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Promessa de Lula, churrasco segue mais barato em 2024

Nos seis primeiros meses do ano, preço das carnes subiu apenas em janeiro e acumulou queda de 2,98% no período; em 12 meses, recuo é ainda maior, de 6,5%

Como prometido pelo presidente Lula desde a campanha eleitoral, o churrasco passou a pesar menos no bolso dos brasileiros, um movimento que persistiu no primeiro semestre deste ano. É o que confirmam os resultados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE na quarta-feira (10): nos seis primeiros meses do ano, o preço das carnes subiu apenas em janeiro (0,08%) e acumulou queda de 2,98% no período. Nos últimos 12 meses, o recuo é ainda maior, de 6,5%.

O assunto é destaque em matéria publicada pelo Uol, que mostra que a redução dos preços foi verificada em todos os 16 cortes pesquisados.

Entre os tipos de carnes analisados mensalmente, as maiores baixas do primeiro semestre foram apuradas nos preços do fígado (-8,2%) e do lagarto redondo (-5,2%). Já a costela apresenta queda de 11,9% e fica atrás apenas do fígado (-21,7%).

As carnes estão mais baratas em todas as capitais que compõem o índice. Entre janeiro e junho, os destaques ficam por conta do Rio de Janeiro (-5,1%), de Salvador (-4,55%) e Belém (-4,28%). Por outro lado, as menores quedas foram verificadas em Recife (-0,78%), Distrito Federal (-1,02%) e Fortaleza (-1%).

Em 2023, queda foi de 9,4%

E não é só apenas em 2024 que o ambiente é favorável para os amantes do churrasco. Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, o preço das carnes caiu 9,4%, também com todos os cortes mais baratos em relação ao fim de 2022.

Mais oferta, menor preço

O IBGE destaca também o reflexo da maior oferta na redução dos preços. “O que explica a redução nos preços das carnes em 2023 e no primeiro semestre é um aumento significativo da oferta no mercado doméstico”, afirma ao Uol André Almeida, gerente do IPCA.

Matheus Dias, economista do FGV Ibre, reforça essa análise. “O aumento da oferta é a principal consequência da redução de preço das carnes. Se tem mais bovinos disponíveis para corte e para o consumo de carne, isso faz com que o preço caia”, diz.

No rumo certo

Os dados demonstrados pelo IBGE confirmam o acerto das políticas do governo Lula de estímulo à produção, como a ampliação do acesso ao crédito para os produtores.

Ao mesmo tempo, a redução do preço das carnes é acompanhada por iniciativas que estimulam o consumo, por meio da geração de empregos, do fortalecimento dos salários, da transferência de renda, entre outras.

Da Redação, com informações do Uol

Ipec: aprovação do governo Lula atinge 68%

Crescimento da renda das famílias e do PIB, queda do desemprego e da inflação explicam o resultado; em março, índice era de 66%

Crescimento da renda das famílias e do PIB, queda do desemprego e da inflação, além de muitos outros indicadores positivos que voltaram à rotina dos brasileiros desde o início de 2023, explicam o aumento dos índices de aprovação do governo Lula. Pesquisa Ipec divulgada nesta quinta-feira (11) mostra que a avaliação de ótimo/bom entre a população saltou de 33% em março para 37% em julho, enquanto os que consideram regular caíram de 33% para 31%, resultando em uma aprovação de 68% – em março, era 66%.

A melhora da avaliação do governo foi registrada em todos os recortes pesquisados pelo Ipec  – renda, escolaridade, religião, raça, gênero etc.

Já a avaliação do governo como ruim/péssimo, de março a julho, oscilou de 32% para 31%.

O levantamento Ipec, contratado pela TV Globo, teve duas mil entrevistas feitas em 129 municípios brasileiros entre os dias 4 e 8 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os resultados do Ipec vão ao encontro do levantamento divulgado na quarta-feira (10) pelo instituto Quaest, que registrou o maior patamar de aprovação do governo neste ano: 54%, um aumento de quatro pontos percentuais na comparação com a rodada anterior.

“O povo está com Lula!”, postou o deputado federal Carlos Zaratinni (PT-SP), na rede social X, comemorando os dados do Ipec. “Mais uma pesquisa demonstra o crescimento da aprovação do governo Lula com o povo brasileiros, 68% consideram o governo ótimo/bom/regular, segundo dados do Ipec”, comemorou.

 

Reconhecimento da população de baixa renda

A luta obstinada do presidente pela redução das desigualdades, distribuição de renda e melhora da vida dos brasileiros rumo a uma sociedade de classe média dá o tom do governo, que encontra os melhores índices de aprovação exatamente entre aqueles com renda familiar mensal de até um salário mínimo.

Nesse recorte, a alta das avaliações ótimo/bom foi de 9 pontos percentuais, de 39% em março para 48% em julho. Os que responderam regular somam 29%, totalizando 77% de aprovação pela camada mais baixa da população. Até dois salários mínimos, o total de ótimo/bom e regular soma 72%; de dois a cinco mínimos, 67%; e 63% acima de cinco salários.

“O homem só cresce e quem mostra isso agora é a pesquisa IPEC. A aprovação do governo Lula aumentou e o índice de “ótimo” e “bom” subiu de 33% para 37%. O povo tem sentido a vida melhorar”, publicou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) em suas redes.

 

 Nordeste e idosos têm altos índices de aprovação 

Moradores da região Nordeste registraram o aumento mais expressivo da aprovação do governo, com 23% de ótimo, 30%de bom e 38% de regular, totalizando 91% de aprovação.

Entre as mulheres, 15% classificam o governo como ótimo, 23% bom e 30% regular. Entre os homens, 13% de ótimo, 22% bom e 33% regular. Ambos têm aprovação de 68%.

Entre os que tem ensino fundamental, 76% aprovam (21% ótimo, 27% bom e 28% regular). Quem tem ensino médio somou 64% (11% ótimo, 20% bom e 33% regular) e quem tem ensino superior 61% (9% ótimo, 20% bom e 32% regular).

Em todas as faixas etárias a aprovação também é superior a 60%, com destaque para os acima de 60 anos, com 72% classificando o governo como ótimo 21%, bom 27% e regular 24%. O total de pessoas que se declararam brancas e aprovam o governo Lula é de 60% e pretos e pardos, 71%.

Entre os que aprovam o governo, os maiores percentuais foram identificados entre quem declara ter votado no presidente na eleição de 2022 (83%); aqueles que vivem na região Nordeste (67%); quem possui renda familiar mensal de até um salário mínimo (61%); com menor nível de escolaridade (59%); e os católicos (57%).

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Lula em alta

Da mesma forma que ocorreu com a avaliação do governo, o desempenho pessoal do presidente, conforme o Ipec, também melhorou em aprovação, oscilando de 49% em março para 50% em julho. A desaprovação caiu de 45% para 44%.   

Entre os que aprovam Lula, os maiores percentuais foram identificados entre quem declara ter votado no presidente na eleição de 2022 (66%); aqueles que vivem na região Nordeste (53%); pessoas com 60 anos ou mais (48%), eleitores com menor nível de escolaridade (48%), quem possui renda familiar de até um salário mínimo (48%) e católicos (44%). A avaliação ruim ou péssima, obviamente, ficou entre os que votaram em Bolsonaro na eleição de 2022 (61%) e evangélicos (39%).

Já o índice de confiança em Lula oscilou de 45% para 46%. O percentual dos que dizem não confiar ficou em 51%.

 

Agentes da ‘Abin paralela’ de Bolsonaro discutiram “tiro na cabeça” de Alexandre de Moraes

A quarta fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta quinta-feira (11) pela Polícia Federal (PF) com o objetivo de apurar um esquema de monitoramento ilegal de opositores e críticos do governo Jair Bolsonaro (PL) por meio de uma ‘Abin paralela’, revelou que os envolvidos sugeriram ações violentas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, incluindo um plano para assassiná-lo com um “tiro na cabeça”.

De acordo com o jornal O Globo, um trecho do relatório da PF aponta que em mensagens trocadas em agosto de 2021 – descobertas durante a investigação de um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – um dos investigados reclama da situação e sugere que o ministro “merecia algo a mais”. Em resposta, outro investigado menciona o calibre de munição “7.62”. A resposta foi direta: “head shot” (termo em inglês que significa “tiro na cabeça”).

Além das ameaças de violência, os investigados também discutiram outras alternativas para lidar com o ministro do STF, incluindo a abertura de um processo de impeachment. As quebras de sigilo nos celulares dos envolvidos mostraram ainda a produção de um dossiê contra Alexandre de Moraes.

A PF informou que os investigados no caso da ‘Abin paralela’ poderão responder por crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático.

Diversas pessoas foram espionadas pelo equema ilegal montado na Abin. No Poder Judiciário, os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux foram alvo das investigações. No Poder Legislativo, foram monitorados o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia e Joice Hasselmann, além dos senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.

No Poder Executivo, as investigações apontaram para o monitoramento do ex-governador de São Paulo, João Doria, e servidores do Ibama, Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges. Também foram monitorados os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.

Os jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista também estiveram sob vigilância, conforme as investigações da Polícia Federal.

Brasil 247

SUPERTRAMP Experience anuncia novos shows pela América do Sul

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Melhor banda de tributo ao SuperTramp e única reconhecida por Roger Hodgson confirma mais cinco apresentações: Goiânia (31/08), Florianópolis (17/08), Buenos Aires (13/09) e Santiago (14 e 15/09)

Após divulgar 9 (nove) shows em principais cidades do Brasil, o SUPERTRAMP Experience anuncia mais dois em terras tupiniquins, sendo uma nova sessão em Florianópolis, às 18h, no dia 17 de agosto de 2024 (sexta-feira) e um espetáculo em Goiânia no dia 31 de agosto de 2024 (sábado).

A banda também se apresentará em Buenos Aires, no dia 13 de setembro de 2024 (sexta)  e segue para o Chile, encerrando a turnê em Santiago nos dias 14 e 15 de setembro de 2024 (sábado e domingo).

Celebrando os 55 anos desde a criação da lendária SuperTramp, os 50 anos do lançamento do icônico álbum “Crime of the Century” e 45 anos de “Breakfast in America”, um dos cinco discos mais vendidos do mundo, essa turnê promete ser uma experiência inesquecível para os fãs brasileiros.

