referência de mimese política

1.

No discurso da vitória, logo após a proclamação dos resultados eleitorais Jean-Luc Melenchón, líder da França Insubmissa e figura central da formação da Nova Frente Popular, disse (e agradeceu!) que – pelas veias de 1/4 dos francesas – corria o sangue dos imigrantes. E disse – defronte ao mar – em Marselha, que naquelas águas que trouxeram este sangue estavam também os túmulos de milhares de crianças, cujos pais vinham das antigas colônias, nos seus barcos precários, em busca de uma vida digna.

O que espera da França, o mundo democrático, a esquerda, o centro democrático e a centro-esquerda mundial? Não sabemos, ainda, mas da direita fascista já sabemos, como dizem Thomas Piketty e Julia Cagé em artigo publicado no jornal “The Guardian” e traduzido no site A Terra é Redonda, devemos esperar que “por não ter uma plataforma econômica credível, a extrema-direita voltará à única coisa que conhecemos – à exacerbação das tensões e a política do ódio”.

Um artigo de Dani Rodrik (Jul/10.14, “Project Syndicate”) de outra parte, propõe o que devemos esperar de uma força política de esquerda, historicamente ancorada nas classes trabalhadoras, no atual momento de crise de perspectivas da ideia socialista em todo o mundo: que a nossa fala deve se reportar ao novo mundo do trabalho, que está sendo cooptado pelo conservadorismo empresarial – com a ilusão de que todos podem ser empresários de si mesmos – e pelas facilidades aparentes do fascismo como forma de exercer o poder pela violência desmedida.

Diz o autor falando mais além das importantes questões climáticas e de gênero, sobre as quais a elite cultural tem opiniões diferentes do público em geral: “focar diretamente em empregos bons, seguros e produtivos para trabalhadores sem diploma universitário. O aumento da insegurança econômica, a erosão da classe média e o desaparecimento de bons empregos em regiões em declínio foram o coração do aumento do populismo de direita (…), apenas revertendo esta tendência a esquerda pode apresentar uma alternativa viável”.

As eleições do dia 7 de julho apontaram uma vitória brilhante da Nova Frente Popular e criaram um novo cenário de bloqueio contra o fascismo na Europa. Não é o renascimento da esquerda tradicional da velha Frente Popular de 1936, assim como as facções de direita e extrema direita, unificadas em torno da Madame Le Pen, não são as mesmas do século passado.

2.

Pode se dizer que estas representam a mesma barbárie que ensejou a ocupação nazista, mas hoje elas se articulam com setores sociais e econômicos que se unificam em torno de outros ideais. A desorganização da sociedade de classes tradicional trouxe à tona da “grande política”, novos atores políticos representando outros sujeitos sociais e também suscitou outros polos de disputa. Um deles, nestas eleições, teve uma participação decisiva na vitória da Nova Frente Popular: os imigrantes ancorados na periferia do sistema de poder do capital.

Os fascistas e a extrema direita autoritária querem integrar uma Europa sem imigrantes – branca e financeiramente elitizada – junto a vastos setores marginais das elites “cosmopolitas”, que estão no limite do crime organizado (financeiros, militaristas e armamentistas), que chamaram para si os deserdados do Estado social em crise e conquistaram os proletários desempregados (ou situados em empregos secundários) e um sub- proletariado branco socialmente bloqueado – bem como as classes médias baixas, ressentidas pela queda da qualidade dos seus empregos.

O que unificou a oposição antifascista, todavia, no segundo turno, além da luta por uma vida melhor – como é natural em quaisquer processos eleitorais – foi a busca de uma coesão novo tipo, de caráter humanista e democrático. Foi a defesa de uma nação não unificada pela “raça”, mas a busca de um convívio social mais solidário, com base no espírito da velha contratualidade social democrata, que apesar da sua crise sobrevive na consciência de uma boa parte da população.

Uma França Insubmissa ao fascismo, como se viu pelo resultado da união do centro com o conjunto das esquerdas e horizontalmente unificada pela fraternidade antirracista, culturalmente porosa no seu sentido mais nobre e vibrante – não pelos novos ideais neoliberais da Europa unificada pelo capital – mas pelo velho imaginário da sua Revolução que derrubou a Bastilha.

3.

Chego ao objeto do meu artigo. Penso que o Brasil é o país ideal para a experiencia da Nova Frente Popular francesa e que o Rio Grande do Sul e Porto Alegre são pontos axiais desta referência de mimese política, pelas suas virtudes e pelas suas tragédias.

Tragédias: o Brasil saiu de um governo ensandecido pelo ódio, patrocinado pela maioria dos meios de comunicação tradicionais, que lutaram para colocar na cadeia o maior líder popular do país, que venceria as eleições presidenciais do defensor da tortura e do fascismo; e o Rio Grande do Sul atravessa a maior tragédia social e climática da sua história, cujas causas são universais, mas que foram agravadas pela desatenção destas mesmas elites, que ora dominam a cidade, fixadas apenas nos seus “negócios” públicos e interesses privados.

Pensemos agora nas virtudes: o Brasil reprimiu um golpe de Estado pela força das suas instituições de Estado e através de uma posição de que se tornou hegemônica, em favor da democracia, dentro das nossas Forças Armadas, o que nos dá uma estabilidade invejável, talvez de longo curso, na América Latina.

Porto Alegre é uma cidade de prestígio mundial na questão democrática e ambiental, que as últimas administrações não conseguiram apagar na memória do Planeta, berço do Foro Social Mundial e das grandes lutas ambientais que se desenvolveram no país, nos últimos 50 anos.

Agora é necessário que o Governo Federal tenha coragem de dizer que vai fazer e vai organizar um grande movimento institucional e político para – a partir do Rio Grande do Sul em reconstrução – interpor uma unidade política novo tipo, a partir do Estado, para um processo épico de construção de um novo modelo socioambiental de crescimento, desenvolvimento educacional, tecnológico e social para o Brasil.

As plataformas principais deste salto estão aí, vão do sul ao norte do país, que tem como marcos referenciais: o Rio Grande do Sul reconstruído e construído, o Pantanal do Mato Grosso e a gigantesca Amazônia – pulmão do mundo e coração do Brasil.

*Tarso Genro foi governador do estado do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, ministro da Justiça, ministro da Educação e ministro das Relações Institucionais do Brasil. Autor, entre outros livros, de Utopia possível (Artes & Ofícios). [https://amzn.to/3ReRb6I]

Uma crise fabricada

Por PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.*

Lula será candidato forte à reeleição em 2026. E seus indicados terão maioria folgada no Banco Central de janeiro de 2025 em diante. Os adversários estão inquietos e fabricam crises

O que provocou a turbulência no mercado financeiro e na mídia nas semanas recentes? Criou-se uma sensação de “crise”. Os desavisados devem ter pensado que estávamos ou estamos à beira de um abismo. A onda especulativa já arrefeceu, mas vale a pena discutir o que a desencadeou.

Afinal, houve motivos para tal nervosismo nos mercados cambial e financeiro, em especial para a alta do dólar? Creio que sim. Não foram, porém, primordialmente econômicos – e sim políticos. Os resultados econômicos e sociais do governo Lula estão entre bons e razoáveis. Veja-se, por exemplo, o crescimento do PIB, a inflação, o mercado de trabalho, os indicadores de pobreza, o balanço de pagamentos.

Quanto ao propalado “risco fiscal”, as informações disponíveis não sugerem de forma alguma que o Brasil venha caminhando para um colapso das contas governamentais. Aliás, as expectativas de mercado em relação ao déficit público (primário e total), assim como em relação aos demais indicadores macroeconômicos, praticamente não se mexeram no passado recente.

Menciono dois fatores de ordem principalmente política que ajudam a entender a instabilidade recente no sistema financeiro. E que nos autorizam a dizer, acredito, que a “crise” foi em larga medida fabricada.

As eleições de 2026

Primeiro fator: nos últimos meses, ficou evidente que Lula pretende disputar e será um candidato forte à reeleição em 2026. A tradicional direita neoliberal, que controla o sistema financeiro e a mídia, não vê isso com bons olhos, para dizer o mínimo.

Vou ser mais claro. Não vamos nos iludir. Boa parte dessa direita – que tem a cara-de-pau de se apresentar como “centro” – nutre ódio a Lula e à centro-esquerda. Senão ódio, desprezo. Senão desprezo, profunda desconfiança e rejeição. Ela constitui um agrupamento pernicioso, de gente reacionária, mentalmente estreita e profundamente antinacional. O perigo para o Brasil está também nessa gente, e não apenas na ultradireita bolsonarista.

Infelizmente, diga-se de passagem, o governo Lula está infestado de neoliberais, alguns bem militantes, o que explica a sua dificuldade de avançar. A “Arca de Noé”, montada por Lula em 2022, tem o seu preço – e não é pequeno. Apesar disso, ele tem conseguido significativos resultados econômicos e sociais, o que deixa os adversários ainda mais alarmados.

O presidente da República tem dado muitos sinais de paz e tomado decisões conciliatórias. Perfeitamente compreensível. É um jogo que ele joga bem. Mas com que resultado nesta temporada política? Fica às vezes a sensação de que o seu esforço de conciliação possa estar sendo visto como indício de fraqueza. Apesar dos esforços de pacificação, a execrável plutocracia local continua militantemente contra o governo, buscando toda e qualquer oportunidade para atacá-lo.

Como se sabe, a direita tradicional tem muito poder – político, financeiro e midiático. Mas sofre de um pequeno problema: não tem votos para vencer eleição presidencial. Gostaria de viabilizar uma candidatura de “terceira via” para 2026, mas percebe provavelmente que será muito difícil. Uma opção mais viável para ela seria construir uma “Arca de Noé” pela direita com Tarcísio de Freitas como candidato.

A ideia é combinar os votos de Jair Bolsonaro com um candidato mais amplo e aparência um pouco mais “civilizada”. Os liberais de quinta categoria da direita tradicional não teriam nenhum escrúpulo em se aliar de novo com o bolsonarismo. Os seus porta-vozes mais chinfrins já clamam em público por um “bolsonarismo moderado”.

Portanto, o que se procura, desde logo, é enfraquecer e manietar Lula para que ele chegue desidratado à próxima eleição presidencial – de preferência com cara de terceira via. Um Lula fraco, com jeito de terceira via, poderá ser derrotado. Ou, no mínimo, forçado a negociar com a direita tradicional, ou parte dela, nova frente ampla que mantenha um eventual Lula 4 nessa mesma condição atual de parcialmente bloqueado e cerceado na sua capacidade de promover mudanças.

A sucessão no Banco Central

Mas há um segundo fator por trás da “crise”. E mais imediato do que 2026. Trata-se da escolha por Lula de quem exercerá a presidência do Banco Central. Até o final do ano, o presidente da República terá de escolher não só o presidente, como também dois novos diretores para o Banco Central. Os indicados de Lula no Comitê de Política Monetária terão maioria folgada a partir de janeiro de 2025.

Consequência? A turma ou melhor turba da bufunfa ficou na espreita e, no momento que julgou adequado, tratou de providenciar uma turbulência econômica, com a ajuda prestimosa de Roberto Campos Neto. Para quê? Para tentar intimidar o presidente da República e o ministro da Fazenda. A mídia corporativa, em sua maior parte um mero puxadinho da Faria Lima, entrou em campo com alertas dramáticos.

Armínio Fraga, um funcionário do status quo, veio a público ameaçar o presidente da República com um “fiasco político” e uma grave crise caso erre na escolha do novo presidente do Banco Central. Edmar Bacha, outro funcionário do status quo, disse textualmente: “Lula tem que se comportar”. Veja só, leitor ou leitora, a imensa arrogância dessa gente (estava para escrever “corja”, mas me contive).

Querem mesmo é que Lula indique um deles para o cargo. Alguém tipo Henrique Meirelles, ou o próprio Armínio Fraga, ou tipo Ilan Goldfajn, para mencionar apenas alguns nomes do longo rol de fiéis serviçais do capital financeiro. Não sendo isso possível, aceitam que seja indicado alguém cooptável.

Nesse momento, já há quatro indicados por Lula na diretoria do Banco Central. Andam bem mansos, no geral. Nada dizem, nada fazem – até onde se pode perceber. Acredito que estejam envolvidos em um cauteloso movimento tático, esperando o não tão distante janeiro de 2025.

Espero que seja mesmo apenas tático. De janeiro em diante, o jogo tem de mudar. Evidentemente, ninguém vai dar um cavalo-de-pau numa instituição da complexidade do Banco Central. Mas não pode ser mais do mesmo.

O Banco Central tem funções da maior importância – conduz a política monetária, emite moeda, supervisiona e regula o sistema financeiro, integra e secretaria o Conselho Monetário Nacional, administra as reservas internacionais do país, funciona como emprestador de última instância em períodos de crise financeira sistêmica, entre outras. Não deve, portanto, ser conduzido de forma independente do resto do governo e da política econômica – e alinhado apenas com o lobby financeiro privado.

É importante acertar na escolha do presidente e dos dois novos diretores. O futuro presidente do Banco Central deve ser, na minha modesta opinião, alguém não só com conhecimento e experiência, como também muito próximo do presidente da República. Assim, ficará mais viável estabelecer a indispensável sintonia entre a política monetária e o resto da política econômica.

*Paulo Nogueira Batista Jr. é economista. Foi vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, estabelecido pelos BRICS. Autor, entre outros livros, de O Brasil não cabe no quintal de ninguém (LeYa)[https://amzn.to/44KpUfp]

Versão ampliada de artigo publicado na revista Carta Capital, em 12 de julho de 2024.

VIDEO Hiran Gallo, presidente do Conselho Federal de Medicina: nem animal tem condições de ser atendido no João Paulo II, o pior hospital do Brasil

Como diz o ditado, em casa de ferreiro, espeto de pau. Há mais de 20 anos no Conselho Federal de Medicina, o médico José Hiran Gallo, atual presidente da entidade, disse estar envergonhado por ser da terra onde fica o pior hospital do Brasil, o João Paulo II, situado em Porto Velho, capital do estado de Rondônia.

Reportagem da Semana do programa Domingo Espetacular, da Rede Record, exibiu neste domingo flagrantes do atendimento na unidade de saúde. Na reportagem, enquanto o povo sofre pelo descaso, as autoridades jogam a culpa em terceiros. O ex-secretário de Saúde, Dr. Fernando Máximo, eleito deputado federal, empurrou a culpa para os dois secretários que o sucedeu. Como deputado, vive dificultando a vida do governo federal votando contra projetos que ajudariam a saúde no estado de Rondônia.

O presidente do CMF, José Hiran Gallo, se disse envergonhado com a situação, mas está adiante da entidade há mais de 20 anos e nada fez para fiscalizar e cobrar providências. O CMF chegou  a classificar o hospital como o pior do país, mas ficou só nisso.  Ele é dono de um hospital privado em Porto Velho. 

Segundo consta no Diário Oficial do Estado de  5 de junho de 2024, o atual secretário Estadual de Saúde JEFFERSON RIBEIRO DA ROCHA e três altos funcionários da SESAU/RO foram para Londres, fazer um curso de MBA, com autorização do governador Marcos Rocha, com diarias de 40 mil reais. O governador vive viajando, promovendo o agronegócio deixando a saúde de lado.

Uma promessa de campanha não cumprida, o Hospital HEURO em Porto Velho não saiu do papel, embora só da ex-deputada Mariana Carvalho, do mesmo partido do governador, foram destinadas 100 milhões de reais em emendas.

Veja na íntegra:

Fonte: A Democracia

É “surpreendente” que suposto atirador tenha disparado sem que as autoridades soubessem de sua posição, diz FBI

Em uma entrevista coletiva, Kevin Rojek, agente especial do FBI responsável pelo escritório de Pittsburgh, disse que é “surpreendente” que o atirador tenha conseguido disparar vários tiros durante o comício do ex-presidente Donald Trump em Butler, na Pensilvânia. As informações são da CNN Brasil.

Um repórter perguntou: “Parece que a polícia só sabia (que o atirador estava no telhado) quando os tiros foram disparados. É isso que você está ouvindo?”

Rojek respondeu: “Essa é a avaliação no momento.”

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "-20 anos de idade -Fanático por armas -Direitista -Registrado no Partido Republicano (mesmo partido do Trump) Esse é o Thomas Matthew, atirador responsável pelo atentado contra comício do Donald Trump. o FBI identificou o atirador envolvido na cerca tentativa de assassinato contra presidente Donald Trump. Thomas Matthi Crooks tinha anos. era de Bethel Park Pensilvánia, 64 km do local da comico estava registrado no Partido Republicano. mesmo de Trump Ele foi morto pelo Serviço Secreto logo após 0"

O Federal Bureau of Investigation (FBI) identificou Thomas Matthew Crooks, um homem da Pensilvânia de 20 anos, como o “sujeito envolvido” na suposta tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, conforme divulgado em um comunicado no domingo. Crooks, que era de Bethel Park, Pensilvânia, estava registrado como republicano, de acordo com os registros eleitorais do estado.

O incidente ocorreu a 44 milhas ao sul de Butler, onde o tiroteio aconteceu. Na sequência dos eventos, a Administração Federal de Aviação anunciou no domingo que o espaço aéreo sobre Bethel Park foi fechado “com efeito imediato” por razões de segurança especial.

Um apoiador de Donald Trump que participou do comício na Pensilvânia relatou à rede BBC News que o suposto atirador  foi visto muito antes dos tiros.

No entanto, algo estranho ocorreu, de acordo com o seu relato. Ele alega que a posição do homem com o rifle foi indicada a policiais e agentes do serviço secreto no local, que nada fizeram para contornar a situação.

Brasil 247

Aos números: de R$ 523 bi em isenções fiscais em 2024, R$ 271 bi não trarão retorno econômico ou social

Unafisco revela que, de cada R$ 3 em isenções, só R$ 1 traz benefícios ao país. “As mesmas pessoas que falam que é preciso parar de gastar são as que têm desoneração”, disse Lula

“Não vamos fazer ajuste em cima dos pobres”, assegurou o presidente

As renúncias fiscais, constantemente justificadas como um motor para o crescimento econômico, têm se mostrado ineficazes na prática. O estudo Privilegiômetro Tributário, da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), revela que, de cada R$ 3 em impostos que o governo deixa de arrecadar, apenas R$ 1 traz benefícios reais para a economia.

Só na esfera federal, essas isenções atingirão, em 2024, a soma de R$ 523,7 bilhões. Desse total, 51,88% não têm contrapartida alguma. Ou seja, R$ 271,7 bilhões são entregues sem gerar benefícios econômicos ou sociais. A desoneração de R$ 160,1 bilhões sobre lucros e dividendos também não traz retornos.

Há ainda R$ 265,8 bilhões em renúncias que o governo nem sequer reconhece oficialmente. Entre esses, destacam-se a não arrecadação dos impostos sobre grandes fortunas, que poderia gerar R$ 76,4 bilhões anuais, e as concessões em programas de parcelamento de dívidas, R$ 29,3 bilhões.

 

Mais isenções = menos investimentos

Entre 2012 e 2023, as isenções fiscais federais aumentaram 212,44%, enquanto os investimentos do governo em áreas essenciais, como a gestão de risco e desastres, caíram. A discrepância é especialmente preocupante em tempos de crise climática, e evidencia a necessidade de uma reavaliação dessas políticas.

Defendidas pela mídia e pelo mercado, as renúncias também ajudam a perpetuar a desigualdade social. Os mesmos recursos poderiam ser investidos em outros setores, trazendo benefícios para todo o país.

Lula tem razão

O estudo da Unafisco reforça a posição de Lula, que condena a pressão do mercado por ajustes focados nos mais pobres, enquanto alguns setores mantêm seus privilégios. “As mesmas pessoas que falam que é preciso parar de gastar são as que têm desoneração de folha de pagamento, isenção fiscal. São os ricos que se apoderam de uma parte do orçamento do país e eles se queixam daquilo que você está gastando com o povo pobre. Por isso que eu disse que não me venham querer que se faça qualquer ajuste em cima das pessoas mais humildes desse país”, afirmou recentemente o presidente em entrevista à rádio CBN.

Para construir um Brasil mais justo e com crescimento sustentável, é importante ter um olhar atento para cada uma dessas isenções fiscais. É preciso lembrar que o dinheiro público deve ser utilizado para beneficiar toda a população e não apenas uma minoria.

Gravado por ex-diretor da Abin, Bolsonaro está no centro do escândalo da arapongagem

PF descobriu gravação de reunião de Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem para livrar o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, das investigações sobre ‘rachadinhas’

Quanto mais avançam as investigações da Polícia Federal (PF) contra Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno, vai restando claro que o ex-presidente aparelhou o Estado brasileiro para atender a interesses pessoais, sequer considerando administrar o país durante o mandato que lhe foi entregue pela população. A PF começou a revelar, nesta quinta-feira (11), as primeiras evidências de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) agiu para proteger os filhos do ex-presidente de investigações na Justiça.

Em áudio obtido pela PF, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem – hoje deputado federal pelo PL e candidato à prefeitura do Rio de Janeiro – conversa com Bolsonaro e com o General Augusto Heleno sobre o caso das “rachadinhas” do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que acaba de quitar uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília.

A PF acredita que a agência também foi instrumentalizada para blindar Jair Renan Bolsonaro, o filho “04” do ex-presidente, dos processos a que responde. Já Carlos Bolsonaro, aponta a polícia, teve suporte da agência depois que foi aventada a possibilidade de ele ser convocado a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, instaurada para investigar as condutas de seu pai durante a pandemia.

Indiciado na semana passada em meio ao escândalo das joias afanadas do acervo presidencial, o capitão da extrema-direita se complica ainda mais na Justiça. De acordo com a PF, a Abin monitorou clandestinamente os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux, todos do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes, inclusive, é relator de diversos processos que envolvem o ex-presidente e seus aliados.

No Congresso Nacional, a “Abin paralela” de Bolsonaro mirou o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Alessandro Vieira (MDB-SE). A lista inclui ainda a ex-deputada Joice Hasselmann, o ex-prefeito de São Paulo João Doria e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.

O tratamento repulsivo dispensado à imprensa durante o mandato era apenas um dos sintomas do autoritarismo de Bolsonaro. A PF afirma que o ex-presidente utilizava a máquina pública para monitorar e controlar diversos profissionais, a exemplo das colunistas dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, Mônica Bergamo e Vera Magalhães, respectivamente.

Eram considerados inimigos do governo do capitão também os jornalistas Pedro Cesar Batista, do Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima, e Luiza Alves Bandeira, do Digital Forensic Research Lab (DFRLab).

Interesses espúrios

Ainda na quinta-feira, a PF deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha e prendeu agentes diretamente subordinados a Ramagem, entre eles, um policial federal e um sargento do Exército, ambos cedidos à agência, além de influenciadores digitais ligados ao “gabinete do ódio”, chefiado por Carlos Bolsonaro.

A pedido do STF, mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão foram cumpridos contra Mateus de Carvalho Spósito, Richards Pozzer, Marcelo Bormevet, Giancarlo Gomes Rodrigues e Rogério Beraldo de Almeida. Foram alvos apenas de busca e apreensão José Matheus Gomes e Daniel Ribeiro Lemos.

Na decisão que autorizou a operação da PF, Moraes disse que eles “participaram de uma estrutura espúria, infiltrada na Abin, voltada para a obtenção de toda ordem de vantagens para o núcleo político, produzindo desinformação para atacar adversários e instituições, que, por sua vez, era difundida por intermédio de vetores de propagação materializados em perfis e grupos controlados por servidores em exercício na Abin”.

8 de janeiro de 2023

Sobre as manifestações golpistas de 8 de janeiro de 2023, a PF conseguiu acesso a uma troca de mensagens, de 2022, entre dois dos alvos da operação deflagrada nesta quinta. Na conversa, eles abordam a “minuta do decreto de intervenção” e o “rompimento democrático”.

Bormevet questiona Giancarlo Rodrigues se Bolsonaro já havia assinado o documento. “O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?”, pergunta. “Assinou nada. Tá foda essa espera”, reponde Rodrigues.

Gestapo de Bolsonaro

Por meio do “X”, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), repudiou o autoritarismo de Bolsonaro. “Das rachadinhas ao golpe, da espionagem às fake news, o inelegível transformou a agência numa Gestapo particular, a serviço de seus interesses políticos e pessoais, incluindo a blindagem dos crimes da família”, elencou.

“Durante quatro anos, o Brasil esteve nas mãos dessa gente, pessoas tão bandidas que grampeavam uns aos outros. E tudo indica que fizeram coisas ainda piores contra o país, a Justiça e a democracia. É para encobrir seus crimes e enterrar as investigações que eles querem voltar. Que ninguém se iluda: não existe bolsonarista ‘civilizado’. São todos cúmplices do chefe inelegível”, completa Gleisi.

O senador Humberto Costa (PT-PE) divulgou um vídeo cobrando punição para todos os envolvidos. “A vitória de Lula interrompeu o golpe em curso. Mas a investigação sobre a Abin Paralela escancara como Bolsonaro e sua turma estavam corroendo o Estado durante o tempo que estiveram no poder. Essa quadrilha precisa ser punida. Sem anistia para quem ataca a democracia”, disse.

 

Da Redação, com informações de CartaCapital, Folha de S. Paulo, CNN Brasil, Uol, Metrópoles

“O PT, certamente, sairá maior nessa eleição do que entrou”, diz diretor do Instituto Ver

Cientista político Malco Camargos prevê polarização reduzida nas eleições municipais de outubro. “Ela vai estar localizada, principalmente, nas maiores cidades”, antecipa

O cientista político Malco Camargos, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver Pesquisa e Estratégia, concedeu entrevista, nesta quinta-feira (11), à TvPT. Ele esmiuçou o atual cenário político nacional e falou das expectativas em relação às eleições municipais desse ano, previstas para outubro. Na avaliação do professor, o pleito deve ampliar a representatividade do Partido dos Trabalhadores (PT). “O PT, certamente, sairá maior nessa eleição do que entrou”, aposta.

“O governo federal, seja quem for o presidente, tem um papel importante, porque as pessoas vivem as políticas públicas nos municípios, mas os recursos são concentrados na União. […] Então, o fato do Brasil hoje ser governado por alguém que é de esquerda acaba dando uma narrativa para candidatos de esquerda que é: ‘eu tenho mais acesso ou mais capacidade de fazer as nossas demandas chegarem ao governo federal’. Isso significa acesso a recursos para implementação de políticas públicas. Isso pode, sim, fazer a diferença”, analisa.

Leia mais: PT já homologou 198 pré-candidaturas em cidades com mais de 100 mil eleitores

Camargos argumenta que o período da pandemia serviu para que os brasileiros compreendessem a necessidade de voltarem a escolher políticos experientes, dada a negligência, sob todos os aspectos, com que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) geriu a crise sanitária no país, ultrapassando a infeliz marca de 700 mil mortos. Para o diretor do Instituto Ver, os eleitores não estão mais interessados em alguém “novo”.

“Até as jornadas de junho de 2013, o eleitor buscava políticos que tivessem, de fato, uma história de entrega de políticas públicas […], valorizavam a experiência, valorizavam o resultado da vida política. De junho de 2013 para frente, foi a desqualificação dos políticos, como se todos fossem contra o povo. O resultado foi a busca da novidade. E a busca da novidade foi o que pautou o pleito de 2016, de 2018, de 2020. Aí veio a pandemia”, explica.

Polarização

De acordo com o cientista político, a variável da polarização permanece presente nas pesquisas eleitorais e não está orientada pelas divergências a respeito de políticas públicas ou mesmo da pauta de costumes. “A polarização se dá se você é a favor do Lula ou se você é a favor do Bolsonaro”, pontua Camargos, antes de assegurar não haver muitas diferenças entre os eleitores dos dois.

“A polarização não é um diabo tão feio quanto parece. E por que temos que tratar como um diabo? Porque ela tira da pauta, da discussão, o que, de fato, importa. […] Ela vai estar presente? Vai. Na mesma intensidade de 2022? Não, menor, e vai estar mais localizada. Ela vai estar localizada, principalmente, nas maiores cidades”, antecipa.

Questionado sobre a receptividade do eleitorado a candidaturas de mulheres, negros, indígenas e LGBTs, Camargos respondeu que o cenário é favorável. “Cada vez mais. Não só pelos avanços da legislação, mas também pelo avanço do próprio eleitorado, reconhecendo que a política não pode continuar no lugar que estava, de homens, brancos, com curso superior […] não é essa a diversidade da sociedade brasileira.”

Pesquisas confeccionadas pelo Instituto Ver revelaram que, em 2024, os eleitores brasileiros estão mais preocupados com saúde, infraestrutura, mobilidade urbana e segurança pública.

Big techs

Enquanto as big techs não forem reguladas e responsabilizadas, afirma o diretor do Instituto Ver, o sectarismo continuará avançando no Brasil e no mundo. Camargos ressaltou que a extrema-direita opera de maneira semelhante em todas as partes: irrompe em meio a crises econômicas próprias do capitalismo, sempre mirando um inimigo em comum, como, por exemplo, os imigrantes.

“E o terceiro elemento também é chave para entender isso, a rede social, no qual os algoritmos colocam perto de si pessoas que têm opinião mais ou menos iguais. Mesmo que elas sejam muito distantes da média da sociedade, para aquele grupo, acha uma aderência forte, uma concordância em relação a tudo aquilo que ele posta e que ele lê na rede social. […] O resultado é esse: o grupo vai crescendo, vai se multiplicando e vai ocupando espaço significativo na sociedade”, descreve.

“Ainda em minoria, mas […] a continuar sem controle e sem punição das big techs, das grandes empresas de tecnologia, o resultado será a expansão, cada vez mais, da extrema-direita”, prossegue.

Economia

Camargos também elogiou os esforços do governo Lula para manter o equilíbrio fiscal sem abrir mão das políticas sociais, com foco naquilo que é crucial para o país a despeito de divergências ideológicas, algo que Bolsonaro foi incapaz de fazer. Por isso, entende o professor, o capitão não saiu reeleito, mesmo dispondo da máquina pública em seu favor.

“A economia continua sendo importante. E aí está a grande aposta do governo Lula: a diminuição da taxa de desemprego, a promoção do crescimento do país e a briga com a taxa de juros. É exatamente para tentar entregar […] bem-estar econômico para as pessoas”, conclui.

Da Redação

Promessa de Lula, churrasco segue mais barato em 2024

Nos seis primeiros meses do ano, preço das carnes subiu apenas em janeiro e acumulou queda de 2,98% no período; em 12 meses, recuo é ainda maior, de 6,5%

Como prometido pelo presidente Lula desde a campanha eleitoral, o churrasco passou a pesar menos no bolso dos brasileiros, um movimento que persistiu no primeiro semestre deste ano. É o que confirmam os resultados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE na quarta-feira (10): nos seis primeiros meses do ano, o preço das carnes subiu apenas em janeiro (0,08%) e acumulou queda de 2,98% no período. Nos últimos 12 meses, o recuo é ainda maior, de 6,5%.

O assunto é destaque em matéria publicada pelo Uol, que mostra que a redução dos preços foi verificada em todos os 16 cortes pesquisados.

Entre os tipos de carnes analisados mensalmente, as maiores baixas do primeiro semestre foram apuradas nos preços do fígado (-8,2%) e do lagarto redondo (-5,2%). Já a costela apresenta queda de 11,9% e fica atrás apenas do fígado (-21,7%).

As carnes estão mais baratas em todas as capitais que compõem o índice. Entre janeiro e junho, os destaques ficam por conta do Rio de Janeiro (-5,1%), de Salvador (-4,55%) e Belém (-4,28%). Por outro lado, as menores quedas foram verificadas em Recife (-0,78%), Distrito Federal (-1,02%) e Fortaleza (-1%).

Em 2023, queda foi de 9,4%

E não é só apenas em 2024 que o ambiente é favorável para os amantes do churrasco. Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, o preço das carnes caiu 9,4%, também com todos os cortes mais baratos em relação ao fim de 2022.

Mais oferta, menor preço

O IBGE destaca também o reflexo da maior oferta na redução dos preços. “O que explica a redução nos preços das carnes em 2023 e no primeiro semestre é um aumento significativo da oferta no mercado doméstico”, afirma ao Uol André Almeida, gerente do IPCA.

Matheus Dias, economista do FGV Ibre, reforça essa análise. “O aumento da oferta é a principal consequência da redução de preço das carnes. Se tem mais bovinos disponíveis para corte e para o consumo de carne, isso faz com que o preço caia”, diz.

No rumo certo

Os dados demonstrados pelo IBGE confirmam o acerto das políticas do governo Lula de estímulo à produção, como a ampliação do acesso ao crédito para os produtores.

Ao mesmo tempo, a redução do preço das carnes é acompanhada por iniciativas que estimulam o consumo, por meio da geração de empregos, do fortalecimento dos salários, da transferência de renda, entre outras.

Da Redação, com informações do Uol

Ipec: aprovação do governo Lula atinge 68%

Crescimento da renda das famílias e do PIB, queda do desemprego e da inflação explicam o resultado; em março, índice era de 66%

Crescimento da renda das famílias e do PIB, queda do desemprego e da inflação, além de muitos outros indicadores positivos que voltaram à rotina dos brasileiros desde o início de 2023, explicam o aumento dos índices de aprovação do governo Lula. Pesquisa Ipec divulgada nesta quinta-feira (11) mostra que a avaliação de ótimo/bom entre a população saltou de 33% em março para 37% em julho, enquanto os que consideram regular caíram de 33% para 31%, resultando em uma aprovação de 68% – em março, era 66%.

