quinta-feira, setembro 4, 2025
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Documentário aponta o governador do RS como culpado pelas enchentes

Desde as fortes chuvas iniciadas no último dia 27 de abril no Rio Grande do Sul, que afetou áreas do campo e cidade, 500 famílias Sem Terra assentadas foram atingidas pelos alagamentos, com inundações de suas casas, perda da produção de alimentos, prejuízos de estruturas, ferramentas, maquinários; além da vida de muitos animais.

Documentário de oito minutos aponta que o governo de Eduardo Leite não executou nenhum centavo do orçamento para a prevenção de enchentes e alagamentos, uma tragédia anunciada bateu a porta de pessoas do campo e da cidade.  Para agora, o que precisamos é de solidariedade, que em coletivo possamos reconstruir o que foi destruído não pela natureza, mas pelo descaso sistemático do governo do estado do Rio Grande do Sul, que, não por falta de inteligência, por falta de dados ou de avisos, deixou seu povo se afogar. Mas permitiu que a vida de milhares de pessoas fossem levadas na enxurrada para que o agronegócio possa continuar explorando o meio ambiente indiscriminadamente.

Coluna Zona Franca

Joiasgate

Mauro Cid confessou à Polícia Federal que entregou parte do dinheiro da venda das joias em mãos para o Bolsonaro durante uma viagem oficial a Nova York. Os recursos teriam sido entregues em espécie em setembro de 2022, quando o ex-presidente estava na cidade americana para fazer aquele que seria seu último discurso como na Assembleia-Geral da ONU. As investigações encerram em julho e Bolsonaro dever ser preso ainda este ano.

 

28ª fase da Operação Lesa Pátria

Fotos do 8 de janeiro são recuperadas um mês depois - 11/02 ...A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 20/6, a 28ª fase da Operação Lesa Pátria, com o objetivo de identificar pessoas que financiaram e fomentaram os fatos ocorridos em 8/01/2023, em Brasília/DF.  Ao todo, estão sendo cumpridos 27 mandados judiciais (15 mandados de busca e apreensão e 12 de busca pessoal), expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Foi determinada a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados.

Maria do Rosário lidera

Maria do Rosário (deputada do PT-RS) e Sebastião Melo (prefeito de Porto Alegre)Pesquisa AtlasIntel: Maria do Rosário(PT) lidera corrida pela prefeitura de Porto Alegre. Sebastião Melo está em segundo. De acordo com o levantamento, a deputada federal possui 30,2% da preferência do eleitorado, ante 24,8% do atual prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo. Em seguida aparecem a deputada federal Any Ortiz (Cidadania), com 9,1%, a vereadora Comandante Nádia (PL), com 8,5%, a ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT), com 8,2%, e o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo), com 6,7%. Thiago Duarte (União) e Fabiana Sanguiné (PSTU) aparecem com 1,3% cada um. Eleitores indecisos somam 2%, enquanto votos brancos ou nulos representam 7,9%.

PT já tem 172 pré-candidatos

A Comissão Executiva Nacional do PT homologou, nesta segunda-feira (17), mais 15 pré-candidatos/as e coligações a prefeito/a que serão lançados ou apoiados pelo partido nas cidades com mais de 100 mil eleitores. Até agora, já foram homologadas 172 pré-candidaturas e coligações em municípios com mais de 100 mil para indicação à Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), segundo o site do partido.

PT já tem 172 pré-candidatos 2

Para a disputa nas capitais do país, a direção nacional do PT já homologou 12 pré-candidaturas próprias: Belo Horizonte (Rogério Correia), Porto Alegre (Maria do Rosário), Vitória (João Coser), Goiânia (Adriana Accorsi), Maceió (Ricardo Barbosa), Manaus (Marcelo Ramos), Fortaleza (Evandro Leitão), Campo Grande (Camila Jara), Cuiabá (Lúdio Cabral), Terezina (Fábio Novo), Natal (Natália Bonavides) e Florianópolis (Lela Farias). Também já foram aprovadas pela direção nacional do PT alianças em quatro outras capitais: São Paulo (Guilherme Boulos – Psol), Salvador (Geraldo Júnior-MDB), Belém (Edmilson Rodrigues – Psol) e Rio Branco (Marcus Alexandre-MDB).

Jogo do bicho legalizado

O projeto de lei que permite a operação de cassinos e bingos, legaliza o jogo do bicho e autoriza apostas em corridas de cavalos avançou no Senado após receber a aprovação apertada da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na última quarta-feira (19). O projeto estabelece diretrizes para exploração, fiscalização e controle dos jogos, além de definir a tributação das casas de apostas e prêmios, garantindo diversos direitos aos jogadores. O que será do povo brasileiro que já está viciado em jogos eletrônicos, Bets, além das loterias oficiais.

Harmonização na cara de pau

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amapá decidiu, por unanimidade, cassar o mandato da deputada federal indígena Silvia Waiãpi (PL-AP). A denúncia aponta que ela realizou procedimento de harmonização facial  em 29 de agosto de 2022, em pleno período de campanha eleitoral. Nesse mesmo dia, a deputada federal recebeu recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Silvia Waiãpi é conhecida por apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e é uma crítica ativa do governo do presidente Lula.

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

A coluna é diária e conta com informações do G1, Globo, R7, CNN, Folha de S. Paulo, Brasil 247, Veja, Folha, Metrópoles, DCM, Brasil de Fato, dentre outros.

Informações para a coluna:  rkuppe@gmail.com

 

Remediados e pobres

Ilustração-Dora Longo Bahia. Revoluções (projeto para calendário), 2016 Acrílica, caneta à base de água e aquarela sobre papel (12 peças) 23 x 30.5 cm cada

Por VALERIO ARCARY*

Quando consideramos os pesos proporcionais, há mais lealdade ao lulismo entre os miseráveis, e maior consolidação do reacionarismo entre os remediados, uma inversão histórica

“A cisma é pior que uma doença” (Provérbio popular português).

A apresentação pela bancada evangélica, apoiada pelo bolsonarismo com a cumplicidade do Centrão, de um projeto que nivela a criminalização, até do aborto que é considerado lega, após 22 semanas ao homicídio incendiou uma mobilização nacional de repúdio que foi capaz de realizar as maiores passeatas de 2024 nas grandes cidades em 2024. Foi espetacular. O movimento feminista revelou força social de impacto. Foi uma resposta contundente a uma provocação ultrarreacionária. Mostrou um caminho.

Mas no marco de uma situação defensiva, e com o apelo de uma bandeira democrática humanitária. Não deve iludir a esquerda, em especial, a anticapitalista, que um problema vital permanece intacto. A extrema-direita fraturou a sociedade, profundamente, porque conquistou uma poderosa base de massas na classe trabalhadora. Sem reconquistar a maioria, unindo os assalariados “remediados” com ou sem carteira assinada, com a parcela mais pobre do povo, não será possível derrotar social e politicamente a corrente neofascista. Essa deveria ser nossa estratégia: construir uma maioria social entre os explorados e oprimidos.

Mas não é a linha do governo Lula. A orientação do governo Lula é tentar repetir, teimosamente, em 2026, a tática eleitoral de 2022, com a estratégia econômico-social de 2006: manter a Frente Ampla, se não no primeiro turno, pelo menos no segundo turno, arrastando os votos da fração burguesa liberal. Será possível? Sim, mas provavelmente, não será o bastante, e perderemos as eleições.

Por quê? Porque o Brasil mudou e a vitória eleitoral de 2022 foi circunstancial, em grande medida em função do impacto da pandemia. Não é provável que se repita. A representação política tradicional da classe dominante, desde o fim da ditadura, sempre teve o apoio da maioria da classe média, que se dividia entre MDB e suas rupturas e os herdeiros da Arena. Mas conseguiam arrastar o voto da maioria do “povão”, em função das relações de clientela, nos interiores rurais e nas extremas-periferias urbanas.

Isso mudou. Depois dos treze anos de governos de colaboração de classes liderados pelo PT, ocorreu uma mudança político eleitoral muito progressiva. O impacto de algumas reformas progressivas – Bolsa-família, aumentos do salário-mínimo, redução do desemprego, cotas nas universidades, expansão do SUS, entre outras – garantiram a consolidação do apoio eleitoral de massas entre os mais pobres ao lulismo. Antes de 2002, a esquerda não vencia eleições entre os mais pobres, por variadas razões.

Só que, nos últimos dez anos, outra grande mudança qualitativa aconteceu, desta vez reacionária: a extrema direita conquistou posições entre as camadas médias da classe trabalhadora. É uma tragédia, mas uma “divisão” aparta duas parcelas da classe trabalhadora: os remediados e os pobres. Enquanto uma maioria dos condenados à miséria “giraram à esquerda”, pelo menos metade dos remediados “giraram à direita”.

Na raiz deste processo encontramos transformações sociais profundas. A “crueldade” histórica é que a desigualdade social entre os que vivem do trabalho assalariado diminuiu, porque o piso da extrema pobreza subiu, mas a remuneração das camadas médias de trabalhadores estagnou com viés de queda. A distribuição funcional da renda entre capital e trabalho somente oscilou, sem sair do lugar.

Nestas duas parcelas há gente de esquerda e de direita com visões de mundo irreconciliáveis. Mas uma perigosa ilusão de ótica alimenta conclusões míopes. Não é correto concluir que a maioria dos remediados, que estudaram mais e vivem um pouco melhor, ainda têm hoje uma inclinação para a esquerda. Ou que os mais pobres têm preferência pelo reacionarismo.

Na verdade, quando consideramos os pesos proporcionais, há mais lealdade ao lulismo entre os miseráveis, e maior consolidação do reacionarismo entre os remediados, uma inversão histórica. A miopia é mais grave quando associamos a preferência religiosa pentecostal na análise. O bolsonarismo é, amplamente, majoritário entre os evangélicos, mas minoritário entre os mais pobres. A percepção desta divisão fica mais enviesada ainda quando integramos a fratura racial na avaliação. A maioria dos remediados não é autodeclarada negra, ou a maioria dos mais pobres não é branca. Medo e preconceito envenenam a compreensão deste paradoxo.