SUPERTRAMP Experience é a  única banda reconhecida pelo co-fundador Roger Hodgson, também considerada o melhor tributo ao SuperTramp do mundo. É formada por Antoine Oheix (vocal e teclados), Alice Vallee (guitarra, teclados e backing vocal), David Martin (saxofone, teclado, coros), Lucas Fleurance (baixo, coros), Stéphane Glory (bateria), cinco apaixonados músicos pelo SuperTramp, que se apresentam nos palcos da Europa para emocionar o público ao som dos lendários sucessos de uma das maiores  e mais amadas bandas de todos os tempos.

Conhecida por capturar a essência e o espírito único do SuperTramp, o SUPERTRAMP Experience  promete uma série de apresentações memoráveis que evocarão os sucessos atemporais que cativaram gerações, transmitindo o som, a energia e a emoção o mais fielmente possível da lendária banda inglesa.

Desde clássicos como “The Logical Song” e “Dreamer” até os inesquecíveis “School” e “Goodbye Stranger”, o repertório conta com quase 2 horas com os grandes sucessos do SuperTramp.

Não faltarão sucessos como: “Fool’s Overture”, “Crazy”, “Hide In Your Shell”, entre outros clássicos lendários que definiram uma era da música.

Abrindo a sequência de shows, no dia 16/08/2024 (sexta), a banda se apresenta em Criciúma (Teatro Elias Angeloni). No dia seguinte, 17/08/2024 (sábado), é a vez de Florianópolis (Teatro CIC) curtir seus maiores sucessos, com 2 (duas) sessões, uma às 18 e outra às 21hDia 22/08/2024 (quinta), o show será em Porto Alegre (Araújo Vianna) e 23/08/2024 (sexta) em Belo Horizonte (Sesc Palladium). Dia 24/08/2024 (sábado), o quinteto segue para Brasília (Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Dia 25/08/2024 (domingo), um grande show é preparado para a maior cidade da América Latina, São Paulo (Tokio Marine Hall). O grupo passará por Vitória (Espaço Patrick Ribeiro)  no dia 30 de agosto de 2024 (sexta-feira), Goiânia (Teatro Madre Esperança Garrido) no dia 31 de agosto de 2024 (sábado) Curitiba (Teatro Up Experience) em 06 de setembro de 2024 (sexta-feira). O último show no Brasil será dia 07/09/2024  (sábado), no Rio de Janeiro (Qualistage).

Após, a banda segue para Argentina e se apresenta em Buenos Aires (Sala Sin Piso Geba)  no dia 13 de setembro de 2024 (sexta), e depois finaliza a tour no Chile, em Santiago, no sábado e domingo, dias 14 (Teatro Caupólican) e 15 de setembro de 2024 (Casa Piedra).

Datas da Turnê:

  • 16/08/2024 (sexta): Criciúma (Teatro Elias Angeloni)
  • 17/08/2024 (sábado): Florianópolis (Teatro CIC)
  • 22/08/2024 (quinta): Porto Alegre (Araújo Vianna)
  • 23/08/2024 (sexta): Belo Horizonte (Sesc Palladium)
  • 24/08/2024 (sábado): Brasília (Centro de Convenções Ulysses Guimarães)
  • 25/08/2024 (domingo): São Paulo (Tokio Marine Hall)
  • 30/08/2024 (sexta): Vitória (Espaço Patrick Ribeiro)
  • 31/08/2024 (sábado): Goiânia (Teatro Madre Esperança Garrido)
  • 06/09/2024 (sexta): Curitiba (Teatro Up Experience)
  • 07/09/2024 (sábado): Rio de Janeiro (Qualistage)
  • 13/09/2024 (sexta): Buenos Aires, Argentina (Sala Sin Piso Geba)
  • 14/09/2024 e 15/09/2024 (sábado e domingo): Santiago, Chile ( Teatro Caupólican e Casa Piedra)

 

SOBRE O  SUPERTRAMP EXPERIENCE

O grupo chega com cinco mega stars:

Antoine Oheix (teclado, vocal), fã do SuperTramp desde a adolescência, fundou o grupo em 2011. A sua voz com amplitude alargada permite-lhe estar avantajado tanto nos registos de Roger Hodgson como de Rick Davies. Ele é a referência nos arranjos e na sonoridade do grupo.

Alice Vallee (guitarra, teclados, backing vocals) é um grande músico que toca notavelmente em vários estilos, mas tem no SuperTramp sua maior paixão

David Martin (saxofone, teclados, coros) é um verdadeiro instrumentista, seu perfeito domínio do saxofone e sua longa experiência fazem dele o John Helliwell do grupo.

Lucas  Fleurance (baixo, backing vocals) é baixista, baterista e compositor. Grande admirador de Paul McCartney e SuperTramp. Ingressou naturalmente no grupo em 2013.

Stéphane Glory (bateria) já trabalhou com vários artistas franceses e estrangeiros e é considerado um dos maiores bateristas da França.

SUPERTRAMP Experience é simplesmente o melhor tributo ao SuperTramp do mundo.

 

SERVIÇOS: TOUR SUPERTRAMP EXPERIENCE – 2024 (América do Sul)

BRASIL:

 

CRICIÚMA – SuperTramp Experience no Teatro Elias Angeloni

Data: 16 de agosto de 2024 (sexta)

Abertura do local: 20h

Horário do show: 21h

Local: Teatro de Criciúma –  Av. Santos Dumont, 1498-1608 – São Luís, Criciúma – SC

Classificação etária: livre

Ingressos:  R$ 103,50 (Meia Entrada) | R$ 115,00 ( Solidário) | R$ 207,00 (Inteira)

Compra de ingressos:  SUPER TRAMP EXPERIENCE NO TEATRO ELIAS ANGELONI – Minha Entrada

 

 

FLORIANÓPOLIS – SuperTramp Experience no Teatro Ademir Rosa – CIC

Data: 17 de agosto de 2024 (sábado)

Abertura: 20h

Horário do show: 21h

Local: Teatro Ademir Rosa – CIC – Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5600 – Agronômica – Florianópolis/SC

Classificação etária:  livre

Ingressos: Plateia Baixa:  R$ 200,00 (inteira) e R$ 100,00 (meia)  | Plateia Alta:  R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (meia)

Compras de ingressos:  https://www.blueticket.com.br/evento/34928

 

PORTO ALEGRE – SuperTramp Experience no Auditório Araújo Vianna   

Data: 22 de agosto de 2024  (quinta-feira)

Abertura do local: 19h

Horário do show: 21h

Local:  Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)

Classificação etária: 16 anos

Ingressos: Plateia Alta Lateral (1º Lote): R$ 190,00 (inteira),  R$ 95,00 (meia) e R$ 100,00 (solidária) | Plateia Alta Central (1º Lote) : R$ 230,00 (inteira), R$ 115,00 (meia) e R$ 120,00 (solidária) | Plateia Baixa Lateral (1º Lote): R$ 270,00 (inteira), R$ 135,00 (meia) e R$ 140,00 (solidária) | Plateia Baixa Central (1º Lote): R$ 330,00 (inteira), R$ 165,00 (meia) e R$ 170,00 (solidária) | Plateia Gold (1º Lote): R$ 390,00 (inteira), R$ 195,00 (meia) e  R$ 200,00 (solidária)

Compras de ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/90470?_gl=1*1n050fd*_ga*NjI1ODUxOTk5LjE3MTMxOTE5NjM.*_ga_KXH10SQTZF*MTcxNDc2NzE2My4zLjEuMTcxNDc2NzE4MS40Mi4wLjIwMzAwODc5NDE ou na  Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – somente em dinheiro):

Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2611 – Loja 249 – Jardim Lindóia – Porto Alegre), Horário funcionamento: das 10h às 22h. Bilheteria Araújo Vianna (sem taxa de conveniência – à vista em dinheiro ou cartão): Aberta somente no dia do evento 2 horas antes do início dos shows

 

BELO HORIZONTE – SuperTramp Experience no  Grande Teatro do Sesc Palladium

Datas: 23 de agosto de 2024 (sexta)

Abertura do local: 20h30

Horário do show: 21h30

Local: Grande Teatro do Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro, Belo Horizonte/MG

Classificação etária: 10 anos

Ingressos: Plateia I: R$ 280,00 (inteira) e R$ 140,00 (meia) | Plateia II: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Plateia III: R$ 220,00  e R$ 110,00 (meia)

Compra de ingressos:  https://bileto.sympla.com.br/event/92284/d/246224?_gl=1*1uuk3pd*_ga*MTM2ODMyMTU3MS4xNzEwNTE3MTg3*_ga_KXH10SQTZF*MTcxMDc4NDkwNi40LjEuMTcxMDc4NzU3Ny40OC4wLjgyMjg0MzY0NQ .

 

BRASILIA – SuperTramp Experience no Centro de Convenções Ulysses Guimarães 

Datas: 24 de agosto de 2024 (sábado)

Início do show: 19h

Local:  Centro de Convenções Ulysses Guimarães (SDC – Ulysses Guimarães, Brasília – DF, 70655-775, Brasil)

Ingressos: Lounge Primeira Fileira: R$ 250,00 (meia) |  Poltrona Front Premium: R$ 300,00 (inteira),  R$ 160,00 (solidária)   e  R$  150,00 (meia)  | Poltrona Premium: R$ 240,00 (inteira), R$ 130,00 (solidária)   e R$ 120,00 (meia)  | Poltrona Especial: R$ 180,00 (inteira), R$ 100,00 (solidária)  e R$ 90,00 (meia) | Camarote All Inclusive: R$ 400,00

Compras de ingressos: Ingressos Super Tramp Experience ou nos pontos físicos:   BARBEARIA ELVIS – (Venda somente em cartão)* JK Shopping – 3º Piso, Taguatinga Norte JK Shopping LOJA 315 – Taguatinga Shopping 3º PISO LOJA 3044 – Taguatinga. KONI – (Venda somente em cartão) 209 SUL – Comércio Local Sul 209 BL B – Asa Sul (Horário de funcionamento: 11:30 às 22:30) SUDOESTE – St. Sudoeste Superquadra Sudoeste 101 Bloco B LOJA 170 – Sudoeste (Horário de funcionamento: 11:30 às 22:30)

*Sujeito a taxa de serviço, e taxa no parcelamento em 1x 2x e 3x vezes no cartão de crédito.