A melhora da avaliação do governo foi registrada em todos os recortes pesquisados pelo Ipec  – renda, escolaridade, religião, raça, gênero etc.

Já a avaliação do governo como ruim/péssimo, de março a julho, oscilou de 32% para 31%.

O levantamento Ipec, contratado pela TV Globo, teve duas mil entrevistas feitas em 129 municípios brasileiros entre os dias 4 e 8 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os resultados do Ipec vão ao encontro do levantamento divulgado na quarta-feira (10) pelo instituto Quaest, que registrou o maior patamar de aprovação do governo neste ano: 54%, um aumento de quatro pontos percentuais na comparação com a rodada anterior.

“O povo está com Lula!”, postou o deputado federal Carlos Zaratinni (PT-SP), na rede social X, comemorando os dados do Ipec. “Mais uma pesquisa demonstra o crescimento da aprovação do governo Lula com o povo brasileiros, 68% consideram o governo ótimo/bom/regular, segundo dados do Ipec”, comemorou.

 

Reconhecimento da população de baixa renda

A luta obstinada do presidente pela redução das desigualdades, distribuição de renda e melhora da vida dos brasileiros rumo a uma sociedade de classe média dá o tom do governo, que encontra os melhores índices de aprovação exatamente entre aqueles com renda familiar mensal de até um salário mínimo.

Nesse recorte, a alta das avaliações ótimo/bom foi de 9 pontos percentuais, de 39% em março para 48% em julho. Os que responderam regular somam 29%, totalizando 77% de aprovação pela camada mais baixa da população. Até dois salários mínimos, o total de ótimo/bom e regular soma 72%; de dois a cinco mínimos, 67%; e 63% acima de cinco salários.

“O homem só cresce e quem mostra isso agora é a pesquisa IPEC. A aprovação do governo Lula aumentou e o índice de “ótimo” e “bom” subiu de 33% para 37%. O povo tem sentido a vida melhorar”, publicou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) em suas redes.

 

 Nordeste e idosos têm altos índices de aprovação 

Moradores da região Nordeste registraram o aumento mais expressivo da aprovação do governo, com 23% de ótimo, 30%de bom e 38% de regular, totalizando 91% de aprovação.

Entre as mulheres, 15% classificam o governo como ótimo, 23% bom e 30% regular. Entre os homens, 13% de ótimo, 22% bom e 33% regular. Ambos têm aprovação de 68%.

Entre os que tem ensino fundamental, 76% aprovam (21% ótimo, 27% bom e 28% regular). Quem tem ensino médio somou 64% (11% ótimo, 20% bom e 33% regular) e quem tem ensino superior 61% (9% ótimo, 20% bom e 32% regular).

Em todas as faixas etárias a aprovação também é superior a 60%, com destaque para os acima de 60 anos, com 72% classificando o governo como ótimo 21%, bom 27% e regular 24%. O total de pessoas que se declararam brancas e aprovam o governo Lula é de 60% e pretos e pardos, 71%.

Entre os que aprovam o governo, os maiores percentuais foram identificados entre quem declara ter votado no presidente na eleição de 2022 (83%); aqueles que vivem na região Nordeste (67%); quem possui renda familiar mensal de até um salário mínimo (61%); com menor nível de escolaridade (59%); e os católicos (57%).

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Lula em alta

Da mesma forma que ocorreu com a avaliação do governo, o desempenho pessoal do presidente, conforme o Ipec, também melhorou em aprovação, oscilando de 49% em março para 50% em julho. A desaprovação caiu de 45% para 44%.   

Entre os que aprovam Lula, os maiores percentuais foram identificados entre quem declara ter votado no presidente na eleição de 2022 (66%); aqueles que vivem na região Nordeste (53%); pessoas com 60 anos ou mais (48%), eleitores com menor nível de escolaridade (48%), quem possui renda familiar de até um salário mínimo (48%) e católicos (44%). A avaliação ruim ou péssima, obviamente, ficou entre os que votaram em Bolsonaro na eleição de 2022 (61%) e evangélicos (39%).

Já o índice de confiança em Lula oscilou de 45% para 46%. O percentual dos que dizem não confiar ficou em 51%.

 

Agentes da ‘Abin paralela’ de Bolsonaro discutiram “tiro na cabeça” de Alexandre de Moraes

A quarta fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta quinta-feira (11) pela Polícia Federal (PF) com o objetivo de apurar um esquema de monitoramento ilegal de opositores e críticos do governo Jair Bolsonaro (PL) por meio de uma ‘Abin paralela’, revelou que os envolvidos sugeriram ações violentas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, incluindo um plano para assassiná-lo com um “tiro na cabeça”.

De acordo com o jornal O Globo, um trecho do relatório da PF aponta que em mensagens trocadas em agosto de 2021 – descobertas durante a investigação de um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – um dos investigados reclama da situação e sugere que o ministro “merecia algo a mais”. Em resposta, outro investigado menciona o calibre de munição “7.62”. A resposta foi direta: “head shot” (termo em inglês que significa “tiro na cabeça”).

Além das ameaças de violência, os investigados também discutiram outras alternativas para lidar com o ministro do STF, incluindo a abertura de um processo de impeachment. As quebras de sigilo nos celulares dos envolvidos mostraram ainda a produção de um dossiê contra Alexandre de Moraes.

A PF informou que os investigados no caso da ‘Abin paralela’ poderão responder por crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático.

Diversas pessoas foram espionadas pelo equema ilegal montado na Abin. No Poder Judiciário, os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux foram alvo das investigações. No Poder Legislativo, foram monitorados o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia e Joice Hasselmann, além dos senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.

No Poder Executivo, as investigações apontaram para o monitoramento do ex-governador de São Paulo, João Doria, e servidores do Ibama, Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges. Também foram monitorados os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.

Os jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista também estiveram sob vigilância, conforme as investigações da Polícia Federal.

Brasil 247

SUPERTRAMP Experience anuncia novos shows pela América do Sul

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Melhor banda de tributo ao SuperTramp e única reconhecida por Roger Hodgson confirma mais cinco apresentações: Goiânia (31/08), Florianópolis (17/08), Buenos Aires (13/09) e Santiago (14 e 15/09)

Após divulgar 9 (nove) shows em principais cidades do Brasil, o SUPERTRAMP Experience anuncia mais dois em terras tupiniquins, sendo uma nova sessão em Florianópolis, às 18h, no dia 17 de agosto de 2024 (sexta-feira) e um espetáculo em Goiânia no dia 31 de agosto de 2024 (sábado).

A banda também se apresentará em Buenos Aires, no dia 13 de setembro de 2024 (sexta)  e segue para o Chile, encerrando a turnê em Santiago nos dias 14 e 15 de setembro de 2024 (sábado e domingo).

Celebrando os 55 anos desde a criação da lendária SuperTramp, os 50 anos do lançamento do icônico álbum “Crime of the Century” e 45 anos de “Breakfast in America”, um dos cinco discos mais vendidos do mundo, essa turnê promete ser uma experiência inesquecível para os fãs brasileiros.

SUPERTRAMP Experience é a  única banda reconhecida pelo co-fundador Roger Hodgson, também considerada o melhor tributo ao SuperTramp do mundo. É formada por Antoine Oheix (vocal e teclados), Alice Vallee (guitarra, teclados e backing vocal), David Martin (saxofone, teclado, coros), Lucas Fleurance (baixo, coros), Stéphane Glory (bateria), cinco apaixonados músicos pelo SuperTramp, que se apresentam nos palcos da Europa para emocionar o público ao som dos lendários sucessos de uma das maiores  e mais amadas bandas de todos os tempos.

Conhecida por capturar a essência e o espírito único do SuperTramp, o SUPERTRAMP Experience  promete uma série de apresentações memoráveis que evocarão os sucessos atemporais que cativaram gerações, transmitindo o som, a energia e a emoção o mais fielmente possível da lendária banda inglesa.

Desde clássicos como “The Logical Song” e “Dreamer” até os inesquecíveis “School” e “Goodbye Stranger”, o repertório conta com quase 2 horas com os grandes sucessos do SuperTramp.

Não faltarão sucessos como: “Fool’s Overture”, “Crazy”, “Hide In Your Shell”, entre outros clássicos lendários que definiram uma era da música.

Abrindo a sequência de shows, no dia 16/08/2024 (sexta), a banda se apresenta em Criciúma (Teatro Elias Angeloni). No dia seguinte, 17/08/2024 (sábado), é a vez de Florianópolis (Teatro CIC) curtir seus maiores sucessos, com 2 (duas) sessões, uma às 18 e outra às 21hDia 22/08/2024 (quinta), o show será em Porto Alegre (Araújo Vianna) e 23/08/2024 (sexta) em Belo Horizonte (Sesc Palladium). Dia 24/08/2024 (sábado), o quinteto segue para Brasília (Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Dia 25/08/2024 (domingo), um grande show é preparado para a maior cidade da América Latina, São Paulo (Tokio Marine Hall). O grupo passará por Vitória (Espaço Patrick Ribeiro)  no dia 30 de agosto de 2024 (sexta-feira), Goiânia (Teatro Madre Esperança Garrido) no dia 31 de agosto de 2024 (sábado) Curitiba (Teatro Up Experience) em 06 de setembro de 2024 (sexta-feira). O último show no Brasil será dia 07/09/2024  (sábado), no Rio de Janeiro (Qualistage).

Após, a banda segue para Argentina e se apresenta em Buenos Aires (Sala Sin Piso Geba)  no dia 13 de setembro de 2024 (sexta), e depois finaliza a tour no Chile, em Santiago, no sábado e domingo, dias 14 (Teatro Caupólican) e 15 de setembro de 2024 (Casa Piedra).

Datas da Turnê:

  • 16/08/2024 (sexta): Criciúma (Teatro Elias Angeloni)
  • 17/08/2024 (sábado): Florianópolis (Teatro CIC)
  • 22/08/2024 (quinta): Porto Alegre (Araújo Vianna)
  • 23/08/2024 (sexta): Belo Horizonte (Sesc Palladium)
  • 24/08/2024 (sábado): Brasília (Centro de Convenções Ulysses Guimarães)
  • 25/08/2024 (domingo): São Paulo (Tokio Marine Hall)
  • 30/08/2024 (sexta): Vitória (Espaço Patrick Ribeiro)
  • 31/08/2024 (sábado): Goiânia (Teatro Madre Esperança Garrido)
  • 06/09/2024 (sexta): Curitiba (Teatro Up Experience)
  • 07/09/2024 (sábado): Rio de Janeiro (Qualistage)
  • 13/09/2024 (sexta): Buenos Aires, Argentina (Sala Sin Piso Geba)
  • 14/09/2024 e 15/09/2024 (sábado e domingo): Santiago, Chile ( Teatro Caupólican e Casa Piedra)

 

SOBRE O  SUPERTRAMP EXPERIENCE

O grupo chega com cinco mega stars:

Antoine Oheix (teclado, vocal), fã do SuperTramp desde a adolescência, fundou o grupo em 2011. A sua voz com amplitude alargada permite-lhe estar avantajado tanto nos registos de Roger Hodgson como de Rick Davies. Ele é a referência nos arranjos e na sonoridade do grupo.

Alice Vallee (guitarra, teclados, backing vocals) é um grande músico que toca notavelmente em vários estilos, mas tem no SuperTramp sua maior paixão

David Martin (saxofone, teclados, coros) é um verdadeiro instrumentista, seu perfeito domínio do saxofone e sua longa experiência fazem dele o John Helliwell do grupo.

Lucas  Fleurance (baixo, backing vocals) é baixista, baterista e compositor. Grande admirador de Paul McCartney e SuperTramp. Ingressou naturalmente no grupo em 2013.

Stéphane Glory (bateria) já trabalhou com vários artistas franceses e estrangeiros e é considerado um dos maiores bateristas da França.

SUPERTRAMP Experience é simplesmente o melhor tributo ao SuperTramp do mundo.

 

SERVIÇOS: TOUR SUPERTRAMP EXPERIENCE – 2024 (América do Sul)

BRASIL:

 

CRICIÚMA – SuperTramp Experience no Teatro Elias Angeloni

Data: 16 de agosto de 2024 (sexta)

Abertura do local: 20h

Horário do show: 21h

Local: Teatro de Criciúma –  Av. Santos Dumont, 1498-1608 – São Luís, Criciúma – SC

Classificação etária: livre

Ingressos:  R$ 103,50 (Meia Entrada) | R$ 115,00 ( Solidário) | R$ 207,00 (Inteira)

Compra de ingressos:  SUPER TRAMP EXPERIENCE NO TEATRO ELIAS ANGELONI – Minha Entrada

 

 

FLORIANÓPOLIS – SuperTramp Experience no Teatro Ademir Rosa – CIC

Data: 17 de agosto de 2024 (sábado)

Abertura: 20h

Horário do show: 21h

Local: Teatro Ademir Rosa – CIC – Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5600 – Agronômica – Florianópolis/SC

Classificação etária:  livre

Ingressos: Plateia Baixa:  R$ 200,00 (inteira) e R$ 100,00 (meia)  | Plateia Alta:  R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (meia)

Compras de ingressos:  https://www.blueticket.com.br/evento/34928

 

PORTO ALEGRE – SuperTramp Experience no Auditório Araújo Vianna   

Data: 22 de agosto de 2024  (quinta-feira)

Abertura do local: 19h

Horário do show: 21h

Local:  Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)

Classificação etária: 16 anos

Ingressos: Plateia Alta Lateral (1º Lote): R$ 190,00 (inteira),  R$ 95,00 (meia) e R$ 100,00 (solidária) | Plateia Alta Central (1º Lote) : R$ 230,00 (inteira), R$ 115,00 (meia) e R$ 120,00 (solidária) | Plateia Baixa Lateral (1º Lote): R$ 270,00 (inteira), R$ 135,00 (meia) e R$ 140,00 (solidária) | Plateia Baixa Central (1º Lote): R$ 330,00 (inteira), R$ 165,00 (meia) e R$ 170,00 (solidária) | Plateia Gold (1º Lote): R$ 390,00 (inteira), R$ 195,00 (meia) e  R$ 200,00 (solidária)

Compras de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/90470?_gl=1*1n050fd*_ga*NjI1ODUxOTk5LjE3MTMxOTE5NjM.*_ga_KXH10SQTZF*MTcxNDc2NzE2My4zLjEuMTcxNDc2NzE4MS40Mi4wLjIwMzAwODc5NDE ou na  Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – somente em dinheiro):

Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2611 – Loja 249 – Jardim Lindóia – Porto Alegre), Horário funcionamento: das 10h às 22h. Bilheteria Araújo Vianna (sem taxa de conveniência – à vista em dinheiro ou cartão): Aberta somente no dia do evento 2 horas antes do início dos shows

 

BELO HORIZONTE – SuperTramp Experience no  Grande Teatro do Sesc Palladium

Datas: 23 de agosto de 2024 (sexta)

Abertura do local: 20h30

Horário do show: 21h30

Local: Grande Teatro do Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro, Belo Horizonte/MG

Classificação etária: 10 anos

Ingressos: Plateia I: R$ 280,00 (inteira) e R$ 140,00 (meia) | Plateia II: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Plateia III: R$ 220,00  e R$ 110,00 (meia)

Compra de ingressos:  https://bileto.sympla.com.br/event/92284/d/246224?_gl=1*1uuk3pd*_ga*MTM2ODMyMTU3MS4xNzEwNTE3MTg3*_ga_KXH10SQTZF*MTcxMDc4NDkwNi40LjEuMTcxMDc4NzU3Ny40OC4wLjgyMjg0MzY0NQ .

 

BRASILIA – SuperTramp Experience no Centro de Convenções Ulysses Guimarães 

Datas: 24 de agosto de 2024 (sábado)

Início do show: 19h

Local:  Centro de Convenções Ulysses Guimarães (SDC – Ulysses Guimarães, Brasília – DF, 70655-775, Brasil)

Ingressos: Lounge Primeira Fileira: R$ 250,00 (meia) |  Poltrona Front Premium: R$ 300,00 (inteira),  R$ 160,00 (solidária)   e  R$  150,00 (meia)  | Poltrona Premium: R$ 240,00 (inteira), R$ 130,00 (solidária)   e R$ 120,00 (meia)  | Poltrona Especial: R$ 180,00 (inteira), R$ 100,00 (solidária)  e R$ 90,00 (meia) | Camarote All Inclusive: R$ 400,00

Compras de ingressos: Ingressos Super Tramp Experience ou nos pontos físicos:   BARBEARIA ELVIS – (Venda somente em cartão)* JK Shopping – 3º Piso, Taguatinga Norte JK Shopping LOJA 315 – Taguatinga Shopping 3º PISO LOJA 3044 – Taguatinga. KONI – (Venda somente em cartão) 209 SUL – Comércio Local Sul 209 BL B – Asa Sul (Horário de funcionamento: 11:30 às 22:30) SUDOESTE – St. Sudoeste Superquadra Sudoeste 101 Bloco B LOJA 170 – Sudoeste (Horário de funcionamento: 11:30 às 22:30)

*Sujeito a taxa de serviço, e taxa no parcelamento em 1x 2x e 3x vezes no cartão de crédito.

SÃO PAULO –  SuperTramp Experience no Tokio Marine Hall

Datas: 25 de agosto de 2024 (domingo)

Abertura do local: 18h

Início do show: 20h

Local: Tokio Marine Hall (R. Bragança Paulista, 1281 – Vila Cruzeiro São Paulo – SP, 04727-002)

Classificação etária: 16 anos.

Ingressos: Camarote: R$300,00  I Frisas: R$240,00 I Cadeira Alta: R$140,00 I  Setor VIP: R$300,00 I Setor 01: R$240,00 I Setor 02: R$180,00|  Setor 03: R$140,00

Compra de ingressos:   SUPERTRAMP EXPERIENCE ⋆ Tokio Marine Hall  e  supertramp experience – tokio marine hall

 

VITÓRIA –  SuperTramp Experience no Espaço Patrick Ribeiro 

Data: 30 de agosto de 2024 (sexta-feira)

Abertura do local: 20h

Início do show: 22h

Local: Espaço Patrick Ribeiro – Novo Aeroporto de Vitória (Av. Roza Helena Schorling Albuquerque, S/N – Goiabeiras, Vitória – ES, 29109-350) 

Classificação etária: 18 anos.

Ingressos: Cadeira Ouro: R$180,00 (inteira), R$ 90,00 (meia) e R$ 130,00 (solidário) |  Cadeira Prata: R$160,00 (inteira), R$ 80,00 (meia) e R$ 110,00 (solidário) | Mesa Ouro (4 pessoas): R$1.200,00 | Mesa Prata (4 pessoas): R$1.000,00 | Mesa Bronze (4 pessoas): R$ 800,00.

Compra de ingressos:   Super Tramp Experience – Espaço Patrick Ribeiro – Novo Aeroporto de Vitória – Ingressos – Blueticket

 

GOIÂNIA –  SuperTramp Experience no Teatro Madre Esperança Garrido

Data: 31 de agosto de 2024 (sábado)

Início do show: 21h

Local: Teatro Madre Esperança Garrido –  Av. Contorno, 241 – St. Central, Goiânia – GO, 74055-140

Classificação etária: 18 anos.

Ingressos: Plateia Ouro:  R$250,00 |  Plateia Prata: R$240,00 | Plateia Bronze: R$ 230,00.

Compra de ingressos:   https://www.bilheteriadigital.com/supertramp-experience-goiania-31-de-agosto

 

CURITIBA –  SuperTramp Experience no Teatro Up Experience

Data:06 de setembro de 2024 (sexta-feira)

Abertura do local: 20h

Início do show: 21h

Local:  Teatro Up Experience (Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Estacionamento, 8 – Campo Comprido, Curitiba)

Ingressos: Plateia Gold – R$ 300,00 | Plateia Baixa – R$ 250,00 | Plateia Alta – R$ 230,00

Compra de ingressos:  Disk Ingressos

 

RIO DE JANEIRO- SuperTramp Experience no Qualistage   

Data: 07 de setembro de 2024 (sábado)

Abertura do local: 19h30

Início do show: 21h30

Local:  Qualistage (Via Parque Shopping – Av. Ayrton Senna, 3000 – Barra da Tijuca 

Classificação etária:  18 anos.

Ingressos: Setor 1: R$ 320,00 (inteira) e R$ 160,00 (meia) | Setor 2: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Setor 3:  R$ 190,00 (inteira) e R$ 95,00 (meia)| Setor 4: R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (meia)| Setor 5: R$ 150,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia) | Camarote A: R$ 320,00 (inteira) e R$ 160,00 (meia) | Camarote B: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Camarote C: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Poltronas: R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (meia).

Compras de ingressos:   Super Tramp

 

ARGENTINA 

 

Buenos Aires:

Data: 13 de setembro de 2024 (sexta)

Local: Sala Sin Piso Geba

Endereço: Julio Argentino Noble 4100, Cdad. Autónoma de Buenos Aires, Argentina

 

CHILE

 

Santiago:

Data: 14 de setembro de 2024 (sábado)

Local: Teatro Caupólican

Endereço:  San Diego 850, 8330840 Santiago, Región Metropolitana, Chile

Data:15 de setembro de 2024 (domingo)

Local: Casa Piedra

Endereço:  Avenida Las Flores 13 000, 7610671 Las Condes, Región Metropolitana, Chile

 

Relatório da PF sobre fraude nas vacinas entra na reta final e Bolsonaro fica mais próximo da prisão

O relatório da Polícia Federal (PF) que expõe os crimes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus auxiliares na apropriação e venda ilegal de joias não é a única má notícia para o ex-capitão. Nos próximos dias, a PF deve revelar o avanço das investigações sobre a fraude nos cartões de vacina em um novo relatório, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.

O documento foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que em abril pediu novas diligências no inquérito sobre a suposta participação de Bolsonaro em um esquema de fraude nos registros de cartões de vacina contra a Covid-19.

A PGR estava interessada em saber se o ex-mandatário e sua equipe utilizaram cartões de vacina falsos nos EUA. Um pedido de confirmação sobre o uso desses certificados falsos no país foi enviado ao governo americano. Caso comprovado, Bolsonaro poderia ser indiciado também por uso de documento falso.

A PF descobriu que não havia registros formais da apresentação de cartões de vacina nos EUA. Em voos comerciais, por exemplo, as companhias aéreas verificavam a regularidade dos certificados de vacinação, permitindo o embarque dos passageiros sem manter registros.

Já em voos de autoridades, como o de Bolsonaro, que entrou nos EUA em uma aeronave da FAB no penúltimo dia de seu mandato, os passaportes e comprovantes de vacinação eram verificados a bordo.

Bolsonaro pede desculpas pelo seu jeito de falar
Jair Bolsonaro — Foto: reprodução

A investigação da PF indicou que, mesmo nessa situação, não havia registros sobre a apresentação dos documentos exigidos. Os investigadores supõem que Bolsonaro e sua equipe usaram cartões falsos, pois conseguiram entrar nos EUA.

Vale destacar que, em março, Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações.

A investigação revelou que os documentos de vacinação no aplicativo ConecteSUS foram gerados a partir de endereços de IP de computadores do Palácio do Planalto, com downloads feitos dias antes e na data da viagem de Bolsonaro a Orlando, na Flórida.

Após a apresentação deste relatório complementar da PF, a PGR decidirá se vai ou não formalizar a denúncia contra o ex-chefe do Executivo.

Fonte: DCM

Aprovação de Lula sobe para 54%, aponta pesquisa Quaest

Avaliação positiva do governo subiu para 36%, em um aumento de três pontos percentuais. Índice atual marca um retorno ao patamar observado em outubro e dezembro de 2023. Os que desaprovam o trabalho do presidente representam 43%

A aprovação do governo do presidente Lula (PT) registrou crescimento em junho, conforme aponta a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (10) pelo UOL. A porcentagem de pessoas que consideram a gestão de Lula ótima ou boa subiu para 36%, um aumento de três pontos percentuais em relação ao levantamento realizado em maio. Este crescimento está fora da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais.

A avaliação negativa do governo também apresentou melhora, caindo de 33% para 30%. O índice de avaliação regular permaneceu praticamente inalterado, oscilando de 31% para 30%. Além disso, 4% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Em relação à aprovação do estilo de governar de Lula, houve um incremento significativo de 50% para 54%, enquanto a reprovação ao trabalho do presidente diminuiu de 47% para 43%. Novamente, 4% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 8 de julho e ouviu 2 mil eleitores com 16 anos ou mais, distribuídos em 120 municípios. O índice de confiança do levantamento é de 95%.

No recorte regional, o Sudeste foi a única região onde o governo Lula viu um aumento na avaliação positiva acima da margem de erro, passando de 26% para 31%. A margem de erro nesta região é de três pontos percentuais. Já a avaliação negativa no Sudeste caiu de 39% para 34%, enquanto a regular manteve-se estável, oscilando de 32% para 30%.

No Sul do país, a avaliação positiva do governo permaneceu estável dentro da margem de erro regional, que é de seis pontos percentuais. O índice de ótimo/bom desceu de 34% para 29%, revertendo a tendência de alta observada em maio, quando Lula viu sua popularidade aumentar nove pontos percentuais devido à atuação do governo federal durante as chuvas no Rio Grande do Sul.

A avaliação negativa no Sul também apresentou uma ligeira queda, de 41% para 37%, enquanto a avaliação regular subiu de 25% para 32%. Na região, 3% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder. Nas outras regiões, as avaliações positivas e negativas do governo Lula se mantiveram estáveis. No Nordeste, a margem de erro é de quatro pontos percentuais, enquanto no Centro-Oeste/Norte é de cinco pontos percentuais.

A avaliação positiva do governo entre os homens subiu de 32% para 34%, e entre as mulheres, de 35% para 37%. Entre as mulheres, a taxa de avaliação negativa caiu de 30% para 25%, enquanto entre os homens permaneceu estável, variando de 37% para 36%.

Brasil 247

PF: joias sauditas saíram do Brasil no avião presidencial de Bolsonaro

Investigadores identificaram que pelo menos três kits de joias foram retirados por meio da aeronave do ex-mandatário

Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília

A Polícia Federal (PF) concluiu que parte das joias sauditas recebidas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro saíram do país em uma mala transportada no avião presidencial no dia 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou o país para passar uma temporada nos Estados Unidos no fim de seu mandato.

A conclusão está no relatório no qual a PF indiciou o ex-presidente e mais 11 acusados de participarem do suposto esquema. O sigilo do relatório foi retirado nesta segunda-feira (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

“A análise dos dados armazenados no telefone celular apreendido em poder de Mauro Cid, contextualizada com os dados obtidos em fontes abertas e sistema disponíveis, indica que os investigados, que compunham a equipe do ex-presidente da República utilizaram o avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, para retirar do país bens de alto valor, recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, levando-os para os Estados Unidos da América”, diz o relatório.

A PF identificou que pelo menos três kits de joias foram retirados por meio do avião do ex-presidente. O primeiro envolve duas esculturas douradas (barco e árvore) que foram presenteadas pelo Bahrein, seguido por um kit da marca Chopard, formado por uma caneta, um anel e um par de abotoaduras. O terceiro par de joias é composto por um anel, abotoaduras e um relógio da marca Rolex.

Dólares

Em um dos casos de desvios citados na investigação, a PF citou que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, recebeu dinheiro na sua própria conta para ocultar a origem do dinheiro oriundo da venda das joias.

“Em continuidade aos atos de lavagem de capitais, os recursos decorrentes da venda dos relógios Patek Philippe Calatrava e Rolex Day-Date, US$ 68.000,00 foram depositados na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, com objetivo de ocultar a localização, disposição, movimentação e propriedade dos bens auferidos ilicitamente, distanciando a quantia de sua origem”, concluiu a PF.

Brasil 247

Já pode chamá-lo de ladrão: PF aponta que Bolsonaro roubou R$ 6,8 milhões em joias

Segundo a PF, os valores obtidos com a venda desses itens eram convertidos em dinheiro posteriormente integravam o patrimônio pessoal do ex-mandatário através de intermediários

O relatório final da Polícia Federal (PF) que resultou no indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) aponta que foi formada uma associação criminosa durante o seu governo com o objetivo de desviar joias e presentes de alto valor recebidos em razão do cargo então ocupado pelo ex-mandatário. “Essa atuação ilícita teve a finalidade de desviar bens, cujo valor mercadológico somam o montante de R$ 6,8 milhões″, destaca um trecho do relatório, de acordo com a coluna do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo.

No relatório, a PF aponta que os valores obtidos com a venda desses itens eram convertidos em dinheiro em espécie e posteriormente integravam o patrimônio pessoal de Jair Bolsonaro através de intermediários. Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

A PF detalhou que os itens desviados foram periciados e que a lista de bens inclui presentes entregues por autoridades estrangeiras, cujo valor parcial soma US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66.

No entanto, a PF destacou que esse valor não inclui itens ainda pendentes de perícia, além de duas esculturas douradas (um barco e uma árvore) e um relógio Patek Philippe, que foram desviados e ainda não foram recuperados.

Brasil 247

A dissolução do Parlamento por Macron: um caminho necessário ou um erro político?

Por Rodrigo de Barros Pereira Framil (*)

Em 9 de junho de 2024, o presidente francês Emmanuel Macron tomou a decisão de dissolver o Parlamento, um movimento que, embora constitucional, tem gerado intensos debates sobre sua eficácia e suas motivações. Esse artigo de opinião visa analisar os aspectos dessa decisão, destacando suas implicações políticas e sociais.

A decisão de Macron foi uma resposta direta à derrota nas eleições para o Parlamento Europeu, onde o partido de extrema direita Rassemblement National (RN), liderado por Marine Le Pen, obteve uma vitória significativa. Este resultado foi um claro indicativo do descontentamento popular com as políticas neoliberais de Macron, que, embora destinadas a modernizar a economia, aumentaram as desigualdades sociais e desencadearam protestos como o movimento dos “Gilets Jaunes”.

Depois do primeiro turno das eleições legislativas, com o RN liderando quase todas as triangulaires (só candidatos que conseguem mais do que 12,5% vão aos segundo turno de suas circunscripções). A estratégia de Macron e Gabriel Attal foi clara: fazer com que o candidato menos votado desistisse do pleito, e transferisse seus votos para o adversário restante ao RN. A estratégia deu certo. O líder do RN, Jordan Bardella já era visto ocupando Matignon (Residência e local de administração destinado ao primeiro-ministro da França).

E o que acontecerá agora? Durante o período de “expédié de les affaires courantes” (administração dos assuntos correntes), o governo deve continuar a administrar os negócios diários, evitando decisões políticas maiores. Segundo o artigo 21 da Constituição Francesa de 1958, essa regra garante a estabilidade governamental em tempos de transição. No contexto atual, isso significa que o pedido de demissão do Primeiro-Ministro, Gabriel Attal, já não seria aceito (o que se mostrou verdade às 9h15 da manhã desta Segunda-feira, 3h15 no horário de Rondônia). Este pedido só será aceito ao fim dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024, assegurando continuidade em um período crucial.

Após os período, as principais opções são: Jean-Luc Mélenchon, líder da France Insoumise, que emergiu como um potencial Primeiro-Ministro, propondo políticas de redistribuição de renda e combate às mudanças climáticas. No entanto, Marine Tondelier, do partido Europe Écologie Les Verts (EELV), é vista como uma alternativa mais moderada e centrada. Sua abordagem pode oferecer uma governança mais inclusiva, conforme a teoria do pluralismo político de Robert Dahl, que sugere que a inclusão de diversas vozes pode levar a uma governança mais estável e eficaz.

Maurice Duverger argumenta que sistemas eleitorais majoritários tendem a promover estabilidade governamental, mas a ascensão do RN desafia essa teoria, indicando uma polarização crescente. Gaetano Mosca, por sua vez, sugere que uma pequena elite tende a concentrar o poder, exacerbando as desigualdades – uma crítica frequentemente dirigida à administração de Macron. É muito importante que Macron, seguindo esse paradigma, escolha se a coabitação será melhor constituída com Mélenchon ou com Tondelier. De qualquer maneira, ele deverá governar até 2027 com a esquerda.

A decisão de Macron de dissolver o parlamento é uma tentativa de estabilizar seu governo e recuperar a confiança do eleitorado. No entanto, o sucesso dessa estratégia depende de sua capacidade de formar coalizões eficazes e responder às demandas populares por justiça social e inclusão econômica. À medida que a França se prepara para os Jogos Olímpicos de 2024, a estabilidade política será essencial para projetar uma imagem de coesão e competência no cenário internacional.

(*) Rodrigo de Barros Pereira Framil é bacharel em Relações Internacionais pela UnB, Mestre em Relações Internacionais pelo CEBELA e professor de inglês pela Faculdade de Educação Paulistana.

 

Análise das eleições legislativas francesas de 2024 sob a perspectiva de um incauto e desatento latino-americano

Por Vinicius Miguel (*)

Introdução

As eleições legislativas de 2024 na França, que resultaram na vitória do bloco de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e na renúncia (ainda esperada) do primeiro-ministro Gabriel Attal, oferecem um rico campo de análise.

Esta análise se concentra em três elementos principais: a irrupção do Real, o papel do sintoma na política e a dialética do desejo e da fantasia.

A Irrupção do Real

Para Žižek, o conceito de Real, derivado da psicanálise lacaniana, refere-se àquilo que é impossível de simbolizar completamente dentro de um sistema de significados.