O pentecostalismo da prosperidade continua crescendo. Mas a ideia de que o reacionarismo religioso se concentra, essencialmente, na parcela mais pobre do povo não corresponde à realidade. Lula mantém um apoio majoritário entre a população que ganha até dois salários-mínimos, não só na região Nordeste.

Há uma correlação entre baixa escolaridade e influência das grandes igrejas evangélicas, mas não há causalidade entre pobreza e bolsonarismo. O núcleo duro da força social e eleitoral da extrema direita repousa nos remediados, assalariados ou “empreendedores”, não entre os despojados. Assim que a renda permite as famílias de trabalhadores contratam trabalho doméstico, matriculam os filhos em escolas privadas, compram planos de saúde para seus pais, alugam por uma semana uma casa na praia para férias, compram automóveis e por aí vai: imitam o padrão de consumo da classe média proprietária ou de alta escolaridade em funções executivas.

Não assimilam somente um estilo de vida, mas as ideias de uma visão de mundo: repudiam os impostos porque não usam a educação e saúde pública, odeiam o Estado porque foram envenenados pela Lava Jato de que tudo é corrupção, e abraçam a perspectiva de que na vida social é o “cada um por si mesmo”. A estagnação da mobilidade social e a pressão inflacionária nos serviços empurraram uma parcela dos remediados para o bolsonarismo. Mas, infelizmente, é ainda mais complicado. A parcela dos remediados que apoia o bolsonarismo tem ressentimento político contra a esquerda porque acredita que são injustas as massivas transferências de renda para a pobreza extrema. Abriu-se uma brecha entre remediados e muito pobres.

Lula venceu entre as mulheres que são o núcleo duro da corrente pentecostal, mas têm em média mais escolaridade que os homens. Lula venceu entre os pretos que são a parcela mais pobre entre os negros, mas têm em média, a mais baixa escolaridade do povo. Não é possível identificar, portanto, causalidade direta entre o nível educacional-cultural das pessoas e a preferência política pela extrema direita.

Não era assim. A esquerda, essencialmente, o PT, foi majoritária entre os trabalhadores que ganham entre três e cinco salários-mínimos entre 1978, quando se abriu a fase final da luta contra a ditadura, até pelo menos 2013. Passou a ser majoritária entre os mais pobres, que ganham até dos salários-mínimos, após o primeiro mandato de Lula entre 2003 e 2006, garantindo a reeleição.

Dilma Rousseff foi eleita em 2010 e reeleita, em um segundo turno apertado, em 2014. Lula venceu por margem, dramaticamente, estreita em 2022. Mas Fernando Haddad perdeu para Jair Bolsonaro em 2018. Qual foi o deslocamento social decisivo? A conquista do voto dos miseráveis pela extrema direita, em função do apoio pentecostal? Ou a perda de influência entre os remediados?

Resumo da ópera: por que parece tão difícil para a esquerda reconquistar confiança entre os trabalhadores remediados que votaram no bolsonarismo? Porque o projeto lulista para vencer em 2026 aposta em “mais do mesmo” e está errado. Não vai ser possível repetir em 2026 o que deu certo em 2006, vinte anos atrás.

A fórmula da vitória, em 2006, foi essencialmente: (a) redução do desemprego pelo crescimento econômico dinamizado pela exportação de commodities com preços turbinados pela demanda chinesa; (b) controle da inflação pela acumulação de reservas cambiais, e taxas de juros reais entre as maiores do mundo; (c) distribuição de renda através de políticas públicas focadas na extrema-miséria.

Esta estratégia ignora que o Brasil não é mais o mesmo. Não vai dar certo, “mesmo que dê certo”. A economia pode crescer, apesar do arcabouço fiscal? Não é o mais provável, porque sem investimentos públicos parece difícil que o mercado interno mantenha a dinâmica de 2023, mas ninguém pode saber porque depende das demandas do mercado mundial. A inflação vai se manter abaixo de 4% ao ano? Ninguém pode ter certeza, é até improvável, mas não é impossível, se o Banco Central mantiver as taxas de juros entre as cinco mais elevadas do mundo. O Bolsa-Família turbinado com piso de R$600,00, algo em torno de US$120,00, garantirá a lealdade dos mais pobres ao lulismo? Provavelmente, sim. Ainda assim não será o bastante. Porque esta estratégia não permite recuperar o que a esquerda perdeu entre os trabalhadores remediados.

Seria possível outra estratégia? Sim, sempre há alternativas. Mas ela teria que passar por uma “revolução” na educação pública que torne as escolas atraentes, não somente porque são gratuitas, mas porque oferecem ensino de qualidade pelo menos equivalente á média das escolas particulares. Teria que passar por uma “revolução” no SUS, para que a marcação até de uma simples consulta, não seja somente para dois ou três meses depois. Teria que passar por uma substancial redução dos impostos de renda sobre os remediados.

Isso não será possível sem impostos sob as grandes fortunas, heranças e renda, por exemplo. Seria indispensável uma corajosa luta política. Mas, também, ideológica. a defesa da legalização do aborto, que já tem um atraso de meio século em comparação com os países centrais. A defesa de políticas antirracistas mais audaciosas como cotas de 50% nos concursos públicos. A defesa da descriminalização das drogas como resposta ao poder do crime organizado e à insegurança pública.

Luta política, inclusive, para garantir a expropriação de fazendeiros que fazem a expansão da fronteira agropecuária para que queimadas no Cerrado e Amazônia não se repitam, e catástrofes como as inundações no Rio Grande do Sul não caiam no esquecimento.

*Valerio Arcary é professor de história aposentado do IFSP. Autor, entre outros livros, de Ninguém disse que seria fácil (Boitempo). [https://amzn.to/3OWSRAc]

Com 35,7%, Boulos lidera corrida pela Prefeitura de São Paulo em nova pesquisa AtlasIntel/CNN

Na sequência aparecem Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Tabata Amaral

 Pesquisa AtlasIntel/CNN sobre a corrida pela Prefeitura de São Paulo, divulgada nesta quarta-feira (19), mostra Guilherme Boulos (Psol) na liderança, com 35,7% das intenções de voto. A pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-00609/2024, entrevistou 2.220 eleitores paulistanos entre os dias 10 e 11 de junho, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%.

O levantamento posiciona o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), na segunda colocação, com 23,4%. Desde a pesquisa anterior, realizada em 28 de maio, Nunes teve um crescimento significativo, subindo 2,9 pontos percentuais em relação aos 20,5% que detinha anteriormente.

Pablo Marçal (PRTB) vem em terceiro lugar com 12,6%, seguido por Tabata Amaral (PSB) com 10,7%. Marçal também apresentou um aumento acima da margem de erro, ganhando 2,2 pontos percentuais em comparação com o levantamento de maio.

  • Guilherme Boulos (Psol): 35,7%;
  • Ricardo Nunes (MDB): 23,4%;
  • Pablo Marçal (PRTB): 12,6%;
  • Tabata Amaral (PSB): 10,7%;
  • Kim Kataguiri (União): 6,9%;
  • José Luiz Datena (PSDB): 5,8%;
  • Marina Helena (Novo): 2%;
  • Altino Prazeres Júnior (PSTU): 0%.

Sem Marçal e Datena

Em um cenário alternativo onde Pablo Marçal e o apresentador José Luiz Datena não participam da corrida, Boulos amplia sua liderança com 37,5% das intenções de voto, enquanto Nunes sobe para 32,4%. Nesse contexto, Tabata Amaral aumenta sua fatia para 11,8% e Kim Kataguiri passa a 8,2%. Marina Helena (Novo) figura com 3,2%, e Altino não pontua.

Segundo turno

A pesquisa também simulou possíveis cenários para o segundo turno entre os principais candidatos. No confronto direto entre Boulos e Nunes, os números indicam um empate técnico.

Brasil 247

Coluna Zona Franca

Eleições 2026

Sim, caros leitores. O processo sucessório de 2026 já começou. O sistema (mercado) já escolheu os seus candidatos, inclusive o vice. Tratam-se de Tarcísio de Freitas (Republicanos ) e o atual presidente do Banco Central,  Roberto Campos Neto (PL). Isso não é ruim para Lula, nem pro PT. É ruim para o Brasil e para o povo brasileiro.  Embora o terceiro governo do presidente Lula já tenha acelerado o crescimento econômico, trazido o Brasil de volta à posição de oitava economia do mundo, reduzido o risco-Brasil, reduzido o desemprego, ampliado a renda dos brasileiros, atraído grandes investimentos e controlado a inflação, o jornal O Globo, da família Marinho, publica editorial nesta quarta-feira para dizer que o presidente “demonstra desorientação na economia”. O jornal também exalta Roberto Campos Neto, que mantém desnecessariamente uma das maiores taxas de juros do mundo, que transfere renda da sociedade brasileira para os mais ricos, e defende que o governo Lula ataque os aposentados e a população mais pobres, com um ajuste fiscal neoliberal.

Eleições 2026-2

“Os termos do ajuste ainda não estão claros, mas as prioridades deveriam ser duas: 1) desvincular das receitas os pisos de gastos em Saúde e Educação; 2) desvincular do salário mínimo os benefícios previdenciários. Ao contrário do que dizem os críticos, não se trata de corte ou congelamento, apenas de calibrar o ritmo de crescimento das despesas para que, paulatinamente, caibam no Orçamento. Outras ideias oportunas são a redução das emendas parlamentares e uma reforma administrativa que melhore a gestão e diminua o peso das despesas com pessoal”, escreve o editorialista.

Eleições 2026-3

Campos Neto, bolsonarista, tem interesse no enfraquecimento do governo Lula. Estimula as especulações contra a economia. Vive fazendo previsões alarmistas e sombrias, apesar do crescimento econômico, trazido o Brasil de volta à posição de oitava economia do mundo, reduzido o risco-Brasil, reduzido o desemprego, ampliado a renda dos brasileiros, atraído grandes investimentos e controlado a inflação.