SÃO PAULO –  SuperTramp Experience no Tokio Marine Hall

Datas: 25 de agosto de 2024 (domingo)

Abertura do local: 18h

Início do show: 20h

Local: Tokio Marine Hall (R. Bragança Paulista, 1281 – Vila Cruzeiro São Paulo – SP, 04727-002)

Classificação etária: 16 anos.

Ingressos: Camarote: R$300,00  I Frisas: R$240,00 I Cadeira Alta: R$140,00 I  Setor VIP: R$300,00 I Setor 01: R$240,00 I Setor 02: R$180,00|  Setor 03: R$140,00

Compra de ingressos:   SUPERTRAMP EXPERIENCE ⋆ Tokio Marine Hall  e  supertramp experience – tokio marine hall

 

VITÓRIA –  SuperTramp Experience no Espaço Patrick Ribeiro 

Data: 30 de agosto de 2024 (sexta-feira)

Abertura do local: 20h

Início do show: 22h

Local: Espaço Patrick Ribeiro – Novo Aeroporto de Vitória (Av. Roza Helena Schorling Albuquerque, S/N – Goiabeiras, Vitória – ES, 29109-350) 

Classificação etária: 18 anos.

Ingressos: Cadeira Ouro: R$180,00 (inteira), R$ 90,00 (meia) e R$ 130,00 (solidário) |  Cadeira Prata: R$160,00 (inteira), R$ 80,00 (meia) e R$ 110,00 (solidário) | Mesa Ouro (4 pessoas): R$1.200,00 | Mesa Prata (4 pessoas): R$1.000,00 | Mesa Bronze (4 pessoas): R$ 800,00.

Compra de ingressos:   Super Tramp Experience – Espaço Patrick Ribeiro – Novo Aeroporto de Vitória – Ingressos – Blueticket

 

GOIÂNIA –  SuperTramp Experience no Teatro Madre Esperança Garrido

Data: 31 de agosto de 2024 (sábado)

Início do show: 21h

Local: Teatro Madre Esperança Garrido –  Av. Contorno, 241 – St. Central, Goiânia – GO, 74055-140

Classificação etária: 18 anos.

Ingressos: Plateia Ouro:  R$250,00 |  Plateia Prata: R$240,00 | Plateia Bronze: R$ 230,00.

Compra de ingressos:   https://www.bilheteriadigital.com/supertramp-experience-goiania-31-de-agosto

 

CURITIBA –  SuperTramp Experience no Teatro Up Experience

Data:06 de setembro de 2024 (sexta-feira)

Abertura do local: 20h

Início do show: 21h

Local:  Teatro Up Experience (Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Estacionamento, 8 – Campo Comprido, Curitiba)

Ingressos: Plateia Gold – R$ 300,00 | Plateia Baixa – R$ 250,00 | Plateia Alta – R$ 230,00

Compra de ingressos:  Disk Ingressos

 

RIO DE JANEIRO- SuperTramp Experience no Qualistage   

Data: 07 de setembro de 2024 (sábado)

Abertura do local: 19h30

Início do show: 21h30

Local:  Qualistage (Via Parque Shopping – Av. Ayrton Senna, 3000 – Barra da Tijuca 

Classificação etária:  18 anos.

Ingressos: Setor 1: R$ 320,00 (inteira) e R$ 160,00 (meia) | Setor 2: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Setor 3:  R$ 190,00 (inteira) e R$ 95,00 (meia)| Setor 4: R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (meia)| Setor 5: R$ 150,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia) | Camarote A: R$ 320,00 (inteira) e R$ 160,00 (meia) | Camarote B: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Camarote C: R$ 260,00 (inteira) e R$ 130,00 (meia) | Poltronas: R$ 180,00 (inteira) e R$ 90,00 (meia).

Compras de ingressos:   Super Tramp

 

ARGENTINA 

 

Buenos Aires:

Data: 13 de setembro de 2024 (sexta)

Local: Sala Sin Piso Geba

Endereço: Julio Argentino Noble 4100, Cdad. Autónoma de Buenos Aires, Argentina

 

CHILE

 

Santiago:

Data: 14 de setembro de 2024 (sábado)

Local: Teatro Caupólican

Endereço:  San Diego 850, 8330840 Santiago, Región Metropolitana, Chile

Data:15 de setembro de 2024 (domingo)

Local: Casa Piedra

Endereço:  Avenida Las Flores 13 000, 7610671 Las Condes, Región Metropolitana, Chile

 

Relatório da PF sobre fraude nas vacinas entra na reta final e Bolsonaro fica mais próximo da prisão

O relatório da Polícia Federal (PF) que expõe os crimes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus auxiliares na apropriação e venda ilegal de joias não é a única má notícia para o ex-capitão. Nos próximos dias, a PF deve revelar o avanço das investigações sobre a fraude nos cartões de vacina em um novo relatório, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.

O documento foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que em abril pediu novas diligências no inquérito sobre a suposta participação de Bolsonaro em um esquema de fraude nos registros de cartões de vacina contra a Covid-19.

A PGR estava interessada em saber se o ex-mandatário e sua equipe utilizaram cartões de vacina falsos nos EUA. Um pedido de confirmação sobre o uso desses certificados falsos no país foi enviado ao governo americano. Caso comprovado, Bolsonaro poderia ser indiciado também por uso de documento falso.

A PF descobriu que não havia registros formais da apresentação de cartões de vacina nos EUA. Em voos comerciais, por exemplo, as companhias aéreas verificavam a regularidade dos certificados de vacinação, permitindo o embarque dos passageiros sem manter registros.

Já em voos de autoridades, como o de Bolsonaro, que entrou nos EUA em uma aeronave da FAB no penúltimo dia de seu mandato, os passaportes e comprovantes de vacinação eram verificados a bordo.

Bolsonaro pede desculpas pelo seu jeito de falar
Jair Bolsonaro — Foto: reprodução

A investigação da PF indicou que, mesmo nessa situação, não havia registros sobre a apresentação dos documentos exigidos. Os investigadores supõem que Bolsonaro e sua equipe usaram cartões falsos, pois conseguiram entrar nos EUA.

Vale destacar que, em março, Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações.

A investigação revelou que os documentos de vacinação no aplicativo ConecteSUS foram gerados a partir de endereços de IP de computadores do Palácio do Planalto, com downloads feitos dias antes e na data da viagem de Bolsonaro a Orlando, na Flórida.

Após a apresentação deste relatório complementar da PF, a PGR decidirá se vai ou não formalizar a denúncia contra o ex-chefe do Executivo.

Fonte: DCM

Aprovação de Lula sobe para 54%, aponta pesquisa Quaest

Avaliação positiva do governo subiu para 36%, em um aumento de três pontos percentuais. Índice atual marca um retorno ao patamar observado em outubro e dezembro de 2023. Os que desaprovam o trabalho do presidente representam 43%

A aprovação do governo do presidente Lula (PT) registrou crescimento em junho, conforme aponta a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (10) pelo UOL. A porcentagem de pessoas que consideram a gestão de Lula ótima ou boa subiu para 36%, um aumento de três pontos percentuais em relação ao levantamento realizado em maio. Este crescimento está fora da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais.

A avaliação negativa do governo também apresentou melhora, caindo de 33% para 30%. O índice de avaliação regular permaneceu praticamente inalterado, oscilando de 31% para 30%. Além disso, 4% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Em relação à aprovação do estilo de governar de Lula, houve um incremento significativo de 50% para 54%, enquanto a reprovação ao trabalho do presidente diminuiu de 47% para 43%. Novamente, 4% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 8 de julho e ouviu 2 mil eleitores com 16 anos ou mais, distribuídos em 120 municípios. O índice de confiança do levantamento é de 95%.

No recorte regional, o Sudeste foi a única região onde o governo Lula viu um aumento na avaliação positiva acima da margem de erro, passando de 26% para 31%. A margem de erro nesta região é de três pontos percentuais. Já a avaliação negativa no Sudeste caiu de 39% para 34%, enquanto a regular manteve-se estável, oscilando de 32% para 30%.

No Sul do país, a avaliação positiva do governo permaneceu estável dentro da margem de erro regional, que é de seis pontos percentuais. O índice de ótimo/bom desceu de 34% para 29%, revertendo a tendência de alta observada em maio, quando Lula viu sua popularidade aumentar nove pontos percentuais devido à atuação do governo federal durante as chuvas no Rio Grande do Sul.

A avaliação negativa no Sul também apresentou uma ligeira queda, de 41% para 37%, enquanto a avaliação regular subiu de 25% para 32%. Na região, 3% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder. Nas outras regiões, as avaliações positivas e negativas do governo Lula se mantiveram estáveis. No Nordeste, a margem de erro é de quatro pontos percentuais, enquanto no Centro-Oeste/Norte é de cinco pontos percentuais.

A avaliação positiva do governo entre os homens subiu de 32% para 34%, e entre as mulheres, de 35% para 37%. Entre as mulheres, a taxa de avaliação negativa caiu de 30% para 25%, enquanto entre os homens permaneceu estável, variando de 37% para 36%.

Brasil 247

PF: joias sauditas saíram do Brasil no avião presidencial de Bolsonaro

Investigadores identificaram que pelo menos três kits de joias foram retirados por meio da aeronave do ex-mandatário

Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília

A Polícia Federal (PF) concluiu que parte das joias sauditas recebidas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro saíram do país em uma mala transportada no avião presidencial no dia 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou o país para passar uma temporada nos Estados Unidos no fim de seu mandato.

A conclusão está no relatório no qual a PF indiciou o ex-presidente e mais 11 acusados de participarem do suposto esquema. O sigilo do relatório foi retirado nesta segunda-feira (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

“A análise dos dados armazenados no telefone celular apreendido em poder de Mauro Cid, contextualizada com os dados obtidos em fontes abertas e sistema disponíveis, indica que os investigados, que compunham a equipe do ex-presidente da República utilizaram o avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, para retirar do país bens de alto valor, recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, levando-os para os Estados Unidos da América”, diz o relatório.

A PF identificou que pelo menos três kits de joias foram retirados por meio do avião do ex-presidente. O primeiro envolve duas esculturas douradas (barco e árvore) que foram presenteadas pelo Bahrein, seguido por um kit da marca Chopard, formado por uma caneta, um anel e um par de abotoaduras. O terceiro par de joias é composto por um anel, abotoaduras e um relógio da marca Rolex.