No contexto das eleições francesas, a ascensão do NFP representa a irrupção do Real no cenário político.

O resultado das eleições contraria as previsões e desafia as expectativas estabelecidas, funcionando como um evento traumático que revela as falhas e limitações do discurso hegemônico dominante.

A irrupção do NFP, ao desmontar a expectativa de uma vitória da extrema direita, expõe a insatisfação latente e as contradições internas do sistema político francês.

Este evento traumático desestabiliza a narrativa estabelecida, forçando uma reavaliação das posições e estratégias políticas.

O Real, aqui, é a emergência política de um desejo coletivo por mudança que não pode mais ser contido pelas estruturas simbólicas tradicionais.

O Sintoma Político

O sintoma é a forma latente de contradições de um sistema que se manifestam de maneira visível.

A vitória do NFP é um sintoma das tensões sociais e econômicas subjacentes que permeiam a sociedade francesa.

Essas tensões são resultado de anos de políticas neoliberais que exacerbaram a desigualdade e rupturas de redes de solidariedade estatal.

O sintoma, neste sentido, é a emergência de uma força política que, ao mesmo tempo em que busca representar os interesses das classes subalternas, revela as falhas do consenso neoliberal.

A incapacidade do centro-direita de Macron de conter a ascensão tanto da extrema direita quanto da esquerda radical indica um deslocamento na base social e política do país.

Esse deslocamento não é simplesmente uma (mu)dança de alianças eleitorais, mas a expressão de uma crise estrutural que desafia a legitimidade das instituições existentes.

A Dialética do Desejo e da Fantasia

O desejo é sempre um desejo mediado pela fantasia, que organiza e dá sentido às nossas aspirações e medos.

No (o)caso das eleições francesas, a fantasia neoliberal de um progresso contínuo através do mercado livre foi profundamente abalada.

A vitória do NFP pode ser vista como a expressão de um novo desejo coletivo por justiça social e igualdade, um desejo que não pode ser plenamente articulado dentro da estrutura simbólica existente.

Essa nova fantasia, que promete uma (trans)formação sutilmente desestabilizadora das relações sociais, desafia a narrativa hegemônica e abre espaço para a emergência de novas subjetividades políticas.

A Crise do Presente e a Crise da Representação

A repisada crise da representação, onde as formas tradicionais de mediação política não conseguem mais capturar a complexidade das demandas sociais e tampouco escoar as vozes de grupos em antítese.

A dificuldade de formar uma coalizão estável após as eleições ilustra essa crise. Crise do Presente e Crise da Representação.

A fragmentação política e a diversidade de demandas dentro do bloco de esquerda são sintomas da complexidade crescente da sociedade francesa, onde as identidades e interesses não podem mais ser facilmente subsumidos em categorias políticas tradicionais (operariado x burguesia urbana).

(In)Conclusão

As eleições legislativas de 2024 na França revelam um momento de crise e transformação.

A irrupção do NFP como força dominante no Parlamento é a manifestação de um Real que desafia a ordem simbólica estabelecida, expondo as contradições e tensões internas do sistema político.

Este evento traumático, ao funcionar como um sintoma, exige uma reavaliação das estratégias políticas e a construção de novas fantasias que possam articular as demandas emergentes.

A crise da representação, evidenciada pela dificuldade de formar coalizões estáveis, acena para a necessidade de uma transformação das formas de mediação política e de experimentação social.

Este momento histórico é uma oportunidade para repensar a política como um campo de possibilidades abertas, onde novos desejos e fantasias podem ser (des)articulados e (ir)realizados.

Alianças e danças eleitorais. Qual o ritmo da mudança?

(*) Vinicius Miguel é doutor em Ciência Política (UFRGS) e pré-candidto a prefeito de Porto Velho (RO) pelo PSB

A lição dos franceses: só a militância ressuscita as esquerdas

Por Moisés Mendes

Na combinação de fatores que levaram à vitória das esquerdas na França, um é essencial para inspirar também os brasileiros. A militância precisa ser retomada, com a intensidade dos velhos tempos, como provaram os franceses.

Mas que volte a militância de rua, de ações, de sentimentos, a militância presencial e analógica, que ainda impõe respeito ao fascismo. São das esquerdas as melhores lições de que a História avança com o ativismo dos que não se omitem.

O resumo está nessas frases de Jean-Luc Mélenchon, o líder do partido de esquerda (mas esquerda mesmo) França Insubmissa:

“Saúdo aqueles que se mobilizaram, porta a porta, para convencer e arrancar um resultado que diziam impossível. Nosso povo descartou a solução do pior. É um alívio para a maioria das pessoas em nosso país”.

A vitória da democracia francesa pode nos ajudar a entender por que, não só no Brasil, mas também na Argentina e em países ameaçados pelo fascismo, é possível conter os avanços de racistas, xenófobos, homófobos e neonazistas, desde que o ativismo saia das redes sociais para as cidades.

Jean-Luc Mélenchon. Foto: Divulgação

Leiam esse trecho de artigo de Paul Quinio, no Libération:

“Ao dizer não a um governo de extrema direita, os franceses rejeitaram a ideia de uma França xenófoba, rançosa e que olha apenas para si mesma, onde o Estado de direito teria, sem dúvida, sido gradualmente corroído. Os franceses da esquerda, do centro e da direita, que se recusaram a ver a extrema direita tomar o poder, salvaram, de certa forma, a ideia que a maioria deles tem da República”.

Faz bem saber que a reversão de expectativas, em apenas uma semana, ofereceu ao mundo um fato que no Brasil funcionou como uma bomba no meio do congresso de fascistas em Balneário Camboriú.

A família Bolsonaro se preparou para encerrar o encontro em Santa Catarina com uma mensagem para o mundo: eles seriam na América Latina, depois da esperada vitória de Marine Le Pen, parte do grupo de elite de líderes do avanço mundial da extrema direita.

Não são coisa nenhuma. A esquerda francesa esculhambou com a festa da extrema direita latino-americana. É bom saber que os participantes do congresso em Balneário retornam para suas casas, incluindo Javier Milei, com a autoestima aos frangalhos. Será uma semana terrível para Bolsonaro e seus amigos.

Os franceses destruíram, com a vitória da Nova Frente Popular, todas as previsões da grande imprensa brasileira, que dava como certa a ascensão do fascismo ao poder na França.

O que aconteceu no domingo pode inspirar também o sistema de Justiça brasileiro a ser menos cuidadoso com o golpismo no Brasil. Que sejam desengavetados ou andem em ritmo menos lento todos os inquéritos e processos envolvendo fascistas de antes e depois do 8 de janeiro.

Vamos parar com essa história de que o Judiciário deve calibrar suas decisões, por precaução e covardia, por temor ao poder do fascismo bolsonarista no contexto do avanço da extrema direita no mundo.

O avanço foi interrompido e depende agora da substituição de Joe Biden por Kamala Harris, na eleição americana, para que tenha sequência. Que a depressão que passa a consumir a extrema direita europeia contagie o fascismo trumpista.

DCM

Bolsonaro desinforma sobre Amazônia e erra datas: ‘Era cobiçada antes de 2500’

Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou, neste sábado, 6, desinformação sobre a Amazônia durante discurso na Conferência de Política Ação e Conservadora (Cpac Brasil), que reúne apoiadores da extrema direita em Balneário Camboriú, cidade de Santa Catarina. Segundo o ex-mandatário, o Tratado de Tordesilhas, acordo entre Portugal e Espanha em 1492, foi assinado já por interesse na região.

Bolsonaro também errou a data da chegada dos portugueses no Brasil. “A Amazônia era cobiçada antes de 2500, basta ver o Tratado de Tordesilhas, de 1492“, alegou, referindo-se, erroneamente, à data indicada como a chegada dos portugueses ao Brasil, por volta de 1492.

Para o historiador Cleomar Lima, a fala de Bolsonaro dá a entender que o tratado foi assinado já visando a riqueza da biodiversidade da região, mas isso não é a realidade. O interesse da assinatura do Tratado de Tordesilhas eram as rotas marítimas. “Não foi pela Amazônia, foi pelas Índias. Era para se encontrar um novo caminho marítimo para as Índias e se encontrar as especiarias. Cravo, canela, pimenta, tecidos, perfumes, porcelanas“, explicou.

Na verdade é 1492, quando a América é ‘descoberta’, é apossada pelo [Cristóvão] Colombo, e o Tratado de Tordesilhas é assinado em 1494. [O interesse] não é bem exatamente a Amazônia, é um mundo, são as conquistas marítimas. Portugal ficaria com um pedacinho do litoral do Brasil como rota para o Oriente, e com a África e a Ásia. A Espanha ficaria com cerca de 90% da América, América toda. A Amazônia está no meio, mas está também o México, o Chile, Honduras e Guatemala“, acrescentou.

Bolsonaro já referiu-se à “Amazônia cobiçada” anteriormente. Em março deste ano, ele criticou a vinda do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil sugerindo interesse pela região. Na ocasião, afirmou que esses encontros geralmente terminam em assinaturas de acordos, e citou a demarcação da Terra Indígena Yanomami.

Em 1992 depois de um encontro desses, trocou-se o ministro da Justiça, e uma portaria foi assinada, iniciando-se a demarcação da extensa área Yanomami (equivalente ao estado de Pernambuco ou o dobro da Suíça), para aproximadamente 9 mil indígenas. Uma insensatez para não dizer um crime de lesa pátria“, declarou.

Cpac Brasil acontece neste sábado, 6, e domingo, 7. O evento pretende reforçar a aliança do bolsonarismo com movimentos globais da extrema direita, e é inspirado na conferência anual realizada nos Estados Unidos desde os anos 1970. A agenda conta com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do atual presidente argentino, Javier Milei.

Desinformação

Segundo o professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Bucci, em entrevista ao Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), a desinformação trata-se de um ambiente comunicacional hostil à informação. “A desinformação é o efeito geral da disseminação de fake news e de outros recursos para enganar ou manipular pessoas ou públicos com fins inescrupulosos”, afirma.

desinformação também tem um sentido mais amplo, que abarca as diferentes formas de difusão de informações mentirosas pela internet. Em inglês, há três palavras para o fenômeno: disinformation, para informações falsas criadas com a intenção de causar dano; misinformation, para informações erradas divulgadas sem o objetivo de causar dano; e malinformation, para informações corretas, mas divulgadas de forma descontextualizada com o propósito de causar dano.

Fonte: Cenarium

Sobre comparação com Biden, Lula diz que tem “70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20”

Lula tem sido alvo de comparações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teve um desempenho considerado catastrófico em um debate eleitoral na semana passada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu críticas que vêm recebendo por parte da imprensa por conta de sua idade e a possibilidade de se candidatar à reeleição em 2026, quando completará 81 anos. Nos últimos dias, Lula tem sido alvo de comparações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teve um desempenho considerado catastrófico em um debate eleitoral na semana passada.

“Quem achar que o Lulinha está cansado pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20 eu estou falando com conhecimento de causa. Portanto, não adianta tentar atrapalhar a minha vida”, disse.

O presidente também reforçou que tem energia para viajar pelo país e provocou seus críticos. “Estou vendo vários artigos de colunistas que eu estou cansado, por causa do Biden, nos Estados Unidos. Então eu queria falar duas coisas. Primeiro, a todos que acham que eu estou cansado, eu convido a fazer uma agenda comigo durante o meu mandato. Se ele aguentar levantar 5h e ir dormir meia noite todo dia, aí ele pode dizer que eu estou cansado. Eu quero ver quem fala que eu estou cansado com a bunda sentada na cadeira escrevendo se tem coragem de levantar e ir para a rua para andar. Eu estou andando nesse país desde quinta-feira. Eu já fui a Minas Gerais, a Belo Horizonte, a Contagem, Juiz de Fora, ao Rio de Janeiro inaugurar Casa, a Pernambuco, a Bahia, fui a Campinas, estou em Osasco e domingo viajo para a Bolívia para participar do Mercosul, primeiro no Paraguai”, afirmou.

Lula participa da inagração de novas instalações do edifício acadêmico e administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios do Campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Brasil 247

Meu nome é Gal

Por SOLENI BISCOUTO FRESSATO & JORGE NÓVOA*

Considerações sobre o filme dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi

Meu nome é Gal (2023) é uma cinebiografia de uma das maiores cantoras da música popular brasileira, Gal Costa (1945-2022). O filme destaca o papel de Gal Costa não apenas como cantora, integrante de um dos principais movimentos culturais do país, o tropicalismo, mas também como se inseriu naturalmente numa luta feminista, sem programática de partido político. Devido à sua personalidade autêntica e sem que tivesse total consciência do que poderia estar representando, Gal Costa acabou se tornando uma referência para as mulheres brasileiras.

No filme, a mulher ocupa um lugar central em toda a produção, pois além de ser um tributo à cantora (representada por Sophie Charlotte no papel principal), ainda conta com a direção de Dandara Ferreira e Lô Politi e com o roteiro de Maíra Bühler e Lô Politi. Ao longo da narrativa, o espectador é surpreendido com a forte presença da mãe de Gal, Mariah Costa Penna, sua grande incentivadora, que ouvia música clássica todos os dias durante a gravidez, para que nascesse “uma pessoa musical”. Na película e na história de Gal, seu pai foi ausente, motivo que a levou a escolher o sobrenome materno, Costa, como nome artístico.

A narrativa destaca os primeiros anos da carreira da cantora, a partir de 1967, quando a tímida Gracinha (Maria da Graça Costa Penna Burgos), apelidada de Gal pelos amigos mais próximos, chegou ao Rio de Janeiro; até 1971, quando afirmou definitivamente sua originalidade em interpretações musicais e sua confluência com o movimento tropicalista.

É bom lembrar, que quando o pai da bossa nova, João Gilberto, a conheceu ainda na Bahia, considerou-a, imediatamente, como a melhor e a mais afinada intérprete da música brasileira, provavelmente porque deslocava a tradição cultivada pelas cantoras e cantores do Rádio, que adoravam o rococó das vozes, densamente expressas em conteúdos sonoros robustos. A bossa nova pedia intimidade e discrição de sentimentos, numa melancolia controlada, avessa às cenas de ciúmes e “dores de cotovelo” dos cantores de Rádio.

O estilo bossanovista acompanharia Gal Costa até se unir aos amigos baianos no Rio de Janeiro. A partir de então, sob o incentivo de Caetano Veloso e de Gilberto Gil (que nunca se libertaram de Dorival Caymmi e de João Gilberto, ou seja, de raízes baianas sólidas, mesmo estando decididos a criar novas formas e conteúdos, mesclando o regional, o brasileiro e o universal), Gal Costa se integrou à inevitável espontaneidade política das propostas tropicalistas.

Era a época dos festivais de música e do surgimento de novos talentos, nos violentos e repressivos anos da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Em frente à tela, o espectador pode lembrar ou conhecer a bela interpretação de Coração Vagabundo, do primeiro álbum, Domingo, que Gal Costa gravou em parceria com Caetano Veloso, em 1967. Revelando-se uma discípula fiel de João Gilberto, Gal encantou e não desafinou em sua voz bossanovista, encantando um público mais maduro, em geral da classe média alta, luxuriante e alcoólica, que constituiu a maioria dos que estavam habituados a ouvir o som da bossa nova nas boates, bares e grandes hotéis do Rio de Janeiro, de inícios e meados dos anos 1960.

Em 1969, Gal lançou o primeiro álbum solo Gal Costa. Já era outra mulher, muito mais inteira. Cantora mais “moderna” e despojada, bem afinada estética, musical e politicamente com o movimento tropicalista, com forte influência de James Brown e de Janis Joplin, ela apostava numa voz estridente, metálica, mais próxima do rock brasileiro.

O ponto de inflexão (da bossa nova para o tropicalismo) ocorreu no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1968, quando Gal Costa interpretou Divino, Maravilhoso, música de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e obteve o 3º lugar. Gal Costa subiu ao palco acompanhada de uma banda de guitarras elétricas e pelo coro feminino de Ivete e Arlete. Os cabelos crespos espalhados e indomados e a roupa futurista com brilhos, lantejoulas e espelhos produziram um corte, não apenas na sua trajetória, mas na do movimento e da própria música popular brasileira.

Ainda na atualidade, sua voz agudíssima faz ecoar nos ouvidos dos brasileiros o refrão, “é preciso estar atento e forte, não temos medo de temer a morte”. Assumindo uma mise-en-scène de roqueira e cantando com agressividade, foi um “grito de raiva” contra tudo: contra o tédio e a melancolia da classe média alta, contra uma fração da juventude alienada (que a vaiou) e contra a violência do governo que surgiu do golpe de 1964. Já havia ficado longe o estilo, muito diferente, marcado pela suavidade de Coração Vagabundo. A expressão “divino, maravilhoso” acabou sendo apropriada por uma parte do público e a música se tornou a principal faixa do LP Gal Costa, de 1969.

Em 2005, em entrevista, Gal Costa conseguiu sintetizar o que foi a participação no Festival: “Cantei com toda a fúria e força que havia em mim. Metade da plateia se levantou para vaiar. A outra metade aplaudiu ferozmente. Um homem na minha frente berrava insultos. Foi então que me veio ainda uma força maior que me atirou contra ele. Cantava diretamente para ele: “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte!”. Cantava com tanta força e tanta violência que o homenzinho foi se aquietando, se encolhendo, e sumiu dentro de si mesmo. Foi a primeira vez que senti o que era dominar uma plateia. E uma plateia enfurecida. Naquele tempo de polarização política, a música era a única forma de expressão. Despertava paixões, verdadeiras guerras. Saí do Divino, Maravilhoso fortalecida, crescida. Acho que naquela noite entrei no palco adolescente, menina, e saí mulher. Sofrida, arrebentada, mas vitoriosa”.

Meu nome é Gal destacou esse importante momento na vida da cantora, quando ela se conscientizou que para cantar não bastava ter voz: precisava ter atitude! E foi com atitude que ela subiu no palco. Na tela, vemos surgir uma mulher forte, que canta e se expressa com todo o corpo, ocupando todo o palco, atitude que acompanhará Gal Costa em toda sua carreira. Com a interpretação de Divino, Maravilhoso, Gal Costa transformou-se num ícone do movimento tropicalista.

Tropicalismo e política

Em primeira instância, o tropicalismo[i] foi um movimento cultural brasileiro da segunda metade dos anos 1960. Mesmo tendo a música como seu elemento principal, o movimento se estendia ao cinema,[ii] às artes plásticas, ao teatro, a pintura e à literatura. Sua marca principal foi a inovação estética radical, mesclando elementos da cultura popular e da tradição, com tendências estrangeiras, sobretudo a guitarra elétrica e o rock, elementos da cultura jovem mundial.

As figuras de destaque foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, mas a cantora Gal Costa, o cantor-compositor Tom Zé, o maestro Rogério Duprat e o produtor cultural Guilherme Araújo também desenvolveram papel muito importante. O movimento representou uma renovação no contexto musical brasileiro ao unir gêneros populares, como o baião e o caipira, ao pop e ao rock. Momentos marcantes do movimento foi o lançamento do álbum Tropicália ou Panis e Circenses, em 1968, e os Festivais de Música Popular Brasileira, realizados pela TV Record, sobretudo o 3º Festival (1967), quando Caetano Veloso interpretou Alegria, Alegria e Gilberto Gil, ao lado da banda Os Mutantes, Domingo no Parque, verdadeiros protestos contra o autoritarismo do governo militar.

Naquela época, analistas do mainstream de esquerda, como Robert Schwartz, não conseguiram compreender o movimento tropicalista e ainda hoje existem os que o condene. Boa parte da esquerda tradicional esperava, desses novos atores, que assumissem, de alguma forma, uma crítica teleológica ao capitalismo. Os intelectuais, jornalistas e críticos mais atuantes, em geral, foram formados teoricamente pela estética do realismo social e outros em um enquadramento do “realismo socialista”.

As polêmicas sobre o ajuste a um modelo estético se faziam, como ainda se fazem, como se fosse possível abstrair as condições em que a obra de arte verdadeira (e enquanto tal) pode surgir. É curioso observar que, no que concerne não apenas à estética, mas também às performances que os tropicalistas desenvolviam, assim como seus hábitos e crítica à dupla moral dominante, chocavam na mesma medida, tanto a esquerda como à direita.

No início, essas questões também os angustiaram, afinal eles buscavam a autenticidade em formas novas. As teorizações apareciam sobretudo, nas reflexões de Caetano, não tanto nas de Gil. Em ambos de modo muito espontâneo. Praticavam uma espécie de “crítica empírica”, quase instintiva que não aceitava se enquadrar, nem nos esquemas da esquerda tradicional dos PCs, nem nos modelos morais de um liberalismo moribundo, que logo capitularia diante das forças das botas e fuzis.

Dois comentários ajudam a entender a gênese do movimento. Um aparece no depoimento de Nelson Motta (2000, p. 95-6): “Uma noite de verão, pouco antes do carnaval de 1968, passei horas tomando chope e conversando com Glauber Rocha, Cacá Diegues, Gustavo Dahl e Luiz Carlos Barreto no Bar Alpino, em Ipanema. Entusiasmados com o cinema novo, o Teatro Oficina, os discos de Gil e Caetano, excitados com o momento político e com aquele movimento artístico que não tinha sido articulado nem tinha nome, mas estava em pleno andamento, com tantas novidades e tanta potência, começamos a imaginar uma festança para celebrar o novo movimento. (…) No dia seguinte, com a dramática falta de notícias que aflige os colunistas no verão carioca, usei todo o espaço da coluna para contar, em forma de manifesto debochado, todas as besteiras que tínhamos imaginado no Alpino. Sob o título de “Cruzada Tropicalista”, irresponsavelmente enchi meia página de jornal celebrando o momento artístico com uma futura festa imaginária. (…) A festa nunca aconteceu, mas a coluna teve grande repercussão e surpreendentemente foi levada a sério, comentada acaloradamente contra e a favor em outros jornais, no rádio e na televisão, que passaram a se referir ao movimento de Gil e Caetano como tropicalismo”.

O depoimento de Caetano Veloso (2003, p. 35), também ajuda na compreensão da origem do tropicalismo: “É muito política, do período das passeatas, da preparação para a luta clandestina. Foi feita com muita consciência. Muitos não entenderam, achavam que os tropicalistas eram alienados porque não fazíamos o papel do esquerdista convencional”.

É possível encontrar, em outro texto, se referindo ao contexto da gênese, o seguinte diálogo entre Gilberto Gil e Caetano Veloso: “O trabalho que fizemos, eu e Caetano, surgiu mais de uma preocupação entusiasmada pela discussão do novo do que propriamente como um movimento organizado. Eu acho que só agora, em função dos resultados dessas nossas investidas iniciais, se pode pensar numa programação, numa administração desse material novo que foi lançado no mercado. Eu estava sugerindo até, ontem, conversando com Gil, a ideia de um disco-manifesto, feito agora pela gente. Porque até aqui toda a nossa relação de trabalho, apesar de estarmos há bastante tempo juntos, nasceu mais de uma relação de amizade. Agora as coisas já são postas em termos de Grupo Baiano, de movimento…”

“Gal e Betânia, embora não tenham participado diretamente das discussões que nos levaram as essas descobertas, estão empenhadas, como intérpretes, em assumi-las. E há um detalhe mais singular ainda. Porque Bethânia, por um lado, é rebelde, terrível, ela não suporta programação, ela quer descobrir as coisas por si mesma, mas por outro lado foi a primeira a chamar a atenção de Caetano para a importância do iê-iê-iê”.

“Quanto a Gal, parece-me que, no sentido em que se pode tomar como elemento fundamental o reconhecimento de João Gilberto como um marco inovador, ela é o próprio símbolo desse reconhecimento. Não há cantora brasileira que tenha essa capacidade de usar funcional e instrumentalmente a voz como ela” (In: Risério, 1982, p. 105).

Portanto, parece evidente, o grau de espontaneidade desse movimento músico-cultural. E, ao mesmo tempo, como o próprio movimento irá modificando os atores, que tomam consciência de como reverberam nas pessoas, denominadas de público, enfim, dos cidadãos. Logo eles perceberam que, se quisessem mudar algo no país, precisariam não capitular diante dos ditames do mercado, ou daqueles que dominavam a política naquele momento, mas usá-los para criar impactos transformadores.

Pretendiam uma arte de massas, mas sem renunciar a seus valores estéticos. Propunham uma arte camaleônica, mutante. Aliás, Os Mutantes foi o nome de uma banda que acompanhou o Tropicalismo por um bom percurso. Nela, outra mulher líder, a inglesa-brasileira Rita Lee, com os seus “mutantes”, seria um capítulo a parte da música popular brasileira, inaugurando um rock pop crítico à sociedade de consumo e à hipocrisia dos hábitos e costumes. Foram eles que produziram os acordes de baixo e guitarra em momentos importantes do percurso do tropicalismo. E, em 1968, acompanharam Caetano Veloso em sua polêmica apresentação de É Proibido Proibir. As roupas futuristas, elaboradas com plástico brilhante em cores fortes, revelaram toda a rebeldia e potencialidade imagética do movimento.

A dimensão política do tropicalismo surge como uma reação quase que espontânea, visceral num primeiro momento, mas que foi sendo trabalhada, elaborada. Possivelmente, se a ditadura militar não tivesse existido naquele momento, essa dimensão ficaria mais escondida, submersa pela avalanche, ao mesmo tempo brasileira e universalista, que unia poetas e cantores nordestinos à contracultura dos beatniks, hippies e undergrounds dos anos 1950, 1960 e 1970 norte-americanos e europeus, à rebeldia dos poetas russos ou futuristas do início do século XX.

Talvez, se possa dizer, que a heterodoxia estética tropicalista buscava se livrar das receitas e modelos, mas estava aberta a todos os movimentos estéticos progressistas e desalienantes do século XX. No Brasil, sua referência maior foi o Movimento da Arte Moderna de 1922, que teve como expoentes, mas não apenas, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Os modernistas pretendiam uma renovação da arte e cultura brasileira, procurando recuperar os valores culturais e históricos mais profundos do país.

Já o movimento tropicalista teve uma ambição maior. Sem renunciar a tais valores (incorporando, inclusive, elementos que aparecem no movimento de 22), se colocava num patamar mais universalista. Mas, o contexto político brasileiro e mundial (da Guerra Fria, da Guerra do Vietnã, do Maio de 68, da ditadura militar no Brasil) turbinou a expressão política do tropicalismo. A avidez devoradora de todos eles, sintetizada por Caetano, digeria os “poetas malditos”, mas também os Beatles e Jimi Hendrix, e as guitarras elétricas apareceram com força dissonante.

Depois do governo João Goulart (1961-1964) ter promovido uma série de reformas, visando atenuar a desigualdade social no país, organizou-se um forte movimento da direita política propondo uma modernização conservadora. Essa facção (formada por setores mais reacionários do Congresso Nacional, das classes alta e média, da mídia e da Igreja Católica) obteve apoio do Exército e destituiu o governo de João Goulart por meio de um golpe militar: era o ano de 1964.

Até 1968, mesmo sob uma ditadura, os intelectuais e artistas possuíam certa liberdade, mesmo que, muitas vezes, tivessem problemas com a censura do Estado. No governo de Costa e Silva (1967-1969), sobretudo com o AI-5 (Ato Institucional no. 5), ocorreu um recrudescimento da utilização da censura. Partidos políticos foram colocados na ilegalidade, greves operárias foram criminalizadas, artistas e intelectuais foram perseguidos. O governo foi marcado por prisões, torturas e assassinatos. Ainda na atualidade, não se sabe exatamente o que ocorreu com as vítimas do regime, mesmo com a criação da Comissão Nacional da Verdade (em 2011, pelo governo de Dilma Rousseff), responsável em apurar as graves violações de direitos humanos cometidas no Brasil, no período de 1946 a 1988.

O tropicalismo apareceu, pois, no interior de um país convulsionado por esses fatos. Assim sendo, além de uma renovação no cenário artístico, sobretudo musical, o movimento terminou adquirindo um forte engajamento político que o marcou definitivamente, sem que, contudo, sua dimensão estética fosse rebaixada aos valores dominantes. Ao contrário, a política deu um tom original e especial à sua estética. Nesse contexto, o tropicalismo assumiu uma postura resistente, combatendo o autoritarismo e a desigualdade social, propondo uma nova expressão estética engajada, participativa e contra todas as formas de alienação, defendendo a liberdade de expressão amorosa, a beleza da nudez dos corpos e a justiça social.

As músicas e os Festivas de MPB se transformaram em espaço de luta e denúncias. Gil e Caetano fizeram um programa na TV Tupi, em 1968, que durou quase três meses. O programa se chamava Divino, Maravilhoso. A ironia e a irreverência foram ácidas, não apenas nas músicas, mas nas indumentárias. Foi um sucesso absoluto. O programa adquiriu esse nome, porque o produtor musical Guilherme Araújo tinha o hábito de classificar o que os tropicalistas estavam fazendo como “divino, maravilhoso”. Mas, como analisado anteriormente, foi a voz de Gal Costa, cantando a canção homônima, no Festival da Record, que popularizou a expressão, no mesmo período em que o programa era exibido na Tupi.

A liderança artística e musical de Caetano e de Gil não ficaram impunes. Eles foram presos em dezembro de 1968, após o último programa Divino, Maravilhoso. As gravações, ao que parece, foram destruídas, com o intuito de proteger os cantores, já que estavam no comando do programa, que já era considerado, em função da audiência e da audácia dos apresentadores e convidados, como o maior programa ao vivo de auditório da televisão brasileira.

Caetano e Gil foram liberados em fevereiro de 1969 e em julho se exilaram em Londres. Só voltaram ao Brasil em 1972. Gal Costa escolheu ficar no Brasil, enfrentado a censura e as ameaças. Foi a forma que encontrou para não deixar o tropicalismo morrer. Ela continuou usando sua voz e seu corpo, como havia feito em Divino, Maravilhoso, não apenas para cantar e encantar plateias, mas para revelar toda sua indignação e combater um governo autoritário e injusto, além da hipocrisia de uma moral herdada da colonização, que ainda sobrevivia nos extratos sociais dominantes. Pensando à distância, ela pode ser incluída no panteão das mulheres do movimento feminista brasileiro.

Gal e a emancipação da mulher – a liberdade passa pelo corpo

Em 1971, com o álbum ao vivo Fa-tal – Gal a Todo Vapor, a cantora (que contava apenas com 26 anos), criou uma identidade corporal: vestindo apenas um top e uma saia bem abaixo do umbigo e com longas fendas, Gal sentava-se (nos bancos colocados nos palcos durante seus shows) com as pernas nuas e abertas, encaixando, de forma sensual, o violão no meio delas, para cantar que era “amor da cabeça aos pés”.[iii]

A imagem chocou o público mais conservador, ao mesmo tempo em que atraía os mais jovens. O álbum também representou o definitivo engajamento político da cantora, ao se colocar como uma das porta-vozes contra a ditadura militar, mesmo que só falasse por meio das músicas. Em 1973, Gal lançou o álbum Índia. A capa trazia uma imagem da região pubiana da cantora, no interior imagens dela seminua. O álbum foi censurado pelo governo militar por “ferir a moral e os bons costumes”.

Contudo, sua atitude contestatória não estava restrita aos palcos ou aos discos que gravava. Ainda nos anos 1970, Gal frequentou a praia de Ipanema, num local que ficou conhecido como “as dunas de Gal”, usando biquínis pequenos e ousados. O local, antes quase deserto, passou a ser frequentado por pessoas alternativas, atraídas pelo estilo hippie de Gal Costa. Foi um momento mágico, no qual a cantora se transformou numa espécie de musa da contracultura tropicalista brasileira. Passados vinte anos, em 1994, Gal Costa cantou Brasil, composição do cantor Cazuza, deixando à mostra os seios nus.

A imagem dos seios nus é associada às formas de luta, protesto e resistência, contra a ordem patriarcal, machista e conservadora, não raro misógina.[iv] Em Meu nome é Gal, a forma como a cantora se apropriou do próprio corpo surge com grande intensidade. Não faltam cenas de Sophie Charlotte com saias abaixo do umbigo (cotidianamente ou nos shows), de biquíni ousado na praia e com os longos cabelos despenteados.[v]

Outro elemento da identidade corporal de Gal Costa foi a boca pintada de batom vermelho. O sorriso amplo e os lábios grossos ficavam ainda mais sensuais no tom rubro. No filme, logo depois de Gracinha ter escolhido seu nome profissional, ela senta-se em frente ao espelho e mirando seus próprios olhos, escreve com batom vermelho: Gal Costa. Curiosamente, ao longo da narrativa a atriz jamais aparece com os lábios rubros, apenas nas cenas finais do filme, numa praia deserta, numa tomada ampla em que surge de costas, andando em direção ao mar apenas de calcinha, Sophie Charlotte se vira para a câmera e, num close de seu rosto, ela pinta os lábios de vermelho.