Eleições 2026-4

O presidente Lula e o PT já deixaram claro que o ajuste não será feito no lombo dos mais pobres – o que desagrada a família Marinho. “As reações de partidários do governo são preocupantes. O PT divulgou comunicado em tom conspiratório, afirmando, contra todas as evidências e contra atos da própria equipe econômica, que inexiste crise fiscal. Nada mais distante da realidade. Lula tem o dever de transmitir sinais firmes de compromisso com o controle de gastos, do contrário a crise só se agravará”, aponta o editorialista. Fonte: Brasil 247.

Copom taxa Selic

A pressão do presidente Lula pela queda dos juros na véspera da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) aumentou a expectativa do mercado financeiro sobre o placar dos votos do colegiado do Banco Central. A principal aposta dos neoliberais continua sendo a de que o colegiado decidirá hoje, quarta, de forma unânime pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) no atual patamar de 10,5% ao ano. Mas a possibilidade de novo racha no grupo ganhou força depois das declarações de Lula contra Roberto Campos Neto, informa o Painel da Folha de S.Paulo.

Lindbergh Farias

Lindbergh Farias O Brasil tem cerca de US$ 355 bilhões em reservas cambiais. Essas reservas, que foram construídas nos governos do PT, eliminaram o histórico problema da dívida externa brasileira e nos livraram do fardo dos ajustes do FMI. Lembram? Além disso, elas podem servir também para equilibrar o câmbio e para evitar ataques especulativos contra nossa moeda. O Banco Central tem atribuição para executar a política cambial, podendo atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira e fazendo swap cambial, com o objetivo de conter movimentos desordenados e especulativos da taxa de câmbio. Ora, o dólar está subindo muito agora, de modo especulativo, sem que o BC faça nada. Por Lindbergh Farias, no X.

Pode piorar

Imagina como. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado debateu nesta terça-feira (18/6) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 65/2023) que transforma o Banco Central (BC) em empresa pública com autonomia financeira e orçamentária, sob supervisão do Congresso Nacional. Na prática, isso aprofundaria a autonomia do órgão e o deixaria quase como um Poder separado. Atualmente, o BC é uma autarquia de natureza especial, responsável por executar as políticas definidas pelo Conselho Monetário Nacional. A tentativa de mudança na atuação do BC surge pouco tempo após a entrada em vigor da Lei Complementar 179/2021 que garantiu a autonomia operacional ao órgão, e em um cenário no qual o comportamento do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sido criticado por sua gestão da política de juros no país e pela sua aproximação com grupos de oposição ao governo Lula. “Essa PEC é um primeiro passo para a possibilidade de voltarmos a um quadro de fragmentação fiscal”, advertiu o economista André Lara Resende, no debate.

Paulo Betti disse tudo

A crítica postada pelo ator Paulo Betti, numa rede social, reflete a verdade sobre alguns bolsominions que ainda não tiraram o véu da viuvez e ainda adoram o “mito” mesmo com todos os escândalos de um desgoverno sem precedente no Brasil. “Os bolsominions não são idiotas, idiotas são ineficazes. Eles são mau-caráter. Mentem , não têm ética nem moral, mas são eficazes!”. Paulo Betti

Proteção da mulher

O presidente Lula sancionou,  na segunda-feira (17), o Projeto de Lei 501/2019, que dispõe sobre a elaboração e a implementação de plano de metas para o enfrentamento integrado da violência contra a mulher, além de criar também a Rede Estadual de Enfrentamento da Violência contra a Mulher e a Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência.  A iniciativa vai reunir União, estados, municípios e o Distrito Federal em uma grande ação nacional para construção e implementação de medidas que buscam proteger a mulher vítima de violência doméstica e familiar.

Proteção da mulher 2

Para isso, o texto do PL prevê que a Rede Estadual de Enfrentamento da Violência contra a Mulher e a Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência serão compostas pelos órgãos públicos de segurança, de saúde, de justiça, de assistência social, de educação e de direitos humanos e por organizações da sociedade civil. Além disso, somente terão acesso aos recursos federais relacionados à segurança pública e aos direitos humanos os entes federativos que apresentarem regularmente seus planos de metas para o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Google e YouTube

 The Google logo is pictured at the entrance to the Google offices in LondonJustiça manda Google retirar postagens policiais que disseminam ódio. Medida liminar atinge conteúdos específicos de canais no YouTube. As postagens veiculadas por policiais que disseminam discursos de ódio em programas de podcast e videocast no YouTube estão suspensas por determinação da Justiça Federal. A decisão atendeu parcialmente a pedidos do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU). A medida liminar atinge conteúdos específicos dos canais CopcastFala GlauberCafé com a Polícia e Danilsosnider.

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De acordo com a ação, as postagens configuram também abusos no direito à liberdade de expressão. Ao decidir pela suspensão, e não exclusão definitiva, dos conteúdos, a Justiça quer assegurar a tutela de direitos humanos sem comprometer a liberdade de expressão e a atividade econômica dos réus, mantendo a reversibilidade da decisão até o julgamento final. O procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto do MPF no Rio de Janeiro, Julio Araujo, classificou a medida como fundamental para combater esse tipo de postagem. “O estímulo à violência policial contido nesses vídeos estigmatiza a população negra, pobre e periférica, merecendo resposta do Estado e atuação da empresa que hospeda os canais”, avaliou.

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A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro também foi notificada para prestar informações sobre os procedimentos adotados para efetivar os termos da Instrução Normativa nº 0234/2023 (sobre o controle de postagens em redes sociais). O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro foi oficiado para que, no prazo de 15 dias, manifeste se tem interesse em compor o polo ativo da ação civil pública.

Chico Buarque 80 anos

Chico Buarque chega aos oitenta anos hoje, 19, e isso é motivo para parabenizá-lo. Mais ainda, é momento de nos felicitarmos e agradecer pela dádiva de sermos contemporâneos de um dos maiores e mais importantes artistas que esse país já gestou. Na sua inequívoca ausência de soberba, Chico Buarque “anda para frente arrastando a tradição” se renovando a cada nova canção, a cada novo livro. Como Mário de Andrade, Buarque (como diz Maria Bethânia), também é trezentos, trezentos e cinquenta ou até mais.

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A poesia e a prosa buarqueanas seriam outras se Chico não fosse o homem político que é, ou seja, um artista/homem em consonância com seu tempo. Estar sempre do lado certo da história o tornou muitas vezes o inimigo número um de determinados meios de comunicação, de políticos extremistas e idiotas em geral. Mas Chico nunca recuou, ao contrário, sempre avançou e se impôs enquanto artista e cidadão, pois bem sabe ele que “o artista que não consegue tomar partido deve se calar”. E assim, “Chico abraça a verdade, com dignidade contra a opressão” e segue “buarqueando com muito axé”, enquanto a mediocridade come poeira. Que se danem os liliputianos! “Eis o poeta feito de povo, que chega aos oitenta anos. Vida longa a Chico Buarque de Holanda e que ele nunca desista de nos resgatar”, diz Carlos Carvalho. (Brasil 247).

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(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

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Datafolha aponta maior aprovação de Lula e queda na rejeição

A avaliação considerada regular também alcançou 31% dos participantes da pesquisa

A aprovação do trabalho do presidente Lula chegou a 36% e se afastou da taxa de reprovação (31%), segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta terça (18). A avaliação positiva oscilou um ponto em relação ao levantamento anterior, realizado em março, quando o número era de 35%.

A avaliação negativa teve uma queda no período, passando de 33% para 31%, e a regular, de 30% para 31%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o que indica um cenário de estabilidade, mas mostra que a imagem do presidente teve uma melhora para a população.

O levantamento marca um ano e seis meses do terceiro mandato do presidente e mostra uma inversão na queda de popularidade, que vinha apresentando pioras desde o fim do ano passado.

Os grupos consideram Lula ótimo ou bom acima da média nacional são os mais pobres (42%), quem tem entre 45 e 49 anos (44%), mais velhos (47%), nordestinos (48%) e os menos instruídos (53%).

Os que mais veem o presidente como ruim ou péssimo são homens (35%), pessoas que possuem entre 25 e 34 anos (38%), com ensino superior (38%), evangélicos (44%) e quem recebe acima de 5 salários mínimos (45%).

O presidente Lula durante evento no Nordeste, onde tem alta taxa de aprovação. Foto: Reprodução

Em relação aos seus mandatos anteriores, o presidente tem uma aprovação semelhante à registrada nessa altura do governo em 2004: 35%. Sua reprovação na ocasião era bem menor (17%) e 45% da população o via como regular. Em maio de 2009, na sua segunda gestão, os números eram melhores: 69%, 6% e 24%, respectivamente.

A percepção sobre a economia também permaneceu estável nos últimos meses: 40% da população tem expectativa positiva sobre o tema, enquanto 28% acredita que a condição econômica do país deve piorar e 27% que tudo ficará igual. Em março, os números eram 39%, 27% e 32%, respectivamente.

Sobre os impactos na vida pessoal da gestão petista no período, 26% da população acredita que houve uma melhora, 21% que piorou e 52% que está tudo na mesma.

Fonte: DCM

Exemplos do Japão: conheça a história de Kana Harada, a única passageira de uma estação de trem que funcionou até a sua formatura

Em 2015, a empresa Japan Railways enfrentava a difícil decisão de fechar a estação Kyu-Shirataki, localizada no remoto norte do Japão, devido à falta de passageiros. No entanto, essa estação tinha um passageiro regular que mudou o rumo dessa decisão: Kana Harada, uma jovem estudante que dependia do trem para ir à escola.
Kana HaradaKana Harada usava o comboio diariamente para se deslocar até sua escola, uma rotina que se tornava um desafio sem a estação Kyu-Shirataki. Sem o trem, ela teria que enfrentar uma caminhada de 73 minutos para pegar um trem expresso na linha vizinha, o que tornaria sua jornada muito mais difícil.
Reconhecendo a importância do transporte para a educação e a vida de Kana, Japan Railways decidiu manter a estação Kyu-Shirataki aberta, apesar do baixo número de passageiros. Essa decisão destacou a dedicação do Japão em garantir que mesmo os serviços de transporte mais remotos continuem a funcionar em prol do bem-estar de seus cidadãos.
No dia 25 de março de 2016, aos 18 anos de idade, Kana Harada se formou no ensino médio e o propósito da estação também acabava

A história de Kana Harada e da estação Kyu-Shirataki ganhou notoriedade e tocou muitas pessoas ao redor do mundo, simbolizando o compromisso com a educação e a acessibilidade. Em 2016, Kana se formou, marcando o fim de uma era para a estação que havia servido fielmente à sua missão.