Dólares

Em um dos casos de desvios citados na investigação, a PF citou que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, recebeu dinheiro na sua própria conta para ocultar a origem do dinheiro oriundo da venda das joias.

“Em continuidade aos atos de lavagem de capitais, os recursos decorrentes da venda dos relógios Patek Philippe Calatrava e Rolex Day-Date, US$ 68.000,00 foram depositados na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, com objetivo de ocultar a localização, disposição, movimentação e propriedade dos bens auferidos ilicitamente, distanciando a quantia de sua origem”, concluiu a PF.

Brasil 247

Já pode chamá-lo de ladrão: PF aponta que Bolsonaro roubou R$ 6,8 milhões em joias

Segundo a PF, os valores obtidos com a venda desses itens eram convertidos em dinheiro posteriormente integravam o patrimônio pessoal do ex-mandatário através de intermediários

O relatório final da Polícia Federal (PF) que resultou no indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) aponta que foi formada uma associação criminosa durante o seu governo com o objetivo de desviar joias e presentes de alto valor recebidos em razão do cargo então ocupado pelo ex-mandatário. “Essa atuação ilícita teve a finalidade de desviar bens, cujo valor mercadológico somam o montante de R$ 6,8 milhões″, destaca um trecho do relatório, de acordo com a coluna do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo.

No relatório, a PF aponta que os valores obtidos com a venda desses itens eram convertidos em dinheiro em espécie e posteriormente integravam o patrimônio pessoal de Jair Bolsonaro através de intermediários. Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

A PF detalhou que os itens desviados foram periciados e que a lista de bens inclui presentes entregues por autoridades estrangeiras, cujo valor parcial soma US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66.

No entanto, a PF destacou que esse valor não inclui itens ainda pendentes de perícia, além de duas esculturas douradas (um barco e uma árvore) e um relógio Patek Philippe, que foram desviados e ainda não foram recuperados.

Brasil 247

A dissolução do Parlamento por Macron: um caminho necessário ou um erro político?

Por Rodrigo de Barros Pereira Framil (*)

Em 9 de junho de 2024, o presidente francês Emmanuel Macron tomou a decisão de dissolver o Parlamento, um movimento que, embora constitucional, tem gerado intensos debates sobre sua eficácia e suas motivações. Esse artigo de opinião visa analisar os aspectos dessa decisão, destacando suas implicações políticas e sociais.

A decisão de Macron foi uma resposta direta à derrota nas eleições para o Parlamento Europeu, onde o partido de extrema direita Rassemblement National (RN), liderado por Marine Le Pen, obteve uma vitória significativa. Este resultado foi um claro indicativo do descontentamento popular com as políticas neoliberais de Macron, que, embora destinadas a modernizar a economia, aumentaram as desigualdades sociais e desencadearam protestos como o movimento dos “Gilets Jaunes”.

Depois do primeiro turno das eleições legislativas, com o RN liderando quase todas as triangulaires (só candidatos que conseguem mais do que 12,5% vão aos segundo turno de suas circunscripções). A estratégia de Macron e Gabriel Attal foi clara: fazer com que o candidato menos votado desistisse do pleito, e transferisse seus votos para o adversário restante ao RN. A estratégia deu certo. O líder do RN, Jordan Bardella já era visto ocupando Matignon (Residência e local de administração destinado ao primeiro-ministro da França).

E o que acontecerá agora? Durante o período de “expédié de les affaires courantes” (administração dos assuntos correntes), o governo deve continuar a administrar os negócios diários, evitando decisões políticas maiores. Segundo o artigo 21 da Constituição Francesa de 1958, essa regra garante a estabilidade governamental em tempos de transição. No contexto atual, isso significa que o pedido de demissão do Primeiro-Ministro, Gabriel Attal, já não seria aceito (o que se mostrou verdade às 9h15 da manhã desta Segunda-feira, 3h15 no horário de Rondônia). Este pedido só será aceito ao fim dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024, assegurando continuidade em um período crucial.

Após os período, as principais opções são: Jean-Luc Mélenchon, líder da France Insoumise, que emergiu como um potencial Primeiro-Ministro, propondo políticas de redistribuição de renda e combate às mudanças climáticas. No entanto, Marine Tondelier, do partido Europe Écologie Les Verts (EELV), é vista como uma alternativa mais moderada e centrada. Sua abordagem pode oferecer uma governança mais inclusiva, conforme a teoria do pluralismo político de Robert Dahl, que sugere que a inclusão de diversas vozes pode levar a uma governança mais estável e eficaz.

Maurice Duverger argumenta que sistemas eleitorais majoritários tendem a promover estabilidade governamental, mas a ascensão do RN desafia essa teoria, indicando uma polarização crescente. Gaetano Mosca, por sua vez, sugere que uma pequena elite tende a concentrar o poder, exacerbando as desigualdades – uma crítica frequentemente dirigida à administração de Macron. É muito importante que Macron, seguindo esse paradigma, escolha se a coabitação será melhor constituída com Mélenchon ou com Tondelier. De qualquer maneira, ele deverá governar até 2027 com a esquerda.

A decisão de Macron de dissolver o parlamento é uma tentativa de estabilizar seu governo e recuperar a confiança do eleitorado. No entanto, o sucesso dessa estratégia depende de sua capacidade de formar coalizões eficazes e responder às demandas populares por justiça social e inclusão econômica. À medida que a França se prepara para os Jogos Olímpicos de 2024, a estabilidade política será essencial para projetar uma imagem de coesão e competência no cenário internacional.

(*) Rodrigo de Barros Pereira Framil é bacharel em Relações Internacionais pela UnB, Mestre em Relações Internacionais pelo CEBELA e professor de inglês pela Faculdade de Educação Paulistana.

 

Análise das eleições legislativas francesas de 2024 sob a perspectiva de um incauto e desatento latino-americano

Por Vinicius Miguel (*)

Introdução

As eleições legislativas de 2024 na França, que resultaram na vitória do bloco de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e na renúncia (ainda esperada) do primeiro-ministro Gabriel Attal, oferecem um rico campo de análise.

Esta análise se concentra em três elementos principais: a irrupção do Real, o papel do sintoma na política e a dialética do desejo e da fantasia.

A Irrupção do Real

Para Žižek, o conceito de Real, derivado da psicanálise lacaniana, refere-se àquilo que é impossível de simbolizar completamente dentro de um sistema de significados.

No contexto das eleições francesas, a ascensão do NFP representa a irrupção do Real no cenário político.

O resultado das eleições contraria as previsões e desafia as expectativas estabelecidas, funcionando como um evento traumático que revela as falhas e limitações do discurso hegemônico dominante.

A irrupção do NFP, ao desmontar a expectativa de uma vitória da extrema direita, expõe a insatisfação latente e as contradições internas do sistema político francês.

Este evento traumático desestabiliza a narrativa estabelecida, forçando uma reavaliação das posições e estratégias políticas.

O Real, aqui, é a emergência política de um desejo coletivo por mudança que não pode mais ser contido pelas estruturas simbólicas tradicionais.

O Sintoma Político

O sintoma é a forma latente de contradições de um sistema que se manifestam de maneira visível.

A vitória do NFP é um sintoma das tensões sociais e econômicas subjacentes que permeiam a sociedade francesa.

Essas tensões são resultado de anos de políticas neoliberais que exacerbaram a desigualdade e rupturas de redes de solidariedade estatal.

O sintoma, neste sentido, é a emergência de uma força política que, ao mesmo tempo em que busca representar os interesses das classes subalternas, revela as falhas do consenso neoliberal.

A incapacidade do centro-direita de Macron de conter a ascensão tanto da extrema direita quanto da esquerda radical indica um deslocamento na base social e política do país.

Esse deslocamento não é simplesmente uma (mu)dança de alianças eleitorais, mas a expressão de uma crise estrutural que desafia a legitimidade das instituições existentes.

A Dialética do Desejo e da Fantasia

O desejo é sempre um desejo mediado pela fantasia, que organiza e dá sentido às nossas aspirações e medos.

No (o)caso das eleições francesas, a fantasia neoliberal de um progresso contínuo através do mercado livre foi profundamente abalada.

A vitória do NFP pode ser vista como a expressão de um novo desejo coletivo por justiça social e igualdade, um desejo que não pode ser plenamente articulado dentro da estrutura simbólica existente.

Essa nova fantasia, que promete uma (trans)formação sutilmente desestabilizadora das relações sociais, desafia a narrativa hegemônica e abre espaço para a emergência de novas subjetividades políticas.

A Crise do Presente e a Crise da Representação

A repisada crise da representação, onde as formas tradicionais de mediação política não conseguem mais capturar a complexidade das demandas sociais e tampouco escoar as vozes de grupos em antítese.

A dificuldade de formar uma coalizão estável após as eleições ilustra essa crise. Crise do Presente e Crise da Representação.

A fragmentação política e a diversidade de demandas dentro do bloco de esquerda são sintomas da complexidade crescente da sociedade francesa, onde as identidades e interesses não podem mais ser facilmente subsumidos em categorias políticas tradicionais (operariado x burguesia urbana).

(In)Conclusão

As eleições legislativas de 2024 na França revelam um momento de crise e transformação.

A irrupção do NFP como força dominante no Parlamento é a manifestação de um Real que desafia a ordem simbólica estabelecida, expondo as contradições e tensões internas do sistema político.

Este evento traumático, ao funcionar como um sintoma, exige uma reavaliação das estratégias políticas e a construção de novas fantasias que possam articular as demandas emergentes.

A crise da representação, evidenciada pela dificuldade de formar coalizões estáveis, acena para a necessidade de uma transformação das formas de mediação política e de experimentação social.

Este momento histórico é uma oportunidade para repensar a política como um campo de possibilidades abertas, onde novos desejos e fantasias podem ser (des)articulados e (ir)realizados.

Alianças e danças eleitorais. Qual o ritmo da mudança?

(*) Vinicius Miguel é doutor em Ciência Política (UFRGS) e pré-candidto a prefeito de Porto Velho (RO) pelo PSB

A lição dos franceses: só a militância ressuscita as esquerdas

Por Moisés Mendes

Na combinação de fatores que levaram à vitória das esquerdas na França, um é essencial para inspirar também os brasileiros. A militância precisa ser retomada, com a intensidade dos velhos tempos, como provaram os franceses.