Recuperar a forma como Gal Costa se sentia confortável e se assenhorava de seu corpo levanta o debate sobre o processo de alienação pelo qual as mulheres passaram e ainda passam em relação aos seus corpos. Desde o século XVI, período da acumulação primitiva do capital, como explica Silvia Federici (2023, p. 186), as mulheres foram alienadas de seus próprios corpos: “o corpo feminino foi transformado em um instrumento para a reprodução do trabalho e a expansão da força de trabalho, tratado como uma máquina natural de criação, que funcionava de acordo com ritmos fora do controle das mulheres”, que acabaram por perder o poder sobre sua sexualidade, procriação e maternidade. O capitalismo fez surgir um regime patriarcal mais opressor, promovendo um ataque feminicida contra as mulheres, materializado na caça às bruxas, que teve seu ponto auge entre 1550 e 1650, quando mais de 200 mil mulheres foram acusadas e mais de 100 mil assassinadas. Caçar bruxas foi fundamental “para a construção de uma nova ordem patriarcal em que o corpo das mulheres, seu trabalho e seus poderes sexuais e reprodutivos foram colocados sob o controle do Estado e transformados em recursos econômicos” (Federici, 2023, p. 313-4).

Nesse contexto, o corpo se transformou no principal espaço de exploração, pois as mulheres foram aprisionadas em seus corpos para serem mais bem exploradas e reprimidas.

Mais de três séculos depois do fim da caça às bruxas (que não ficou restrita à Europa, estendendo-se às Américas, sobretudo ao Brasil, nos séculos de colonização), a reapropriação dos próprios corpos pelas mulheres ainda integra a pauta dos movimentos feministas. Não se trata apenas do direito ao voto, da inserção no mercado de trabalho e da equidade salarial. Por mais que essas lutas e conquistas sejam importantes, elas não abrangem o todo das necessidades das mulheres, que para além de independência material e realização profissional, também precisam ser respeitadas em seus desejos mais íntimos.

Temas como sexualidade feminina (o que inclui o orgasmo), lesbianismo ou bissexualidade e aborto, ainda são tabus na sociedade brasileira, que se mantém fortemente moralista e conservadora, tornando as mulheres prisioneiras em seus próprios corpos. De modo independente de seus desejos, anseios, sexualidade e necessidades, elas precisam seguir a ordem vigente para serem respeitadas, o que, muitas vezes, significa o desrespeito consigo mesmas.

O exemplo que os dados estatísticos trazem são assustadores no que dizem respeito aos crimes contra as mulheres no Brasil. Em 2023, foram registrados 3.181 casos de violência contra a mulher. A cada 24 horas, oito mulheres foram vítimas de agressão, tortura, ameaça ou assédio. Dentre os casos de violência, 1.463 foram feminicídios, ou seja, uma mulher a cada seis horas foi vítima fatal de agressão no Brasil, numa grande maioria (mais de 70%) por parte de companheiros ou ex.

O número representa um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior, o que revela que o Estado segue falhando na tarefa de proteger as mulheres. O aumento também está na contramão da tendência: enquanto o número de homicídios caiu 3,4%, o de crimes contra as mulheres aumentou (Bueno, 2024). Esses números revelam a necessidade de repensar o papel da feminilidade e dos direitos das mulheres em sociedades patriarcais e capitalistas, sobretudo numa sociedade que guarda a mentalidade escravocrata em boa parte da prática social de suas elites, como é a brasileira.

O aprofundamento das contradições sociais (numa fase em que a exploração social cresceu pari passu com a aplicação das políticas neoliberais e com a redução drástica das políticas públicas exigida, inclusive, pelo Banco Mundial e pelo FMI, para que o Estado brasileiro possa equilibrar suas contas públicas) só tem feito potencializar e fermentar um terreno profundamente propício ao agravamento do tratamento degradante em relação à mulher, sobretudo pobre, preta e mestiça, tratada como objeto de consumo e exploração cruel, em duplas jornadas de trabalho, fora e dentro de suas casas.

Não apenas outras mulheres, de classe média e alta, que podem pagar salários das empregadas domésticas as exploram, mas também seus próprios companheiros (super-explorados em seus empregos ou trabalhando na informalidade) descarregam nelas suas frustrações e a violência que vivem em outros ambientes.

Diante dessa realidade, o comportamento de Gal Costa torna-se ainda mais ousado. Não apenas como cantora, passeando pelos timbres bossanovista, do rock, do tropicalismo e dos mais diversos gêneros culturais brasileiros, mas também ao usar seu próprio corpo em defesa de uma pauta de liberdade política, cultural e social para as mulheres.

O filme em sua homenagem também cumpre esse papel, de forma pedagógica, estimula a reflexão sobre os direitos, e, sobretudo, incentiva as mulheres a se reapropriarem de si mesmas e de seus corpos, assumindo suas identidades e seus desejos e se reconhecendo como autoras de suas histórias. Em frente à tela, o espectador é convidado a assumir um papel mais ativo. É convidado a cerrar o punho e unir-se num “somos tod@s Gal”.

*Soleni Biscouto Fressato é doutora em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Autora, entre outros livros, de Novelas: espelho mágico da vida (quando a realidade se confunde com o espetáculo) (Perspectiva).

*Jorge Nóvoa é professor titular do Departamento de Ciências Sociais da UFBA. Autor e organizador, dentre outros livros, de Cinematógrafo: um olhar sobre a história(EDUFBA\ Unesp), com Soleni Biscouto Fressato e Kristian Feigelson.

Texto originalmente apresentado nas X Jornadas de Historia y Cine. No sólo musas y divas: las mujeres y las artes (2024), da Universidade Carlos III de Madri.

Referência


Meu nome é Gal
Brasil, 2023, 87 minutos.
Direção: Dandara Ferreira e Lô Politi.
Roteiro: Maíra Bühler e Lô Politi.

Bibliografia


BUENO, Samira et al. Feminicídios em 2023. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024. Disponível em: <https://apidspace.universilab.com.br/server/api/core/bitstreams/eca3a94f-2981-488c-af29-572a73c8a9bf/content >.

COSTA, Gal. O divino maravilhoso. [Entrevista concedida a] Ana de Oliveira. Tropicália, 2005. Disponível em: <http://tropicalia.com.br/eubioticamente-atraidos/verbo-tropicalista/o-divino-maravilhoso>.

CAMPOS, Augusto de. Balanço da Bossa e outras Bossas. São Paulo: Perspectiva, 1974.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. 2ed. São Paulo: Elefante, 2023.

FÓRUM BRASILEIRO de Segurança Pública. Violência contra meninas e mulheres no 1º semestre de 2023. São Paulo, 2023.

MOTTA, Nelson. Noites Tropicais – solos, improvisos e memórias musicais. São Paulo: Objetiva, 2000.

OLIVERIA, Ana de. Tropicália ou Panis et Circenses. São Paulo: Iyá Omin, 2010.

RISÉRIO, Antônio. Gilberto Gil. Expresso 2222. Salvador: Corrupio, 1982.

VELOSO, Caetano. Sobre as letras. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Notas


[i] Maiores informações sobre o tropicalismo podem ser encontradas no site Tropicália, organizado por Ana Oliveira. Disponível em: <http://tropicalia.com.br>

[ii] Glauber Rocha, líder do Movimento do Cinema Novo, vivia com os tropicalistas nos bares, nas festas e discussões, embora não apareça no filme, assim como o crítico cultural Nelson Motta.

[iii] Refrão da música Dê Um Rolê (Novos Baianos, 1971). Interpretação de Gal Costa disponível no canal do YouTube Biscoito Fino. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-nY1qJcdKdE>.

[iv] Ideia defendida por Silvia Federici, em Calibã e a Bruxa (2023), com base na experiência que viveu na Nigéria, durante os anos 1980, acompanhando os vários métodos de lutas das mulheres das classes populares durante a colonização europeia. Mostrar os seios e, em casos extremos, as genitálias, era uma forma de desespero, mas também de protesto e de resistência. O documentário Rio de Topless (2019), de Ana Paula Nogueira, também defende a ideia que mostrar os seios é uma forma de protesto e resistência das mulheres.

[v] Não à toa a cantora lançou, em 1990, a música Cabelo. No refrão, uma síntese dela mesma: “cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada”.

O terraplanismo histórico

Por JOSÉ RICARDO FIGUEIREDO*

O senso comum e os preconceitos mais difundidos podem ser poderosas armas políticas

É bem conhecida a reação ao heliocentrismo nas formas da condenação religiosa ao livro de Copérnico e do julgamento de Galileu. Outra revolução científica ocorrera dois milênios antes, com a descoberta da esfericidade da Terra, mas pouco se sabe de uma reação terraplanista; um breve parágrafo de Francis Bacon dará uma pista sobre isto.

A esfericidade da Terra já era admitida pelos pitagóricos e por Platão (427-347 a.C.) e sua Academia, portanto desde o século IV a.C., ou antes.  O tema é tratado por Aristóteles (384-322 a.C.) com argumentos a posteriori a priori. Argumentos a posteriori seriam, por exemplo, a forma da sombra da Terra em eclipses lunares, assim como o aparecimento e desaparecimento de constelações para um viajante na direção Norte-Sul. Um argumento clássico, também fundado na experiência de viagens marítimas, seria acrescentado por Adrastus: “Frequentemente, durante uma viagem, não se pode ver terra ou um navio que se aproxima estando no convés, enquanto os marinheiros que sobem ao topo do mastro podem ver estas coisas porque estão muito mais altos e assim superam a convexidade do mar que é o obstáculo” [1].

O argumento a priori de Aristóteles relaciona-se à sua visão dos fenômenos dinâmicos. Concebia dois tipos de movimentos: natural e forçado. O movimento forçado seria devido a causa externas, enquanto o movimento natural corresponderia à tendência dos corpos irem para o centro da Terra, que também seria o centro do Universo. Embora esta tendência para o centro do Universo atuasse sobre todos os corpos, “os pesos mais poderosos estão aptos a deslocar os menores”, de forma que o lugar natural dos corpos mais pesados seriam baixas alturas, e o lugar natural dos corpos leves seriam as maiores alturas. O peso não provaria rigorosamente que a Terra seria esférica, apenas introduziria uma tendência neste sentido; entretanto, no caso das superfícies de água, a fluidez do líquido para posições minimamente mais baixas conduziria à esfericidade [1].

Aristóteles relata uma medição realizada por matemáticos a ele ligados cifrando a circunferência da Terra em 400.000 estádios. Arquimedes (287-212 a.C.) estimou-a em 300.000 estádios. Como é sabido, Eratóstenes (276-194 a.C.) encontrou um método que permitiu chegar à cifra de 250.000 estádios. Esta unidade de medida não era padronizada; o estádio grego equivalia a cerca de 185 metros, mas o estádio empregado por Eratóstenes seria 157,5 metros conforme Porto da Silveira [2], ou 158,76 metros conforme Rey [3], de forma que os 250.000 estádios equivaleriam a 39.375 quilômetros ou a 39.690 quilômetros respectivamente. Em ambos os casos, a medida é surpreendentemente próxima dos 40.009 quilômetros hoje reconhecidos para a circunferência polar terrestre.

Este feito de Eratóstenes não pode ser explicado sem referência ao contexto histórico e pessoal. Eratóstenes trabalhou no Museu de Alexandria, instituição criada após o desmembramento do império de Alexandre (356-323 a.C.) por Ptolomeu I (367-283 a.C.) ou Ptolomeu II (309-246 a.C.), e que foi controlada sucessivamente pelo Reino Ptolomaico, pela República Romana e pelo Império Romano.

Bernal [4] constata que o Museu foi o primeiro instituto de investigações subvencionado por um Estado, numa tentativa consciente e deliberada de desenvolver a ciência, e observa que no Museu de Alexandria “a ciência grega cresceu em contato direto com os problemas tanto da técnica quanto da ciência das velhas culturas asiáticas, e não só do Egito e da Mesopotâmica como também, em certa medida, da Índia”. Entre os que estudaram ou trabalharam em Alexandria citam-se os matemáticos e astrônomos Arquimedes, Aristarco de Samos (310-230 a.C.), Euclides (300 a.C.-?), Hiparco (190-129 a.C.), Heron (5?-70 d.C.), Claudio Ptolomeu (90-168 d.C.), Papus (?-350 d.C) e outros, além de literatos e médicos.

Eratóstenes era matemático e geógrafo, autor de um tratado denominado Geografia. Foi o primeiro a dar a esta ciência uma base matemática, referindo-se à Terra como um globo e registrando distâncias medidas ao longo do que hoje se denominam paralelos de latitude e meridianos de longitude. Como linha base para seu mapeamento, empregou um paralelo que se estendia de Gibraltar, pelo meio do Mediterrâneo, ao Himalaia. [5]

A descrição conhecida da medição da circunferência terrestre segue relato do astrônomo Cleomedes, que viveu 200 anos depois. Eratóstenes partiu da informação de que em Siena, hoje Assuã (localizada no Trópico de Câncer), o Sol estava absolutamente a pino ao meio dia do solstício de verão, podendo-se vê-lo refletido no fundo de um poço. Mediu a inclinação do Sol na mesma data e horário solar em Alexandria, obtendo 7o12, equivalentes a 1/50 dos 360o da circunferência.  A distância relevante entre ambas localidades fora determinada em 5.000 estádios, que multiplicados por 50 levam aos 250.000 estádios para a circunferência da Terra. O método de medição de longas distâncias baseava-se nos bimetatistes, agrimensores treinados a caminhar com passos regulares [5], método instituído por Alexandre e Ptolomeu I, imitando aos babilônios [3].

Rey [3] considera que o relato de Cleomedes seria simplista por não fazer referência à diferença de longitude de 3o entre Assuã e Alexandria. Porém, pelo método geométrico de Eratóstenes, o problema não depende propriamente da distância entre as cidades, mas da distância, medida ao longo de um meridiano, entre os paralelos que passam por Assuã e Alexandria, e que seria de 5.000 estádios. Os 3o de diferença de longitude não interferem: correspondem a uma diferença em torno de 12 minutos entre os meio-dias solares daquelas cidades, de forma que o experimento em Alexandria repetia o que se passara, cerca de 12 minutos antes, no cruzamento do paralelo de Alexandria com o meridiano de Assuã.

Posteriormente, Hiparco corrigiria o valor da circunferência da Terra para 252.000 estádios, o que é antes uma confirmação que uma correção.

Diante de tamanha conquista científica, difícil conceber um retrocesso. Mas uma breve menção a uma reação terraplanista aparece em Francis Bacon [6], para quem a Filosofia Natural enfrentou em todas as épocas, como duros adversários, “a superstição e o zelo cego e imoderado da religião”. Lembra a acusação de impiedade contra os primeiros pensadores gregos que propuseram causas naturais para trovões e tempestades, e em seguida comenta: “alguns dos antigos padres (ou pais, fathers no original) da Igreja Cristã não mostraram maior tolerância com aqueles que, sob as mais convincentes bases (tais que ninguém em seus sentidos pensaria contradizer) mantinham que a Terra era redonda, e por conseqüência afirmavam a existência de antípodas.”

A expressão “antigos padres da igreja Cristã” remete ao início da afirmação da Igreja Católica, após ter sido legalizada e institucionalizada no império de Constantino (306-337 d.C.). Deste período são conhecidos dois episódios, relativos ao museu de Alexandria e à Academia platônica.

Embora tenha perdido dinamismo com o expurgo de intelectuais por Ptolomeu VIII em 145 a.C., bem como durante a dominação romana, o Museu de Alexandria e sua Biblioteca sobreviveram por alguns séculos. Um dos últimos diretores foi Theon (335-405 d.C.), cuja filha Hipátia (355?-415 d.C.) seguiu seus passos acadêmicos. Filósofa neoplatônica, matemática e astrônoma, Hipátia era também respeitada voz pública. Tinha o apoio de Orestes, Prefeito Romano de Alexandria, que enfrentava uma disputa pelo poder com Cirilo, Bispo de Alexandria, que via o Museu e a Biblioteca como instituições pagãs a serem derrotadas. Num momento de agravamento da tensão política, Hipátia foi seqüestrada e assassinada após horríveis suplícios por uma turba de seguidores de Cirilo. Orestes abandonaria o cargo depois disso. Cirilo viria a ser canonizado como São Cirilo de Alexandria.

Na mesma linha, em 529 d.C., o imperador bizantino Justiniano fechou a quase milenar Academia de Platão como política de abolição da cultura helenista pagã.

Haveria incompatibilidade de fundo do Cristianismo com a filosofia grega? Isso é negado pela história. Aurélio Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), após converter-se ao cristianismo em 386, introduziu no meio cristão a filosofia de Platão, e foi canonizado como Santo Agostinho. Aristóteles tornar-se-ia referência fundamental da Igreja Católica após Tomás de Aquino (1225-1275).

Como se vê hoje em dia, o senso comum e os preconceitos mais difundidos podem ser poderosas armas políticas. No assassinato de Hipátia, a misoginia salta aos olhos. Já o terraplanismo intolerante citado por Bacon deve ter sido muito funcional no combate de “alguns dos antigos padres (ou pais) da Igreja Cristã” contra os intelectuais do Museu de Alexandria e da Academia de Platão.

*José Ricardo Figueiredo é professor aposentado da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp. Autor de Modos de ver a produção do Brasil (Autores Associados\EDUC). [https://amzn.to/40FsVgH]

Notas


[1] Dugas, R., A History of Mechanics, Dover Publications, New York, 1988.

[2] Porto da Silveira, J. A., Erathostenes e a medida da Terra, UFRGS.

[3] Rey, A., El Apogeo de la Ciencia Tecnica Griega, Union Tipografica Editorial Hispano Americana, Mexico, 1962.

[4] Bernal, J. D., História Social de la Cienciav.1, La ciência en la historia, Ediciones Península, Barcelona, 1967.

[5] Ronan, C. A., História Ilustrada da Ciência, v.I, Das origens à Grécia, Zahar, Rio de Janeiro, 1983.

[6] Bacon, F., The New Organon, in Selected Philosophical Works, Hackett Publishing Company, Indianapolis, 1999.

Javier Milei – seis meses de agressão, caos e resistência

Por CLAUDIO KATZ*

O resultado da luta contra Milei será o verdadeiro determinante de um ou outro resultado. Após seis meses, a moeda ainda está no ar, sem vitórias definitivas para nenhum dos campos

No primeiro semestre desse ano, multiplicaram-se as agressões do governo contra o povo. Mas a má gestão do Estado, a fraqueza política, a regressão econômica e a resistência popular minam esta saraivada. Javier Milei tenta compensar estas inconsistências com maior protagonismo no exterior, enquanto aproveita o apoio da direita convencional e a confusão do peronismo.

Desgraças com responsáveis

Já foram batidos todos os recordes de destruição da renda popular. Nunca houve uma demolição tão acentuada em tão pouco tempo. O nível de vida caiu para um nível muito próximo da enorme crise de 2001. Os salários registrados caíram 21%, o salário mínimo perdeu 30% e as aposentadorias reduziram-se 33%.

A desnutrição causa estragos entre os indigentes e mais de quatro milhões de pessoas entraram no submundo da pobreza. A classe média faz malabarismos para manter os gastos com educação, saúde e transporte, liquidando poupanças, contraindo dívidas e consumindo marcas piores.

O sofrimento é muito maior para os 95.000 demitidos do setor privado e para os 25.000 afastados da administração pública. Javier Milei orgulha-se desta sangria e promete despedir mais 50.000 funcionários estatais, deixando na rua 30% dos contratados. Ele já estabeleceu o princípio desta cirurgia e festeja a desgraça do desemprego.

O ocupante da Casa Rosada introduziu um sadismo inusitado na política econômica. Em vez de promover investimentos, fomentar o emprego e incentivar o consumo, exalta o sofrimento do povo. Enaltece a crueldade e o sofrimento atuais, como se fossem um ingrediente inevitável da prosperidade futura. Nunca diz quando chegará esse alívio. Apenas louva o ajuste como uma antecipação do mítico predomínio do mercado, que facilitará o bem-estar geral.

Javier Milei não exemplifica suas fantasias com algum modelo de país que tenha seguido esse caminho. Limita-se a repetir as afirmações vagas do neoliberalismo extremo, atualmente rejeitado pela maior parte do mundo. Sua verborragia incoerente esconde que as desgraças da maioria continuam enriquecendo um punhado de ricos.

A promessa de pagar o ajuste penalizando a casta já foi arquivada. Os privilegiados foram protegidos do torniquete que sufoca os empobrecidos. Javier Milei culpa agora os próprios desamparados pelas desgraças que enfrentam.

Todos os dias insulta as famílias que não conseguem fazer suas refeições diárias. Presume que “farão alguma coisa” para não morrer de fome, como se a responsabilidade por esse sustento dependesse do comportamento de cada indivíduo.

Javier Milei apresenta a miséria como um efeito de “viver acima das possibilidades”, desqualificando as melhorias conquistadas pelo povo. Porque abomina a justiça social, considera inaceitável qualquer indício de menor desigualdade. Ele se insurge contra “gastar mais do que se ganha”, repetindo uma falsa identidade da família com o Estado. Esta comparação ignora o abismo que separa a política econômica da gestão do orçamento pessoal. Também ataca o “passado populista”, silenciando as consequências desastrosas dos governos neoliberais.

O libertário fala do passado para encobrir o presente. Esmaga a herança e se promove como o salvador de um cenário explosivo que ele desativou com sua presidência. Com essa invenção, justificou a desvalorização e a escalada dos preços que pulverizaram a renda popular. Agora improvisa outros pretextos para explicar o agravamento do desastre econômico e social.

Caos deliberado

As calamidades que o governo infligiu ao grosso da sociedade não têm precedentes. O emblema destas afrontas são os alimentos armazenados para esvaziar os restaurantes comunitários. Este imenso volume de alimentos foi retido para enfraquecer as organizações sociais que protegem a nutrição popular.

A maldade de Javier Milei e de sua ministra Petrovello causa indignação. Procuram destruir os grupos que aliviam a fome num país que exporta alimentos para todos os cantos do planeta. Em vez de penalizarem os capitalistas responsáveis por esta anomalia chocante, abençoam os milionários e atacam os militantes.

O escândalo da comida foi tão impactante que os próprios juízes próximos do governo exigiram a distribuição dos alimentos. Depois de ter adiado o cumprimento desta exigência, Petrovello permitiu sua distribuição através de uma fundação privada (Conin), que as empresas do agronegócio utilizam para obter benefícios fiscais. Esta gestão grosseira da pobreza incluiu a distribuição prioritária de cestas básicas para os líderes das províncias amigas, com a mediação autoritária do exército. A distribuição foi combinada com revendas suspeitas através das redes sociais e implicou um custo muito mais elevado do que a gestão habitual dos restaurantes comunitários.

Em todo este episódio aflorou a corrupção num ministério que adquire produtos de empresas isentas de controle. Esta fraude revelou também a existência de uma vasta rede de funcionários-nhoques libertários que são pagos sem trabalhar. Os exóticos funcionários nomeados por Javier Milei revelam maior propensão para o desvio de fundos do que a casta rejeitada dos políticos convencionais.

O complemento desta corrupção é a ineficiência. As pessoas que desembarcaram na administração pública competem em ignorância e improvisação. Javier Milei já forçou a renúncia de cerca de trinta altos funcionários públicos, batendo todos os recordes de demissões. Demitiu um burocrata a cada cinco dias de mandato.

Esta inépcia generalizada está em sintonia com um presidente que patrocina deliberadamente a desordem. Javier Milei convalida a inação diante dos problemas mais urgentes. A lista desta passividade inclui a ausência de ajuda para o tornado que devastou Bahía Blanca, a indiferença perante as inundações em Concordia, a apatia ante a tempestade que afetou 68 bairros de Buenos Aires, a recusa em entregar medicamentos oncológicos, a paralisia diante do acidente de trens em Palermo e a desatenção em relação à falta de gás. O cúmulo desse imobilismo foi a falta de vacinas, de reagentes ou de campanhas publicitárias frente ao pior surto de dengue da história.

Essa indolência confirma a ideologia anarcocapitalista de um presidente que promove a “destruição do Estado a partir de seu interior”. Ele vê a si mesmo como um Exterminador embarcado neste objetivo e experimenta com milhões de argentinos os absurdos de seu inspirador estadunidense (Rothbard). Este padrinho concebeu todas as loucuras enunciadas durante a campanha eleitoral (como o direito dos pais a abandonarem os filhos para inclui-los na esfera do mercado).

O delírio de comandar a administração de um país para demoli-la já não é o divertido ensaio libertário de uma localidade de New Hampshire. Ali, o governo foi dissolvido e a cidade foi destruída por uma invasão de animais. Javier Milei proporciona o mesmo caos estatal, mas num país de dimensão média que faz parte do G20 e visita o G7.

Durante todo o semestre, a classe dominante tolerou a desorganização do funcionamento estatal. Os poderosos, seus meios de comunicação, juízes, políticos e economistas perdoam todos os vexames imagináveis de Javier Milei. O presidente gasta fortunas do orçamento em viagens de proselitismo, remodela a Casa do Governo para alojar seus cães, abençoa o nepotismo de seu séquito e usa linguagem grosseira, o que é prova de graves transtornos emocionais.

Os donos do poder nunca permitiram a um mandatário a menor destas exuberâncias. Aceitam-nas agora porque têm na Casa Rosada um marginal determinado a destruir os sindicatos, varrer os movimentos sociais e destruir as organizações democráticas. As classes dominantes admitem a erosão de seu próprio Estado para conseguir esta derrota da classe trabalhadora. Aceitam a deterioração da administração de que necessitam para engordar suas fortunas, na esperança de alterar a seu favor as relações sociais de força que imperam no país.

Mas o caos premeditado gera situações insuportáveis em todos os estamentos. A própria inexperiência na gestão pública – que era considerada um ativo do oficialismo diante dos vícios da casta tradicional – começa a pesar como uma séria adversidade. A regra de funcionários que não funcionam não gera apenas rejeição entre os afetados. Aumenta também o mal-estar dos patronos do presidente.

Repressão e embrutecimento

A escala repressiva é o principal instrumento de Javier Milei para destruir o movimento popular. É o componente Fujimori do plano inaugurado por Patricia Bullrich com seu protocolo antipiquetes. A mobilização dos gendarmes e as provocações contra os manifestantes têm sido a norma nos últimos seis meses. Mas na última manifestação contra a Lei de Bases, o oficialismo dobrou a aposta, com prisões premeditadas para intimidar os militantes.

Patricia Bullrich retomou as mesmas caçadas aos transeuntes e as mesmas provocações de infiltrados que implantava na era Macri. A cópia teve poucas variações. Carros incendiados com a cumplicidade da polícia, balas de borracha, gás lacrimogêneo, prisões aleatórias e espancamentos dos deputados presentes. A Lei de Bases foi respaldada por um banho de gás. Foram abertos processos contra os detidos e surgiu a prisão preventiva pelo novo crime de protestar.

O oficialismo incentiva o medo para dissuadir as pessoas de participarem das manifestações. Ele elaborou um plano para colocar na prisão os líderes das organizações mais combativas. A identificação dos manifestantes com o terrorismo e a denúncia de um golpe de Estado absurdo não foi apenas mais uma incontinência verbal de Javier Milei. Faz parte do roteiro elaborado na Casa Rosada com os espiões da Agência Federal de Inteligência (AFI). O presidente está disposto a continuar sua escalada de insultos com o código penal em mãos.

Mas a rápida reação dos militantes e das organizações de direitos humanos – que levou à libertação da maioria dos detidos – antecipa a resistência que o plano repressivo enfrentará. As reservas democráticas construídas ao longo de muitos anos ressurgirão com força para deter o governo.

A prioridade imediata de Javier Milei é criminalizar as organizações sociais. A gangue de funcionários que retém, deteriora e vende comida dos restaurantes se arroga o direito de acusar os que garantem a alimentação do povo. Nesse mundo às avessas, já foram realizadas batidas nas sedes de organizações de esquerda.

Essa fúria contra os movimentos sociais contrasta com a passividade diante do narcotráfico, que transformou algumas cidades, como Rosário, em permanente campo de tiro. Como Javier Milei considera o Estado uma organização criminosa, ele coloca o confronto contra os traficantes de drogas num campo de gangues equivalentes. Ele busca emular os passos de seu colega Bukele que, na competição mafiosa do Estado com os maras, conseguiu estabelecer um regime autoritário. O custo dessa aventura é quantificado na lista de inocentes mortos, que a Argentina está começando a sofrer, repetindo o que aconteceu em El Salvador e no Equador.

Milei e Villaroel complementam sua cruzada repressiva com uma batalha cultural pela desmemória que enaltece a ditadura. Junto com seus aliados da mídia, questionam o emblema dos 30.000 desaparecidos, com a reiterada objeção ao número de vítimas causadas pela tirania militar. Mas não ousam conceber a extensão desse reparo para outros números de genocídio, como o 1,5 milhão de armênios massacrados pela Turquia ou os seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas. Nenhum destes números pressupõe exatidão estatística. Eles são importantes como símbolos de acontecimentos dramáticos.

O negacionismo de Javier Milei incentiva o esvaziamento de todas as atividades de Memória, Verdade e Justiça. Da Casa Rosada, também se está tentando ressuscitar a teoria dos dois demônios, a fim de testar o indulto de militares que cumprem penas. Essa reabilitação está sendo promovida para recriar a intervenção das forças armadas na Segurança Interna.

A escalada repressiva complementa o ataque a todas as conquistas culturais do país, que Javier Milei associa à esquerda, ao progressismo e à educação pública. Ele fomenta o ressentimento contra essa tradição, em estreita ligação com os evangélicos e os setores conservadores da Igreja. Os vouchers de subsídio para a educação privada reforçam essa campanha e complementam a eliminação dos 14 milhões de livros anteriormente fornecidos aos alunos mais carentes. Para recriar o obscurantismo, promove-se uma lei que punirá a “doutrinação nas escolas”, ou seja, o simples conhecimento de teorias opostas ao primitivismo liberal professado pelo presidente.

Os golpes diários de Javier Milei contra a cultura incluíram a nomeação delirante de um terraplanista ignorante (Lemoine) como chefe da Comissão de Ciências da Câmara dos Deputados. O ataque contra o feminismo foi complementado pela apresentação aberrante da homossexualidade como uma doença autodestrutiva.

Milei está empenhado numa carnificina cultural para vender a Tecnópolis, liquidar a Televisão Pública, leiloar o cinema Gaumont, esvaziar o Centro Cultural Kirchner e pulverizar o Museu do Bicentenário, enquanto destrói o Instituto de Cinema e o Fundo Nacional das Artes. Como não conseguiu fechar o Conicet, tentará impedi-lo de realizar qualquer atividade de maior relevância do que a clonagem de seus cães.

Para escapar da rejeição provocada por esse resquício da Inquisição, o anarcocapitalista substituiu a enunciação de suas bobagens na Feira do Livro por um ato próprio. Mas nenhum dos que aplaudiam seus gestos e apreciavam seus gritos conseguiu decifrar o conteúdo incoerente de seu discurso no Luna Park.

Respiros sem base própria

Com a aprovação da Lei de Bases no Senado, o governo obteve seu primeiro sucesso parlamentar em seis meses. Esse triunfo permitiu-lhe superar uma orfandade legislativa sem precedentes. Obteve uma vitória salvadora, num momento em que todos os analistas previam a implosão caso Javier Milei fracassasse novamente no Congresso.

O projeto de lei obteve uma pequena maioria na Câmara Alta, o que exigiu um desempate para a vice-presidente. Ele não emergiu junto com o divulgado Pacto de Maio, que o oficialismo pretendia assinar com os governadores. Dos 664 artigos do projeto de lei original, menos da metade permaneceu, e a aprovação agonizante envolveu apenas o tratamento geral do texto. Na avaliação particular, o governo perdeu duas votações (lucros e patrimônio pessoal), o que tentará superar na revisão dos deputados. Estes descartes não alteraram o sentido da lei, mas retrataram as adversidades enfrentadas pelo oficialismo.

O alívio de Javier Milei foi cercado por vários escândalos. A deputada que vendeu seu voto em troca de uma embaixada em Paris foi o caso mais bizarro das prebendas em jogo. O governo distribuiu favores e foi recompensado pela casta com apenas o suficiente para conseguir seu troféu.

A maior parte do radicalismo e uma minoria do peronismo socorreram Javier Milei, dando-lhe o quórum e os votos de que precisava para sobreviver. Eles fizeram isso com a duplicidade típica de proclamar em público o oposto do que negociam no Congresso. Eles calcularam exatamente o que o oficialismo precisava para se safar, corroborando o fato de que compartilham o objetivo do governo de acabar com o movimento popular.

Essa convergência ficou muito evidente na agenda de agressão ao movimento operário. Em contraste com o que aconteceu na questão econômica, os socorristas do presidente apoiaram a reforma trabalhista sem maiores objeções. Eles concordaram em sustentar uma iniciativa que atropela direitos, elimina indenizações, facilita a demissão e incentiva a informalidade. Os governadores, que negociaram duramente cada subsídio, convalidaram o ataque aos assalariados sem hesitação. A saraivada contra os trabalhadores foi dissimulada com uma pálida preservação do imposto social único.

Mas o alívio conquistado por Javier Milei não resolve outras adversidades legislativas. A Câmara dos Deputados já aprovou uma nova fórmula de mobilidade na aposentadoria, que o governo ameaça vetar, apesar da recuperação irrisória que propõe para o que foi perdido. O consenso alcançado para aprovar a lei de Bases não ameniza os vaivéns da direita convencional e as intermináveis disputas dentro do bloco libertário. A ambição de poder entre os aventureiros desse grupo é imparável.