Com a formatura de Kana, a estação Kyu-Shirataki foi finalmente fechada. No entanto, a história permanece como um exemplo de como o transporte pode abrir portas para oportunidades e mudar vidas. A dedicação de uma comunidade para garantir que uma jovem estudante pudesse alcançar seus sonhos educacionais tornou-se uma inspiração para muitos.

Lula disputará a reeleição: “não vou permitir que esse país volte a ser governado por fascista”

Presidente afirmou que encontrou país “totalmente destruído”, comparando ao genocídio da Faixa de Gaza. “Se for necessário ser candidato para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem”.

O presidente Luis Inácio Lula da Silva encerrou a entrevista bombástica à CBN na manhã desta terça-feira (18) confirmando que vai disputar a reeleição em 2026 para evitar que “o país volte a ser governado por um fascista”, sem citar o nome de Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030, mas tem reiterado que pretende manobras para tentar reverter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até às vésperas da próxima disputa eleitoral.

ASSISTA À INTEGRA:
Lula vai pra cima da Globo e Campos Neto: “tem lado político e trabalha para prejudicar o país”

Indagado por Milton Jung sobre o tema, Lula reafirmou que primeiro precisa cumprir o que “prometi ao povo brasileiro”. No entanto, o presidente emendou de forma enfática que, mesmo aos 80 anos, pretende entrar na disputa para barrar a extrema direita fascista.

“Quando chegar o momento de discutir tem muita gente boa pra ser candidato, eu não preciso ser candidato. Agora, presta atenção no que vou te falar, se for necessário ser candidato para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem, pode estar certo que os meus 80 anos virará em 40 e eu poderei ser candidato”, disse.

“Mas, não é a primeira hipótese. Nós vamos ter que pensar muito. Eu sei que vou estar com 80 anos, que vou ter que medir meu estado de saúde, minha resistência física, porque quero ter responsabilidade com o Brasil. Mas, não vou permitir que esse país volte a ser governado por um fascista, não vou permitir que esse país volte a ser governado por um negacionista como já tivemos. Esse país precisa de muita verdade para se transformar no país maravilhos que temos que construir”, afirmou ao encerrar a entrevista.

Antes, Lula afirmou que pegou o país “totalmente destruído, como se fosse a Faixa de Gaza”, comparando o governo Jair Bolsonaro (PL) com o genocídio praticado pelo sionista Benjamin Netanyahu, que governa Israel, no território palestino.

“Em 2022 pegamos o país praticamente destruído. Até hoje temos ministérios com 30% dos funcionários, por conta do que foi feito pelo governo anterior. É um desafio. Meu compromisso é fazer o Brasil crescer de maneira consistente e madura. Os salários e os empregos crescerem da mesma forma. E agora temos um governo mais preparado do que nos meus primeiros mandatos, com ministros que já foram governadores, senadores. E com isso já fizemos, nesses 16 meses, mais políticas de inclusão social do que nos 8 anos passados. Isso leva um tempo para chegar na ponta, mas chega”.

Revista Fórum

Coluna Zona Franca

Caso Marielle Franco

Maldito o homem que acredita no homem. Mais assustador são os pastores Marcos Feliciano(PL-SP) e Marcelo Crivela (Republicanos) votando a favor para soltar os mandantes do assassinato de Marielle. Agora diga, tem como confiar nestas pessoas que sempre usaram o púlpito das igrejas para falar de Deus? Sem contar a outra deputada pastora Flor-de-lis que já está presa e condenada por mandar matar seu próprio marido.

Caso Marielle Franco 2

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, na tarde desta terça-feira (18), o julgamento dos cinco suspeitos de envolvimento nos assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Silva.  Serão julgados Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), como mandantes do crime. Eles estão presos preventivamente desde março. A Primeira Turma do STF começa o julgamento às 14h30, com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes. Depois, a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável por denunciar os nomes à Justiça, em maio deste ano, terá 15 minutos para defender os seus argumentos.

Paes tem 51%

No Rio de Janeiro o ex-presidente Bolsonaro pode esquecer o Ramagem, que foi lançado candidato  a prefeito na Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, comandada pelo bicheiro Rogério Andrade, sobrinho do ex-bicheiro Castor de Andrade. Vai dar Eduardo Paes (PSD) de novo. Paes tem o poio de Lula. 

Paes tem 51% 2

O atual prefeito do Rio de Janeiro, desponta com uma sólida vantagem na corrida pela reeleição, de acordo com a mais recente pesquisa eleitoral realizada pela Quaest, divulgada pela Folha de S. Paulo nesta terça-feira (18). Com 51% das intenções de voto, Paes está em uma posição que, se mantida, pode garantir sua vitória já no primeiro turno das eleições municipais. A pesquisa mostra que o segundo colocado, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), tem 11% das intenções de voto, empatado tecnicamente com o deputado federal Tarcísio Motta (Psol), que aparece com 8%. O deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil) e o deputado federal Marcelo Queiroz (PP) seguem mais distantes na disputa, com 4% e 2%, respectivamente. A pesquisa foi conduzida pela Quaest entre os dias 13 e 16 de junho, entrevistando 1.145 eleitores cariocas. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número RJ-04459/2024 e financiado pela Genial Investimentos, corretora digital controlada pelo banco Genial.

Mbappe nota mil

Enquanto um outro jogador apoia privatização das praias, Mbappe se posiciona sobre a situação política na França, faz críticas à extrema direita e convoca jovens para votar nas eleições. “Quero falar ao povo de França. Os extremistas estão a tomar o poder. Apelo a todos os jovens para que votem e compreendam os nossos valores de tolerância. Somos cidadãos acima de tudo e não podemos estar desconectados”.

O médico e o monstro

“Iriam morrer de qualquer forma” é algo que o bom doutor Jekyll jamais diria. É coisa de mister Hyde

Ainda sobre a pandemia de Covid, o deputado federal de Rondônia, Fernando Máximo (União Brasil), provou que é bolsonarista raiz. Durante um depoimento à Polícia Federal sobre a compra de insumos para a Secretaria de Saúde de Rondônia, da qual foi secretário, o delegado perguntou sobre as pessoas que morreram de covid durante o atraso da entrega dos kits de teste rápido, Máximo disse: “Iriam morrer de qualquer forma…”. Além de serem entregues com atraso, os kits foram comprados com um superfaturamento de 40%, segundo a PF. As informações são do Blog Entrelinhas.

Bizarro

Em debate realizado no plenário do Senado Federal nesta segunda-feira (17), sob presidência do senador bolsonarista Eduardo Girão (Novo-CE), membros do Conselho Federal de Medicina (CFM) defenderam a proibição da realização de aborto após 22 semanas de gestão, mesmo nos casos permitidos por lei.  No início da sessão, foi apresentada uma performance que narrava supostas “súplicas” de bebês a ponto de serem abortados, com gritos, choros e expressões religiosas de condenação à prática do aborto. O senador Girão levou ao plenário réplicas de fetos e chegou a ser impedido pela direção da TV Senado de reproduzir imagens apelativas com o detalhamento do procedimento de interrupção da gravidez.

Bizarro 2

Convidado a subir na tribuna, presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, fez uma defesa da resolução 2.378/2024, questionada no Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 1141), movida pelo Psol. Alexandre de Moraes, ministro da corte, suspendeu a resolução do conselho.

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O curioso é que os contra o aborto em caso de estupro, são a favor de armas que matam crianças, inclusive em gestação, como ocorreu na semana passada em Imperatriz, no Maranhão. São contra vacinas para crianças. I-na-cre-di-tá-vel.

Péssimos influencers

Em Alagoas a operação Game Over apreendeu mais de R$ 38 milhões em bens de pelo menos quatro influenciadores alagoanos. Eles estão por trás de uma quadrilha que explora jogos virtuais como o ‘Fortune Tiger’, mais conhecido como ‘Jogo do Tigrinho’. Diversas pessoas foram vítimas de estelionato, depois de publicidades pagas a influenciadores digitais que promovem a plataforma. A investigação, que teve início há oito meses, resultou na operação que já identificou as pessoas ligadas à criação de conteúdo digital em Alagoas.

Péssimos influencers 2

Carlinhos Maia comprova: Diversão, Jogos Online e Prêmios Incríveis!O ‘Jogo do Tigrinho’ fez muitas vítimas em Maceió, dentre elas uma família vítima do vício. A avó de um rapaz gravou um vídeo e contou como o neto se endividou a ponto dela precisar vender a própria casa para tentar quitar o débito. “Meu neto perdeu tudo que a gente tinha com jogos de aposta online. Começou a jogar por incentivo de outras pessoas e começou a perder, perder e perder. Perdeu o carro, perdeu o dinheiro que eu tinha no banco, por fim deu golpe na empresa que trabalhava de R$ 200 mil. Minha casa valia mais de R$ 300 mil e vendi, entreguei pelo débito de R$ 200 mil. Nós perdemos tudo que tínhamos. Minha filha está sofrendo em depressão, eu estou muito doente. Minha neta, irmã dele, sofre convulsões todos os dias. Ele [o neto] está passando fome em outro estado. Minha família desmoronou e a família toda sofrendo por causa desse infeliz desse jogo”, disse bastante emocionada a senhora, que teve a identidade preservada.