Mas que volte a militância de rua, de ações, de sentimentos, a militância presencial e analógica, que ainda impõe respeito ao fascismo. São das esquerdas as melhores lições de que a História avança com o ativismo dos que não se omitem.

O resumo está nessas frases de Jean-Luc Mélenchon, o líder do partido de esquerda (mas esquerda mesmo) França Insubmissa:

“Saúdo aqueles que se mobilizaram, porta a porta, para convencer e arrancar um resultado que diziam impossível. Nosso povo descartou a solução do pior. É um alívio para a maioria das pessoas em nosso país”.

A vitória da democracia francesa pode nos ajudar a entender por que, não só no Brasil, mas também na Argentina e em países ameaçados pelo fascismo, é possível conter os avanços de racistas, xenófobos, homófobos e neonazistas, desde que o ativismo saia das redes sociais para as cidades.

Jean-Luc Mélenchon. Foto: Divulgação

Leiam esse trecho de artigo de Paul Quinio, no Libération:

“Ao dizer não a um governo de extrema direita, os franceses rejeitaram a ideia de uma França xenófoba, rançosa e que olha apenas para si mesma, onde o Estado de direito teria, sem dúvida, sido gradualmente corroído. Os franceses da esquerda, do centro e da direita, que se recusaram a ver a extrema direita tomar o poder, salvaram, de certa forma, a ideia que a maioria deles tem da República”.

Faz bem saber que a reversão de expectativas, em apenas uma semana, ofereceu ao mundo um fato que no Brasil funcionou como uma bomba no meio do congresso de fascistas em Balneário Camboriú.

A família Bolsonaro se preparou para encerrar o encontro em Santa Catarina com uma mensagem para o mundo: eles seriam na América Latina, depois da esperada vitória de Marine Le Pen, parte do grupo de elite de líderes do avanço mundial da extrema direita.

Não são coisa nenhuma. A esquerda francesa esculhambou com a festa da extrema direita latino-americana. É bom saber que os participantes do congresso em Balneário retornam para suas casas, incluindo Javier Milei, com a autoestima aos frangalhos. Será uma semana terrível para Bolsonaro e seus amigos.

Os franceses destruíram, com a vitória da Nova Frente Popular, todas as previsões da grande imprensa brasileira, que dava como certa a ascensão do fascismo ao poder na França.

O que aconteceu no domingo pode inspirar também o sistema de Justiça brasileiro a ser menos cuidadoso com o golpismo no Brasil. Que sejam desengavetados ou andem em ritmo menos lento todos os inquéritos e processos envolvendo fascistas de antes e depois do 8 de janeiro.

Vamos parar com essa história de que o Judiciário deve calibrar suas decisões, por precaução e covardia, por temor ao poder do fascismo bolsonarista no contexto do avanço da extrema direita no mundo.

O avanço foi interrompido e depende agora da substituição de Joe Biden por Kamala Harris, na eleição americana, para que tenha sequência. Que a depressão que passa a consumir a extrema direita europeia contagie o fascismo trumpista.

DCM

Bolsonaro desinforma sobre Amazônia e erra datas: ‘Era cobiçada antes de 2500’

Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou, neste sábado, 6, desinformação sobre a Amazônia durante discurso na Conferência de Política Ação e Conservadora (Cpac Brasil), que reúne apoiadores da extrema direita em Balneário Camboriú, cidade de Santa Catarina. Segundo o ex-mandatário, o Tratado de Tordesilhas, acordo entre Portugal e Espanha em 1492, foi assinado já por interesse na região.

Bolsonaro também errou a data da chegada dos portugueses no Brasil. “A Amazônia era cobiçada antes de 2500, basta ver o Tratado de Tordesilhas, de 1492“, alegou, referindo-se, erroneamente, à data indicada como a chegada dos portugueses ao Brasil, por volta de 1492.

Para o historiador Cleomar Lima, a fala de Bolsonaro dá a entender que o tratado foi assinado já visando a riqueza da biodiversidade da região, mas isso não é a realidade. O interesse da assinatura do Tratado de Tordesilhas eram as rotas marítimas. “Não foi pela Amazônia, foi pelas Índias. Era para se encontrar um novo caminho marítimo para as Índias e se encontrar as especiarias. Cravo, canela, pimenta, tecidos, perfumes, porcelanas“, explicou.

Na verdade é 1492, quando a América é ‘descoberta’, é apossada pelo [Cristóvão] Colombo, e o Tratado de Tordesilhas é assinado em 1494. [O interesse] não é bem exatamente a Amazônia, é um mundo, são as conquistas marítimas. Portugal ficaria com um pedacinho do litoral do Brasil como rota para o Oriente, e com a África e a Ásia. A Espanha ficaria com cerca de 90% da América, América toda. A Amazônia está no meio, mas está também o México, o Chile, Honduras e Guatemala“, acrescentou.

Bolsonaro já referiu-se à “Amazônia cobiçada” anteriormente. Em março deste ano, ele criticou a vinda do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil sugerindo interesse pela região. Na ocasião, afirmou que esses encontros geralmente terminam em assinaturas de acordos, e citou a demarcação da Terra Indígena Yanomami.

Em 1992 depois de um encontro desses, trocou-se o ministro da Justiça, e uma portaria foi assinada, iniciando-se a demarcação da extensa área Yanomami (equivalente ao estado de Pernambuco ou o dobro da Suíça), para aproximadamente 9 mil indígenas. Uma insensatez para não dizer um crime de lesa pátria“, declarou.

Cpac Brasil acontece neste sábado, 6, e domingo, 7. O evento pretende reforçar a aliança do bolsonarismo com movimentos globais da extrema direita, e é inspirado na conferência anual realizada nos Estados Unidos desde os anos 1970. A agenda conta com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do atual presidente argentino, Javier Milei.

Desinformação

Segundo o professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Bucci, em entrevista ao Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), a desinformação trata-se de um ambiente comunicacional hostil à informação. “A desinformação é o efeito geral da disseminação de fake news e de outros recursos para enganar ou manipular pessoas ou públicos com fins inescrupulosos”, afirma.

desinformação também tem um sentido mais amplo, que abarca as diferentes formas de difusão de informações mentirosas pela internet. Em inglês, há três palavras para o fenômeno: disinformation, para informações falsas criadas com a intenção de causar dano; misinformation, para informações erradas divulgadas sem o objetivo de causar dano; e malinformation, para informações corretas, mas divulgadas de forma descontextualizada com o propósito de causar dano.

Fonte: Cenarium

Sobre comparação com Biden, Lula diz que tem “70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20”

Lula tem sido alvo de comparações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teve um desempenho considerado catastrófico em um debate eleitoral na semana passada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu críticas que vêm recebendo por parte da imprensa por conta de sua idade e a possibilidade de se candidatar à reeleição em 2026, quando completará 81 anos. Nos últimos dias, Lula tem sido alvo de comparações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que teve um desempenho considerado catastrófico em um debate eleitoral na semana passada.

“Quem achar que o Lulinha está cansado pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20 eu estou falando com conhecimento de causa. Portanto, não adianta tentar atrapalhar a minha vida”, disse.

O presidente também reforçou que tem energia para viajar pelo país e provocou seus críticos. “Estou vendo vários artigos de colunistas que eu estou cansado, por causa do Biden, nos Estados Unidos. Então eu queria falar duas coisas. Primeiro, a todos que acham que eu estou cansado, eu convido a fazer uma agenda comigo durante o meu mandato. Se ele aguentar levantar 5h e ir dormir meia noite todo dia, aí ele pode dizer que eu estou cansado. Eu quero ver quem fala que eu estou cansado com a bunda sentada na cadeira escrevendo se tem coragem de levantar e ir para a rua para andar. Eu estou andando nesse país desde quinta-feira. Eu já fui a Minas Gerais, a Belo Horizonte, a Contagem, Juiz de Fora, ao Rio de Janeiro inaugurar Casa, a Pernambuco, a Bahia, fui a Campinas, estou em Osasco e domingo viajo para a Bolívia para participar do Mercosul, primeiro no Paraguai”, afirmou.

Lula participa da inagração de novas instalações do edifício acadêmico e administrativo da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios do Campus Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Brasil 247

Meu nome é Gal

Por SOLENI BISCOUTO FRESSATO & JORGE NÓVOA*

Considerações sobre o filme dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi

Meu nome é Gal (2023) é uma cinebiografia de uma das maiores cantoras da música popular brasileira, Gal Costa (1945-2022). O filme destaca o papel de Gal Costa não apenas como cantora, integrante de um dos principais movimentos culturais do país, o tropicalismo, mas também como se inseriu naturalmente numa luta feminista, sem programática de partido político. Devido à sua personalidade autêntica e sem que tivesse total consciência do que poderia estar representando, Gal Costa acabou se tornando uma referência para as mulheres brasileiras.

No filme, a mulher ocupa um lugar central em toda a produção, pois além de ser um tributo à cantora (representada por Sophie Charlotte no papel principal), ainda conta com a direção de Dandara Ferreira e Lô Politi e com o roteiro de Maíra Bühler e Lô Politi. Ao longo da narrativa, o espectador é surpreendido com a forte presença da mãe de Gal, Mariah Costa Penna, sua grande incentivadora, que ouvia música clássica todos os dias durante a gravidez, para que nascesse “uma pessoa musical”. Na película e na história de Gal, seu pai foi ausente, motivo que a levou a escolher o sobrenome materno, Costa, como nome artístico.

A narrativa destaca os primeiros anos da carreira da cantora, a partir de 1967, quando a tímida Gracinha (Maria da Graça Costa Penna Burgos), apelidada de Gal pelos amigos mais próximos, chegou ao Rio de Janeiro; até 1971, quando afirmou definitivamente sua originalidade em interpretações musicais e sua confluência com o movimento tropicalista.

É bom lembrar, que quando o pai da bossa nova, João Gilberto, a conheceu ainda na Bahia, considerou-a, imediatamente, como a melhor e a mais afinada intérprete da música brasileira, provavelmente porque deslocava a tradição cultivada pelas cantoras e cantores do Rádio, que adoravam o rococó das vozes, densamente expressas em conteúdos sonoros robustos. A bossa nova pedia intimidade e discrição de sentimentos, numa melancolia controlada, avessa às cenas de ciúmes e “dores de cotovelo” dos cantores de Rádio.

