Em apoio contrariado a Ricardo Nunes (MDB) para a Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já especula sobre sua morte para que o cargo seja herdado pelo coronel Ricardo Mello Araújo (PL), que ingressou na chapa do prefeito como exigência do Partido Liberal para declarar apoio à campanha pela reeleição.
“Em São Paulo tem o nosso candidato a prefeito. Tem o meu vice”, iniciou Bolsonaro em uma live, reforçando que Mello Araújo é o nome em que ele confia “100%”. “Lembro que o Nunes era vice, mas teve aquela tragédia com o prefeito na época, o Bruno Covas (PSDB), e o Nunes assumiu”, relembrou a a chegada ao poder do vice-prefeito após a morte de Covas em maio de 2021, com apenas 5 meses no segundo mandato.
“Ninguém quer que o Nunes seja eleito, para ir para outra lá [em referência a morte] e deixar para o Mello Araújo. Agora o Mello Araújo não vai ser o vice que vai atrapalhar o prefeito”, disse em argumento de que o coronel não exerça um mandato decorativo, como o emedebista foi acusado de exercer até o fim de 2023.
Por fim, Bolsonaro defendeu que o voto na chapa de extrema-direita seja um meio para “evitar que o PT chegue ao poder” na capital Paulista. Veja o trecho exibido na live do programa de Reinaldo Azevedo, na BandNews.
Com um histórico criminoso na Polícia Militar, e investigado oito vezes por homicídio, o bolsonarista indicado para a chapa de Nunes disse, em entrevista à Folha, que nunca se preocupou em contar o número de mortes causadas durante sua carreira. Segundo o candidato a vice-prefeito, ele perdeu as contas de quantas “baixas” executou durante os 32 anos na PM.
Em um dos casos, ocorrido no ABC Paulista, Mello Araújo relatou que perseguiu um suspeito que havia estuprado uma mulher e se escondido em um esgoto. Após uma troca de tiros, o suspeito morreu. Ele destacou que a troca de tiros foi inevitável e que seguiu todos os procedimentos previstos em situações de confronto. O caso foi arquivado.
Apesar das mortes, a polêmica famosa do militar é a defesa de que a PM tenha duas formas de agir dentro da capital. Em entrevista à Rede TVT, em 2017, ele argumentou que é certo que as abordagens dos PMs sejam diferentes nas regiões mais nobres da cidade em relação aos procedimentos nas periferias.
“É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse.
Bom lembrar que. nos seus tempos de deputado, Bolsonaro disse que, como militar, sua especialidade era matar. Também convém ressaltar a presença, em seu ambiente íntimo, de gente que defende e pratica crimes, como ex-policiais e até detentores de mandados populares como é o caso dos que celebram até hoje o assassinato de Marielle.
No debate entre Nunes e Guilherme Boulos (PSOL), realizado pela Record e Estadão no último sábado (19), o deputado federal questionou o prefeito se ele concorda com essa declaração de Mello Araújo. Embora não tenha fugido do debate, o candidato bolsonarista fugiu da resposta e não expôs o que pensa a respeito da postura da PM em diferentes bairros de São Paulo.
Fonte DCM