Péssimos influencers 3

Deolane Bezerra, Mirella Santos, Gabriel Farias, Carlinhos Maia. O que estes conhecidos influenciadores têm em comum? Todos estão com os celulares apontado para jogos on line. Com seus mais de 26 milhões de seguidores e bilhões de visualizações em suas redes sociais, o comediante, ator e empresário Carlinhos Maia realiza frequentemente postagens contando em suas mídias sociais como acumula prêmios e ganhos com jogos on line. Inclusive ‘Jogo do Tigrinho’ . Confrontado, ele diz que estão usando a imagem dele ilegalmente.

Patrulha Verde

Está sendo lançada a ong Patrulha Verde que tem entre os objetivos a proteção da Amazônia, do meio ambiente, da natureza, em especial dos povos indígenas. Em breve mais detalhes.

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

A coluna é diária e conta com informações do G1, Globo, R7, CNN, Folha de S. Paulo, Brasil 247, DCM, Brasil de Fato, dentre outros.

Informações para a coluna:  rkuppe@gmail.com

Presidente do CFM diz que “autonomia da mulher” tem que ser limitada quanto ao aborto

“A autonomia da mulher esbarra, sem dúvida, no dever de proteger a vida de qualquer um, mesmo ser humano formado por 22 semanas”, afirmou José Gallo durante sessão no Senado

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran da Silva Gallo, afirmou que a “autonomia da mulher” deve ser limitada ao se tratar da assistolia fetal, como é chamado o aborto legal após a 22ª semana de gestação resultada de um estupro. “A autonomia da mulher esbarra, sem dúvida, no dever constitucional imposto a todos nós, de proteger a vida de qualquer um, mesmo ser humano formado por 22 semanas”, disse.

A fala do presidente do CMF foi realizada nesta segunda-feira (17) durante uma sessão no Senado Federal, onde movimentos e políticos antiaborto discutiram o procedimento de assistolia. Para Gallo, com 22 semanas de gestação “já não se trata de um feto, mas de um ser humano formado” e, por isso, já há “viabilidade fetal”.

José Gallo finalizou o discurso – que durou cerca de 20 minutos – apontando o que ele considera como “banalização da vida”: “Não posso esconder minha surpresa com a banalização da vida a que estamos sendo expostos na sociedade contemporânea de um modo sistemático. Me pergunto o que houve em nossa caminhada enquanto humanidade. Qual o desvio que tomamos em nossa rota, tornando insensíveis à necessidade suprema de proteger a dignidade e a vida?”

Raphael Câmara Medeiros Parente, relator da resolução de abril do CFM que proibia a realização do procedimento,   reafirmou o comparativo do aborto ao crime de homicídio e disse que “não existe aborto legal”. Raphael representou autarquia na Comissão Nacional de Mortalidade Materna, participa da Câmara Técnica de Reprodução Assistida e coordena Núcleo Executivo da Comissão de Humanidades Médicas do Conselho Federal de Medicina.

“Não existe o tema aborto legal. É aborto com excludente de punibilidade. Seria que nem falar em homicídio legal. Mas em: existem situações em que se pode matar. Todo aborto é crime, mas alguns crimes não são punidos pela lei”, disse Raphael.

O CFM e o Supremo Tribunal Federal (STF) discordam quanto à realização da assistolia fetal. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu a resolução que impedia o procedimento e afirmou que o Conselho Federal de Medicina “se distancia de padrões científicos pela comunidade internacional” e que a decisão ultrapassava os limites de poder do órgão.

Fonte: Metro I

O PL dos estupradores

Por FLÁVIA BIROLI*

Perversidades e retrocessos na agenda do aborto

1.

Desde 1940, as mulheres brasileiras podem legalmente realizar um aborto quando a gestação resulta de estupro ou se há riscos de que morram devido a problemas gestacionais. São duas situações extremas, que foram tacitamente aceitas por muito tempo, embora o acesso ao aborto legal tenha sido sempre difícil no país. Em 2012, passamos a ter uma terceira exceção à criminalização, a anencefalia fetal, caso também extremo em que não há possibilidade de vida fora do útero.

Também nos anos 2000, no primeiro ciclo de governos do PT, a Norma Técnica Atenção Humanizada ao Aborto, do Ministério da Saúde (2005 e 2014), apontava para uma orientação estatal alinhada à legislação existente, procurando garantir atendimento às mulheres que decidissem abortar nos casos permitidos por lei.

É essa regulação, tímida e insuficiente, que tem sido atacada por aqueles que entendem que a mulher deveria ser obrigada pelo Estado a manter a gestação contra sua vontade. O instrumento mais recente é o PL 1904/2024, proposto e sustentado, em particular, por parlamentares da extrema direita brasileira. Há poucos anos, em 2015, mulheres foram às ruas de todo o país contra outro projeto, o PL 5069/2013, proposto pelo então deputado Eduardo Cunha em conjunto com outros parlamentares evangélicos e católicos. Eles também tinham como objetivo dificultar e restringir o acesso de mulheres que sofreram estupro ao aborto legal.

O PL 1904/2024 prevê pena de até 20 anos de prisão para mulheres que abortem a partir de 22 semanas de gestação. Os casos em que se chega a essas 22 semanas são, comumente, o de crianças que foram estupradas e não têm experiência para reconhecer o que está acontecendo no seu corpo. Ou têm medo de contar a alguém, já que, segundo os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a maior parte dos abusos acontece em casa e é cometida por familiares ou conhecidos. Estamos falando de uma redução radical do direito ao aborto, já que um terço dos abortos legais ocorrem nessa fase da gestação.

Outro caso em que o PL poderia incidir brutalmente, a depender do texto final que seja votado, é o de mulheres que correm risco de morrer se prosseguirem na gestação. As que têm mais tardiamente diagnósticos de risco são justamente aquelas para quem o acesso ao sistema de saúde é precário ou lento. Mulheres pobres, negras, que vivem em áreas rurais ou áreas urbanas com difícil acesso a atendimento. São, muitas delas, mães que estão apavoradas com a possibilidade de deixar órfãos os filhos que já têm, as pessoas que amam. Os parlamentares que defendem o PL 1904/2024 estão determinando que, a partir de 22 semanas de gestação, essas mulheres teriam que escolher entre morrer ou ser presas.

As manifestações e debates suscitados em 2015 e, neste momento, contra o PL 1904/2024, apelidado de “PL dos estupradores”, mostram que há disposição de mulheres de diferentes idades para lutar contra decisões arbitrárias que comprometem sua saúde, sua integridade física e mental, sua condição de cidadãs plenas. Também representaram um processo de construção coletiva e aprendizado. Os protestos de 2015 foram importantes para manifestações políticas que vieram depois, como o “#ForaCunha!” e o “#EleNão!”. Em todos os casos, está presente a denúncia de que há relação entre os ataques às mulheres, a expansão de posições violentas no campo da direita e a erosão da democracia.

2.

A expansão do direito ao aborto na região, assim como os ataques a esses direitos, são uma janela para a compreensão das disputas em torno dos sentidos e do escopo da democracia. As demandas dos movimentos feministas têm historicamente pressionado pela democratização do Estado e da sociedade. E têm sido um dos alvos dos movimentos que atuam para restringir as democracias e normalizar formas autoritárias e abertamente excludentes de gestão dos conflitos políticos e sociais.

As estratégias para restringir o aborto legal e criminalizar as mulheres se acentuaram com a descriminalização do aborto em alguns países, nos anos recentes – no Uruguai (2012), na Argentina (2021), no México (2021) e na Colômbia (2022), além da definição de novas exceções à criminalização, desde 2007, no Brasil, na Bolívia, no Chile, no Equador e no Panamá, de acordo com dados do Observatório da Igualdade de Gênero da Cepal e da Human Rights Watch.

No mesmo período, alguns países nos quais as leis são altamente restritivas permaneceram estagnados (Honduras, Paraguai e Peru) ou ampliaram a criminalização, por mudanças nas leis (Nicarágua e República Dominicana) ou persecução penal mais rigorosa a mulheres que abortam (El Salvador). Em alguns deles, o processo de erosão das democracias e construção de um estado penalista autoritário tem sido acentuado.

3.

A extrema direita brasileira não esconde sua hostilidade aos feminismos e a outros movimentos de luta pelos direitos humanos e a coloca no centro de suas investidas contra a democracia. Durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-22), ativistas contrários ao aborto ocuparam cargos em ministérios chave para as políticas de gênero, como o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos e o Ministério da Saúde. Dessa posição, atuaram para restringir o acesso de meninas e mulheres ao aborto legal.

A ministra Damares Alves se envolveu pessoalmente na tentativa de impedir que uma criança de 10 anos, violada pelo tio no Espírito Santo, tivesse acesso ao aborto nos termos definidos pelo Código Penal desde 1940. Em 2022, o secretário de atenção primária à saúde, hoje um dos atores que têm orientado a política do Conselho Federal de Medicina contra os direitos das mulheres, elaborou uma cartilha para gestantes que ignorava a legislação brasileira, afirmando que “todo aborto é crime” e que os casos de aborto previstos em lei deveriam ser acompanhados por investigação policial.

Denúncias dos movimentos feministas e de direitos humanos levaram a uma revisão da cartilha, mas a orientação de limitar o acesso e tornar mulheres e agentes de saúde objeto de desconfiança e potencial penalização segue sendo ativada pela extrema-direita no Congresso, nos conselhos de medicina e em algumas instâncias do Judiciário.

Assim, o esforço para limitar o acesso ao aborto legal e criminalizar as mulheres que desejam interromper a gestação, com foco nos casos previstos por lei, dá a tônica das disputas atuais: mantém os movimentos feministas e de direitos humanos numa posição em que a luta é por garantir o pouco que já temos, em vez de expandir um direito fundamental à cidadania de meninas e mulheres.

A política da perversidade de parlamentares e médicos que querem impedir que meninas e mulheres abortem está na contramão de valores humanitários. Muitos desses parlamentares, médicos e juristas radicalizados, escondem sua desumanidade sob a ideia de crença. Mas renegam os sentidos de solidariedade e empatia compartilhados por diferentes religiões e filosofias seculares. Seu cálculo político e seu fanatismo os impedem de reconhecer o sofrimento de mulheres e meninas, mas, principalmente, impedem que se orientem pela proteção à dignidade humana.