O estilo bossanovista acompanharia Gal Costa até se unir aos amigos baianos no Rio de Janeiro. A partir de então, sob o incentivo de Caetano Veloso e de Gilberto Gil (que nunca se libertaram de Dorival Caymmi e de João Gilberto, ou seja, de raízes baianas sólidas, mesmo estando decididos a criar novas formas e conteúdos, mesclando o regional, o brasileiro e o universal), Gal Costa se integrou à inevitável espontaneidade política das propostas tropicalistas.

Era a época dos festivais de música e do surgimento de novos talentos, nos violentos e repressivos anos da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Em frente à tela, o espectador pode lembrar ou conhecer a bela interpretação de Coração Vagabundo, do primeiro álbum, Domingo, que Gal Costa gravou em parceria com Caetano Veloso, em 1967. Revelando-se uma discípula fiel de João Gilberto, Gal encantou e não desafinou em sua voz bossanovista, encantando um público mais maduro, em geral da classe média alta, luxuriante e alcoólica, que constituiu a maioria dos que estavam habituados a ouvir o som da bossa nova nas boates, bares e grandes hotéis do Rio de Janeiro, de inícios e meados dos anos 1960.

Em 1969, Gal lançou o primeiro álbum solo Gal Costa. Já era outra mulher, muito mais inteira. Cantora mais “moderna” e despojada, bem afinada estética, musical e politicamente com o movimento tropicalista, com forte influência de James Brown e de Janis Joplin, ela apostava numa voz estridente, metálica, mais próxima do rock brasileiro.

O ponto de inflexão (da bossa nova para o tropicalismo) ocorreu no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1968, quando Gal Costa interpretou Divino, Maravilhoso, música de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e obteve o 3º lugar. Gal Costa subiu ao palco acompanhada de uma banda de guitarras elétricas e pelo coro feminino de Ivete e Arlete. Os cabelos crespos espalhados e indomados e a roupa futurista com brilhos, lantejoulas e espelhos produziram um corte, não apenas na sua trajetória, mas na do movimento e da própria música popular brasileira.

Ainda na atualidade, sua voz agudíssima faz ecoar nos ouvidos dos brasileiros o refrão, “é preciso estar atento e forte, não temos medo de temer a morte”. Assumindo uma mise-en-scène de roqueira e cantando com agressividade, foi um “grito de raiva” contra tudo: contra o tédio e a melancolia da classe média alta, contra uma fração da juventude alienada (que a vaiou) e contra a violência do governo que surgiu do golpe de 1964. Já havia ficado longe o estilo, muito diferente, marcado pela suavidade de Coração Vagabundo. A expressão “divino, maravilhoso” acabou sendo apropriada por uma parte do público e a música se tornou a principal faixa do LP Gal Costa, de 1969.

Em 2005, em entrevista, Gal Costa conseguiu sintetizar o que foi a participação no Festival: “Cantei com toda a fúria e força que havia em mim. Metade da plateia se levantou para vaiar. A outra metade aplaudiu ferozmente. Um homem na minha frente berrava insultos. Foi então que me veio ainda uma força maior que me atirou contra ele. Cantava diretamente para ele: “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte!”. Cantava com tanta força e tanta violência que o homenzinho foi se aquietando, se encolhendo, e sumiu dentro de si mesmo. Foi a primeira vez que senti o que era dominar uma plateia. E uma plateia enfurecida. Naquele tempo de polarização política, a música era a única forma de expressão. Despertava paixões, verdadeiras guerras. Saí do Divino, Maravilhoso fortalecida, crescida. Acho que naquela noite entrei no palco adolescente, menina, e saí mulher. Sofrida, arrebentada, mas vitoriosa”.

Meu nome é Gal destacou esse importante momento na vida da cantora, quando ela se conscientizou que para cantar não bastava ter voz: precisava ter atitude! E foi com atitude que ela subiu no palco. Na tela, vemos surgir uma mulher forte, que canta e se expressa com todo o corpo, ocupando todo o palco, atitude que acompanhará Gal Costa em toda sua carreira. Com a interpretação de Divino, Maravilhoso, Gal Costa transformou-se num ícone do movimento tropicalista.

Tropicalismo e política

Em primeira instância, o tropicalismo[i] foi um movimento cultural brasileiro da segunda metade dos anos 1960. Mesmo tendo a música como seu elemento principal, o movimento se estendia ao cinema,[ii] às artes plásticas, ao teatro, a pintura e à literatura. Sua marca principal foi a inovação estética radical, mesclando elementos da cultura popular e da tradição, com tendências estrangeiras, sobretudo a guitarra elétrica e o rock, elementos da cultura jovem mundial.

As figuras de destaque foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, mas a cantora Gal Costa, o cantor-compositor Tom Zé, o maestro Rogério Duprat e o produtor cultural Guilherme Araújo também desenvolveram papel muito importante. O movimento representou uma renovação no contexto musical brasileiro ao unir gêneros populares, como o baião e o caipira, ao pop e ao rock. Momentos marcantes do movimento foi o lançamento do álbum Tropicália ou Panis e Circenses, em 1968, e os Festivais de Música Popular Brasileira, realizados pela TV Record, sobretudo o 3º Festival (1967), quando Caetano Veloso interpretou Alegria, Alegria e Gilberto Gil, ao lado da banda Os Mutantes, Domingo no Parque, verdadeiros protestos contra o autoritarismo do governo militar.

Naquela época, analistas do mainstream de esquerda, como Robert Schwartz, não conseguiram compreender o movimento tropicalista e ainda hoje existem os que o condene. Boa parte da esquerda tradicional esperava, desses novos atores, que assumissem, de alguma forma, uma crítica teleológica ao capitalismo. Os intelectuais, jornalistas e críticos mais atuantes, em geral, foram formados teoricamente pela estética do realismo social e outros em um enquadramento do “realismo socialista”.

As polêmicas sobre o ajuste a um modelo estético se faziam, como ainda se fazem, como se fosse possível abstrair as condições em que a obra de arte verdadeira (e enquanto tal) pode surgir. É curioso observar que, no que concerne não apenas à estética, mas também às performances que os tropicalistas desenvolviam, assim como seus hábitos e crítica à dupla moral dominante, chocavam na mesma medida, tanto a esquerda como à direita.

No início, essas questões também os angustiaram, afinal eles buscavam a autenticidade em formas novas. As teorizações apareciam sobretudo, nas reflexões de Caetano, não tanto nas de Gil. Em ambos de modo muito espontâneo. Praticavam uma espécie de “crítica empírica”, quase instintiva que não aceitava se enquadrar, nem nos esquemas da esquerda tradicional dos PCs, nem nos modelos morais de um liberalismo moribundo, que logo capitularia diante das forças das botas e fuzis.

Dois comentários ajudam a entender a gênese do movimento. Um aparece no depoimento de Nelson Motta (2000, p. 95-6): “Uma noite de verão, pouco antes do carnaval de 1968, passei horas tomando chope e conversando com Glauber Rocha, Cacá Diegues, Gustavo Dahl e Luiz Carlos Barreto no Bar Alpino, em Ipanema. Entusiasmados com o cinema novo, o Teatro Oficina, os discos de Gil e Caetano, excitados com o momento político e com aquele movimento artístico que não tinha sido articulado nem tinha nome, mas estava em pleno andamento, com tantas novidades e tanta potência, começamos a imaginar uma festança para celebrar o novo movimento. (…) No dia seguinte, com a dramática falta de notícias que aflige os colunistas no verão carioca, usei todo o espaço da coluna para contar, em forma de manifesto debochado, todas as besteiras que tínhamos imaginado no Alpino. Sob o título de “Cruzada Tropicalista”, irresponsavelmente enchi meia página de jornal celebrando o momento artístico com uma futura festa imaginária. (…) A festa nunca aconteceu, mas a coluna teve grande repercussão e surpreendentemente foi levada a sério, comentada acaloradamente contra e a favor em outros jornais, no rádio e na televisão, que passaram a se referir ao movimento de Gil e Caetano como tropicalismo”.

O depoimento de Caetano Veloso (2003, p. 35), também ajuda na compreensão da origem do tropicalismo: “É muito política, do período das passeatas, da preparação para a luta clandestina. Foi feita com muita consciência. Muitos não entenderam, achavam que os tropicalistas eram alienados porque não fazíamos o papel do esquerdista convencional”.

É possível encontrar, em outro texto, se referindo ao contexto da gênese, o seguinte diálogo entre Gilberto Gil e Caetano Veloso: “O trabalho que fizemos, eu e Caetano, surgiu mais de uma preocupação entusiasmada pela discussão do novo do que propriamente como um movimento organizado. Eu acho que só agora, em função dos resultados dessas nossas investidas iniciais, se pode pensar numa programação, numa administração desse material novo que foi lançado no mercado. Eu estava sugerindo até, ontem, conversando com Gil, a ideia de um disco-manifesto, feito agora pela gente. Porque até aqui toda a nossa relação de trabalho, apesar de estarmos há bastante tempo juntos, nasceu mais de uma relação de amizade. Agora as coisas já são postas em termos de Grupo Baiano, de movimento…”

“Gal e Betânia, embora não tenham participado diretamente das discussões que nos levaram as essas descobertas, estão empenhadas, como intérpretes, em assumi-las. E há um detalhe mais singular ainda. Porque Bethânia, por um lado, é rebelde, terrível, ela não suporta programação, ela quer descobrir as coisas por si mesma, mas por outro lado foi a primeira a chamar a atenção de Caetano para a importância do iê-iê-iê”.

“Quanto a Gal, parece-me que, no sentido em que se pode tomar como elemento fundamental o reconhecimento de João Gilberto como um marco inovador, ela é o próprio símbolo desse reconhecimento. Não há cantora brasileira que tenha essa capacidade de usar funcional e instrumentalmente a voz como ela” (In: Risério, 1982, p. 105).

Portanto, parece evidente, o grau de espontaneidade desse movimento músico-cultural. E, ao mesmo tempo, como o próprio movimento irá modificando os atores, que tomam consciência de como reverberam nas pessoas, denominadas de público, enfim, dos cidadãos. Logo eles perceberam que, se quisessem mudar algo no país, precisariam não capitular diante dos ditames do mercado, ou daqueles que dominavam a política naquele momento, mas usá-los para criar impactos transformadores.