Javier Milei não conseguiu unir sua tropa improvisada e seu desprezo pelos “degenerados fiscais” que legislam no Congresso corrói o governo. O presidente também não conseguiu compensar sua solidão parlamentar com qualquer apoio nas ruas. É verdade que as pesquisas lhe dão uma porcentagem respeitável de aprovação, mas esse número sempre acompanhou o primeiro semestre do mandato de todos os presidentes. É um apoio passivo que não é suficiente para sustentar a drástica remodelação da Argentina que o libertário está patrocinando.

Ao contrário de Trump, Bolsonaro, Meloni ou Le Pen, o libertário argentino não tem bases em partidos, igrejas, instituições ou religiões. Sua versão anarcocapitalista é alheia à traição liberal crioula e professa uma vertente de extrema-direita muito distante do antigo nacionalismo reacionário. Até o momento, ele não compensou essas deficiências de origem com o surgimento de um movimento identificado com sua figura.

O comparecimento em seus eventos recentes em Buenos Aires e Córdoba ficou abaixo do necessário para formar esse agrupamento. Com a aprovação da Lei de Bases, as especulações sobre o destino sombrio de Javier Milei diminuirão, mas os poderosos mantêm em andamento o Plano B alternativo que tramam com Villaroel e Macri.

Fracassos e disputas econômicas

Javier Milei está liderando um experimento de ultradireita para lidar com uma grande crise econômica. É por isso que ele está sendo observado com tanta atenção por seus pares em outros lugares. Seu plano inicial era realizar um ajuste rápido para equilibrar as finanças públicas e conquistar a confiança dos credores. Com esse recurso, ele esperava conseguir o crédito necessário para estabilizar a moeda e reduzir a inflação, com a ajuda de uma breve recessão.

Com esse resultado em mente, ele imaginou uma sequência de leis de entrega e uma chuva de investimentos suficientes para vencer as eleições de meio de mandato. A cirurgia que Menem começou com a convertibilidade após dois anos turbulentos, Javier Milei esperava começar com a dolarização no fim do primeiro semestre. Porém, após esse prazo, ele está longe de atingir suas metas.

A única parte concluída de seu programa é o ajuste monumental da renda popular. O empobrecimento que ele perpetrou pode ser visto na queda furiosa do consumo de pão, leite e carne. A aquisição desses alimentos básicos nunca foi tão reduzida. Em outros itens de seu plano, reinam a ficção e o fracasso.

O ordenamento fiscal é uma invenção. Caputo exibe dinheiro adiando pagamentos e usando malabarismos contábeis para esconder a continuidade dos desequilíbrios. Ele trocou um tipo de títulos públicos (Leliqs) por outro (passes, Bopreal), transferiu o déficit do Banco Central para o Tesouro, adiou o cancelamento de importações e forçou o refinanciamento das grandes dívidas de energia com os fornecedores do Estado.

Como a recessão continua encolhendo as receitas fiscais, a economia que Javier Milei consegue com a redução dos gastos são diluídas pela queda na arrecadação. É a mesma sequência que afetou outros programas que mordem o próprio rabo, num círculo vicioso de cortes inúteis. Como seus antecessores, ele está contrapondo o déficit fiscal com mais dívidas.

A queda na inflação que o governo tanto comemora é outra miragem, pois mantém o custo de vida médio acima do governo anterior. O que está sendo amenizado é a superinflação que Javier Milei gerou ao chegar à Casa Rosada. Mas o piso da inflação continua nos mesmos níveis dos últimos anos, e a demora no aumento das tarifas pressagia uma continuação traumática.

O libertário também enfrenta uma contradição inesperada com a taxa de câmbio. Como a forte inflação do primeiro semestre não foi acompanhada por desvalorizações equivalentes, a economia argentina tornou-se cara em dólares e a pressão por outra desvalorização da moeda está na ordem do dia. Os economistas do círculo vermelho que promovem esse aumento (Cavallo, Broda, Melconian) estão em desacordo com os gurkas do oficialismo (Stuzzeneger, De Pablo), que propõem corrigir o solavanco com mais recessão. Essa divergência está sendo processada num cenário de tensões repentinas nos indicadores financeiros (dólar azul, risco-país, liquidação das exportações do agronegócio).

Como as reservas já estão caindo, Javier Milei procura a salvação na obtenção de dólares por qualquer meio. Ele conseguiu introduzir uma lavagem de capital mais irrestrita na Lei de Bases e promoveu privatizações improvisadas para obter essas divisas.

Mas o fornecimento efetivo de dólares depende do FMI, que no primeiro semestre do ano negou-lhe os empréstimos concedidos a Macri. As precauções do Fundo devem-se à insolvência da Argentina, que é o principal devedor da organização e enfrenta vencimentos em 2025 que não conseguirá cumprir. Além disso, o país está sendo prejudicado por compromissos com credores privados e pelas demandas dos tribunais de Nova York.

O FMI está observando Javier Milei sem emitir vereditos. Está muito satisfeito com o ajuste brutal e está começando a considerar a concessão de um resgate, para que o libertário possa continuar servindo aos financistas. Ao ponderar os pagamentos de juros em meio a uma retração de outras despesas, induziu a China a renovar um pesado swap, cujo pagamento levaria ao colapso das reservas.

Curiosamente, Washington incentivou uma atitude amistosa de seu rival de Pequim em relação a Buenos Aires, para evitar a catástrofe que implicava essa exigência de pagamento. Resta saber se o apoio do FMI foi um episódio conjuntural, ou se inicia o apoio estratégico ao plano libertário de eliminação dos controles cambiais (“cepo”).

No prazo imediato, o FMI está observando o resultado da taxa de câmbio, favorecendo o bloco da desvalorização, que também está patrocinando uma certa mudança na direção do pragmatismo regulatório. Essa vertente confronta aqueles que defendem a manutenção do rumo atual com mais liquidificador e mais motosserra. Este último curso pressupõe uma enorme retração econômica, que sustentaria alguma versão atenuada da dolarização (cesta de moedas).

Três pilares e uma regressão

Javier Milei conta com o fervoroso apoio local dos financistas, dos unicórnios e dos extrativistas. O primeiro grupo tem se beneficiado amplamente dos privilégios concedidos aos credores, da pedalada dos títulos públicos e da festa das ações e títulos denominados em dólares.

Dentro desse espectro de favorecidos, o governo apoia os segmentos que patrocinam a desregulamentação financeira, para redistribuir o bolo do crédito e da gestão corrente do dinheiro. O governo promove o ascendente grupo Mercado Pago com licenças que outros países negam. Permite que ele opere violando as regras que regulam a atividade das instituições tradicionais.

Esse apoio ilustra a remodelação financeira que o governo está promovendo. Quando Javier Milei proclama sua intenção de incendiar o Banco Central, ele está, na verdade, patrocinando um regime sem controles ou garantias de depósitos, com o consequente risco para os poupadores. Ele pretende transformar a Argentina numa cobaia da desregulamentação internacional, criando um paraíso financeiro sem restrições.

Essa aventura é compartilhada pelos unicórnios tecnológicos que exaltam o libertário. Eles agrupam um segmento transnacionalizado de prestadores de serviços de informática, que atua como uma elite influente nas redes sociais.

O viajante da Casa Rosada utiliza esse apoio para divulgar as fantasias que elabora enquanto passeia pela Califórnia. Em suas entrevistas com Musk, Pichai, Altman e Zuckerberg, ele se imagina como o criador de um Silicon Milei, que usaria a Inteligência Artificial para remodelar o Estado. Netanyahu já aplica essas invenções para aperfeiçoar o massacre de palestinos e seu admirador argentino espera empregar as mesmas tecnologias para sustentar o ajuste. Ele supõe que será capaz de gerenciar os funcionários do Estado como se fossem peças de um jogo de computador.

Ele também acredita que atrairá investimentos para instalar as usinas de dados dos gigantes da tecnologia na Argentina. Mas, por enquanto, ele não está negociando esse desembarque. Tramita apenas um contrato modesto com o Google, para que ele possa experimentar o absurdo de administrar o Estado com o dedo da Inteligência Artificial.

O terceiro apoio do libertário são as empresas extrativistas envolvidas na pilhagem de recursos energéticos e de mineração. A Techint conseguiu colocar-se no comando desse pelotão. Ela contribuiu com seus principais quadros para a gestão de vários ministérios, está promovendo alianças com seus parceiros ocidentais contra a China e tende a remodelar sua atividade industrial para sustentar o negócio de combustíveis.

Javier Milei é favorável a essa reconversão que transformaria a Argentina num enclave para as grandes empresas de petróleo, gás e mineração. O Regime de Incentivos a Grandes Investimentos (RIGI), aprovado pelo Senado, sustenta esse objetivo. Com essa lei, as empresas obtiveram muito mais do que imaginavam. Elas pagarão menos impostos, desfrutarão de estabilidade tributária por 30 anos, poderão dispensar audiências públicas e ficarão isentas de ações judiciais por destruição ambiental.

O RIGI introduz um regime tributário que não existe no resto do mundo, que isentará as empresas do pagamento de impostos retidos na fonte e de determinados itens da receita bruta. Elas terão permissão para evitar a entrada no país de divisas obtidas com suas exportações, terão acesso ao dólar oficial e poderão importar insumos a qualquer custo.

Essa incrível legislação dará às empresas concedidas benefícios muito superiores aos dos concorrentes estabelecidos. Suas petições serão aprovadas em tempo recorde e sem revisão dos editais. Elas desenvolverão ilhas de exportação desconectadas da produção e da aquisição de fornecedores locais. A livre disponibilidade de moeda estrangeira que terão a seu favor dividirá a economia em duas e afetará um Estado endividado, que perderá o gerenciamento da moeda estrangeira necessária para refinanciar seus passivos.

O agronegócio tende a ficar no meio da grande divisão oficial de ganhadores e perdedores. Ele é altamente favorecido pela liberalização da economia, mas resta saber se o gerenciamento da taxa de câmbio não acabará afetando sua lucratividade, como aconteceu durante a convertibilidade.

O dano ao setor manufatureiro é óbvio. Ele sofrerá outra escalada da mesma remodelação regressiva que enfrentou sob Videla, Menem e Macri. As reclamações de grandes industriais, como Madanes, ilustram essa adversidade, que pode ser verificada nos efeitos da recessão. A Argentina será o único país da região a sofrer uma grande queda no nível de atividade (3,5%) devido ao torniquete aplicado por Javier Milei.

Essa queda não se deve a nenhuma tendência do ciclo econômico. É exclusivamente uma consequência da política contracionista introduzida pelo libertário ao paralisar mais de 6.000 obras públicas. Em seu imaginário de plenitude mercantil, a recessão produtiva que destrói o emprego é tão irrelevante quanto qualquer sofrimento popular.

Um menemismo fora do tempo

Javier Milei tenta acumular poder no exterior para contrabalançar suas inconsistências internas. Com uma sucessão frenética de excursões, aspira a tornar-se uma figura mundial da ultradireita, para aumentar sua autoridade na Argentina. Celebra seu rosto na capa da Time, que o apresenta como o presidente mais exótico do planeta.

Mas não se colocou nesse pódio por mérito próprio, mas por simples servilismo aos Estados Unidos. Javier Milei mostra uma lealdade muito maior a Washington do que às classes dirigentes do país e tornou-se um pilar da contraofensiva que está levando o poder norte-americano a recuperar a primazia no jogo de xadrez global.

Nenhum governo anterior demonstrou uma submissão tão humilhante ao imperialismo ianque. Os chefes da CIA, do Pentágono e do Departamento de Estado desembarcam uma e outra vez em Buenos Aires, para assegurar a chegada dos marines à hidrovia do Paraná, à Tríplice Fronteira e à próxima base militar na Terra do Fogo. Por acaso, venderam ao país uma remessa de velhos aviões de guerra que a Dinamarca armazenava como sucata.

A prioridade de Washington é limitar a presença econômica da China, bloqueando os empreendimentos já assinados com a Argentina (centrais hidroelétricas em Santa Cruz, uma central nuclear, o porto de Rio Grande). Também pretende impedir o fornecimento de redes digitais 5G, investimentos em lítio e a chegada de mais empresas agroalimentares ao litoral.

O embaixador ianque promove uma campanha para apresentar os observatórios científicos de astronomia que Pequim gere em Neuquén como bases militares perigosas. A improvisada ministra das relações exteriores, Mondino, convalidou esta provocação com disparates verbais, aos quais a China respondeu com advertências sérias. A Argentina tem uma grande dívida com a potência asiática e os erros diplomáticos do libertário têm consequências sérias.

A inimizade com a Rússia, que encoraja o Departamento de Estado, também tem efeitos adversos. Cientistas de Moscou, que exploram o subsolo antártico em busca de hidrocarbonetos, teriam descoberto uma imensa reserva em territórios disputados pela Argentina, Chile e Grã-Bretanha. Esta descoberta não foi comunicada ao país, num gesto de rejeição do alinhamento cego de Javier Milei com seu mandante estadunidense.

A tensão com a Rússia também tende a aumentar devido ao apoio fanático à Ucrânia. Javier Milei não só subscreve todas as iniciativas de Zelensky, como até sugeriu o envio de ajuda militar a Kiev, se o confronto militar não abrandar.

Estes anúncios não são fanfarronice. O governo quer restaurar o protagonismo do exército, para restaurar o tráfico de armas que floresceu durante o menemismo e declinou após os atentados à embaixada e à AMIA. O poder judiciário apoia esta revitalização das forças armadas com uma campanha renovada para apresentar o Irã como o principal culpado das explosões. Não apresenta provas dessa culpabilidade e encobre o óbvio envolvimento de militares e espiões argentinos nesses crimes.

Javier Milei também demonstra um apoio sustentado ao genocídio de Israel em Gaza. Ele formou uma estreita aliança com rabinos ortodoxos, que justificam esse massacre com argumentos místicos, e internalizou esse delírio com sua própria conversão ao judaísmo. É por isso que a Argentina foi o único país latino-americano que votou contra o pedido palestino de adesão às Nações Unidas e o embaixador de Telaviv participa como convidado nas reuniões do gabinete. Este favoritismo permitiu à empresa de águas Mekorot inspecionar os recursos hídricos do país e tornar-se um parceiro privilegiado em futuros empreendimentos extrativistas.

Para cumprir as exigências de Washington, Javier Milei adia frequentemente sua investidura e insulta os dirigentes que desagradam ao Departamento de Estado. As provocações contra a Venezuela incluem o roubo de um avião e o fechamento da Telesur. A saraivada contra Cuba envolve a suspensão da rota aérea Buenos Aires-Havana, e as agressões contra Petro e López Obrador estremeceram como nunca as relações diplomáticas com a Colômbia e o México.

Caso se confirme que Javier Milei concederá asilo político ao grupo de bolsonaristas acusados de participar na tentativa de golpe de Estado, as tensões com o Brasil continuarão aumentando. Lula já sugeriu um eventual veto ao fornecimento de gás de que a Argentina necessita em caso de escassez.

O presidente viajante não atua como um subalterno a mais do poder estadunidense. É um peão do projeto de Trump e faz parte da rede de lacaios gerida pelo ambicioso magnata republicano. Javier Milei faz palhaçadas com outros apoiadores do candidato presidencial ianque para causar impacto nas redes sociais. Não esconde seu fascínio pela forma como Elon Musk combina a virulência contra os sindicatos com a promessa de chegar a Marte.

O alinhamento com os neofranquistas do Vox adota o mesmo tom e inclui a exportação para a Espanha do lawfare, que a direita latino-americana aperfeiçoou para derrubar presidentes. Javier Milei participa desta conspiração, difundindo as típicas acusações de corrupção que alimentam estes complôs. Sua hiperatividade na Europa visa obter vantagens com a onda de ultradireita que sacode o Velho Continente.

O libertário também oferece a Argentina como um espaço de experimentação do modelo político trumpista. Experimenta uma nova forma de gestão com mecanismos autoritários para testar o despotismo do poder executivo. Em seu primeiro semestre, insinuou essa modalidade com um governo baseado na emissão de decretos.

A tirania projetada pelo presidente exige um clima de confrontação permanente, para dirigir a ação política com raiva e fúria. São escolhidos inimigos mutáveis para se oporem à autoridade do autocrata de direita. Javier Milei leva este procedimento ao extremo, para reforçar sua figura entre a nova elite da extrema direita global.

Mas esta liderança desejada é muito afetada pela distância que separa seu fanatismo ultraliberal do crescente estatismo de seus colegas. Nem mesmo Bolsonaro ou Bukele na região compartilham sua apologia cega do mercado. Os pesos pesados da onda marrom são mais contundentes. Favorecem os subsídios, defendem o protecionismo, encorajam o investimento estatal e aprovam o aumento do gasto público. As políticas econômicas de Trump, Meloni ou Le Pen são antípodas do anarcocapitalismo criolo.

Javier Milei é um menemista fora do tempo. Encenou uma grande homenagem ao seu precursor, sem se dar conta do quanto ficaram distantes os anos 1990, de globalização, odes ao comércio livre e elogios às privatizações. A batalha que os Estados Unidos travam para dirimir a primazia com a China baseia-se numa reintrodução drástica da regulação estatal.

É por isso que Javier Milei se assemelha aos pregadores solitários, quando declama o resgate nostálgico do liberalismo extremo dos austríacos, contra a moderação dos economistas neoclássicos convencionais. Não só aposta sozinho ao fazer elogios a Mises e Hayek contra Samuelson. Suas diatribes contra Keynes têm pouca ressonância entre os intervencionistas da extrema-direita mundial.

Resistência em vários flancos

A rejeição ativa do governo tem sido muito significativa ao longo do semestre e o resultado da confrontação continua em aberto. Até agora, Javier Milei não conseguiu submeter o movimento popular.

Tem que lidar com a centralidade da classe trabalhadora, que tende a recuperar seu protagonismo desde a retumbante paralisação de 24 de janeiro. A segunda greve de 9 de maio foi mais significativa e contou com um grau de adesão superior à média dos últimos 20 anos. O êxito destas duas ações estimulou os protestos de outros setores e, no caso de Misiones, levou a uma convergência inédita da polícia com os professores.

Javier Milei adotou uma postura de indiferença para sugerir que os protestos não alteram o ajuste, mas não conseguiu disfarçar o impacto do descontentamento. Seus porta-vozes midiáticos tripudiaram contra o custo das greves, apresentando estimativas de perdas milionárias, que nunca calculam quando se trata de medir o montante expropriado dos trabalhadores. A ênfase dada ao custo monetário das paralisações confirmou, de passagem, que os assalariados são os verdadeiros geradores do valor criado na atividade econômica.

A recente mobilização de 12 de junho contra a lei de Bases teve novamente grande impacto e contou com grande presença sindical. Mas a deserção dos gordos da CGT reduziu o caráter massivo da concentração. A defecção de todo o setor conservador do sindicalismo foi acordada com os legisladores do justicialismo, para facilitar a aprovação da lei desejada por Javier Milei. A burocracia desertou em troca de pequenas concessões no capítulo laboral do projeto. Mas o alívio que deram a Milei não anula a tendência combativa preeminente.

O segundo marco da resistência foi a monumental marcha de 23 de abril em defesa da educação pública. Foi a maior mobilização das últimas décadas, com uma presença de cerca de 800.000 manifestantes. A mesma afluência massiva foi verificada em Mar del Plata, Tucumán, Misiones, Mendoza e no reduto cordobês do Liberdade Avança.

Javier Milei ficou desconcertado com esta irrupção. Primeiro repetiu seu habitual roteiro contra os políticos, tentou ridicularizar as “lágrimas dos canhotos” e denunciou a corrupção nas universidades, que propôs tornar transparentes através de auditorias.

Mas, alguns dias depois, abrandou os insultos e negociou com a UCR [União Cívica Radical] a distensão do conflito. Bloqueou a subexecução do orçamento e aumentou os recursos destinados ao funcionamento corrente das universidades. Ao perceber o perigo de uma grande virada na oposição de classe média, optou pelo pragmatismo, arquivou o manual beligerante e reduziu o ajuste. Repetiu a concessão introduzida anteriormente com um limite para os aumentos nos planos de saúdo pré-pagos.

A engenhosidade juvenil surgiu com força na mobilização, com cartazes didáticos, divertidos e irônicos, que contrastavam com a grosseria de Javier Milei. Os livros foram exaltados como sinal de protesto e a defesa da educação pública voltou a irromper como um grande dique de contenção da direita. A obtenção de um diploma universitário continua sendo um objetivo para as famílias empobrecidas, que veem nela uma forma de recuperar seus rendimentos. A velha aspiração de ascender na escala social transformou-se numa modesta expectativa de conter o desmoronamento. Esta esperança na educação pública estendeu-se à nova geração de origem popular que chega às universidades do conurbano.

Esta fidelidade duradoura a um ideal educativo que configurou a história do país resistiu à penetração da ideologia neoliberal. O individualismo mercadológico e a glorificação da privatização não se impuseram neste domínio. É por isso que os discursos radicalizados que apelam aos jovens atraídos por Javier Milei tiveram grande destaque na mobilização.

A soma de todos os participantes nas mobilizações do primeiro semestre mostra um número muito elevado de participantes na resistência contra o ajuste. A marcha de 24 de março teve mais participação do que as anteriores, e as duas manifestações do movimento feminista foram impressionantes. É verdade que o governo mantém a lealdade de seus eleitores, mas essa lealdade é a norma na estreia de qualquer administração. Nenhum governo jamais perpetrou um ataque tão virulento e nenhum jamais enfrentou uma reação tão contundente nas ruas. O resultado desta contraposição será conhecido nos próximos meses.

Duas possibilidades imediatas

Na batalha contra Javier Milei, será definido o perfil do peronismo, que tem arestas muito contraditórias. Uma primeira variante foi cooptada pelo oficialismo com cargos de todo tipo. O ex-candidato presidencial Scioli foi para o ministério que lhe foi oferecido pelo libertário e elogia sem pudor seu novo chefe. Outra lista de camaleões inclui uma alta funcionária do Ministério do Capital Humano (Leila Gianni), que consegue administrar sem apagar do braço a tatuagem de Néstor e Cristina.

Uma segunda variante do justicialismo facilita a administração libertária a partir do Congresso, sem entrar formalmente no governo. A maioria deles responde a governadores que negociam votos em troca de dotações orçamentárias. Outros chegaram ao Senado com as vestes do peronismo e mudaram em troca de dádivas.

O terceiro alinhamento que confronta Javier Milei e tende a forjar uma alternativa eleitoral em torno de Kicillof. O conteúdo das fortes disputas que corroem o espaço kirchnerista é ainda muito obscuro e não está definido se Grabois optará por seu próprio caminho.

Mas nas suas inúmeras variantes, este campo persiste como uma reserva do progressismo, em tensão com a vertente que pretende recriar o velho macartismo justicialista (Guillermo Moreno). Ao contrário do que aconteceu na era Macri, o grosso do peronismo conseguiu manter certa coesão, mas sem exibir liderança, projetos alternativos ou planos de resistência. A partir do Vaticano, Francisco tenta atenuar este vazio, consolidando laços com todo o espectro justicialista.

A esquerda mantém-se como uma valente corrente de oposição nas ruas e, por isso, é visada pelas forças repressivas. Javier Milei pretende tornar ilegais estas organizações e prender seus dirigentes. Este rancor deve-se à consequência da luta que caracteriza este espaço. Atuam com a mesma convicção que a falecida Nora Cortiñas demonstrou ao longo de sua vida.

Esta grande figura das Mães soube ultrapassar o desaparecimento de seu filho e dedicou sua vida a apoiar a luta dos oprimidos. Esteve presente em todas as resistências, sem especular sobre a conveniência dessa participação. Pôs seu corpo a serviço das ideias e tornou-se um símbolo de todas as batalhas. Sua afinidade com a esquerda coroou o amadurecimento político de uma prática militante de meio século.

Norita sempre priorizou a unidade na luta contra o inimigo principal. Este princípio é muito pertinente no contexto atual. O resultado da confrontação em curso definirá toda a sequência posterior. Se o ajuste for imposto, prevalecerá um cenário totalmente oposto ao que resultaria de uma derrota de Javier Milei.

Por esta razão, são indispensáveis ações comuns da esquerda com o peronismo para bloquear o oficialismo. As críticas corretas à burocracia sindical devem ser apresentadas no marco desta convergência. No seio da FIT [Frente de Esquerda e dos Trabalhadores], não há uma posição consensual sobre esta exigência, e tende a prevalecer o vai-e-vem em cada circunstância.

Javier Milei conseguiu uma trégua com a votação no Senado, mas há duas consequências possíveis desse alívio. Se o que aconteceu com a legislação previdenciária de Macri em 2017 se repetir, o sucesso legislativo será um alívio temporário da deterioração subsequente. A lei não impedirá o fracasso do governo. Se, pelo contrário, se reproduzir o que aconteceu na estreia do menemismo, o sucesso tempestuoso no Congresso será o prenúncio de uma estabilização mais duradoura. Resta saber qual dos dois contextos prevalecerá nos próximos meses. Javier Milei aposta que uma vitória de Trump nas eleições estadunidenses abrirá o segundo caminho.

O resultado da luta será o verdadeiro determinante de um ou outro resultado. Após seis meses, a moeda ainda está no ar, sem vitórias definitivas para nenhum dos campos. Mas se aproxima a queda desse metal, com a consequente primazia de um dos dois lados. O movimento popular aposta no sucesso, numa queda de braço que definirá o futuro da Argentina.

*Claudio Katz é professor de economia na Universidad Buenos Aires. Autor, entre outros livros, de Neoliberalismo, neodesenvolvimentismo, socialismo (Expressão Popular) [https://amzn.to/3E1QoOD].

Mais sustentabilidade e menos juros: a aposta do novo Plano Safra

Anúncio do Plano Safra 2024/2025 renova incentivo aos produtores rurais que adotem sistemas sustentáveis, com redução de juros, e amplia investimento na agricultura familiar

Nesta quarta-feira (03), em Brasília, foi feito o anúncio oficial do Plano Safra 2024/2025, programa do governo federal de investimento no setor agropecuário, com linhas de crédito e incentivos. E mais uma vez na gestão do presidente Lula, o plano aposta no estímulo aos sistemas produtivos sustentáveis, com redução de até 1,0 ponto percentual de juros de custeio aos proprietários rurais que adotarem boas práticas. O programa também prevê recompensas àqueles que já estão com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado. Além disso, o plano amplia o investimento na agricultura familiar, com R$ 76 bilhões destinados para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O valor é 6,2% maior que o do último ciclo.

O Plano Safra da Agricultura Familiar traz ainda linhas de crédito especiais para indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.

A agropecuária comercial também receberá mais investimentos do que no ciclo passado, com um montante de R$ 400,59 bilhões, o equivalente a quase 10% a mais do que no período 2023/2024.

Em meio aos investimentos bilionários, a diretora do programa de Clima, Uso da Terra e Políticas Públicas do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Isabel Garcia-Drigo, reforça que o principal desafio da agropecuária nacional é dar abrangência e escala às boas práticas para descarbonização do setor.

O correto direcionamento dos recursos do Plano Safra é um passo fundamental, afirma. “Só que, para obter esse efeito, as instituições financeiras devem ser capazes de separar o joio do trigo, fazendo com que os recursos cheguem aos empreendimentos realmente sustentáveis ou em transição para uma produção de baixo carbono”, completa a diretora do Imaflora.

Para isso, explica Isabel Garcia-Drigo, é necessário definir critérios e indicadores específicos para avaliar se determinada iniciativa solicitante de crédito contribuirá ou não para aumentar a sustentabilidade, o que os pesquisadores chamam de “taxonomia financeira agrícola”. O próprio Imaflora coordena um grupo de trabalho ao lado da FGV Agro para construir essa taxonomia, que poderá ser aplicada às atividades comerciais e familiares para reconhecer de forma padronizada e confiável os empreendimentos que estão no caminho da maior sustentabilidade.

Florestas produtivas

Durante o anúncio do Plano Safra, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, realizou o lançamento do Programa Nacional de Florestas Produtivas.

O programa tem como objetivo a recuperação de áreas degradadas para fins produtivos, para regularização ambiental da agricultura familiar, contribuindo para a ampliação da capacidade de produção de alimentos saudáveis e de produtos da sociobiodiversidade. A iniciativa é voltada para agricultores e agricultoras familiares, entre eles de assentamentos da reforma agrária e de territórios de povos e comunidades tradicionais, e incluiu linhas de crédito especiais, assistência técnica e criação de viveiros comunitários e áreas de cultivo demonstrativo para prática das famílias.

Nesta fase inicial, o programa terá como foco o estado do Pará, onde 21 assentamentos serão contemplados.

“O objetivo é ter produção sustentável de alimentos saudáveis, segurança alimentar e nutricional da população, geração de trabalho, emprego e renda no campo, mitigação do aquecimento global e o cumprimento das metas nacionais de redução de Gases de Efeito Estufa (GEE) estabelecidas pelo Acordo de Paris. Queremos entregar, recuperadas e com produção de alimentos, muitas áreas que foram degradadas”, explicou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.

Michelle Obama venceria Trump nos EUA, diz pesquisa

Apenas a ex-primeira-dama Michelle Obama venceria o ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano, segundo pesquisa Ipsos encomendada pela Reuters divulgada nesta quarta (3). Ela aparece com 11 pontos de vantagem sobre o candidato republicano no levantamento.

Em cenários hipotéticos que consideram candidatos democratas além de Biden, a ex-primeira-dama tem 50% das intenções de voto, enquanto Trump tem 39%. O atual presidente, Joe Biden, aparece empatado com o ex-mandatário: ambos com 40%.

A vice de Biden, Kamala Harris, tem um desempenho parecido, empatada tecnicamente (dentro da margem de erro de 3,2 pontos percentuais) com Trump: 42% contra 43%, respectivamente. O levantamento ainda simulou cenários com governadores do Partido Democrata: nenhum deles pontuou acima de 40% e todos perdem para o ex-mandatário.

Essa é a primeira pesquisa Ipsos feita após o debate “desastroso” entre Biden e Trump na CNN. O desempenho do democrata repercutiu negativamente, mas não afetou suas intenções de voto: ele aparece com 41% contra 39% de Trump.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem sido pressionado a desistir de sua campanha à reeleição após debate com Donald Trump. Foto: Mario Tama/Getty Images

Mesmo assim, a maioria dos entrevistados (56%) acredita que o presidente deveria abandonar a disputa. A pesquisa foi feita entre os dias 1º e 2 de julho com 1.070 eleitores americanos. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Apesar da vantagem de Michelle Obama nas intenções de voto, a ex-primeira-dama já anunciou, em março deste ano que não concorreria à Casa Branca. Em nota, Crystal Carlson, seu diretor de comunicação, afirmou: “Como a ex-primeira-dama já expressou várias vezes ao longo dos últimos anos, ela não vai concorrer à presidência. Ela apoia o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris na campanha”.

DCM

Com juros altos e dólar em disparada, Campos Neto segue emparedando o país

Após alta nos juros, presidente do Banco Central joga contra e valida alta do dólar, o maior patamar em dois anos e meio; presidente Lula reage e volta a fazer críticas. Uma pergunta se faz premente: afinal, o Banco Central é mesmo independente? 

Na segunda-feira, 1, o presidente Lula reagiu à crescente alta do dólar, cerca de duas semanas depois da decisão do Copom de manter a taxa Selic a 10,5%, ignorando a série de redução ou manutenção em baixa e apelos do governo, garroteando a população mais pobre.

Na cotação de segunda, a moeda americana fechou o dia cotada a 5,65 reais, o maior patamar em dois anos e meio. Como previsto pelo presidente, a imprensa corporativa atribuiu a alta às críticas de Lula, não à manutenção da austeridade arbitrária do Banco Central.

Indagado sobre a alta do dólar, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, faz a alegria dos mais ricos e diz que não irá interferir no Câmbio, utilizando reservas monetárias criadas por governos petistas – que foram depenadas nas gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro, que segue com Campos neto, seu indicado, servindo à atribuição de mercado que ocupa a casa monetária.

“A autoridade monetária segue o princípio do câmbio flutuante e não vai intervir no mercado mirando uma cotação do dólar ante o real”, disse o presidente do BC em coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), em São Paulo, no final do mês passado. Após a inação de Campos Neto, o dólar foi às alturas, gerando novas críticas e pressão do presidente Lula.

“Obviamente me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesses, especulativo, contra o real neste país. Eu tenho conversado com as pessoas para ver o que a gente vai fazer. Eu estou voltando [para Brasília] quarta-feira e vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo”, afirmou o presidente, em entrevista à Rádio Sociedade, de Salvador, na Bahia, na segunda-feira, 1º de julho.

Uma pergunta se faz premente: afinal, o Banco Central é mesmo independente?  A pressão constante do mercado financeiro parece influenciar de forma desproporcional as decisões de política monetária, em detrimento das necessidades do desenvolvimento econômico nacional. Um exemplo claro dessa influência é a resistência em reduzir as taxas de juros, mesmo quando há sinais claros de que a inflação está sob controle e que a economia necessita de estímulos para crescer.

Juros altos 

A ata do Copom que decidiu pela manutenção da Selic também deixa incerto o futuro da economia, sem deixar indicações de redução futura – uma espécie de tortura e chantagem econômica.

Campos Neto disse, em resposta às afirmações do presidente, que ‘ruídos’ motivaram interrupção nos cortes de juros pelo BC, o que “explica” a motivação do Copom para manter Selic em 10,5% após sete reduções consecutivas, segundo o escolhido de Bolsonaro.