É razoável impor a maternidade a crianças a quem a sociedade não foi capaz de proteger? Em que tipo de sociedade é legítimo tratar uma mulher estuprada com penalidades mais duras que a do estuprador? Em que contexto de exercício de poder pode ser normalizada a ideia de que uma mulher deve morrer ou ir para a cadeia se a gestação é de risco, mesmo havendo lei que prevê que ela teria acesso ao aborto nesse caso?

Não acredito no diálogo com quem lidera o caminho para a barbárie. Mas há muitos outros, inclusive religiosos, no nosso cotidiano e no Congresso nacional a quem pode ser importante perguntar: você pactua com uma norma que obriga crianças estupradas a serem mães?

*Flávia Biroli é professora do Instituto de Ciência Política da UnB. Autora, entre outros livros, de Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil (Boitempo).

Publicado originalmente no blog da Boitempo.

Evento bolsonarista em Rondônia flopa, mesmo com anúncio de presenças de Nikolas Ferreira, Magno Malta e Hélio Negão

O primeiro dia do III Simpósio Jurídico Desafios do Estado Pós – Moderno com o tema Direitos e Garantias Fundamentais, na tarde desta segunda- feira, 17, no Teatro Palácio das Artes em Porto Velho (RO), flopou, não deu ninguém. Só uns gatos pingados. O evento cancelado era destinado a estudantes de Direito e advogados.

Segundo uma fonte do A Democracia, os estudantes de Direito e os advogados não quiseram comparecer ao evento porque não iam discutir a pós-modernidade no momento em que se está voltando à “época medieval com parte da classe política e a população misturando política e religião,  defendendo a transformação do Estado-laico Brasil em Estado-Teocrático“.  Além de usarem o nome de Deus para pedir a volta dos Militares ao Poder.

A primeira temática abordada foi  Liberdade de Expressão e a Cultura do Cancelamento com a participação do deputado federal Helio Lopes (PL – RJ) e da pré-candidata a prefeita de Porto Velho, ex-juíza de Euma Tourinho (MDB-RO).

 O evento encerra amanhã, terça – feira, 18, tendo como última discussão O Papel do Judiciário na Defesa da Democracia e no Combate à Desinformação, prometendo as presenças do senador Magno Malta (PL- ES) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL- MG), que participará de forma remota e não presencial como informa um video confirmando a presença física do deputado. Ou seja, o evento sobre Desinformação, faz jus e mereceu ser cancelado pelos estudantes de direito e advogados de Rondônia.

 

 

 

 

Fotos: Herbert Lins

Texto: RK

Um Estado forte para uma democracia forte

Por LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA*

Há de se resistir às pressões do neoliberalismo e de seu bebê maligno: o nacional-populismo de direita

Para as sociedades capitalistas, o paradigma desejável e possível é o de um Estado forte, capaz, para uma democracia igualmente forte. A ideia de um Estado forte parece estar em contradição com uma democracia forte, mas não é isso o que mostra a realidade. A Suiça e a Finlândia são exemplos de países nos quais esse ideal está próximo de ser alcançado, mas esta afirmação requer definir o que é uma democracia forte e um Estado capaz.

O Estado é o sistema constitucional-legal e a organização que o garante, enquanto o Estado-nação é a sociedade político-territorial soberana formada por uma nação, um Estado e um território. Um Estado é capaz quando a Constituição e demais leis do país são cumpridas. Algo que não depende apenas do poder de polícia do Estado, mas também e principalmente da coesão da sociedade em torno do Estado.

Em outras palavras, depende de toda a sociedade entender que a lei é necessária para a vida da sociedade, e de que cada cidadão considere seu dever denunciar aqueles que agem contra ela. Ao agir assim, ele não será um “dedo-duro”, mas um cidadão que cumpre o seu dever. No plano econômico, é capaz o Estado que tem o poder efetivo de tributar – de aumentar impostos quando isto é necessário para assegurar o equilíbrio fiscal.

A nação é a forma de sociedade de cada Estado; ela compartilha uma origem, uma história e objetivos comuns, estes explícitos ou implícitos no sistema jurídico. Uma “boa” sociedade é aquela que é relativamente coesa. Nunca é plenamente coesa, porque há a luta de classes e um número infinito de conflitos entre os cidadãos, mas esta luta ou estes conflitos não são radicais, não implicam uma relação de vida ou morte – e, portanto, podem coexistir com uma nação ou uma sociedade civil (outro nome da sociedade de cada Estado) relativamente coesa.

A democracia forte, por sua vez, é a democracia consolidada. É a democracia existente em um país ou Estado-nação que completou sua revolução capitalista – já formou seu Estado-nação e realizou a sua revolução industrial. E, por isso, a nova classe dominante burguesa já não precisa do controle direto do Estado para se apropriar do excedente econômico (ela pode realizá-lo no mercado através do lucro).

É o regime político no qual as novas e amplas classe média e classe trabalhadora que nasceram da revolução capitalista preferem a democracia. Na prática, uma democracia forte é aquela que soube resistir às pressões antidemocráticas do neoliberalismo e, depois, do seu bebê maligno – o nacional-populismo de direita.

Embora a democracia seja o melhor regime político para um país que completou sua revolução capitalista, essa mesma democracia enfraquecerá o Estado dos países que ainda não a realizaram. E poderá igualmente enfraquecer os Estados de países de renda média, que já realizaram sua revolução capitalista, como é o caso do Brasil, ao ser essa democracia caracterizada por uma polarização que a torna incapaz de fazer compromissos necessários para realizar as reformas institucionais. O império sabe disso, e usa a democracia para garantir a sua dominação sobre os países da periferia do capitalismo.

A prioridade dos países de renda média é, portanto, fortalecer o seu Estado, porque assim estarão fortalecendo sua democracia; é tornar sua nação mais coesa; é livrá-la do conflito entre os liberais que se submetem ao império e os que buscam soluções nacionais para os problemas.

Não existe um caminho claro para alcançar maior coesão nacional. Porém, o simples fato de as elites sociais – não apenas as econômicas, mas também as políticas, intelectuais e organizacionais – saberem da necessidade dessa maior coesão já é um passo nessa direção.

O Brasil é um “Estado-nação-quase-estagnado” há 44 anos, cresce mais lentamente que os países ricos e mesmo que as demais nações em desenvolvimento – não realiza, portanto, o esperado alcançamento (“catching up“). Precisa, portanto, dramaticamente fortalecer a sua nação e o seu Estado para deixar de ficar para trás – como tem ficado neste quase meio século.

*Luiz Carlos Bresser-Pereira é professor Emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e ex-ministro da Fazenda. Autor, entre outros livros, de Em busca do desenvolvimento perdido: um projeto novo-desenvolvimentista para o Brasil (Editora FGV).

Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo.

Coluna Zona Franca

Por Roberto Kuppê (*)

2026 já começou

O processo sucessório de 2026 já começou. A oposição está no ataque, com a (mesma) mídia de cúmplice. Tudo lembra a campanha difamatória contra Dilma, a prisão de Lula e a ascensão do negacionismo. Desta vez, está claro e cristalino. O ungido do mercado é o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), cujo nome o ex-presidente Jair Bolsonaro já abraçou. Não tem outra opção mesmo. No máximo Bolsonaro indicará um dos filhos como vice.

E o Pablo Marçal, hein?

Não subestimem o outsider Pablo Marçal (PRTB-SP). Ele poderá ser o próximo prefeito de S Paulo. Se está ruim, pode piorar. Marçal está aí para provar que sim. Ele é dono de um canal no Youtube com mais de 2 milhões de inscritos (além de 4,7 milhões seguidores em sua conta no Instagram), no qual compartilha uma série de vídeos sobre “Inteligência Emocional”. Marçal se apresenta com uma extensa lista de credenciais: cristão, filantropo, empreendedor imobiliário e digital, mentor, estrategista de negócios, especialista em branding, e jurista por formação. A popularidade não é recente. Cristão fervoroso e protagonista de uma longa trajetória como coach, ele foi eleito deputado federal por São Paulo em 2022, mas não chegou a assumir o cargo depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspender o registro da candidatura.

E o Pablo Marçal, hein? 2

Posa de bilionário, de empresário de sucesso, mas, segundo a última declaração de bens no imposto de renda dele, publicada pelo TSE por ocasião de sua candidatura indefirida a presidente, em 2022, ele declarou um patrimônio de R$ 16,9 milhões, porém, para deputado federal declarou no mesmo ano, 2022, um patrimônio total de 88 milhões de reais. Veja aqui. Na relação de bens não consta nenhum helicóptero e nenhum jatinho que afirma possuir, mas diz que possui participações societárias (sem detalhar) no valor de 80 milhões de reais. Com certeza, ou está superestimando seu patrimônio ou sonegando impostos.

E o Pablo Marçal, hein? 3

Pablo Marçal navega no mesmo nicho de votos de Bolsonaro e é um ameaça real ao bolsonarismo. Em nada atinge, porém, a pré-candidatura do esquerdista Guilherme Boulos (PSOL). Quem vota na esquerda, não vota na direita. Os votos de Boulos são indevassáveis e intransferíveis. Já os votos de Bolsonaro, sim. São volúveis e sujeitos mudanças de acordo com o humor dos seus eleitores. No momento, Marçal tenta apoio de Bolsonaro, mas ele quer distância dele, sob pena de lá na frente se arrepender. Por isso, vai até o fim com o prefeito Ricardo Nunes (PMDB). O problema é que Marçal tem tudo para chegar no segundo turno com Boulos. Ai sim, o coach passa a ser um problema também para Guilherme Boulos.

E o Pablo Marçal, hein? 4

De uma coisa este colunista está convicto, Ricardo Nunes não se reelege. E se Pablo Marçal se eleger prefeito da cidade de São Paulo, o que não é impossível, o atual governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos)  terá suas pretenções futuras ameaçadas. Do jeito que Marçal é doido, se se eleger prefeito, vai tentar a presidência da República.