Pretendiam uma arte de massas, mas sem renunciar a seus valores estéticos. Propunham uma arte camaleônica, mutante. Aliás, Os Mutantes foi o nome de uma banda que acompanhou o Tropicalismo por um bom percurso. Nela, outra mulher líder, a inglesa-brasileira Rita Lee, com os seus “mutantes”, seria um capítulo a parte da música popular brasileira, inaugurando um rock pop crítico à sociedade de consumo e à hipocrisia dos hábitos e costumes. Foram eles que produziram os acordes de baixo e guitarra em momentos importantes do percurso do tropicalismo. E, em 1968, acompanharam Caetano Veloso em sua polêmica apresentação de É Proibido Proibir. As roupas futuristas, elaboradas com plástico brilhante em cores fortes, revelaram toda a rebeldia e potencialidade imagética do movimento.

A dimensão política do tropicalismo surge como uma reação quase que espontânea, visceral num primeiro momento, mas que foi sendo trabalhada, elaborada. Possivelmente, se a ditadura militar não tivesse existido naquele momento, essa dimensão ficaria mais escondida, submersa pela avalanche, ao mesmo tempo brasileira e universalista, que unia poetas e cantores nordestinos à contracultura dos beatniks, hippies e undergrounds dos anos 1950, 1960 e 1970 norte-americanos e europeus, à rebeldia dos poetas russos ou futuristas do início do século XX.

Talvez, se possa dizer, que a heterodoxia estética tropicalista buscava se livrar das receitas e modelos, mas estava aberta a todos os movimentos estéticos progressistas e desalienantes do século XX. No Brasil, sua referência maior foi o Movimento da Arte Moderna de 1922, que teve como expoentes, mas não apenas, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Os modernistas pretendiam uma renovação da arte e cultura brasileira, procurando recuperar os valores culturais e históricos mais profundos do país.

Já o movimento tropicalista teve uma ambição maior. Sem renunciar a tais valores (incorporando, inclusive, elementos que aparecem no movimento de 22), se colocava num patamar mais universalista. Mas, o contexto político brasileiro e mundial (da Guerra Fria, da Guerra do Vietnã, do Maio de 68, da ditadura militar no Brasil) turbinou a expressão política do tropicalismo. A avidez devoradora de todos eles, sintetizada por Caetano, digeria os “poetas malditos”, mas também os Beatles e Jimi Hendrix, e as guitarras elétricas apareceram com força dissonante.

Depois do governo João Goulart (1961-1964) ter promovido uma série de reformas, visando atenuar a desigualdade social no país, organizou-se um forte movimento da direita política propondo uma modernização conservadora. Essa facção (formada por setores mais reacionários do Congresso Nacional, das classes alta e média, da mídia e da Igreja Católica) obteve apoio do Exército e destituiu o governo de João Goulart por meio de um golpe militar: era o ano de 1964.

Até 1968, mesmo sob uma ditadura, os intelectuais e artistas possuíam certa liberdade, mesmo que, muitas vezes, tivessem problemas com a censura do Estado. No governo de Costa e Silva (1967-1969), sobretudo com o AI-5 (Ato Institucional no. 5), ocorreu um recrudescimento da utilização da censura. Partidos políticos foram colocados na ilegalidade, greves operárias foram criminalizadas, artistas e intelectuais foram perseguidos. O governo foi marcado por prisões, torturas e assassinatos. Ainda na atualidade, não se sabe exatamente o que ocorreu com as vítimas do regime, mesmo com a criação da Comissão Nacional da Verdade (em 2011, pelo governo de Dilma Rousseff), responsável em apurar as graves violações de direitos humanos cometidas no Brasil, no período de 1946 a 1988.

O tropicalismo apareceu, pois, no interior de um país convulsionado por esses fatos. Assim sendo, além de uma renovação no cenário artístico, sobretudo musical, o movimento terminou adquirindo um forte engajamento político que o marcou definitivamente, sem que, contudo, sua dimensão estética fosse rebaixada aos valores dominantes. Ao contrário, a política deu um tom original e especial à sua estética. Nesse contexto, o tropicalismo assumiu uma postura resistente, combatendo o autoritarismo e a desigualdade social, propondo uma nova expressão estética engajada, participativa e contra todas as formas de alienação, defendendo a liberdade de expressão amorosa, a beleza da nudez dos corpos e a justiça social.

As músicas e os Festivas de MPB se transformaram em espaço de luta e denúncias. Gil e Caetano fizeram um programa na TV Tupi, em 1968, que durou quase três meses. O programa se chamava Divino, Maravilhoso. A ironia e a irreverência foram ácidas, não apenas nas músicas, mas nas indumentárias. Foi um sucesso absoluto. O programa adquiriu esse nome, porque o produtor musical Guilherme Araújo tinha o hábito de classificar o que os tropicalistas estavam fazendo como “divino, maravilhoso”. Mas, como analisado anteriormente, foi a voz de Gal Costa, cantando a canção homônima, no Festival da Record, que popularizou a expressão, no mesmo período em que o programa era exibido na Tupi.

A liderança artística e musical de Caetano e de Gil não ficaram impunes. Eles foram presos em dezembro de 1968, após o último programa Divino, Maravilhoso. As gravações, ao que parece, foram destruídas, com o intuito de proteger os cantores, já que estavam no comando do programa, que já era considerado, em função da audiência e da audácia dos apresentadores e convidados, como o maior programa ao vivo de auditório da televisão brasileira.

Caetano e Gil foram liberados em fevereiro de 1969 e em julho se exilaram em Londres. Só voltaram ao Brasil em 1972. Gal Costa escolheu ficar no Brasil, enfrentado a censura e as ameaças. Foi a forma que encontrou para não deixar o tropicalismo morrer. Ela continuou usando sua voz e seu corpo, como havia feito em Divino, Maravilhoso, não apenas para cantar e encantar plateias, mas para revelar toda sua indignação e combater um governo autoritário e injusto, além da hipocrisia de uma moral herdada da colonização, que ainda sobrevivia nos extratos sociais dominantes. Pensando à distância, ela pode ser incluída no panteão das mulheres do movimento feminista brasileiro.

Gal e a emancipação da mulher – a liberdade passa pelo corpo

Em 1971, com o álbum ao vivo Fa-tal – Gal a Todo Vapor, a cantora (que contava apenas com 26 anos), criou uma identidade corporal: vestindo apenas um top e uma saia bem abaixo do umbigo e com longas fendas, Gal sentava-se (nos bancos colocados nos palcos durante seus shows) com as pernas nuas e abertas, encaixando, de forma sensual, o violão no meio delas, para cantar que era “amor da cabeça aos pés”.[iii]

A imagem chocou o público mais conservador, ao mesmo tempo em que atraía os mais jovens. O álbum também representou o definitivo engajamento político da cantora, ao se colocar como uma das porta-vozes contra a ditadura militar, mesmo que só falasse por meio das músicas. Em 1973, Gal lançou o álbum Índia. A capa trazia uma imagem da região pubiana da cantora, no interior imagens dela seminua. O álbum foi censurado pelo governo militar por “ferir a moral e os bons costumes”.

Contudo, sua atitude contestatória não estava restrita aos palcos ou aos discos que gravava. Ainda nos anos 1970, Gal frequentou a praia de Ipanema, num local que ficou conhecido como “as dunas de Gal”, usando biquínis pequenos e ousados. O local, antes quase deserto, passou a ser frequentado por pessoas alternativas, atraídas pelo estilo hippie de Gal Costa. Foi um momento mágico, no qual a cantora se transformou numa espécie de musa da contracultura tropicalista brasileira. Passados vinte anos, em 1994, Gal Costa cantou Brasil, composição do cantor Cazuza, deixando à mostra os seios nus.

A imagem dos seios nus é associada às formas de luta, protesto e resistência, contra a ordem patriarcal, machista e conservadora, não raro misógina.[iv] Em Meu nome é Gal, a forma como a cantora se apropriou do próprio corpo surge com grande intensidade. Não faltam cenas de Sophie Charlotte com saias abaixo do umbigo (cotidianamente ou nos shows), de biquíni ousado na praia e com os longos cabelos despenteados.[v]

Outro elemento da identidade corporal de Gal Costa foi a boca pintada de batom vermelho. O sorriso amplo e os lábios grossos ficavam ainda mais sensuais no tom rubro. No filme, logo depois de Gracinha ter escolhido seu nome profissional, ela senta-se em frente ao espelho e mirando seus próprios olhos, escreve com batom vermelho: Gal Costa. Curiosamente, ao longo da narrativa a atriz jamais aparece com os lábios rubros, apenas nas cenas finais do filme, numa praia deserta, numa tomada ampla em que surge de costas, andando em direção ao mar apenas de calcinha, Sophie Charlotte se vira para a câmera e, num close de seu rosto, ela pinta os lábios de vermelho.

Recuperar a forma como Gal Costa se sentia confortável e se assenhorava de seu corpo levanta o debate sobre o processo de alienação pelo qual as mulheres passaram e ainda passam em relação aos seus corpos. Desde o século XVI, período da acumulação primitiva do capital, como explica Silvia Federici (2023, p. 186), as mulheres foram alienadas de seus próprios corpos: “o corpo feminino foi transformado em um instrumento para a reprodução do trabalho e a expansão da força de trabalho, tratado como uma máquina natural de criação, que funcionava de acordo com ritmos fora do controle das mulheres”, que acabaram por perder o poder sobre sua sexualidade, procriação e maternidade. O capitalismo fez surgir um regime patriarcal mais opressor, promovendo um ataque feminicida contra as mulheres, materializado na caça às bruxas, que teve seu ponto auge entre 1550 e 1650, quando mais de 200 mil mulheres foram acusadas e mais de 100 mil assassinadas. Caçar bruxas foi fundamental “para a construção de uma nova ordem patriarcal em que o corpo das mulheres, seu trabalho e seus poderes sexuais e reprodutivos foram colocados sob o controle do Estado e transformados em recursos econômicos” (Federici, 2023, p. 313-4).

Nesse contexto, o corpo se transformou no principal espaço de exploração, pois as mulheres foram aprisionadas em seus corpos para serem mais bem exploradas e reprimidas.

