No oficio de convocação, a comandante do batalhão, major Alessandra Paula Tonolli, não especificou o objetivo do encontro nem justificou a escolha da igreja como local para a reunião
Por Zé Barbosa Junior
Centenas de policiais militares se reuniram novamente em uma unidade da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo, para uma reunião interna da corporação na manhã desta quinta-feira (1), conforme informação do site Metrópoles. A participação é obrigatória para todos os PMs do 11º Batalhão Metropolitano, que está situado na região central da capital.
No comunicado de convocação, a comandante do batalhão, major Alessandra Paula Tonolli, não especificou o objetivo do encontro nem justificou a escolha da igreja como local para a reunião.
Os policiais de folga e aqueles que acabaram de concluir seus turnos também são obrigados a comparecer, sem garantia de compensação pelo tempo extra fora da escala regular de trabalho. Os PMs devem comparecer uniformizados e assinar uma lista de presença. A única exceção é para aqueles que estão em afastamento regulamentar, como férias ou dispensa de serviço.
Durante o evento, cada uma das quatro companhias do 11º BPM deve manter pelo menos três patrulhas em sua área, conforme as diretrizes estabelecidas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP).
A reunião desta quinta-feira ocorre na unidade da Igreja Universal localizada na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no bairro Bela Vista. Em junho, policiais do 8º e do 21º Batalhões Metropolitanos participaram de uma reunião em outra unidade da igreja, situada no Brás.
O encontro de junho teve duração de aproximadamente três horas e incluiu palestras sobre cuidados com uniforme, direção de viaturas e saúde mental. Policiais presentes consideraram as informações genéricas, que poderiam ter sido transmitidas por meio de mensagens de WhatsApp. Além das comunicações gerais, houve relatos de “testemunho” e uma “pregação” do Pastor Roni Negreiros.
Nesta reunião, o coronel João Alves Cangerana Junior, comandante do Comando de Policiamento de Área, afirmou que o encontro trataria exclusivamente de questões de trabalho. Contudo, durante o evento, o próprio coronel destacou a importância de os policiais terem uma religião e “honrarem os templos”.
Reclamação e processo administrativo
O policial militar Marco Aurélio Bellorio, de 43 anos, entrou com uma ação judicial alegando ter sido obrigado a participar de reuniões da corporação realizadas em um templo da Igreja Universal do Reino de Deus. Católico, o policial argumentou que a obrigatoriedade violava sua liberdade de crença e configurava abuso de poder. Ele afirmou que, por não ter comparecido a uma dessas reuniões, passou a ser alvo de um procedimento administrativo.
Durante uma solenidade de entrega de medalhas a policiais que se destacaram em suas funções, foi oferecida “assistência espiritual e valorativa aos policiais”, conforme noticiado, citando uma publicação da igreja no Instagram. Isso indica que as reuniões da PM na Universal continuaram a ocorrer sob o governo de Tarcísio de Freitas.
A Justiça paulista rejeitou a ação de Bellorio em primeira instância, argumentando que não havia provas de que a administração o obrigou a participar de cultos religiosos.
Fonte: Revista Fórum