Emboulos

O juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, julgou improcedente, nesta sexta-feira (14), o pedido feito pelo MDB, partido do prefeito Ricardo Nunes, contra um jornal chamado “SP Urgente”, produzido pelo PT e pelo PSOL com críticas à atual administração municipal.  Na primeira decisão, a Justiça tinha determinado que a distribuição do panfleto fosse interrompida; Já na sentença desta sexta, o magistrado afirmou que a distribuição do jornal não configura propaganda eleitoral antecipada e concluiu que a publicação apenas reproduz notícias já veiculadas pela imprensa sobre irregularidades cometidas pela gestão Nunes.

                                                          A lista

Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Kim Kataguiri (União Brasil), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB), são alguns dos principais nomes que disputarão a refeitura de São Paulo. Apesar de convenções partidárias – que acontecem entre 20 de julho e 5 de agosto – serem a data para o lançamento das candidaturas oficiais para a prefeitura de São Paulo, as movimentações dos pré-candidatos já tiveram início. Entre alfinetadas, campanha antecipada, os principais nomes da corrida já possuem alianças, bandeiras e polêmicas.

Raio-X dos principais pré-candidatos

 

Confira, a seguir, o raio-x dos primeiros colocados segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha em ordem alfabética:

Guilherme Boulos

É a segunda vez que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) concorre ao cargo de prefeito da cidade de São Paulo. Em 2020, ele chegou ao segundo turno, mas perdeu para Bruno Covas (PSDB). Em 2024, segundo a última pesquisa Datafolha, Boulos possui a maior porcentagem de votos, com 24%, e está tecnicamente empatado com Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da capital. Alianças: PSOL, PT, Rede, PCdoB, PV, PDT e PMB Vice-prefeita: Marta Suplicy Bandeiras defendidas: ligado à esquerda, Boulos coloca a luta pela moradia como a proposta da sua carreira. Ele é parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

José Luiz Datena

O apresentador José Luiz Datena deixa o PSB e se filia ao PSDB em evento em SP — Foto: Reprodução/TV Globo

José Luiz Datena (PSDB) é jornalista, ex-radialista e atual apresentador de programas policiais no canal da Rede Bandeirantes. Na política, já se filiou a 12 partidos desde 1992 e, nos últimos anos, desistiu quatro vezes da corrida eleitoral para cargos eletivos em São Paulo. Bandeiras defendidas: Seu ingresso na política se deu em 1992, quando entrou no PT, partido identificado com a esquerda, onde ficou por 23 anos. Em 2015, migrou para o Partido Progressista (PP), mais voltado para a centro-direita. Dali em diante, Datena flutuou entre a centro-direita e a centro-esquerda até que se filiou ao PSDB para as eleições deste ano. Em suas redes sociais e em seu programa na TV aberta, o apresentador se mostra preocupado, majoritariamente, com questões de segurança pública.

Kim Kataguiri

 

Kim Kataguiri dicursa no plenário da Câmara, em imagem de arquivo — Foto: Cleia Viana/ Câmara dos Deputados

Kim Kataguiri (União Brasil) é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) e deputado federal reeleito em 2022. Além da carreira política, ele escreveu três livros: “Manual de Debate Político: Como Vencer Discussões Políticas na Mesa do Bar”; “Puxa Conversa Política: 100 perguntas para falar de sociedade, poder e governo”; e “Como um grupo de desajustados derrubou a presidente: MBL: A origem”. Vice-prefeito: não definido Bandeiras defendidas: Através do MBL e do partido União Brasil, Kataguiri se configura à direita do diagrama político. Em geral, defende ideias e propostas voltadas ao liberalismo econômico, à privatização e à redução de impostos. O MBL também é a favor do voto não obrigatório.

Marina Helena 

Marina Helena, pré-candidata do Novo à Prefeitura de SP — Foto: Reprodução/TV GloboMarina Helena (Novo), é economista com mestrado pela Universidade de Brasília (UNB). Foi diretora de Desestatização do Ministério da Economia a convite do então ministro Paulo Guedes, durante o governo de Jair Bolsonaro. Em 2022, ela recebeu 50.073 votos para deputada federal e é primeira-suplente por São Paulo. Marina Helena também já foi dirigente nacional do Partido Novo. Vice-prefeito: não definido Bandeiras defendidas: Ela se classfica como sendo de direita, é a favor de privatizações e é aliada de Bolsonaro. Entre seus objetivos à frente da Prefeitura de São Paulo, caso seja eleita, está o de aumentar o orçamento da segurança pública na capital em 300% e dobrar o número de agentes da GCM.

Pablo Marçal

Pré-candidato Pablo Marçal durante Coletiva — Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Pré-candidato Pablo Marçal durante Coletiva — Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Pablo Marçal (PRTB) é produtor de conteúdo e empresário e esta é segunda vez que tenta se candidatar. Em 2022, ainda pelo PROS, ele tentou concorrer à Presidência da República, mas, devido a disputas políticas dentro do partido, pelo comando da legenda, ele não conseguiu levar a candidatura adiante e se lançou deputado federal pelo estado de SP. Na época, o empresário obteve 243.037 votos e chegou a ser eleito para uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília. Mas ele concorreu ao cargo sub judice, porque se inscreveu para o pleito já fora do período e com falta de documentos estipulados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP). Bandeiras defendidas: Pablo Marçal se coloca alinhado às ideias do ex-prefeito e ex-governador João Doria, identificadas mais com a centro-direita.

Ricardo Nunes (MDB)

Prefeito Ricardo Nunes em evento na prefeitura — Foto: Aline Freitas/g1

Prefeito Ricardo Nunes em evento na prefeitura — Foto: Aline Freitas/g1

Atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB) vai disputar a reeleição. Ele assumiu o cargo após a morte de Bruno Covas, em 2021. Segundo pesquisa do Datafolha, 26% da população da capital aprova o seu governo e 25% o reprova. Ainda segundo o instituto, Nunes tem 23% de intenções de voto em São Paulo e está empatado tecnicamente com Boulos (PSOL). Alianças: MDB, PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, Avante, Podemos, PRD e Mobiliza Vice-prefeito: não definido. Bandeiras defendidas: Nunes, que se classifica como um candidato centrista, se vê hoje mais voltado para a direita, diante da polarização com Boulos. “A gente representa o que a maioria da cidade é e gosta: uma posição de centro, de direita, que olha por todos”, disse em sabatina no canal MyNews.

Tabata Amaral (PSB)

Deputada Tabata Amaral (PSB - SP) no plenário, em 06 de março de 2024 — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Deputada Tabata Amaral (PSB – SP) no plenário, em 06 de março de 2024 — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Tabata Amaral é formada em ciências políticas pelo Departamento de Governo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e é deputada federal pelo PSB.

Em 2018, quando era filiada ao PDT, recebeu 264 mil votos, sendo a sexta deputada federal mais votada daquela eleição. Em 2022, foi reeleita deputada federal pelo PSB com mais apoio: 337.873 votos. Alianças: Apenas seu partido, o PSB. Vice-prefeito: não definido. Bandeiras defendidas: Tabata entrou na política para defender a educação, muito baseada em sua trajetória como bolsista em um colégio de elite e estudante de Harvard, nos Estados Unidos, considerada uma das melhores universidades do mundo. Os dois partidos aos quais já foi filiada – PDT e PSB – se denominam como centro-esquerda. A deputada, contudo, já foi contrária a ideias mais identificados com a esquerda durante a votação da reforma da Previdência e, por isso, foi criticada por eleitores e outros políticos. Fonte G1.

 

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

A coluna é diária e conta com informações do G1, Globo, R7, CNN, Folha de S. Paulo, Brasil 247, DCM, Brasil de Fato, dentre outros.

Informações para a coluna:  rkuppe@gmail.com

A armadilha de Volodymyr Zelensky

Por HUGO DIONÍSIO

Quer Zelensky consiga o seu copo cheio – a entrada dos EUA na guerra – ou seu copo meio cheio – a entrada da Europa na guerra –, qualquer das soluções é devastadora para as nossas vidas

A Ucrânia de Stepan Bandera, que tem privatizado, de forma absolutamente furiosa, as propriedades estatais que ainda lhe restam e lhe foram deixadas pela Rússia e URSS, já tem grande parte das suas valiosas terras negras nas mãos da Blackrock, Monsanto e de outros interesses norte americanos. A estas se juntam interesses energéticos, mineiros, agro-industriais e imobiliários.

Agora, para financiar o esforço de guerra, o ilegítimo Volodymyr Zelensky, que atualmente usurpa o lugar de presidente (já percebo aquele beijo de Von der Leyen, os usurpadores reconhecem-se mutuamente), prepara-se para vender o que ainda lhe resta. As receitas do FMI, e dos acordos financeiros com a União Europeia, assim o exigem e os negócios em causa constituem, em alguns casos, importantes monopólios naturais.

Sabemos quem mais vai lucrar com a compra destes bens estatais. Os EUA ficam com a melhor fatia, mas o Reino Unido, Alemanha, França, por esta ordem, também ficarão com a sua parte. Se o Hotel Ucrânia é o mais famoso bem de todos os anunciados neste novo pacote, segue-se uma lista, que o próprio regime de Kiev diz ser uma “large privatization”. Empresas energéticas, Porto de Odessa, sector mineiro, destilarias, fábrica de maquinaria pesada como locomotivas…

O mais grave disto tudo, o mais trágico para todos nós, é que a venda do país aos interesses dos EUA e do ocidente não é inocente e está muito para além de um simples ato de corrupção ou entrega do país aos interesses estrangeiros. Consciente ou inconscientemente, a aquisição de grandes e lucrativas propriedades, pelas grandes corporações ocidentais, constitui um passo importantíssimo para o agravamento do conflito e que julgo passar ao lado de muito boa gente, normalmente concentrada na vertente especificamente militar.

Nestes casos, a vertente militar não mais é do que o pico do iceberg, que esconde toda a complexidade de relações econômicas que, na base, constituem a razão de ser de tudo o que se passa. O recurso ao militar acontece quando as relações na base se tornam inconciliáveis.