Lula ressaltou que o cenário econômico tem mostrado resultados positivos, como a redução do desemprego, o crescimento do PIB e aumentos salariais superiores aos índices de inflação. No entanto, há setores do mercado financeiro que estão atuando para forçar a alta da moeda estrangeira, a qual também está sendo pressionada por fatores externos.

“O Mundo não pode ser vítima de mentiras. A gente não pode inventar as crises. Por exemplo: semana passada dei uma entrevista ao UOL. Depois da entrevista, alguns especialistas começaram a dizer que ‘o dólar tinha subido por conta da entrevista do Lula’, e nós fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista. É um absurdo”, apontou o presidente.

No atual cenário, com a independência do BC aprovada pelo governo bolsonarista, Lula não pode trocar o comando da instituição, uma autarquia. Com Campos Neto na presidência, Bolsonaro pôs adiante a independência da casa para garantir a manutenção de seu indicado, escolhido por Paulo Guedes – um grande beneficiado da política econômica que comandava.

“Quando a gente indica um presidente do Banco Central, do Banco do Brasil ou da Petrobras, a gente não indica a pessoa para ela fazer o que a gente quer. As empresas têm diretoria, têm Conselho, têm cronograma de trabalho. O que não dá é ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele [Campos Neto] tem viés político, e eu não posso fazer nada”, apontou o presidente Lula.

Ao relembrar os anos 90, o presidente afirmou que a inflação alta afeta muito a vida das pessoas. Ele afirmou que manter a inflação baixa é uma “obsessão”: “É minha profissão de fé”. “Quanto mais baixa a inflação, mais o trabalhador tem poder aquisitivo, mais o dinheiro dele vai render”.

Como a economia é afetada

A taxa de juros alta afeta a economia de várias maneiras, principalmente ao encarecer o custo do crédito. Isso desestimula o consumo e o investimento, pois tanto consumidores quanto empresas tendem a reduzir gastos e adiar projetos devido ao aumento dos custos de financiamento. Com menos dinheiro circulando na economia, a demanda por bens e serviços diminui, o que pode levar a uma desaceleração do crescimento econômico.

Além disso, setores que dependem fortemente de financiamentos, como o imobiliário e o industrial, sofrem retrações significativas. A alta taxa de juros também atrai investimentos estrangeiros em busca de rendimentos mais elevados, valorizando a moeda local, o que pode prejudicar as exportações ao tornar os produtos nacionais menos competitivos no mercado internacional.

BC vive período crítico

A política monetária do Banco Central do Brasil tem sido alvo de críticas intensas nos últimos anos, com Campos Neto à frente. Em um cenário econômico global complexo, as decisões tomadas pelo Banco Central têm mostrado uma falta de sensibilidade às necessidades reais da economia brasileira e uma desconexão preocupante dos números apresentados pelo governo.

A manutenção de uma Selic elevada, justificada como medida para controlar a inflação, tem tido efeitos devastadores sobre o crescimento econômico. A taxa de juros alta desestimula o investimento produtivo, encarece o crédito para empresas e consumidores e impede a expansão de setores fundamentais para a geração de empregos.

O Banco Central 

A função principal do Banco Central é garantir a estabilidade econômica e financeira do país. Isso é alcançado através da formulação e execução de políticas monetárias, que incluem o controle da inflação, a regulação das taxas de juros e a gestão da oferta de dinheiro.

Além disso, o Banco Central supervisiona o sistema financeiro, assegurando a solvência e o bom funcionamento das instituições bancárias, e atua como banqueiro do governo, administrando a dívida pública e as reservas internacionais. Em última instância, a missão do Banco Central é promover um ambiente econômico estável e previsível, essencial para o crescimento sustentável e o bem-estar econômico da população.

Fonte: FAbramo

Uma mulher grita para ser ouvida, mas ninguém a escuta

Por Antonio Mello

Há mais de um ano uma mulher grita para ser ouvida, mas ninguém a escuta. Por mais que ela procure jornalistas, escreva em suas redes sociais.

Essa mulher quer contar sua história. Uma história de violência, agressões, ameaças de morte, estupro.

Ela fala aos quatro ventos. Quando é ouvida, a censuram.

Ela já contou sua história a uma repórter, mulher como ela. E depois a outra. Ambas a ouviram e publicaram sua história. Mas ambas as matérias estão censuradas.

Então é como se ela tivesse falado, mas não fosse ouvida.

Ela não é ouvida porque seus gritos são fracos. Não, ela grita alto e diariamente em suas redes sociais. Grita alto e diariamente na esperança de ser ouvida.

Mas ninguém a escuta. Ninguém toma uma providência.

Ela já se declarou disposta a ir a qualquer lugar onde queiram ouvir sua história, olhar os documentos que diz ter e que comprovariam tudo o que diz.

As agressões que sofreu e sofre. A corrupção do ex-marido, de que ela diz ter provas.

Ela diz que ele sonegou terras, não declarou fazendas que seriam dele e de que ele dizia ser apenas o arrendatário. Ela diz ter cópias dos contratos de gaveta.

Ela diz que ele a agrediu com palavras, tapas, socos, chutes. Que ele a estuprou e ameaçou matá-la e desaparecer com o corpo, caso ela não negasse todas as agressões em juízo.

Mas ninguém a escuta.

O ex-marido dela é um tipo poderoso. E de maus bofes. Um coronelzinho típico de um Brasil atrasado de coronéis, coisa de há mais de um século, que teima em sobreviver como um espantalho de um Brasil congelado no tempo.

Diferente de Antígona, mas com a mesma determinação dela, que desafiou o rei e os poderosos para enterrar o irmão, ela desafia o Congresso e o STF para, ao contrário, desenterrar sua história que querem ver sepultada.

Ela quer contar sua história e que a ouçam para sepultar de vez o coronelismo ainda vigente em nossa política e que teima nas ações de seu ex-marido, acobertado por outros coronéis latifundiários do STF.

Mas ela grita.

Enquanto isso ela grita.

Uma mulher grita para ser ouvida, mas ninguém a escuta.

Por conveniência. Por medo. Por cumplicidade. Por machismo.

Não importa. Ela grita e vai continuar gritando.

Porque ninguém para uma mulher quando ela decide enfrentar uma injustiça visceral.

O nome dela é Antígona, é Jullyene, são as mães de Acari, as mães e avós da Praça de Maio, das favelas e comunidades, que têm seus filhos assassinados pela polícia.

Elas gritam para serem ouvidas, e o mundo só será justo quando elas não precisarem mais gritar porque são ouvidas. Ou melhor, porque a injustiça que motiva os gritos não existe mais.

Mas enquanto isso, hoje, uma mulher grita para ser ouvida, mas ninguém a escuta.

Fonte: Blog do Mello

Capital Moto Week lança Camping Ville Outdoor: espaço com barracas fixas e serviço de hospedagem exclusivo

Público pode ter experiência diferenciada em hospedagem com direito a estrutura reservada, enxoval de cama, conforto e facilidades  

O Capital Moto Week, maior festival de moto e rock da América Latina, apresenta mais uma novidade em 2024: o Camping Ville Outdoor. Alternativa ao camping gratuito e ao já conhecido Camping Ville, o espaço combina camping e conforto, prometendo intensificar a experiência do público que se hospeda na Cidade da Moto. A iniciativa é uma parceria com a Vila Mundo, referência em hospedagens em festivais internacionais. Com opções que variam de R$ 210 a R$ 250, o público tem acesso a todo o complexo do festival, que acontece de 18 a 27 de julho. Os espaços são limitados, garanta sua vaga.

O Camping Ville Outdoor fica em uma área externa cercada, dispõe de 64 barracas confortáveis para duas pessoas completamente montadas. A acomodação inclui lençóis, fronhas, travesseiros e colchões infláveis. Os hóspedes terão direito a banheiro privativo, fontes de energia elétrica e iluminação para desfrutar do festival com conforto e praticidade. Além de contar com segurança, controle de acesso e estacionamento para motos, a estrutura inclui espaços de uso comum disponíveis no complexo Camping Ville.

O CEO do Capital Moto Week, Pedro Franco, explica que a modalidade atrai quem busca viver a experiência de hospedagem dentro do festival sem renunciar ao conforto e conveniência, sobretudo os motociclistas, que cruzam o país sob duas rodas e evitam a logística de carregar todo o equipamento. Segundo Franco, a hospedagem full service oferece preço atrativo e um valor imensurável: “Com o Camping Ville Outdoor, o Capital Moto Week eleva o padrão do festival, oferecendo uma experiência imersiva que mistura o prazer de morar na Cidade da Moto com o conforto de um serviço de primeira classe”.

Outra novidade é que os aventureiros que já reservaram seu espaço no Camping Ville interno para uso de barraca e equipamento próprio, terão a possibilidade de contratar como complemento, o mesmo Kit Camping, que inclui barraca iglu, colchão inflável, lençol, travesseiro, cobertor, lampião LED e protetor auricular. “Tudo organizado para o público se concentrar no que interessa: despertar seu Lado Moto Week”, finaliza Pedro.

Garanta sua experiência no Camping Ville:

Os preços variam de acordo com o total de hóspedes e o local de escolha. Confira:

 

  • Camping Ville Outdoor | 2 pessoas com Kit Camping | R$ 210 – R$ 250 a diária

Comodidades exclusivas com chuveiros e banheiros, cozinha em área restrita, controle de acesso 24 horas, além de barraca reservada para 2 pessoas, 2 colchões infláveis, 2 lençóis e travesseiros, 2 cobertores, 1 lampião LED e 2 protetores auriculares.

 

  • Camping Ville Interno | 2 pessoas | R$ 160 – R$ 195 a diária

Comodidades exclusivas com chuveiros e banheiros, cozinha em área restrita, controle de acesso 24 horas e espaço reservado para montar a barraca.

 

  • Complemento Camping Ville | 1 pessoa | R$ 110 a diária

Barraca iglu para 1 pessoa, colchão inflável, lençol, travesseiro, cobertor, lampião LED e protetor auricular.

 

  • Complemento Camping Ville | 2 pessoas | R$ 150 a diária

Barraca iglu para 2 pessoas, 2 colchões infláveis, 2 lençóis e travesseiros, 2 cobertores, 1 lampião LED, 2 protetores auriculares e barraca em espaço reservado.

 

Sobre o Capital Moto Week 2024

De 18 a 27 de julho, Brasília será palco do Capital Moto Week, maior festival de motos e rock da América Latina. Inspirado na edição histórica de 20 anos, o CMW aposta na diversidade, talento e energia nos 10 dias de programação, com mais de 100 de shows de diversas vertentes do rock. Destaque para os headliners Raimundos (18), CPM 22 (19), Humberto Gessinger (20), Sepultura (21), Detonautas (25), Call The Police (26) e Blitz e Fernanda Abreu (27). A Cidade da Moto ocupará 300 mil m² no Parque de Exposições da Granja do Torto. A expectativa é receber 800 mil pessoas, 350 mil motos e mais de 1,8 mil motoclubes de todo o mundo. O festival é um dos poucos no Brasil certificado como Lixo Zero (Zero Waste Alliance), zera emissões de carbono, integrando iniciativas de inclusão, diversidade e sustentabilidade à cadeia produtiva.

 

Serviço:

Camping Ville Outdoor | Capital Moto Week 2024

Onde comprar: www.bilheteriadigital.com/capitalmotoweek

Quando: 18 a 27/07/2024

Onde: Parque Granja do Torto | Brasília (DF)

Discurso de Lira na abertura do P20 vai na contramão das atitudes do deputado na Câmara

Lira sofre com críticas de grupos feministas que não estão contentes com o PL do Aborto

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), fez um belo discurso sobre empoderamento feminino na abertura da 1º reunião de Mulheres Parlamentares do P20. As palavras de Lira vão na contramão da postura do deputado à frente da Casa Baixa.

Arthur Lira abriu a cerimônia falando sobre a importância das mulheres na construção de uma sociedade sustentável. Lira aproveitou ainda para homenagear grandes mulheres da história do país que são alagoanas.

Em um momento do discurso, o presidente da Câmara disse que é preciso assegurar mais oportunidade e direitos para as mulheres. “Somente com independência econômica as mulheres podem ter liberdade para ocupar os espaços que desejam na sociedade”, diz.

Paralelo a essa postura feminista, está os diversos ataques que o deputado alagoano vem sofrendo por todo o país. Lira virou alvo dos grupos de defesa dos direito das mulheres, que foram às ruas para protestar contra o projeto de lei que equipara o aborto na 22º semana de gestação, ao crime de homicídio.

Além do tema ser polêmico, o presidente da Câmara foi mais fundo e decretou regime de urgência na matéria, limitando as discussões na Casa sobre o projeto.

Com a repercussão negativa, Lira adiou a votação do texto para o segundo semestre, após o recesso parlamentar, e prometeu criar uma comissão especial para debater o assunto.

Quem sabe esse evento de mulheres parlamentares pode ter feito Lira mudar de ideia quanto o PL do Aborto? A conferir.

7  Segundos

Pelo 25º ano seguido, PT lidera a lista dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso

São 16 deputados e deputadas e 5 senadores petistas. Os “Cabeças” do Congresso Nacional são aqueles parlamentares que conseguem se diferenciar dos demais pelo exercício de suas qualidades e habilidades no dia a dia do Parlamento. Os líderes do PT na Câmara, Odair Cunha, do governo, deputado José Guimarães e a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann estão entre mais influentes.

Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores na Câmara e no Senado lidera a lista dos 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional em 2024. São 16 deputados e deputadas e 5 senadores petistas. A constatação é do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que há 31 anos faz o levantamento dos parlamentares que se diferenciam dos demais e protagonizam o processo legislativo. Os líderes do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), do governo, deputado José Guimarães (CE) e a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) estão entre mais influentes.

Os senadores Beto Faro (PA), líder do PT no Senado, e Jaques Wagner (BA), líder do governo, além do senador Randolfe Rodrigues (AP- sem partido), líder do governo no Congresso, também estão na elite do Legislativo, segundo a pesquisa do Diap, divulgada nesta sexta-feira (28/6).

Também fazem parte dos mais influentes do Parlamento os (as) deputados (as) petistas, por ordem alfabética: Alencar Santana (SP), Arlindo Chinaglia (SP), Benedita da Silva (RJ), Carlos Zarattini (SP)Erika Kokay (DF), Lindbergh Farias (RJ), Maria do Rosário (RS), Reginaldo Lopes (MG), Rogério Correia (MG), Rubens Pereira Jr. (MA), Rui Falcão (SP)Zé Neto (BA) e Zeca Dirceu (PR).

E pelo Senado,  estão entre os protagonistas os senadores Humberto Costa (PE), Paulo Paim (RS) – o único que participou de todas as 31 edições da publicação, tanto quando foi deputado quanto senador – e Rogério Carvalho (SE).

Cabeças dos Congresso

Na avaliação do Diap, os “Cabeças” do Congresso Nacional são aqueles parlamentares que conseguem se diferenciar dos que conseguem se diferenciar dos demais pelo exercício de suas qualidades e habilidades no dia a dia do Parlamento. Entre esses atributos destacam-se a capacidade de conduzir debates, negociações, votações, além de articular e formular propostas.

Entre os 100 parlamentares que comandam o processo decisório no Congresso Nacional em 2024, 69 são deputados e 31 senadores. Desses, 24% são novos em relação aos “Cabeças” de 2023. Dos 24 novos, 17 são deputados e 7 senadores.

Parlamentares do PT protagonizam o processo legislativo – Foto: Gabriel Paiva

Ranking  

No ranking do Diap, o PT, partido do chefe do Poder Executivo federal, possui a maior representação entre os “Cabeças” do Congresso Nacional 2024, mesmo sendo a 2ª maior bancada na Câmara dos Deputados. “O partido sempre exerceu muita influência na agenda legislativa, mesmo quando estava na oposição”, observa o Diap, na sua publicação. Nesta edição, conta com 21dos 100 “Cabeças” – 16 deputados e deputadas e 5 senadores.

O PL, na oposição a partir de 2023, mesmo sendo a maior bancada no Congresso Nacional, ocupa a 2ª posição entre os parlamentares mais influentes, com 12 representantes: 7 deputados – menos da metade do PT, e 5 senadores.

O PSD ficou com a terceira posição, com 5 deputados e 6 senadores, em seguida vem: PP com 5 deputados e 3 senadores; União Brasil com 4 deputados e 3 senadores; MDB com 3 deputados e 4 senadores; PSB, com 3 deputados e 1 senador, PCdoB com 4 deputados; Republicanos com 3 e 1 senador; PSol com 4 deputados; Podemos com 3 deputados e 1 senador; PDT com 3 deputados e 1 senador; Solidariedade com 3 deputados e PSDB com 2 deputados.

Já os partidos Rede, Cidadania, Novo e PV estão na lista com um deputado cada. E dos 20 partidos, apenas dois, (Avante e PRD) não possuem representantes na elite parlamentar.

Mulheres

O PT, com 4 deputadas, Benedita da Silva, Erika Kokay, Gleisi Hoffmann e Maria do Rosário também lidera a lista da presença feminina na “elite do Parlamento. Segundo o Diap, a participação de deputadas e senadoras dentre os “Cabeças” do Congresso, em termos proporcionais, é pequena em relação ao total de mulheres no Legislativo federal. Das 90 deputadas federais e 15 senadoras da 57ª Legislatura, apenas 16 são mulheres – 12 deputadas e 4 senadoras – que integram o seleto grupo dos “Cabeças” do Congresso Nacional 2024.

As 12 deputadas federais na “elite” do Parlamento representam 13,33% da bancada feminina da Câmara dos Deputados. E, as 4 senadoras “Cabeças” 2024, representam pouco mais de 26,66% da bancada feminina do Senado Federal. Considerando a composição da Câmara dos Deputados, as 12 deputadas federais “Cabeças” do Congresso Nacional 2024 representam 2,34% da Casa. E, em relação à composição do Senado Federal, as 4 senadoras “Cabeças” do Congresso Nacional 2024 representam 4,94%.

Acrescentando-se neste seleto grupo as 12 parlamentares mulheres que estão em “ascensão” em 2024, a presença feminina seria de 28 mulheres. Pelo PT, estão em ascensão as deputadas Luizianne Lins (CE) e Natália Bonavides (RN).

Em “ascensão”

Além dos 100 “Cabeças”, desde a 7ª edição da série, o Diap divulga levantamento, que inclui mais 50 parlamentares. São os deputados e senadores, que na compreensão do Diap, estão em “ascensão”, e que, mesmo não fazendo parte do seleto grupo dos 100 mais influentes, têm recebido missões partidárias, podendo, mantida a trajetória ascendente, estar futuramente na elite parlamentar.

Dos 50 parlamentares em ascensão, 10 são do PT: São eles (por ordem alfabética): deputado Airton Faleiro (PA); deputado Bohn Gass (RS); deputado Dr. Francisco (PI); deputado João Daniel (SE); deputada Luizianne Lins, deputada Natália Bonavides, deputado Paulo Guedes (MG); deputado Pedro Uczai (SC), deputado Tadeu Veneri (PR) e deputado Valmir Assunção (BA).

Licenciados

A pesquisa inclui apenas os parlamentares que estão (estavam) no efetivo exercício do mandato no período de avaliação, que considera o desempenho parlamentar desde a posse, especialmente o 1º trimestre de 2024.

Pelo PT estão licenciados porque ocupam cargo de ministro de Estado os deputados Alexandre Padilha (SP), Paulo Pimenta (RS), Paulo Teixeira (SP) e os senadores Wellington Dias (PI) e Camilo Santana (CE).  O deputado Afonso Florence (BA) também se licenciou para assumir o cargo de secretário de Estado no governo Jerônimo Rodrigues.

Confira o resumo do estudo do Diap:

https://www.diap.org.br/images/stories/cabecas_2024_resumo_imprensa_diap.pdf

Ministra Sonia Guajajara participa de encontro com povos indígenas em Rondônia

Lideranças de trinta povos indígenas de Rondônia, noroeste de Mato Grosso e sul do Amazonas entregaram documentos com reivindicações à ministra

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, reuniu-se com mais de 220 lideranças na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, Rondônia, para participar do Iº Diálogo dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste de Mato Grosso e Sul do Amazonas. O encontro foi realizado nos dias 27 e 28 de junho e contou com representantes de mais de 30 povos indígenas que vivem na região.

O objetivo central do encontro foi buscar junto ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI), à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), a solução dos problemas dos territórios indígenas e sobre os desafios em diversas áreas como saúde, educação, demarcação, vigilância, proteção, fiscalização, limites territoriais, alternativas econômicas, PNGATI/PGTA, além de outras demandas entregues através de documentos pelas lideranças presentes no evento.

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Sonia Guajajara fez um relato das atividades informando às comunidades presentes sobre as terras indígenas em que o MPI coordena junto com outros órgãos do governo para realização da desintrusão de invasores, sejam eles grileiros, fazendeiros, madeireiros ou garimpeiros. Além disso, a ministra falou de outras estratégias para ampliar a resolução de conflitos fundiários, como por exemplo o diálogo do MPI com o governo de cada Estado, a partir da situação de cada área indígena e avançar para demarcar TIs que possam ser resolvidas com contrapartidas entre as áreas estaduais e federais.

Outras questões levantadas pela comunidade indígena à ministra, foi a necessidade de abordar as questões relacionadas à saúde indígena e ao Sistema Único de Saúde (SUS) e o combate à exploração do trabalho indígena com a eliminação de postos de subemprego e criação de canais de comunicação para denúncias de exploração do trabalho indígena, tanto em contextos urbanos quanto rurais.
As lideranças presentes entregaram vários documentos com suas demandas à ministra Sônia Guajajara e à presidente substituta da Funai, Mislene Ticuna. Estiveram no evento representantes de povos indígenas que vivem em Rondônia, noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas: Apurinã, Aikanã, Kwazá, Oro Eo, Oro Nao, Oro Waram Xijein, oro Waram, Kathithaulu, Nambikuara, Krenak, Kanoé, Sakirabiar, Amondawa, Kithãulu, Paiter-Suruí, Cinta Larga, Kassupá, Mamaindê, Djeromitxi, Kaxarari, Karitiana, Tupari, Kampé, Makurap, Kanoê, Guarasugwe, Puruborá, Karo-Arara, Gavião-Ikolen, Uru Eu Wau Wau, Kujubim, Wayuru,Terena, Manoke, Zoró, Manduca, Rikbaktsa, Oro Mon, Enawene Nawe, Irantxe, Sabane.

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A ministra ressaltou que agora é o momento do mundo olhar para os indígenas, para o protagonismo que representam e pelo papel que exercem diante do planeta, protegendo os territórios. “Somos só 5% da população mundial, mas protegemos 82% da biodiversidade do mundo. Se os direitos indígenas estão ameaçados, a vida no planeta está ameaçada”, disse Guajajara para centenas de lideranças indígenas, caciques (homens e mulheres), jovens, crianças e demais participantes da comunidade e do governo, na aldeia.

Janaina Paschoal declara que Bolsonaro desgraçou a nação e só abre espaço para sua família

“Foi para defender esse filho que ele desgraçou a nação”, diz a ex-deputada

A ex-deputada Janaina Paschoal fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais, acusando-o de priorizar os interesses de sua família em detrimento do país. Em uma postagem recente, Janaina afirmou que Bolsonaro já está se preparando para lançar seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, como candidato à presidência em 2026, caso sua inelegibilidade seja mantida.

“Leio, aqui e ali, que Bolsonaro já começa a assumir que lançará Flávio Bolsonaro à Presidência em 26. Há muito tempo, eu ‘cantei essa bola’. Ele só abre espaço para a família dele. Só não vê quem não quer. Eu posso não ser nada. Mas digo aqui com todas as minhas poucas forças. Farei campanha rasgada contra. Foi para defender esse filho que ele desgraçou a nação. O povo brasileiro não merece isso!”, escreveu Janaina Paschoal.

A postagem da ex-deputada vem em um momento de intensas especulações sobre quem será o candidato da extrema direita nas próximas eleições presidenciais. De acordo com a coluna Radar, da revista Veja, Bolsonaro já definiu Flávio como o nome a ser lançado, caso ele mesmo não consiga reverter sua inelegibilidade. Esse anúncio contraria os rumores de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, poderiam ser os escolhidos para representar a extrema direita em 2026.

Além disso, Bolsonaro tem pressionado o Congresso Nacional para aprovar um projeto de anistia aos bolsonaristas condenados pelo Judiciário, incluindo ele próprio, em razão dos atos de 8 de janeiro e das punições na Justiça Eleitoral devido ao uso da estrutura pública para tentar a reeleição em 2022. Em um episódio controverso, Bolsonaro convocou embaixadores estrangeiros para caluniar ministros do STF e do TSE, alegando que as urnas não eram confiáveis e acusando os magistrados de favorecerem a vitória de Lula.

A definição de Flávio Bolsonaro como candidato é vista por muitos como uma mensagem direta ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, indicando que ele não contará com o apoio do ex-presidente. Em resposta às especulações sobre suas intenções, Tarcísio declarou: “Um pastor me descascou outro dia porque disse que quero substituir o Bolsonaro. O cara não me conhece”, sem citar diretamente o empresário Silas Malafaia, que sugeriu que Tarcísio estaria de olho na presidência.

Dessa forma, a direita neoliberal, que inicialmente via em Tarcísio um Bolsonaro moderado, agora terá que decidir se apoia Flávio Bolsonaro, assim como fez com Jair Bolsonaro em 2018. As críticas de Janaina Paschoal refletem uma crescente insatisfação dentro de alguns setores da direita com a perpetuação da dinastia Bolsonaro no cenário político brasileiro. Confira:

 

Brasil 247

O bolo de pote

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Hoje o Jair passou por mim vendendo bolo de pote.
– Quanto custa cada?
– 5 reais, moça e tem de vários sabores.
– Está bem, quero um.
– Obrigado moça, que Deus lhe devolva em dobro.
– Obrigada Jair, ótimo trabalho para você.
– Aff, não curto esses “bolo de pote” – comentou um colega.
– Eu também não – respondi.
– Ué, então por que você comprou? Esses 1, 2, 5 reais que você gasta por dia comprando essas coisas na rua você estaria melhor investindo na bolsa – brincou.
Então… não. Mas nem todo mundo está pronto para essa conversa.
Quando eu compro o bolo de pote/ biscoito / bombom / pão das pessoas na rua, eu penso que estou investindo em sonhos. Não tem retorno financeiro, mas é sempre uma alegria.
Se você nunca precisou trabalhar vendendo nada, faça esse esforço mental: um sol de 45º, andando o dia todo e só recebendo “não”. Desanimador, né?
Agora imagine quando uma venda é realizada, quando um cliente aceita comprar o seu produto. É um combustível. Você vai ficar até vender todos, vai fazer no outro dia e vai tentando ser cada vez melhor.
Com o dinheiro das vendas, o Jair sustenta a família, gasta no mercado do seu Zé, faz a economia girar e ainda segue acreditando no próprio potencial.
Sempre que possível, invista em sonhos, que a vida devolve em dobro.
Autor: desconhecido

CONHEÇA A FAMÍLIA IMAFIDON CONSIDERADA A MAIS INTELIGENTE DA GRÃ-BRETANHA

A família mais inteligente da Inglaterra e certamente do mundo inteiro é africana e originária da Nigéria. Estão no Guinness Book dos Recordes como a família mais inteligente da Inglaterra. Eles são muito conhecidos na Inglaterra, mas não são suficientemente publicitados em África.
Na família Imafidon, há gêmeos Peter e Paula, que obtiveram o equivalente ao ensino médio aos 9 anos e se tornaram os mais jovens a frequentar a Universidade de Cambridge, onde bateram o recorde de matemática nesta universidade. Além disso, ambos são campeões nacionais em disciplinas esportivas.
O engraçado é que este recorde foi levado até eles pela irmã mais velha Cristina Imafidon. que tinha obtido o ensino médio aos 11 anos e aos 14 anos estava no mestrado em matemática e estatística. Agora é doutora em matemática e trabalha para a Universidade de Oxford. Mas isso não é tudo, também há a irmã Samantha Imafidon que estava na 3a série aos 8 anos. E quem é o campeão nacional de 100 metros do Reino Unido? As crianças Imafidon batem todos os recordes.
Seu pai é um professor famoso na Universidade de Oxford e é meu amigo próximo há mais de 33 anos. Ela disse-me que a mãe dele é uma Itsekiri. Sentado à direita de HRM OGIAME ATUWATSE III CFR THE OLU OF WARRI KINGDOM é o famoso professor Imafidon da Universidade de Oxford.

Paula e Peter Imafidon são como qualquer outra criança de 9 anos de idade. Eles adoram jogar no computador, brincar e implicar um com o outro. O que os diferencia de outras crianças, porém, é que eles são prodígios  prestes a ingressar no ensino médio e fazem história como os mais novos na Inglaterra.

Chamados carinhosamente de “prodigios britânicos”, os irmãos chamaram a atenção do mundo acadêmico ao gabaritarem o exame de Matemática da Universidade de Cambridge. Eles são os alunos mais jovens a passarem no teste. Os pais de Paula e Peter são nigerianos que imigraram para a Inglaterra há 30 anos e, curiosamente, prodigismo não é algo novo na família. Os três filhos mais velhos do casal também são superdotados.

A filha mais velha, Anne-Marie, tem 20 anos, mas aos 13 anos ganhou uma bolsa do Governo Britânico para fazer curso de graduação na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, EUA. Christiana, 17,  é a mais nova aluna a entrar num curso de graduação aos 11 anos de idade. A filha caçula, Samantha, de 12 anos, passou dois exames de duas rigorosas escolas de ensino médio quando tinha seis anos de idade. Ela orientou os gêmeos para passarem no teste de matemática do ensino secundário, quando também tinham seis anos.

Mesmo com tudo isso, o pai orgulhoso nega que haja qualquer gênio particular em sua família. Ele credita o sucesso de seus filhos ao programa de educação para jovens desfavorecidos.

“Cada criança é um gênio”, disse ele. “Depois de identificar o talento de uma criança é colocá-lo no ambiente que irá nutrir esse talento, então o céu é o limite”

No que diz respeito a carreira, Paula quer ser professora de Matematica e Peter sonha em ser primeiro-ministro.

Fonte: GELEDES

Plano Real – os moedeiros falsos

Por JOSÉ LUÍS FIORI*

Artigo publicado por ocasião do lançamento do plano econômico de FHC, em julho de 1994

“Afinal é preciso admitir, meu caro, que há pessoas que sentem necessidade de agir contra seu próprio interesse…”
(André Gide).

“É importante para um ‘technopol’ vencer a próxima eleição para continuar a implementar sua agenda e não para manter-se no cargo. Vencer uma eleição abandonando suas posições é para ele uma vitória de Pirro”
(John Williamson).

1.

Entre os dias 14 e 16 de janeiro de 1993, o Institute for International Economics, destacado “think tank” de Washington, tendo à frente Fred Bergsten, reuniu cerca de cem especialistas em torno do documento escrito por John Williamson, “In Search of a Manual for Technopols” (Em Busca de um Manual de ‘Tecnopolíticos’), num seminário internacional cujo tema foi: “The Political Economy of Policy Reform” (A Política Econômica da Reforma Política).

Durante dois dias de debates, executivos de governo, dos bancos multilaterais e de empresas privadas, junto com alguns acadêmicos, discutiram com representantes de 11 países da Ásia, África e América Latina “as circunstâncias mais favoráveis e as regras de ação que poderiam ajudar um ‘technopol’ a obter o apoio político que lhe permitisse levar a cabo com sucesso” o programa de estabilização e reforma econômica, que o próprio Williamson, alguns anos antes, havia chamado de “Washington Consensus” (Consenso de Washington).

Um plano único de ajustamento das economias periféricas, chancelado, hoje, pelo FMI e pelo Bird em mais de 60 países de todo mundo. Estratégia de homogeneização das políticas econômicas nacionais operada em alguns casos, como em boa parte da África (começando pela Somália no início dos anos 1980), diretamente pelos técnicos próprios daqueles bancos; em outros, como por exemplo na Bolívia, Polônia e mesmo na Rússia até bem pouco tempo atrás, com a ajuda de economistas universitários norte-americanos; e, finalmente, em países com corpos burocráticos mais estruturados, pelo que Williamson apelidou de “technopols“: economistas capazes de somar ao perfeito manejo do seu “mainstream” (evidentemente neoclássico e ortodoxo) à capacidade política de implementar nos seus países a mesma agenda e as mesmas políticas do “Consensus”, como é ou foi o caso, por exemplo, de Aspe e Salinas no México, de Cavallo na Argentina, de Yegor Gaidar na Rússia, de Lee Teng-hui em Taiwan, Manmohan Singh na Índia, ou mesmo Turgut Ozal na Turquia e, a despeito de tudo, Zélia e Kandir no Brasil.

Um programa ou estratégia sequencial em três fases: a primeira consagrada à estabilização macroeconômica, tendo como prioridade absoluta um superávit fiscal primário envolvendo invariavelmente a revisão das relações fiscais intergovernamentais e a reestruturação dos sistemas de previdência pública; a segunda, dedicada ao que o Banco Mundial vem chamando de “reformas estruturais”: liberalização financeira e comercial, desregulação dos mercados, e privatização das empresas estatais; e a terceira etapa, definida como a da retomada dos investimentos e do crescimento econômico.

2.

Foi ainda nos anos 1980 que o reiterado insucesso das políticas monetaristas de estabilização introduziu nos debates econômicos a importância crucial para o sucesso no combate antiinflacionário do “fator credibilidade”, e teve como consequência a canonização de uma heterodoxia, a da re-regulação do câmbio ou “dolarização”. Logo à frente, já nos anos 1990, as novas avaliações pessimistas, tanto do FMI como do Bird, puseram em destaque a importância decisiva do “fator poder político” no sucesso ou fracasso de seu programa econômico.

Esta nova preocupação dos intelectuais e gestores do Consenso de Washington é que explica não só a realização do Seminário de Bergsten e Williamson, como a presença nele de dois cientistas políticos, Joan Nelson e Stephan Haggard, responsáveis por um dos mais abrangentes estudos comparativos já feitos sobre este assunto nos Estados Unidos.

No seu documento introdutório, Williamson resume as perguntas e hipóteses centrais relativas às dificuldades próprias de cada uma das etapas do plano e sobre as respostas alternativas encontradas pelos diferentes países. Porque reconhece os perversos efeitos sociais e econômicos das medidas de austeridade e liberalização sobre as economias e populações nacionais, o autor também entende, com este programa, como fica difícil eleger e sustentar um governo minimamente estável. De onde surgiram várias táticas ou artifícios políticos capazes de fazer os eleitores aceitarem os desastres sociais provocados em todo lugar pelo programa neoliberal como sendo transitórios ou necessários em nome de um bem maior e de longo prazo.

Listam-se ali, como condições mais favoráveis, quando o programa consegue ser ampliado depois de alguma grande catástrofe (guerra ou hiperinflação) capaz de minar toda e qualquer resistência; quando os “technopols” conseguem defrontar-se com uma oposição desacreditada ou desorganizada; quando, além disto, eles disponham de uma liderança forte capaz de “insularizá-los” com relação às demandas sociais.

Condições que não dispensaram, entretanto, em todas as situações conhecidas, a formação prévia de uma coalizão de poder suficientemente forte para aproveitar as condições favoráveis e assumir, por um longo período de tempo, o controle de governos sustentados por sólidas maiorias parlamentares. Esta, sim, uma condição considerada indispensável para poder transmitir “credibilidade” aos atores que realmente interessam, neste caso: os “analistas de risco” das grandes empresas de consultoria financeira, responsáveis, em última instância, pela direção em que se movem os capitais “globalizados”.

3.

Poucos ainda têm dúvidas de que o Plano Real, a despeito de sua originalidade operacional, integra a grande família dos planos de estabilização discutidos na reunião de Washington, onde o Brasil esteve representado pelo ex-ministro Bresser Pereira. E aí se inscreve não apenas por haver sido formulado por um grupo paradigmático de “technopols“, mas por sua concepção estratégica de longo prazo, anunciada por seus autores, desde a primeira hora, como condição inseparável de seu sucesso no curto prazo: ajuste fiscal, reforma monetária, reformas liberalizantes, desestatizações, etc., para que só depois de restaurada uma economia aberta de mercado possa dar-se então a retomada do crescimento.

Neste sentido, os seus “technopols“, como bons aprendizes, sabem que a dolarização inicial da economia será sempre um artifício inócuo se não estiver assegurada por condições de poder inalteráveis por um período prolongado de tempo.

Desde este seu ponto de vista, aliás, o Plano Real não foi concebido para eleger FHC, foi FHC que foi concebido para viabilizar no Brasil a coalizão de poder capaz de dar sustentação e permanência ao programa de estabilização do FMI, e dar viabilidade política ao que falta ser feito das reformas preconizadas pelo Banco Mundial.

4.

Por isto, não surpreende a confusão popular frente à candidatura de FHC e suas relações sinergéticas com o Plano Real. O que surpreende, sim, é a confusão ainda maior que reina entre os intelectuais que criticam ou justificam emocional ou ideologicamente as suas atuais preferências políticas.

Erro que não cometeria o FHC professor, lógico e realista, se não estivesse impedido de recorrer a si mesmo e ao que ainda melhor explica suas preferências políticas atuais: os seus próprios ensaios sobre o empresariado industrial e a natureza associada e dependente do capitalismo brasileiro, datados dos anos 1960. Eles permitem entender e acompanhar de forma perfeitamente racional o caminho lógico que levou FHC à sua posição atual no xadrez político-ideológico brasileiro. Mas é verdade que, ao mesmo tempo, contêm o libelo mais duro, veemente e essencial contra a sua própria opção.

Em termos muito sintéticos: (a) O trabalho acadêmico de FHC pode ser todo ele definido como uma busca incansável dos “nexos científicos” entre os interesses e objetivos desenhados pelas situações “histórico-estruturais” e os caminhos possíveis que vão sendo construídos politicamente nas sociedades concretas pelos grupos sociais e suas coalizões de poder.

(b) Com esta perspectiva, FHC foi um dos pioneiros a investigar e concluir, de maneira implacável, já em 1963, que “a burguesia industrial nacional estava impedida, por motivos estruturais, de desempenhar o papel que a ideologia nacional-populista lhe atribuía” e que, por isto, “havia optado pela ordem, isto é, por abdicar de uma vez por todas de tentar a hegemonia plena da sociedade, satisfazendo-se com a condição de sócio-menor do capitalismo ocidental.”

Constatação que lhe permitiu redescobrir muito cedo no empresariado brasileiro uma condição universal do capitalismo: a de que pode estar associado, indiferentemente, segundo as circunstâncias, a um discurso ideológico protecionista ou livre-cambista, estatista ou anti-estatista, obedecendo apenas ao interesse maior da liberdade de movimento do capital e dos desdobramentos geoeconômicos e políticos da sua continuada internacionalização.

Esta descoberta foi responsável direta pelo seu passo seguinte e mais original: para FHC, se a condição periférica do capitalismo se definia pela ausência de moeda conversível e capacidade endógena de progresso tecnológico, a sua “condição dependente” se definia pela forma peculiar de associação econômica e política do empresariado nacional com os capitais internacionais e o Estado. Tripé de sustentação econômica da fase de “internacionalização do mercado interno” (em que as empresas multinacionais assumiram a liderança em quase todos os setores de ponta, responsabilizando-se por cerca de 40% do produto industrial) e de um tipo de “industrialização associada”, tão viável quanto inevitável do ponto de vista da “burguesia industrial brasileira.”

Durante os anos 1970, o trabalho intelectual de FHC consistiu em demonstrar que esta “situação estrutural” não impedia o crescimento econômico nem o associava necessariamente a um só modelo social e político. Concluindo, logo antes de entrar para a vida política, que o caráter predatório, excludente e autoritário do capitalismo brasileiro era a marca própria que a coalizão conservadora de poder imprimira ao Estado desenvolvimentista brasileiro.

5.

Não é difícil estender e atualizar a análise de FHC à nova “situação estrutural”, definida por uma internacionalização mais avançada ou globalizada do capitalismo, associada ao aumento de nossa “sensibilidade” interna às mudanças da economia mundial. Sobretudo porque a nova realidade ultrapassa, mas não invalida, o que de essencial FHC escreveu nos anos 1960 e 1970. E a sua inteligência lhe impede repetir bobagens e lhe permite saber que o que interessa para o Brasil no novo contexto globalizado não tem nada a ver com a queda do Muro de Berlim nem tampouco com o esgotamento do modelo de substituição de importações que já ocorrera nos anos 60/70…

Nessa atualização, basta ter claro que a globalização não é um processo completamente apolítico, envolvendo desde os anos 1980 pressões crescentes de governos e organismos multilaterais sobre a condução doméstica das economias periféricas. Por isto, os ajustes nacionais tampouco são puramente econômicos. Os Estados nacionais têm que optar e decidir como se conectam à nova redefinição das coalizões interna e externa de poder.

No nosso caso, o velho tripé econômico e sua aliança com as elites políticas regionais entrou em crise e precisa ser refeito. Dos antigos aliados, a velha elite política está esfacelada regionalmente; o sócio internacional “financeirizou-se”; o empresariado local, que já se “ajustou” a nível microeconômico, mantém sua velha opção ainda quando tenha encontrado seu exato lugar enquanto “sócio menor associado”, e por isto já se alinhou plenamente com o livre-cambismo anti-estatista do “Washington Consensus“; e, por fim, o Estado, falido financeiramente, já foi além disto destruído de forma absolutamente irracional e ideológica pelo governo Collor.

FHC sabe como ninguém que mudar ou refazer esta articulação econômica e aliança política é o problema central que hoje está posto no cenário brasileiro. E, frente a esse desafio, tomou sua primeira e decisiva decisão: resolveu acompanhar a posição do seu velho objeto de estudo, o empresariado brasileiro, e assumiu como um fato irrecusável as atuais relações de poder e dependência internacionais. Deixou seu idealismo reformista e ficou com seu realismo analítico abdicando dos “nexos científicos” para se propor como “condottiere” da sua burguesia industrial, capaz de reconduzi-la a seu destino manifesto de sócia-menor e dependente do mesmo capitalismo associado, renovado pela terceira revolução tecnológica e pela globalização financeira.

6.

Como consequência natural, aderiu à estratégia de ajustamento do FMI e do Banco Mundial. Mas sua opção mais importante não foi esta. Dispunha de um elenco de alternativas políticas para implementar essa mesma estratégia. Mas, diante da hipótese de uma aliança de centro-esquerda que poderia revolucionar o sistema político e social brasileiro aproximando-o do social-liberalismo de Felipe González, FHC preferiu o caminho de Oraxi, Vargas Llosa ou Mitsotakis, e decidiu-se por uma aliança de centro-direita com o PFL que lhe garante o apoio natural dos demais partidos conservadores num eventual segundo turno. Uma aliança que, obviamente, não se explica por razões puramente eleitorais, pois afinal Collor e Berlusconi já demonstraram que nesse campo é possível obter melhores resultados por caminhos mais diretos e “modernos”.

O que a nova aliança de FHC se propõe, na verdade, é algo mais sério e definitivo: remontar a tradicional coalizão em que se sustentou o poder conservador no Brasil. Este o verdadeiro significado direitista de sua decisão que, aliás, não é de hoje, mas data de maio de 1991, quando apoiou a reorganização do governo Collor em aliança com o próprio PFL de ACM e Bornhausen.

Se ali não teve sucesso, foi por obra do destino ou de Mário Covas, mas as cartas já estavam lançadas. Desde então, costurou de forma brilhante e eficiente a adesão de quase toda a grande imprensa e do empresariado, mas sobretudo os apoios internacionais que faltaram a Collor, haja vista, além das avaliações de risco das grandes consultoras financeiras publicadas pela imprensa internacional, o desfile recente de personalidades mundiais (públicas e privadas) do neoliberalismo que têm vindo dar apoio ao programa de estabilização e reformas de FHC. Faltam-lhe ainda, contudo, duas coisas: o apoio das lideranças políticas regionais que vêm negociando com imensa dificuldade a partir do PFL e, sobretudo, o dos eleitores que pretende obter através do sucesso instantâneo de seu Plano Real.

Em síntese, FHC optou por sustentar a estratégia do Consenso de Washington, valendo-se da mesma coalizão de poder que construiu e destruiu o estado desenvolvimentista de forma igualmente excludente e autoritária. E, com isto, em nome do seu realismo, na verdade está se propondo, ainda uma vez, a refundar a economia sem refundar o Estado brasileiro. E aqui sim, contradiz um ponto essencial de suas ideias e de seu passado reformista.

7.

Não nos interessa discutir aqui porque o programa FMI/Bird pode ser virtuoso para o empresariado e catastrófico para um país continental e desigual como o Brasil, mas apenas nos ater aos dilemas internos e específicos de tal proposta, e de sua experimentação concreta, para assim esclarecer o significado mais radical da opção de FHC. Mas para isto devemos voltar brevemente a Washington.

Não mais às sugestões práticas do seminário de John Williamson, mas às conclusões do estudo comparativo de J. Nelson e S. Haggard, sobre um grupo de 25 países que antecederam o Brasil na adesão ao “Washington Consensus”. E aqui todas as experiências apontam numa mesma direção: se o projeto não avança sem “credibilidade”, não há credibilidade possível sem governos com autoridade centralizada e forte. Mas por que chegaram a esta conclusão de que era indispensável recorrer à política e a Estados fortes para alcançar o “mercado quase perfeito”?

Primeiro, porque na maioria dos países que já aplicaram as políticas e fizeram as reformas recomendadas não houve a esperada recuperação dos investimentos. E isso porque, em segundo lugar, o apoio empresarial, interno e externo, não passa do entusiasmo retórico para a cooperação ativa, indispensável inclusive para a primeira etapa da estabilização sem ter garantias sobre as reformas liberalizantes.

Em terceiro lugar, como consequência, aliás, todos os países que lograram vencer a etapa da estabilização contaram com uma ajuda externa politicamente orientada; no caso chileno, 3% do PIB durante cinco anos, de ajuda pública mais um aporte equivalente, durante três anos, por parte dos bancos comerciais; 5% do PIB durante cinco anos no caso da Bolívia; 2% do PIB durante seis anos no caso do México, etc.

Mas, em quarto lugar, mesmo quando obtiveram ajuda externa e se estabilizaram, estas economias “reformadas” atravessaram profundas recessões, perdas significativas da massa salarial e aumento geométrico do desemprego, os famosos “custos sociais” da estabilização.

Em quinto lugar, mesmo ali onde houve retomada do crescimento, esse tem sido lento e absolutamente incapaz de recuperar os empregos destruídos pela reestruturação e abertura das economias. Sendo que para culminar, em sexto lugar, no caso das experiências bem-comportadas, as etapas de estabilização e reformas tomaram de três a quatro anos cada uma, e até uma década para a retomada efetiva do crescimento.

Neste quadro, como é óbvio, fica difícil obter credibilidade para as políticas neoliberais junto ao empresariado, seu aliado indispensável, e pior ainda, junto aos trabalhadores. Segue-se daí a conclusão inevitável: a longa espera pelos eventuais resultados positivos das políticas e reformas preconizadas pelo FMI e Bird demandam uma estabilização prolongada da situação de poder favorável às reformas. Solução que desemboca, entretanto, num novo problema: o da viabilização eleitoral duradoura da coalizão “reformista”. Eis aí a questão: como fazer com que o povo compreenda e apoie por um longo período de tempo, e apesar de sua dura penalização, a verdade dos “technopols”? Ou em termos mais diretos: nestas condições, como ganhar eleições e manter tanto tempo uma sólida maioria no Congresso Nacional?

8.

Frente a este desafio, descartada a “alternativa Menem” (usar um programa para a campanha eleitoral e outro no governo) defendida entusiasticamente no seminário de Washington por Nicolas Barlette do International Center for Economic Growth, os estudos apontam para três caminhos conhecidos: (a) o dos partidos capazes de assegurarem a vitória e a maioria parlamentar por mais de uma década, o que em geral se deu em sociedades com menores índices de inflação e/ou de desigualdade social; (b) o da existência de condições excepcionais, de guerra ou recuperação democrática, favoráveis ao logro de acordos sociais e políticos entre partidos, sindicatos e empresários; (c) ou então, como os estudos mencionados indicam em quase todos os casos dos países com economias de alta inflação, grande fragilidade externa e extrema desigualdade social, o apelo a regimes autoritários permanentes ou “cirúrgicos”, como foi o caso da Turquia no início dos 1980 e do Peru mais recentemente.

9.

FHC, desde 1991, pelo menos, optou claramente por este projeto de modernização neoliberal e por um bloco de sustentação de centro-direita. Neste sentido, segundo nos relata a experiência, optou por uma estratégia socioeconômica que tem gerado ou aprofundado os níveis preexistentes de desigualdade e exclusão social. E além disto, para culminar, também optou para levar à frente este projeto anti-social e quase sempre autoritário, através de uma coalizão política que foi sempre autoritária e que já logrou forjar, antes e durante a era desenvolvimentista, esta nossa sociedade que ocupa hoje o penúltimo lugar mundial em termos de concentração de renda.

Neste sentido é que se pode concluir, sem ofender a lógica, que FHC realmente aderiu a um projeto de “aggiornamento” do autoritarismo anti-social de nossas elites.

10.

Mas agora o jogo já começou e as coisas já evoluíram. Hoje, FHC se transformou em refém de seus próprios “technopols“. Como sua proposta neolibeal satisfaz o empresariado mas deixa pouca margem para costurar as alianças com as velhas elites políticas regionais, e como a situação dos eleitores piorou enormemente desde que assumiu o Ministério da Fazenda, só lhe resta esperar pelo milagre dos três meses prometidos pelas cabeças “iluminadas” de sua equipe econômica.

Neste ponto, aliás, o Brasil produz uma novidade que talvez possa ser relatada no próximo seminário de Washington: em vez de silenciar sobre os efeitos perversos do programa, faz-se de seu sucesso antecipado de curtíssimo prazo a grande arma para obter a vitória eleitoral… Mas é por isto também que neste caso o plano de estabilização já nasceu de forma autoritária, de tal forma que, desde agora, a condução independe do conhecido senso público do ministro Ricupero.

Lançado num período eleitoral quando, por definição, as escolhas são livres e os resultados indeterminados, o pré-anunciado sucesso do Plano supõe que só possa haver um ganhador, ou pior, supõe que, quem quer que seja o ganhador, terá que se submeter aos “technopols“, a menos que queira enfrentar uma hiperinflação explícita, com fuga de capitais, sobrevalorização cambial e desequilíbrio fiscal gerado pelas altas taxas de juros.

Para não falar que, nestes três meses de engodo, tudo o que faz parte normal de uma campanha eleitoral será considerado subversivo do ponto de vista do Plano… Sendo desnecessário acrescentar, neste momento, que mesmo que FHC ganhe as eleições dificilmente terá a maioria parlamentar de que falam, o que nos candidata fortemente, segundo a experiência relatada, a prolongarmos no tempo a concepção originariamente autoritária do Plano.

Neste sentido, ao contrário do que alguns defendem, FHC está dando uma nova e sofisticada colaboração para a irracionalidade da política brasileira.

11.

E quanto à moeda que nasce, depois de chegar a Brasília protegida pelos tanques do Exército, seguirá sendo uma moeda virtual ancorada numa paridade cambial, que, por sua vez, está atrelada a futuro político impossível de ser assegurado de antemão. Sorte teríamos neste sentido se sobre ela pudéssemos apenas parafrasear Helmut Schmidt (quando disse aqui no Brasil, comentando a possibilidade de sucesso imediato das reformas liberais no Leste europeu): “Ter-se-ia que ser professor de Harvard para crer nestas tolices”. Nossa situação é ainda mais triste, porque temos que reconhecer que nossos “technopols” conseguem reunir à “tolice dos professores de Harvard” a irresponsabilidade dos moedeiros falsos do André Gide.

*José Luís Fiori é professor emérito da UFRJ. Autor, entre outros livros, de Os moedeiros falsos (Vozes).

Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo, caderno mais! em 3 de julho de 1994.

Privatização das escolas públicas em São Paulo

Por RICARDO NORMANHA*

À nossa geração cabe fazer o enfrentamento que começa no nível mais basal da realidade, desfascistizando as relações cotidianas e criando todas as barreiras necessárias para o avanço das políticas privatizantes

O governo de São Paulo, sob a gestão do governador de extrema direita Tarcísio de Freitas (Republicanos), está implementando o projeto “Novas Escolas” através de uma parceria público-privada (PPP) para construir e “modernizar” 33 unidades escolares, atendendo 35 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio (São Paulo [2024?]).

O decreto publicado no último dia 11 de junho concretiza a iniciativa que já vinha sendo noticiada há tempos e faz parte do pacote de “desestatização”, um dos pilares da gestão de Tarcísio em São Paulo, junto com a política de segurança pública baseada no aval para a violência policial, no punitivismo e no populismo penal.

O tema das privatizações das escolas públicas ganha ainda mais os holofotes da imprensa em um momento propício em que a ofensiva ultraconservadora de extrema direita pauta o debate público. No início de junho, projeto semelhante foi aprovado a toque de caixa na Assembleia Legislativa do Paraná, mesmo sob os protestos de professores e estudantes. Vale mencionar também que o plano de privatização das escolas públicas estaduais do Paraná foi gestado quando Renato Feder, atual secretário de educação do estado de São Paulo, ocupava a mesma pasta na gestão do governador Ratinho Júnior (PSD) no Paraná.

Ainda no campo da educação, outros ataques da extrema direita vêm se efetivando em São Paulo na gestão Tarcísio/Feder: substituição de livros didáticos – avaliados e aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático – por materiais digitais (slides) de qualidade, no mínimo, duvidosa; utilização de Inteligência Artificial para a confecção dos materiais digitais; plataformização irrestrita da educação por meio do uso compulsório de inúmeros aplicativos e recursos digitais tanto para atividades administrativas quanto para as atividades pedagógicas, afetando profundamente – e negativamente – o processo de ensino-aprendizagem e o controle do trabalho docente; a aprovação do programa que institui as escolas cívico-militares no estado, transferindo para quadros da reserva da Polícia Militar as funções administrativas e disciplinares das escolas, sob o argumento de que o desempenho acadêmico dos estudantes das escolas cívico-militares é melhor em relação ao dos estudantes das escolas convencionais.[i]

Transferência direta de recursos públicos para a iniciativa privada

O plano de privatização das escolas públicas estaduais em São Paulo, que faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado (PPI-SP), envolve um investimento de R$ 2,1 bilhões e prevê a construção, adequação e manutenção predial das novas escolas, com a promessa de que metade das unidades serão entregues em dois anos e o restante até janeiro de 2027. A licitação para a privatização da administração dessas escolas foi autorizada, com concessão prevista por 25 anos, segundo informações do portal G1.[ii]

O projeto prevê que as empresas concessionárias serão responsáveis pela construção, manutenção, conservação, gestão e vigilância das unidades, além de outros serviços não pedagógicos, como limpeza, portaria, monitoramento de câmeras, controle de acesso, alimentação, jardinagem e controle de pragas. Ou seja, as empresas que vencerem a licitação receberão do governo do estado grandes montantes de recursos públicos para realizar a gestão das escolas. O critério de julgamento da licitação será o menor valor da contraprestação pública máxima a ser paga pelo governo, com o leilão previsto para o terceiro trimestre e a assinatura do contrato no final deste ano.

Em tempos de pós-verdade e de narrativas que suplantam a realidade concreta, faz-se necessário dizer o óbvio. Empresas privadas objetivam lucro e, como em toda atividade capitalista, buscam maximizar os seus ganhos. Tendo em vista que a gestão das escolas não se constitui, necessariamente, como uma atividade produtiva, isto é, não produz diretamente uma nova mercadoria, a possibilidade de maximização de lucros reside na redução dos custos de tal forma que o que elas irão receber do governo do estado seja sempre mais – e quanto mais, melhor – do que o montante que será investido na construção, manutenção e gestão administrativa e de zeladoria das escolas.

Em outras palavras, indiscutivelmente, serão realizados progressivos cortes de gastos em todas essas atividades de gestão: materiais de baixa qualidade, infraestrutura mínima, redução de gastos com salários e direitos.

Separação entre gestão e atividade pedagógica

O projeto de privatização das escolas tem como argumento principal centralizar a contratação para “otimizar” a gestão, reduzir custos e “melhorar a qualidade” dos gastos, o que permitiria que gestores e professores se concentrem nas atividades pedagógicas. A proposta é que as atividades pedagógicas continuem, do ponto de vista formal, sob a responsabilidade da Secretaria da Educação. Parte-se, portanto, da premissa da separação entre gestão e atividades pedagógicas, como se pertencentes a universos distintos e não diretamente relacionados.

Desde os anos de 1990, a onda neoliberal que assolou o mundo após o fim do bloco socialista articulada à reestruturação produtiva no mundo capitalista, de acordo com Reginaldo de Moraes (2002) consolidou uma narrativa que buscou descrever e explicar os supostos problemas do mundo social “politicamente regulado”. No que diz respeito à reforma dos serviços públicos, essa narrativa defende a supremacia do mercado como o melhor e mais eficiente mecanismo para alocar recursos, promovendo, portanto, justiça, igualdade e liberdade.

Nesse sentido, no âmbito da Nova Gestão Pública, paradigma administrativo que defende a aplicação direta de práticas de gestão do setor privado na Administração Pública e cujo objetivo é alcançar maior eficiência, reduzir custos e aumentar a eficácia na prestação de serviços, compreendendo os cidadãos como clientes e os servidores públicos como gestores, observamos ao longo dos anos de 1990 e primeira década de 2000, uma série de reformas do aparelho estatal que logrou consolidar um modelo de gestão executiva dos serviços públicos pensado de maneira separada e autônoma das atividades fins.

Assim, vimos ao longo das últimas décadas um processo acentuado de privatização da gestão dos serviços públicos, seja no sentido de uma transferência direta da gestão para a iniciativa privada, seja no sentido da adoção das práticas e valores do mercado na administração pública, visando uma aparente “profissionalização” da gestão. Na mesma direção, nota-se a emergência de novos atores que compõem e orientam as redes de governança pública, como as instituições, fundações e empresas privadas que não só pautam o debate público como incidem com o peso de fortes investimentos financeiros na formulação e implementação das políticas públicas.

No campo da educação, essa segmentação entre gestão escolar e gestão pedagógica vem se intensificando na medida em que diretores e diretoras de escolas assumem cada vez mais funções relacionadas à gestão de recursos humanos, verbas, insumos e materiais – vale dizer, recursos esses cada vez mais escassos – distanciando-os das reflexões e práticas pedagógicas das escolas (Souza, 2004). Nesse sentido, o projeto de privatização em curso nos estados de São Paulo e Paraná, reforça essa distinção, assumindo que a gestão administrativa das escolas se constitui como um fim em si mesmas.

Na educação, a “atividade fim” é a própria prática pedagógica. A administração é, portanto, uma “atividade meio”, necessária para o desenvolvimento da prática educacional. Desta forma, a gestão não pode ser separada, apartada e autonomizada em relação à atividade propriamente pedagógica. A condição para o desenvolvimento do modo de produção capitalista reside justamente na separação entre produtores diretos e os meios de produção, mas também na separação entre produtores e gestores da produção. A educação pública, ao sucumbir a essa lógica, dissipa sua dimensão pública e rende-se aos interesses privados de acumulação de capital.

Ultraliberalismo como expressão da ofensiva de extrema direita

As transformações econômicas e políticas que atravessaram o mundo globalizado a partir do final da primeira década do século XXI, apontam para um aprofundamento e radicalização da lógica neoliberal que regeu a economia global desde meados da década de 1980. Entende-se aqui que o termo neoliberalismo passa a ser insuficiente e anacrônico para dar conta das complexidades do mundo contemporâneo, sobretudo a partir da crise de 2008.

Além disso, o uso do termo neoliberalismo passou a ser usado de forma difusa e confusa incorrendo muitas vezes no esvaziamento do seu significado. Nesse sentido, é necessário acionarmos categorias e conceitos que apontem com precisão para o processo em curso na economia global. Desta forma, o argumento de Miranda (2020) defende que o uso do termo “ultraliberalismo” é mais adequado pois enquanto o prefixo “neo” sugere uma novidade temporal – e o neoliberalismo já está em voga há algumas décadas e já não se apresenta mais como novidade – o prefixo “ultra” destaca a radicalização dos preceitos do liberalismo clássico e do próprio neoliberalismo.

Assim, o ultraliberalismo não representa uma nova era, mas uma intensificação das práticas capitalistas de exploração e expropriação da classe trabalhadora e de aprofundamento da ideologia de redução do Estado e de transferência de toda a gestão pública para a iniciativa privada.

Nesse sentido, quando se observa o processo explícito e escancarado de privatização das escolas públicas, é nítido o aprofundamento e radicalização daquilo que já vinha sendo implementado desde o final do século XX. Enquanto a Nova Gestão Pública, instrumento ideológico do neoliberalismo dos anos 1990 e 2000, forçou a permeabilidade da lógica do mercado no coração da administração pública, do estado e dos serviços públicos, o momento atual aponta para uma transferência direta desta gestão para a iniciativa privada em setores, até então, relativamente protegidos dessa ofensiva.

Se a reforma gerencialista do Estado não hesitou em vender empresas estatais estratégicas, como as de telefonia, mineração e bancos, alguns serviços públicos, graças à resistência oferecida pelos movimentos sociais, especialmente no campo da saúde e da educação, não permitiram o entreguismo privatista às custas do sucateamento de tais serviços.

No entanto, o avanço da extrema direita em todo o mundo e, em especial, no Brasil, sobretudo a partir do golpe contra Dilma Rousseff em 2016, impôs aos movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e outras formas de organização da classe trabalhadora, um cenário defensivo e de baixa, ou quase nenhuma, capacidade de resistência.

Resta-nos, agora, analisar a conjuntura dessa quadra da história e compreender o papel das forças progressistas, democráticas e da esquerda radical no confronto direto a essa ofensiva ultraliberal da extrema-direita. Como convocou Franz Fanon: “cada geração tem que descobrir a sua missão, cumpri-la ou traí-la” (Fanon, 2022, p. 207).

À nossa geração coube fazer esse enfrentamento que começa no nível mais basal da realidade, desfascistizando as relações cotidianas e criando todas as barreiras necessárias para o avanço das políticas privatizantes.

Ricardo Normanha é pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Educação da Unicamp.

Referências


FANON, Frantz. Os condenados da Terra. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.

Souza, Silvana Aparecida de. “Os sentidos da separação entre gestão pedagógica e gestão escolar nas políticas públicas educacionais do Paraná”. Ideação, vol. 6, no 6, 2004, p. 176-85.

MORAES, Reginaldo C. “Reformas neoliberais e políticas públicas: hegemonia ideológica e redefinição das relações Estado-sociedade”. Educação & Sociedade, vol. 23, setembro de 2002, p. 13–24.

MIRANDA, João Elter B. O ultraliberalismo enquanto categoria conceitual. LavraPalavra, 2 de dezembro de 2020, https://lavrapalavra.com/2020/12/02/o-ultraliberalismo-enquanto-categoria-conceitual/.

NEVES, Ian. Greve no paraná, privatização e militarização das escolas | Cortes do Ian Neves. 2024. YouTube, https://www.youtube.com/watch?v=ga98DLupzIs.

SÃO PAULO, Secretaria de Parcerias em Investimentos. Novas Escolas. [2024?]. Disponível em https://www.parceriaseminvestimentos.sp.gov.br/projeto-qualificado/ppp-educacao-novas-escolas/#:~:text=O%20projeto%20Novas%20Escolas%2C%20qualificado,apenas%20servi%C3%A7os%20n%C3%A3o%2Dpedag%C3%B3gicos).

Tarcísio autoriza licitação para privatizar gestão de 33 novas escolas estaduais de SP. G1. 12 jun. 2024. Disponível em https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/06/12/tarcisio-autoriza-licitacao-para-privatizar-gestao-de-33-escolas-estaduais-de-sp.ghtml.

Notas


[i] Argumento facilmente desmontado por inúmeros pesquisadores e pesquisadoras especializados. O suposto melhor desempenho dos estudantes das escolas cívico-militares está associados a outros fatores que não estão relacionados à gestão militarizada, como investimentos, valorização da profissão docente, infraestrutura e trajetórias e bagagens culturais familiares desses estudantes. Para entender mais sobre as falácias das escolas cívico-militares ver SAMORA, Frederico. A arte do golpe: cinco pontos para pensar as escolas cívico-militares. Brasil de Fato. São Paulo (SP) | 24 de outubro de 2019. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2019/10/24/artigo-or-a-arte-do-golpe-cinco-pontos-para-pensar-as-escolas-civico-militares.

[ii] Tarcísio autoriza licitação para privatizar gestão de 33 novas escolas estaduais de SP. G1. 12 jun. 2024. Disponível em https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/06/12/tarcisio-autoriza-licitacao-para-privatizar-gestao-de-33-escolas-estaduais-de-sp.ghtml.

Boulos manda recado a adversários em São Paulo

Lula evitou fazer declarações diretamente em apoio a Boulos após ser multado por conta de suas falas durante o ato do 1° de Maio em São Paulo. Agora ambos evitaram citar eleições

O pré-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos dividiu neste sábado (29) um palanque na capital paulista com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades federais, além da pré-candidata à vice-prefeitura em sua chapa, Marta Suplicy.

Durante o evento de lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do campus Cidade Tiradentes do IFSP (Instituto Federal de São Paulo), Boulos aproveitou para mandar recados a seus adversários. Ele criticou a lei de escolas-cívico militares do governador Tarcísio de Freitas e a escolha do vice na chapa do atual prefeito, Ricardo Nunes, o ex-Rota Ricardo Mello Araújo, indicado por Jair Bolsonaro.

“Enquanto o presidente Lula está inaugurando universidade e instituo federal, tem gente que acha que a solução é escola militar. Não é. Policial é muito bom para garantir segurança, mas dentro da escola e da sala de aula tem que ser professor, e professor valorizado”, disse Boulos, em referência ao projeto de Tarcísio.

“Enquanto tem gente que ainda hoje acha que um morador da periferia tem que ser tratado diferente do morador dos Jardins, nós que estamos aqui temos a certeza e a convicção de que o morador de Itaquera e Cidade Tiradentes tem que ser tratado com o mesmo respeito que o morador dos Jardins, do Morumbi ou de qualquer bairro rico desta cidade. Esta é diferença. É isto que está em jogo”, disse o pré-candidato sobre Mello Araújo.

Em relação à última fala, Boulos se referia a uma declaração de Mello Araújo defendendo que moradores de bairros nobres de São Paulo passem por abordagens diferenciadas.