Volodymyr Zelensky, certamente ciente de que a guerra só se ganha com a entrada direta dos EUA, nem que tenhamos todos nós de perdê-la (nas guerras todos perdem) para ele a ganhar, à medida que entrega o seu país às oligarquias que sustentam o aparelho político norte-americano, saberá da importância que tem o domínio das propriedades ucranianas, por aqueles poderosos interesses. Que melhor forma de proteger o acesso ao mar negro, se não entregando o Porto de Odessa aos interesses ocidentais?

A história diz-nos que os interesses corporativos ocidentais, em especial os norte-americano, protegem os seus bens, nem que, para tal, tenham de invadir países e ocupá-los. Neste sentido, Volodymyr Zelensky, sabe que, quanto maior o domínio das corporações americanas na Ucrânia, maior é a probabilidade de agravamento do conflito e de entrada direta dos EUA.

Intencional ou coincidentemente, está em causa um desenvolvimento que, potencialmente, pode atrair os próprios EUA para uma espécie de “armadilha”, conduzidos pela cobiça por dinheiro fácil, do estado e do povo, que caracteriza as corporações imperialistas. Diria mesmo que esta é a história norte-americana no que toca às suas intervenções militares. O seu povo é conduzido, pelos interesses econômicos, para “armadilhas” montadas por, e em prol desses mesmos interesses, que envolvem e tornam o estado dependente de guerras reais e potenciais. As famosas guerras eternas.

Já as antigas Companhias das Índias, dos Países Baixos, Portugal ou Inglaterra, detinham, inclusive, exércitos privados para defenderem os seus ativos nas colônias. Nos EUA, como noutras potências capitalistas, a defesa desses interesses está acometida aos respectivos complexos militar-industriais, bem como às empresas privadas de recrutamento militar (as PMC).

As potências imperialistas, ao longo da história, intervêm militarmente nos locais onde estão ameaçados os seus interesses monopolistas. O que considero descabido é que esta apropriação da propriedade ucraniana, pelo ocidente, não seja reconhecida como um dos mais importantes fatores que influenciam a escalada militar. Todos olham para a parada e resposta das armas, mas poucos olham para as relações materiais subjacentes, as quais, deixam sem saída política, os líderes de ambos os países, que não seja a defesa dos interesses que, em cada momento, se manifestam, mais ou menos sub-repticiamente.

Contudo, no meio disto tudo, existem forças mais poderosas que se movem no sentido contrário aos interesses de Volodymyr Zelensky e do seu gangue da Galícia. Esta guerra nasceu como proxy (por procuração) e, para os EUA, em princípio assim terá de morrer. A batalha decisiva, pela manutenção da hegemonia do sistema imperialista norte americano, joga-se no pacífico. O desafio chinês obriga a concentração exclusiva e isto leva o próprio partido democrata a exigir do seu representante no Médio-Oriente, Israel, uma atitude diferente e mais conciliadora, de forma a que o conflito não se estenda para lá do desejável. Que o consiga, tenho dúvidas, mas, pelo menos, tenta-o.

Os EUA, estando plenamente conscientes da “armadilha” montada por Volodymyr Zelensky, não deixam de aproveitar o ganho, mas, é aos países europeus que foi reservada a defesa dos seus interesses corporativos e militares na Ucrânia. Enquadrando tais interesses no que Antony Blinken refere como “área de segurança transatlântica”, tal classificação, do meu ponto de vista, não arrasta os EUA para o conflito. Arrasta, isso sim, a própria OTAN e, em especial, a Europa. Como já foi sublinhado inúmeras vezes, é a Europa quem tem de arcar com a maior fatia de esforço.

Este esforço será pago com mais armas, dinheiro, vindo este dos 300 mil milhões de euros congelados que Joe Biden na cúpula do G7 não deixará de entregar à Ucrânia. Estando tais reservas, sobretudo, em bancos europeus, adivinhem que moeda e que sector financeiro entrará em colapso, após este confisco? Para já a Arábia Saudita deixou caducar, no dia 9 de Junho, o acordo que mantinha com os EUA, para a venda exclusiva de petróleo em Dólares (o acordo Petrodólar).

Mas, durante muito tempo ainda, os EUA usufruirão do estatuto de moeda de reserva. Já o Euro e a Libra Esterlina não se podem gabar do mesmo e quando os países do sul global acelerarem a retirada, já em marcha, das reservas depositadas em bancos europeus, é que veremos.

Destes fatores resulta outro movimento que se afirma em contradição com os interesses do regime de Kiev. Esta tensão entre “interesses dos povos europeus” e “interesses corporativos” dos EUA, ameaça destruir a democracia restante de muitos países europeus e partir nações inteiras. As últimas eleições para o Parlamento Europeu são já um resultado disso mesmo. França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos, Dinamarca, assistiram a resultados importantes, que representam, sobretudo, a ansiedade popular pela normalização das suas vidas. Trabalhadores, agricultores, pequenos empresários, estão fartos de instabilidade, austeridade e pessimismo. Aos povos europeus foi-lhes subtraída a esperança de uma vida melhor.

Os mesmos que subtraíram e negam, todos os dias, tal esperança, são quem acusa de movimentos “populistas”, “extremistas”, “radicais”, todos os partidos que se opõem ao belicismo do designado “centro político”. A cada um que atira com a palavra “paz”, eles respondem com a acusação de “putinista”; a cada um que atira com a máxima de que “nem mais uma bala para alimentar o conflito ucraniano”, respondem com um contundente “agente do Kremlin”. Estereotipar, dividir, tribalizar, tornou-se a palavra de ordem de um suposto “centro político”, que se auto-elegia como capaz de unir o espaço entre as margens.

Desistindo deste papel de “moderação”, o próprio “centro moderado” é também atirado para uma margem. Atirado para a margem que defende a continuação da guerra, da confrontação, figuras como Macron, Sholz, Sunak ou a burocrata Von Der Leyen, acabam a conduzir as populações para as forças que, neste quadro niilista, mais organizadas e financeiramente poderosas surgem: as forças reacionárias. Estas forças, pressentindo e vivendo do descontentamento, atraem quem se sente desagradado pela situação econômica, pelo medo de uma guerra em larga escala e a falta de perspectivas de crescimento, recuperação e desenvolvimento.

Neste quadro, a única resposta dos dirigentes mais belicistas é a de contrapor ao medo da guerra, o medo da extrema direita. E este é o drama que se vive na Europa, nos EUA, no Ocidente coletivo. A sensação – aparente apenas – de que não existe uma alternativa válida, faz com que sejam acenadas apenas duas alternativas que, à superfície, mutuamente se excluem: ou existe a opção do “centro moderado”, pelo confronto, pelo belicismo, pelo sacrifício econômico e social, em nome de “valores europeus” que ninguém sabe bem o que são; ou a opção “autocrática”, “autoritária”, “ditatorial”, da extrema direita, mas na qual o “centro moderado”, através de um contraditório processo de reescrita da história e paradoxal confusão filosófica, integra as soluções à esquerda.

Bifurcados entre duas alternativas terríveis, acaba-se a escolher entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen, porque se considera uma de “extrema direita” e o outro um “centrista liberal e moderado”. Contudo, dizer que Le Pen é mais de direita que Macron, é cometer um erro crasso. Emmanuel Macron é mais dissimulado e polido, mas não é menos destrutivo. Macron tornou-se, hoje, um dos principais incendiários da guerra nuclear. Sem utilizar o termo, todos sabemos qual a consequência do envio de tropas da OTAN para a Ucrânia. Também sabemos qual será o resultado da instalação de bases de F16 nos países bálticos. Sabemos onde vai acabar a autorização de utilização de mísseis SCALP lançados por aviões Mirage II, contra território russo reconhecido.

E o que dizer de Olaf Sholz e do seu SPD? Hoje, é outra vez o SPD que volta a atirar a Alemanha contra a Rússia, privando o seu país dos recursos que o tornaram uma potência mundial. O que diria Karl Marx se soubesse que o museu, em sua memória, situado em Trier, é gerido pela Fundação Friedrich Herbert (sim a que financiou o Partido Socialista em Portugal), organização ligada ao SPD?

É então a política “moderada” (o termo “moderado” vale como elogio por si só) que ameaça conduzir-nos para uma guerra nuclear. Eu pergunto o que é que isto tem de “moderado”! É que, por absurdo, mesmo que se reconhecesse toda a culpa à Rússia e a Vladimir Putin, seria dos “moderados” quem se esperaria o maior esforço de diálogo e paz. Ao invés, é dos “moderados” que esperamos o contrário: a ultrapassagem constante de linhas vermelhas, as russas e a suas próprias. Quantas linhas vermelhas esta gente já ultrapassou, na sua escalada?

Quer Zelensky consiga o seu copo cheio – a entrada dos EUA na guerra – ou seu copo meio cheio – a entrada da Europa na guerra –, qualquer das soluções é devastadora para as nossas vidas e tal devastação é o que resulta de quando se apoia, se é cúmplice e conivente com gente que faz do ódio, da xenofobia, o seu modo de vida. O ódio que vejo nos Ucranianos da Galícia, contra a Rússia, compara-se ao ódio dos sionistas, contra os árabes palestinos. Um ódio tribal, selvagem, bárbaro e medieval. Na Ucrânia ou na Palestina, o ódio nunca venceu barreiras, só as construiu.

Como me disse um amigo, quando nos mandarem enfiar o capacete e pegar na metralhadora talvez nos lembremos que a paz é o maior bem que a civilização nos pode garantir. Talvez nesse dia acordem para a “armadilha” em que fomos apanhados e consigam ver, no horizonte, quem, de fato, com palavras de veludo, exaltações à “democracia” e acusações aos “extremismos” nos está a levar para a extrema destruição!

*Hugo Dionísio é advogado, analista geopolítico, pesquisador do Gabinete de Estudos da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN).

Publicado originalmente em Strategic Culture Foundation.