“É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse o ex-Rota ao UOL em 2017.

Quem são os pré-candidatos a prefeito das capitais a 100 dias das eleições

Por CNN Brasil

Primeiro turno dos pleitos municipais será realizado em 6 de outubro

Faltam 100 dias para que eleitores brasileiros possam escolher os próximos representantes das 26 capitais brasileiras.

Por enquanto, os políticos serão apresentados como pré-candidatos. Eles só serão considerados candidatos de fato após as convenções partidárias, quando as siglas oficializam as candidaturas de cada partido.

Porto Velho

  • Euma Tourinho (MDB)
  • Fátima Cleide (PT)
  • Léo Moraes (Podemos)
  • Marcelo Cruz (PRTB)
  • Mariana Carvalho (União Barsil)
  • Valdir Vargas (PP)
  • Vinícius Miguel (PSB)
  • Samuel Costa (Rede-PSOL)
  • Ricardo Frota (Novo)
  • Célio Lopes (PDT)
  • Gazola (PL)
  • Benedito Alves (SD)

São Paulo

 

Pré-candidatos a prefeito de São Paulo:

  • Ricardo Nunes (MDB)
  • Guilherme Boulos (PSOL)
  • Pablo Marçal (PRTB)
  • José Luiz Datena (PSDB)
  • Tabata Amaral (PSB)
  • Marina Helena (Novo)
  • Kim Kataguiri (União)
  • Fernando Fantauzzi (DC)
  • João Pimenta (PCO)
  • Altino Prazeres (PSTU)
  • Ricardo Senese (UP)

Rio de Janeiro

Pré-candidatos a prefeito do Rio de Janeiro:

  • Alexandre Ramagem (PL)
  • Eduardo Paes (PSD)
  • Tarcísio Motta (PSOL)
  • Marcelo Queiroz (PP)
  • Otoni de Paula (MDB)
  • Rodrigo Amorim (União)
  • Henrique Simonard (PCO)
  • Carol Sponza (Novo)
  • Cyro Garcia (PSTU)
  • Dani Balbi (PCdoB)
  • Juliete Pantoja (UP)

 

Porto Alegre

Pré-candidatos a prefeito de Porto Alegre:

  • Sebastião Melo (MDB)
  • Maria do Rosário (PT)
  • Felipe Camozzato (Novo)
  • Fabiana Sanguiné (PSTU)

 

Salvador

Pré-candidatos a prefeito de Salvador:

  • Bruno Reis (União)
  • Eslane Paixão (UP)
  • Geraldo Júnior (MDB)
  • Kleber Rosa (PSOL)

Belo Horizonte

 

Pré-candidatos a prefeito de Belo Horizonte:

  • Ana Paula Siqueira (Rede)
  • Bruno Engler (PL)
  • Carlos Viana (Podemos)
  • Duda Salabert (PDT)
  • Fuad Noman (PSD)
  • Gabriel Azevedo (MDB)
  • Indira Xavier (UP)
  • João Leite (PSDB)
  • Luísa Barreto (Novo)
  • Mauro Tramonte (Republicanos)
  • Paulo Brant (PSB)
  • Rogério Correia (PT)
  • Wanderson Rocha (PSTU)

 

Fortaleza

 

Pré-candidatos a prefeito de Fortaleza:

  • André Fernandes (PL)
  • Capitão Wagner (União)
  • Célio Studart (PSD)
  • Eduardo Girão (Novo)
  • Evandro Leitão (PT)
  • José Sarto (PDT)

 

Florianópolis

 

Pré-candidatos a prefeito de Florianópolis:

  • Dario Berger (PSDB)
  • Lela Farias (PT)
  • Marquito (PSOL)
  • Pedrão Silvestre (PP)
  • Topázio Neto (PSD)

 

Recife

Pré-candidatos a prefeito de Recife:

  • Daniel Coelho (PSD)
  • Dani Portela (PSOL)
  • Gilson Machado (PL)
  • João Campos (PSB)
  • Simone Fontana (PSTU)
  • Tecio Teles (Novo)

 

Manaus

 

Pré-candidatos a prefeito de Manaus:

  • Amom Mandel (Cidadania)
  • Capitão Alberto Neto (PL)
  • David Almeida (Avante)
  • Eron Bezerra (PCdoB)
  • Marcelo Ramos (PT)
  • Natália Demes (PSOL)
  • Professora Maria do Carmo (Novo)
  • Roberto Cidade (União Brasil)
  • Wilker Barreto (Mobiliza)

Goiânia

Pré-candidatos a prefeito de Goiânia:

  • Adriana Accorsi (PT)
  • Fred Rodrigues (PL)
  • Delegado Humberto Teófilo (DC)
  • Leonardo Rizzo (Novo)
  • Matheus Ribeiro (PSDB)
  • Professor Pantaleão (UP)
  • Rogério Cruz (Republicanos)
  • Sandro Mabel (União Brasil)
  • Vanderlan Cardoso (PSD)

 

Curitiba

 

Pré-candidatos a prefeito de Curitiba:

  • Andrea Caldas (PSOL)
  • Beto Richa (PSDB)
  • Eduardo Pimentel (PSD)
  • Luciano Ducci (PSB)
  • Luizão Goulart (Solidariedade)
  • Maria Victoria (PP)
  • Ney Leprevost (União)
  • Roberto Requião (Mobiliza)
  • Samuel de Mattos (PSTU)

 

Vitória

 

Pré-candidatos a prefeito de Vitória:

  • Camila Valadão (PSOL)
  • Capitã Estéfane (Podemos)
  • Capitão Assumção (PL)
  • Eduardo Ramlow (Avante)
  • João Coser (PT)
  • Lorenzo Pazolini (Republicanos)
  • Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB)

 

Maceió

 

Pré-candidatos a prefeito de Maceió:

  • João Henrique Caldas (PL)
  • Lenilda Luna (Unidade Popular)
  • Lobão (Solidariedade)
  • Rafael Brito (MDB)
  • Ricardo Barbosa (PT)

Natal

 

Pré-candidatos a prefeito de Natal:

  • Natália Bonavides (PT)
  • Nando Poeta (PSTU)
  • Paulinho Freire (União Brasil)
  • Rafael Motta (Avante)

 

Cuiabá

Pré-candidatos a prefeito de Cuiabá:

  • Abilio Brunini (PL)
  • Carlos Avallone (PSDB)
  • Lúdio Cabral (PT)
  • Reginaldo Teixeira (Novo)
  • Eduardo Botelho (União Brasil)

São Luís

Pré-candidatos a prefeito de São Luís:

  • Duarte Jr. (PSB)
  • Eduardo Braide (PSD)
  • Fábio Câmara (PDT)
  • Flávia Alves (Solidariedade)
  • Saulo Arcangeli (PSTU)
  • Wellington do Curso (NOVO)
  • Yglésio Moyses (PRTB)

Campo Grande

Pré-candidatos a prefeito de Campo Grande:

  • André Puccinelli (MDB)
  • Beto Pereira (PSDB)
  • Beto Figueiró (Novo)
  • Camila Jara (PT)
  • Rose Modesto (PRD)
  • Ubirajara Martins (DC)

 

Belém

Pré-candidatos a prefeito de Belém:

  • Edmilson Rodrigues (PSOL)
  • Igor Normando (MDB)
  • Ítalo Bati (Novo)
  • Jefferson Lima (Podemos)
  • Thiago Araújo (Republicanos)
  • Wellingta Macêdo (PSTU)

 

Teresina

Pré-candidatos a prefeito de Teresina:

  • Dr. Pessoa (PRD)
  • Fábio Novo (PT)
  • Geraldo Carvalho (PSTU)
  • Francinaldo Leão (PSOL)
  • João Vicente Claudino (PSDB)
  • Santiago Belizário (UP)
  • Silvio Mendes (União Brasil)
  • Tonny Kerlley (Novo)

 

Palmas

Pré-candidatos a prefeito de Palmas:

  • Carlos Amastha (PSB)
  • Charleide Matos (PSOL)
  • Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
  • Janad Valcari (PL)
  • Júnior Geo (PSDB)

 

Rio Branco

Pré-candidatos a prefeito de Rio Branco:

  • Emerson Jarude (Novo)
  • Marcus Alexandre (MDB)
  • Tião Bocalom (PL)

 

Boa Vista

Pré-candidatos a prefeito de Boa Vista:

  • Arthur Henrique (MDB)
  • Frutuoso Lins (PL)
  • Nicoletti (União Brasil)
  • Rudson Leite (PV)

 

João Pessoa

Pré-candidatos a prefeito de João Pessoa:

  • Celso Batista (PSOL)
  • Cícero Lucena (PP)
  • Luciano Cartaxo (PT)
  • Marcelo Queiroga (PL)
  • Ruy Carneiro (Podemos)
  • Yuri Ezequiel (UP)

 

Macapá

Pré-candidatos a prefeito de Macapá:

  • Aline Gurgel (Republicanos)
  • Dr. Furlan (MDB)
  • Gianfranco Gusmão (PSTU)
  • Jesus Pontes (PDT)
  • Patrícia Ferraz (PSDB)
  • Paulo Lemos (PSOL)

Aracaju

Pré-candidatos a prefeito de Aracaju:

  • Emília Corrêa (PL)
  • Danielle Garcia (MDB)
  • Fabiano Oliveira (PP)
  • José Paulo Leão Veloso Silva (Novo)
  • Luiz Roberto (PDT)
  • Niully Campos (PSOL)
  • Yandra Moura (União Brasil)
  • Candisse Carvalho (PT)

 

Escritor provoca reflexão sobre hipocrisia

No livro “O cidadão de bem”, o escritor finalista do Prêmio Jabuti Mauricio Gomyde faz o leitor se perguntar em quais áreas da vida tem sido hipócrita. É por meio das histórias de Roberto e Rafael que o autor provoca a reflexão de que ninguém pode ser “bom” ou “mau” o tempo todo.

Rafael, por exemplo, a mesma medida em que no presente se desdobra para ser um pai mais dedicado e deixar um mundo melhor às filhas, cometeu erros com a família que o levaram ao divórcio. Já Roberto é um excelente profissional, respeitado na medicina, porém, faz das redes sociais uma arma para disseminar o ódio.

Um retrato literário sobre a hipocrisia

Neste drama contemporâneo, publicado pela Qualis Editora, Maurício Gomyde narra uma história que perpassa a dualidade do bem e do mal

Sem perder a essência de instigar o leitor a desvendar um mistério no decorrer das páginas, em O Cidadão de Bem o escritor Maurício Gomyde evidencia a polarização por meio de dois personagens principais, que, embora amigos, têm posições antagônicas e divergem em quase tudo.

Para o mundo, Dr. Roberto é um profissional sério e respeitado, mas em casa e nas redes sociais se manifesta como um defensor fervoroso do armamento civil, que não esconde o preconceito contra negros e homossexuais, além das atitudes elitistas. Resistindo a cidadãos como ele, o leitor conhece Rafael, um jornalista que sonha se tornar escritor e que, mesmo tendo falhado com a família no passado, luta por um mundo mais pacífico e tolerante, não apenas para ele, mas principalmente para as filhas e as gerações futuras.

‘Você é louco, rapaz. Totalmente desconectado.
A hipocrisia reina por aqui. Papinho Poliana de gentileza.’
O sono foi embora de vez com aquela profusão de frases
que começaram a se repetir em sua mente.
Louco por achar que o mundo ainda tinha salvação?
Por sonhar que os discursos de amor um dia poderiam ser mais fácil
e rapidamente compreendidos do que os de ódio? Por imaginar pessoas
e países derrubando barreiras e usando a solidariedade como arma?
Por pregar a paz acima de tudo e o respeito acima de todos?
Gastou o resto da madrugada nessas perguntas.
Tolas, certamente, aos ouvidos de cada vez mais gente no mundo.
(O Cidadão de Bem, p. 155)

A incógnita da narrativa é revelada pelo autor em doses homeopáticas. Cada abertura de capítulo é composta por um trecho do relatório de um inquérito policial, que detalha as informações de um crime envolvendo arma de fogo. Quem levou o tiro? Quem disparou a arma? E, como o incidente ocorreu? Essas e outras perguntas são respondidas ao fim da obra, quando o leitor junta todos os fragmentos da investigação criminal.

Com protagonistas intensos e complexos, Gomyde entrelaça as vidas dos personagens, suas esposas, filhos e amigos. Nesta publicação pela Qualis Editora, o autor propõe a refletir sobre o bom e o mau indivíduo em uma sociedade cada vez menos preocupada com o coletivo.

“Há temas que não cabem por inteiro nas frases frias dos analistas. Um deles é esta polarização carregada de ódios que divide famílias, amigos e a sociedade brasileira. Maurício Gomyde, exímio contador de histórias, penetra no íntimo dessa vida nervosa para examinar seus meandros afetivos e buscar os cidadãos de bem” – Sérgio Abranches (Cientista político e jornalista).

FICHA TÉCNICA
Título:
 O cidadão de bem
Autor: Maurício Gomyde
Editora: Qualis Editora
ISBN: 978-6587383286
Dimensões: 22.6 x 15.8 x 1.4 cm
Páginas: 278
Preço: R$ 41,50, R$ 44,00
Onde comprar: AmazonQualis Editora

Sobre o autor: Maurício Gomyde é músico, roteirista de cinema e autor de oito livros publicados em seis países. Foi finalista do prêmio Jabuti 2016 com o livro Surpreendente!, título publicado também em Portugal, Espanha, Itália e Lituânia.

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Sobre a editora: Há mais de 15 anos, a Qualis se destaca no cenário literário como uma editora tradicional, reconhecida por seu comprometimento com a promoção e o investimento em talentos nacionais.  Criada em 2008 com a missão de disseminar o conhecimento científico produzido no âmbito acadêmico, a editora se reinventou, e ampliou seu alcance com o selo de literatura. Todo esse processo sem jamais se desviar de um objetivo essencial: contribuir para uma sociedade mais justa e sem preconceitos. Sustentada por uma visão inclusiva e diversificada, a Qualis tem como norte o princípio de que todas as vozes merecem ser ouvidas e todas as histórias, contadas.

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Primeiro voto: data celebra participação nas eleições e busca conscientizar jovens sobre o futuro do país

Há quase dez anos, 26 de junho é instituído como o Dia Nacional da Consciência do 1º Voto

Nesta quarta-feira (26), o país comemora o Dia Nacional da Consciência do 1º Voto. A celebração incentiva a reflexão sobre a importância da participação no processo eleitoral, sobretudo dos jovens, já que é a partir do primeiro voto que eles passam a assumir responsabilidade sobre o futuro do país. A data foi estabelecida pela Lei nº 13.130, de 7 de maio de 2015, em memória à Passeata dos Cem Mil, que levou milhares de pessoas às ruas em defesa da democracia.

A manifestação ocorreu na Cinelândia, no Rio de Janeiro, em 1968. Na ocasião, a multidão, formada principalmente por jovens, clamava por acesso a mais direitos. Brasileiras e brasileiros de 16 e 17 anos ainda não podiam votar na época. Somente duas décadas depois, em 1988, o texto que concedia o direito a essa parcela da população foi incluído na Constituição Federal. O impacto disso é observado até hoje: o número de jovens nessa faixa etária que obtêm o primeiro título eleitoral e se tornam aptos a votar é crescente.

Jovem Eleitor

Para o pleito de 2024, dados levantados até maio projetam que mais de 2,25 milhões de jovens de 16 e 17 anos estejam aptos a votar. Nas Eleições Gerais de 2022, pouco mais de 2,1 milhões de eleitoras e eleitores com essas idades puderam votar. À época, o alcance foi considerado uma marca histórica para a Justiça Eleitoral, que incentiva essa participação por meio de campanhas sistemáticas de estímulo e esclarecimento.

Conscientização na prática

No dia 8 de abril deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estreou o documentário Jovem – A Voz de Quem Faz História. O material mostra a experiência de jovens que participaram das eleições pela primeira vez, mesmo antes de atingirem a idade para a qual é obrigatório o voto. O vídeo destaca também quem preferiu esperar a maioridade para ir às urnas exercer a cidadania.

Já durante a Semana do Jovem Eleitor 2024, que ocorreu de 18 a 22 de março, foram emitidos mais de 83 mil títulos eleitorais para jovens com 15, 16 e 17 anos. O número triplicou em comparação com o ano de 2020, quando foram registrados 20.770 alistamentos nessa faixa etária. A iniciativa é uma ação continuada, realizada pelo TSE e por todos os 27 tribunais regionais eleitorais (TREs), que busca alcançar o público de 15 a 18 anos de idade. A ideia central é aumentar, cada vez mais, o número de brasileiras e de brasileiros que contribuem para a escolha dos representantes políticos do país.

Semana do jovem eleitor

Em anos anteriores, outras ações também marcaram esses esforços pela conscientização sobre o primeiro voto. Em 2022, o TSE organizou um “tuitaço” para incentivar a participação dos jovens. A ação movimentou a internet e alcançou mais de 88 milhões de pessoas. A mobilização #RolêDasEleições fez parte da Semana do Jovem Eleitor, de 14 a 18 de março em todo o Brasil, com o objetivo de estimular a juventude a tirar o título de eleitor, a exercer o direito de voto e a participar ativamente do processo político do país. A iniciativa contou com a participação dos perfis no Twitter (atual X) do TSE, dos TREs e de diversos influenciadores.

O êxito das ações foi constatado nos números que apontaram aumento significativo da participação dos jovens nas últimas eleições gerais. Em média, 1,7 milhão de eleitoras e eleitores de 16 e 17 anos foram às urnas em 2022.

A crise climática e o colapso da civilização

Por LISZT VIEIRA*

Por mais importante que seja, a transição energética, por si só, não será suficiente para enfrentar a crise climática e suas desastrosas consequências

A tragédia climática, prevista pelos cientistas, já chegou, não é mais coisa do futuro.  A Organização Meteorológica Mundial (OMM) ligada à ONU, alertou para a continuidade do aumento da temperatura global. “No final de maio, mais de 1,5 bilhão de pessoas — quase um quinto da população do planeta — suportaram pelo menos um dia em que o índice de calor superou 103 graus Fahrenheit, ou 39,4 graus Celsius, o limite que o Serviço Nacional de Meteorologia considera fatal”, informou o Washington Post.

Muitos pesquisadores preveem que o mundo atingirá 3ºC até o final do século. Não há nenhum sinal de que realmente vamos ficar abaixo de 1,5ºC, a meta estabelecida pela Conferência de Paris de 2015, a COP 21. Centenas de especialistas do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), entrevistados pelo jornal britânico The Guardian, afirmaram que a temperatura chegará em + 2,5ºC ou + 3ºC e apenas 6% acreditam que a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris será cumprida. 75% dos especialistas citam falta de vontade política e 60% culparam interesses econômicos como os da indústria de combustíveis fósseis.

Alguns esforços importantes estão sendo feitos em alguns países, mas claramente insuficientes. Na França, por exemplo, o Conselho Superior para o Clima, órgão consultivo do governo francês, estima que o país poderá atingir as suas metas de redução das emissões de gases de efeito de estufa em 50% até 2030, desde que mantenha o ritmo atual. Mas serão necessários esforços ainda maiores, pois o Conselho considera que as políticas atuais, apesar dos “progressos significativos”, são “insuficientes” para alcançar a neutralidade de carbono em 2050 (Le Monde, 20/6/2024).

O climatologista brasileiro Carlos Nobre advertiu que, de acordo com o relatório da OMM, em 2023 a temperatura média global próxima da superfície ficou 1,45 °C acima da linha de base pré-industrial de 1850-1900. Dados do Copernicus (Serviço Europeu sobre Alterações Climáticas) apontam que maio de 2024 foi 1,58 °C mais quente do que a linha de base pré-industrial. Entre 1998 e 2017, as inundações afetaram mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Elas podem causar devastação generalizada, resultando na perda de vidas e em danos a bens pessoais e infraestruturas críticas de saúde pública, e, segundo a OMM, as inundações causam mais de US$ 40 bilhões em danos todos os anos em todo o mundo.

No Brasil, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), 93% dos municípios brasileiros foram atingidos por algum desastre climático, especialmente por tempestades, inundações, enxurradas ou alagamentos nos últimos 10 anos. As perdas causadas pelas chuvas no Brasil já geraram prejuízos de R$ 55,5 bilhões entre 1º de outubro de 2017 e 17 de janeiro de 2022, segundo estudo da CNM.

No período de 2013 a 2022, mais de 2,2 milhões de moradias foram danificadas em todo o país por causa desses eventos, afetando diretamente mais de 4,2 milhões de pessoas, que tiveram de deixar suas casas em 2.640 cidades do país. Segundo levantamento realizado pela Agência Pública (2023), das 27 capitais brasileiras, 17 não possuem plano de enfrentamento às mudanças climáticas.

No primeiro semestre de 2024, o Pantanal e o Cerrado bateram recordes e registraram a maior quantidade de focos de incêndio desde 1988, quando o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) começou a monitorar queimadas no país. Na Amazônia, foram detectados 12.696 focos de queimadas entre 1º de janeiro e 23 de junho. A alta foi de 76% em comparação ao mesmo período no ano passado, depois de dois anos seguidos de baixas, em 2022 e 2023 (UOL, 24/6/2024).

Um relatório recente do Serviço Geológico do Brasil mostra que secas e cheias mais que dobraram de 2014 a 2023 em relação aos dez anos anteriores. O ano de 2023 foi o mais quente da história no Brasil e no mundo e parece que 2024 vai na mesma direção. Em maio de 2024 chuvas intensas afetaram a maior parte do Rio Grande do Sul e deflagraram o maior desastre climático na história do Brasil, com 172 mortos e bilhões de reais em perdas econômicas.

Em 24 de junho de 2024, foi lançada a Carta da Comunidade Científica Brasileira sobre a Necessidade de Ação Permanente do Poder Público diante da Crise Climática. De 1991 a 2023, houve mais de 5 mil mortes, 9 milhões de desabrigados e desalojados, e 1 milhão entre feridos e enfermos. De 1990 a 2022, as emissões por mudanças de uso da terra e queima de resíduos florestais somadas ao setor agropecuário totalizam mais de 74% das emissões brutas de gases de efeito estufa do Brasil, ou seja, 1.737 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono.  Mesmo assim, os setores econômicos continuam apostando no avanço e abertura de novas fronteiras agrícolas. E no Congresso tramitam vários Projetos que enfraquecem ou anulam a legislação de proteção ambiental.

A Carta mostra ainda que as mais vulnerabilizadas pelos eventos climáticos extremos são as populações negras, periféricas, pessoas em situação de rua, mulheres chefes de família, crianças, adolescentes, povos indígenas e comunidades tradicionais, por falta de acesso a direitos constitucionais básicos, como infraestrutura, saneamento, moradia, renda, saúde e educação. No mês de junho de 2024, o Brasil aparece repartido entre o Centro -Oeste queimando na seca e um Sul sob o impacto de tempestades violentas. Até meados do mês, o Pantanal acumulou 2.019 focos de incêndio, segundo a plataforma BDQueimadas, do INPE. Em igual período de 2023 foram 133 focos.

Em 2023, ondas de calor afetaram Canadá, Índia, Europa e Japão com temperaturas recordes. O planeta aquecerá em 1,5 °C em todos os cenários de projeções: mesmo atingindo a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris de reduzir em quase 50% as emissões de GEE até 2030, alcançaremos 1,5 °C permanentemente por volta deste ano. O mundo está ficando para trás em metas de meio ambiente, saúde e fome, e está longe de atingir a maioria das metas de desenvolvimento sustentável fixadas em 2015, como o combate à pobreza e à fome, disse um relatório da ONU que cita, entre as causas, a falta de financiamento, as tensões geopolíticas e a pandemia da Covid-19.

O Relatório da ONU analisa o desempenho de seus 193 Estados-membros na implementação de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável abrangentes, que também incluem a melhoria do acesso à educação e à saúde, o fornecimento de energia limpa e a proteção da biodiversidade. O relatório constatou que nenhum dos 17 objetivos está em vias de ser cumprido até 2030, com a maioria das metas mostrando progresso limitado ou uma reversão do progresso.

O relatório identificou o combate à fome, a criação de cidades sustentáveis e a proteção da biodiversidade na terra e na água como áreas específicas de fraqueza. Segundo o IPCC, moradores de periferias morrem 15 vezes mais por eventos climáticos extremos e o número de pessoas expostas a secas e enchentes em cidades deve dobrar até 2030. Pessoas negras e mulheres de baixa renda, com até um salário mínimo e chefes de família, são as mais afetadas, aponta pesquisa recente do Instituto Pólis.

O Governo Brasileiro já anunciou a intenção de se tornar um país com liderança mundial no que diz respeito à crise climática. Mas, ao que tudo indica, vai chegar com dificuldades na Conferência Internacional do Clima COP 30 que vai sediar em Belém em 2025. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) não tem poder para enfrentar o Ministério da Agricultura que apoia o desmatamento para expandir o agronegócio, e o Ministério de Minas e Energia, que apoia a exploração de petróleo na Margem Equatorial do Amazonas.

Nos últimos 10 anos, a receita da União dobrou, enquanto a verba para a área ambiental foi reduzida pela metade. Um orçamento tão baixo, menos que 0,1%, do orçamento total, mostra o desprezo dos diversos governos pela proteção do meio ambiente e de nossas riquezas naturais. Com a verba estrangulada, o MMA não pode atender às justas reivindicações dos servidores do Ibama e do ICMBio, em greve que já dura mais de cinco meses.

O Brasil já sofre a violência de eventos climáticos extremos. Seca na Amazônia e Centro Oeste, incêndios no Pantanal, inundações catastróficas no Sul, ondas de calor, desmoronamentos e enchentes nas periferias das metrópoles, mortos e desalojados engrossando a onda de refugiados do clima que vem aumentando a cada ano. Apesar disso, os interesses econômicos e políticos ligados ao agronegócio predador – agricultura, pecuária, mineração, garimpo etc. – e à exploração de combustíveis fósseis continua prevalecendo sobre a política de proteção ambiental.

O mundo vai enfrentar desastres cada vez maiores com a temperatura ultrapassando 1,5º C, como está próximo de ocorrer. A política de transição energética, mais cedo ou mais tarde, vai predominar nas próximas décadas, sob pena de a vida, humana e animal, ficar ameaçada no planeta. Será preciso um esforço gigantesco para promover uma transição civilizatória, para longe dos combustíveis fósseis. Para isso, será necessário que a população se torne consciente sobre riscos climáticos e disposta a pressionar pela tomada de ações eficazes, o que vai exigir coragem por parte dos tomadores de decisão, no setor público e privado.

A maior pesquisa de opinião pública independente sobre a mudança climática, People Climate Vote (Voto Popular pelo Clima) 2024, revela que 80% das pessoas (ou quatro de cinco pessoas) em todo o mundo querem que seus governos tomem medidas mais enérgicas para fazer frente à crise climática. Mais ainda, 86% quer que seus países deixem de lado as diferenças geopolíticas e trabalhem juntos face à mudança climática.

Mais de 73 mil pessoas de 77 países e que falam 87 línguas diferentes foram entrevistadas com 15 perguntas sobre mudanças climáticas para o estudo de opinião promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e pela GeoPoll. Os 77 países pesquisados representam 87% da população mundial. Além do amplo apelo a uma ação climática mais ousada, a pesquisa mostra o apoio de uma maioria de 72% em todo o mundo a favor de uma rápida transição para o abandono dos combustíveis fósseis (PNUD, 20/6/2024).

Por mais importante que seja, a transição energética, por si só, não será suficiente para enfrentar a crise climática e suas desastrosas consequências. A sobrevivência da humanidade vai exigir um novo modo de vida e de produção que garanta a sustentabilidade da vida humana em nosso planeta. A alternativa é a possível destruição da vida no planeta, que já conheceu diversas extinções de espécies. Estamos caminhando para mais uma. Os indícios do colapso da nossa civilização já são visíveis no horizonte. E se houver, como pensam alguns, uma nova guerra mundial, desta vez com armas nucleares, esse processo vai ser acelerado.

*Liszt Vieira é professor de sociologia aposentado da PUC-Rio. Foi deputado (PT-RJ) e coordenador do Fórum Global da Conferência Rio 92. Autor, entre outros livros, de A democracia reage (Garamond). [https://amzn.to/3sQ7Qn3]

Libertação de Assange é uma vitória do direito de informar e de ser informado

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vem a público saudar a libertação de Julian Assange, em 24 de junho, após 1.901 dias preso. A retirada de 17 das 18 acusações contra o fundador do WikiLeaks é uma vitória dos jornalistas em todo o mundo, do direito de informar e ser informado e representa importante impulso à liberdade de imprensa.

A decisão que garantiu liberdade a Assange é resultado do trabalho de entidades e organizações de jornalistas em todos os continentes, especialmente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), das entidades sindicais e dos profissionais de jornalismo.

A FENAJ, entidade que representa os 31 sindicatos de jornalistas do Brasil, enfatiza que a libertação de Assange contribui para evitar a criminalização das práticas jornalísticas e encoraja as fontes a partilharem confidencialmente provas de irregularidades, criminalidade e outras informações de interesse público.

A FENAJ, juntamente com a FIJ e outras entidades e organizações de jornalistas, participou de campanas pela libertação de Assange – acusado de espionagem e obtenção e divulgação de informações sobre a defesa nacional – desde a publicação das acusações dos EUA contra ele em 2019.

Embora mais de 500 jornalistas continuem na prisão em todo o mundo, segundo levantamento da FIJ, o acordo judicial que colocou Assange em liberdade elimina parte das ameaças que recaem sobre a jornalistas nas coberturas de questões de segurança nacional, operações militares, criminalidade de agentes públicos e corrupção em todas as esferas de poder.

O fim da violência e dos ataques contra jornalistas, do cerco ao trabalho dos profissionais de imprensa, além das garantias do direito de exercício profissional são fundamentais para o acesso da população a informações e à democracia.

Brasília, 25 de junho de 2024

Federação Nacional dos Jornalistas

Romance aquileano com fake dating de ex-namorados valoriza cenários nordestinos

Felipe Mateus traz vivências LGBTQIAPN+ para o centro de uma narrativa com segunda chance em comédia romântica que se passa durante reality show

Natural de União dos Palmares, município do interior de Alagoas, o escritor Felipe Mateus utiliza cenários reais da região Nordeste como pano de fundo de sua primeira comédia romântica, Amor em Jogo. Na obra, publicada pela Qualis Editora, o autor valoriza a força, a influência e a cultura regionalista ao destacar pontos turísticos como as águas cristalinas da Praia de Ponta Verde, em Maceió, e a paradisíaca Ilha do Amor, em Camocim, no Ceará.

É neste clima tropical que os leitores são apresentados a Henrique Valente, típico jovem do interior alagoano, que se muda para a capital em busca de um emprego melhor. No entanto, aos 25 anos, frustrado com a carreira e cheio de dívidas, a única alternativa que encontra para alcançar os objetivos profissionais é se inscrever com o ex-namorado, Apolo Brandão, no primeiro reality show de casais LGBTQIAPN+, para concorrer ao prêmio de R$ 2 milhões.

Em uma mistura de Big Brother Brasil, Power Couple e De férias com o ex, os dois protagonistas terão que convencer o país inteiro de que estão namorando, competir com outros casais e ainda sobreviver dividindo a mesma cama. Será que conseguirão manter a atuação até o fim do programa? Ou será que antigas emoções e novos sentimentos vão deixar essa situação ainda mais complicada?

Com um enredo repleto de risos, tensão, romance, intrigas e reviravoltas, Felipe Mateus, vencedor do Prêmio Ecos de Literatura 2022 na categoria Conto Digital, provoca reflexões sobre LGBTfobia, demissexualidade e heterossexualidade compulsória. Amor em Jogo transita entre amor e ódio e é o primeiro romance aquileano lançado pela Qualis Editora.

Ficha técnica:
Título: Amor em Jogo
Autor: Felipe Mateus
Editora: Qualis Editora
ISBN: 978-85-7027-103-7
Preço: R$ 59,99
Onde encontrarQualis Editora

Sobre o autor: Felipe Mateus é natural de União dos Palmares, Alagoas, além de um orgulhoso nordestino. Graduado em Publicidade e Propaganda, iniciou a trajetória como escritor em 2018, com textos originais nas redes sociais. Escreve histórias com representatividade LGBTQIAPN+, ambientadas no Nordeste do Brasil, celebrando a cultura de diferentes regiões. Em 2022, ganhou o Prêmio Ecos de Literatura, na categoria “Melhor conto digital”. Em 2023, recebeu o selo “all star” da Amazon, um bônus para reconhecer e premiar e-books que se destacaram e encantaram os leitores. Com seis obras já publicadas, o autor lança o primeiro romance aquileano pela Qualis Editora.

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Sobre a editora: Há mais de 15 anos, a Qualis se destaca no cenário literário como uma editora tradicional, reconhecida por seu comprometimento com a promoção e o investimento em talentos nacionais. Criada em 2008 com a missão de disseminar o conhecimento científico produzido no âmbito acadêmico, a editora se reinventou e ampliou seu alcance com o selo de literatura. Todo esse processo sem jamais se desviar de um objetivo essencial: contribuir para uma sociedade mais justa e sem preconceitos. Sustentada por uma visão inclusiva e diversificada, a Qualis tem como norte o princípio de que todas as vozes merecem ser ouvidas e, todas as histórias, contadas.

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