Mais de três séculos depois do fim da caça às bruxas (que não ficou restrita à Europa, estendendo-se às Américas, sobretudo ao Brasil, nos séculos de colonização), a reapropriação dos próprios corpos pelas mulheres ainda integra a pauta dos movimentos feministas. Não se trata apenas do direito ao voto, da inserção no mercado de trabalho e da equidade salarial. Por mais que essas lutas e conquistas sejam importantes, elas não abrangem o todo das necessidades das mulheres, que para além de independência material e realização profissional, também precisam ser respeitadas em seus desejos mais íntimos.

Temas como sexualidade feminina (o que inclui o orgasmo), lesbianismo ou bissexualidade e aborto, ainda são tabus na sociedade brasileira, que se mantém fortemente moralista e conservadora, tornando as mulheres prisioneiras em seus próprios corpos. De modo independente de seus desejos, anseios, sexualidade e necessidades, elas precisam seguir a ordem vigente para serem respeitadas, o que, muitas vezes, significa o desrespeito consigo mesmas.

O exemplo que os dados estatísticos trazem são assustadores no que dizem respeito aos crimes contra as mulheres no Brasil. Em 2023, foram registrados 3.181 casos de violência contra a mulher. A cada 24 horas, oito mulheres foram vítimas de agressão, tortura, ameaça ou assédio. Dentre os casos de violência, 1.463 foram feminicídios, ou seja, uma mulher a cada seis horas foi vítima fatal de agressão no Brasil, numa grande maioria (mais de 70%) por parte de companheiros ou ex.

O número representa um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior, o que revela que o Estado segue falhando na tarefa de proteger as mulheres. O aumento também está na contramão da tendência: enquanto o número de homicídios caiu 3,4%, o de crimes contra as mulheres aumentou (Bueno, 2024). Esses números revelam a necessidade de repensar o papel da feminilidade e dos direitos das mulheres em sociedades patriarcais e capitalistas, sobretudo numa sociedade que guarda a mentalidade escravocrata em boa parte da prática social de suas elites, como é a brasileira.

O aprofundamento das contradições sociais (numa fase em que a exploração social cresceu pari passu com a aplicação das políticas neoliberais e com a redução drástica das políticas públicas exigida, inclusive, pelo Banco Mundial e pelo FMI, para que o Estado brasileiro possa equilibrar suas contas públicas) só tem feito potencializar e fermentar um terreno profundamente propício ao agravamento do tratamento degradante em relação à mulher, sobretudo pobre, preta e mestiça, tratada como objeto de consumo e exploração cruel, em duplas jornadas de trabalho, fora e dentro de suas casas.

Não apenas outras mulheres, de classe média e alta, que podem pagar salários das empregadas domésticas as exploram, mas também seus próprios companheiros (super-explorados em seus empregos ou trabalhando na informalidade) descarregam nelas suas frustrações e a violência que vivem em outros ambientes.

Diante dessa realidade, o comportamento de Gal Costa torna-se ainda mais ousado. Não apenas como cantora, passeando pelos timbres bossanovista, do rock, do tropicalismo e dos mais diversos gêneros culturais brasileiros, mas também ao usar seu próprio corpo em defesa de uma pauta de liberdade política, cultural e social para as mulheres.

O filme em sua homenagem também cumpre esse papel, de forma pedagógica, estimula a reflexão sobre os direitos, e, sobretudo, incentiva as mulheres a se reapropriarem de si mesmas e de seus corpos, assumindo suas identidades e seus desejos e se reconhecendo como autoras de suas histórias. Em frente à tela, o espectador é convidado a assumir um papel mais ativo. É convidado a cerrar o punho e unir-se num “somos tod@s Gal”.

*Soleni Biscouto Fressato é doutora em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Autora, entre outros livros, de Novelas: espelho mágico da vida (quando a realidade se confunde com o espetáculo) (Perspectiva).

*Jorge Nóvoa é professor titular do Departamento de Ciências Sociais da UFBA. Autor e organizador, dentre outros livros, de Cinematógrafo: um olhar sobre a história(EDUFBA\ Unesp), com Soleni Biscouto Fressato e Kristian Feigelson.

Texto originalmente apresentado nas X Jornadas de Historia y Cine. No sólo musas y divas: las mujeres y las artes (2024), da Universidade Carlos III de Madri.

Referência


Meu nome é Gal
Brasil, 2023, 87 minutos.
Direção: Dandara Ferreira e Lô Politi.
Roteiro: Maíra Bühler e Lô Politi.

Bibliografia


BUENO, Samira et al. Feminicídios em 2023. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024. Disponível em: <https://apidspace.universilab.com.br/server/api/core/bitstreams/eca3a94f-2981-488c-af29-572a73c8a9bf/content >.

COSTA, Gal. O divino maravilhoso. [Entrevista concedida a] Ana de Oliveira. Tropicália, 2005. Disponível em: <http://tropicalia.com.br/eubioticamente-atraidos/verbo-tropicalista/o-divino-maravilhoso>.

CAMPOS, Augusto de. Balanço da Bossa e outras Bossas. São Paulo: Perspectiva, 1974.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. 2ed. São Paulo: Elefante, 2023.

FÓRUM BRASILEIRO de Segurança Pública. Violência contra meninas e mulheres no 1º semestre de 2023. São Paulo, 2023.

MOTTA, Nelson. Noites Tropicais – solos, improvisos e memórias musicais. São Paulo: Objetiva, 2000.

OLIVERIA, Ana de. Tropicália ou Panis et Circenses. São Paulo: Iyá Omin, 2010.

RISÉRIO, Antônio. Gilberto Gil. Expresso 2222. Salvador: Corrupio, 1982.

VELOSO, Caetano. Sobre as letras. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Notas


[i] Maiores informações sobre o tropicalismo podem ser encontradas no site Tropicália, organizado por Ana Oliveira. Disponível em: <http://tropicalia.com.br>

[ii] Glauber Rocha, líder do Movimento do Cinema Novo, vivia com os tropicalistas nos bares, nas festas e discussões, embora não apareça no filme, assim como o crítico cultural Nelson Motta.

[iii] Refrão da música Dê Um Rolê (Novos Baianos, 1971). Interpretação de Gal Costa disponível no canal do YouTube Biscoito Fino. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-nY1qJcdKdE>.

[iv] Ideia defendida por Silvia Federici, em Calibã e a Bruxa (2023), com base na experiência que viveu na Nigéria, durante os anos 1980, acompanhando os vários métodos de lutas das mulheres das classes populares durante a colonização europeia. Mostrar os seios e, em casos extremos, as genitálias, era uma forma de desespero, mas também de protesto e de resistência. O documentário Rio de Topless (2019), de Ana Paula Nogueira, também defende a ideia que mostrar os seios é uma forma de protesto e resistência das mulheres.

[v] Não à toa a cantora lançou, em 1990, a música Cabelo. No refrão, uma síntese dela mesma: “cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada”.

O terraplanismo histórico

Por JOSÉ RICARDO FIGUEIREDO*

O senso comum e os preconceitos mais difundidos podem ser poderosas armas políticas

É bem conhecida a reação ao heliocentrismo nas formas da condenação religiosa ao livro de Copérnico e do julgamento de Galileu. Outra revolução científica ocorrera dois milênios antes, com a descoberta da esfericidade da Terra, mas pouco se sabe de uma reação terraplanista; um breve parágrafo de Francis Bacon dará uma pista sobre isto.

A esfericidade da Terra já era admitida pelos pitagóricos e por Platão (427-347 a.C.) e sua Academia, portanto desde o século IV a.C., ou antes.  O tema é tratado por Aristóteles (384-322 a.C.) com argumentos a posteriori a priori. Argumentos a posteriori seriam, por exemplo, a forma da sombra da Terra em eclipses lunares, assim como o aparecimento e desaparecimento de constelações para um viajante na direção Norte-Sul. Um argumento clássico, também fundado na experiência de viagens marítimas, seria acrescentado por Adrastus: “Frequentemente, durante uma viagem, não se pode ver terra ou um navio que se aproxima estando no convés, enquanto os marinheiros que sobem ao topo do mastro podem ver estas coisas porque estão muito mais altos e assim superam a convexidade do mar que é o obstáculo” [1].

O argumento a priori de Aristóteles relaciona-se à sua visão dos fenômenos dinâmicos. Concebia dois tipos de movimentos: natural e forçado. O movimento forçado seria devido a causa externas, enquanto o movimento natural corresponderia à tendência dos corpos irem para o centro da Terra, que também seria o centro do Universo. Embora esta tendência para o centro do Universo atuasse sobre todos os corpos, “os pesos mais poderosos estão aptos a deslocar os menores”, de forma que o lugar natural dos corpos mais pesados seriam baixas alturas, e o lugar natural dos corpos leves seriam as maiores alturas. O peso não provaria rigorosamente que a Terra seria esférica, apenas introduziria uma tendência neste sentido; entretanto, no caso das superfícies de água, a fluidez do líquido para posições minimamente mais baixas conduziria à esfericidade [1].

Aristóteles relata uma medição realizada por matemáticos a ele ligados cifrando a circunferência da Terra em 400.000 estádios. Arquimedes (287-212 a.C.) estimou-a em 300.000 estádios. Como é sabido, Eratóstenes (276-194 a.C.) encontrou um método que permitiu chegar à cifra de 250.000 estádios. Esta unidade de medida não era padronizada; o estádio grego equivalia a cerca de 185 metros, mas o estádio empregado por Eratóstenes seria 157,5 metros conforme Porto da Silveira [2], ou 158,76 metros conforme Rey [3], de forma que os 250.000 estádios equivaleriam a 39.375 quilômetros ou a 39.690 quilômetros respectivamente. Em ambos os casos, a medida é surpreendentemente próxima dos 40.009 quilômetros hoje reconhecidos para a circunferência polar terrestre.

Este feito de Eratóstenes não pode ser explicado sem referência ao contexto histórico e pessoal. Eratóstenes trabalhou no Museu de Alexandria, instituição criada após o desmembramento do império de Alexandre (356-323 a.C.) por Ptolomeu I (367-283 a.C.) ou Ptolomeu II (309-246 a.C.), e que foi controlada sucessivamente pelo Reino Ptolomaico, pela República Romana e pelo Império Romano.

Bernal [4] constata que o Museu foi o primeiro instituto de investigações subvencionado por um Estado, numa tentativa consciente e deliberada de desenvolver a ciência, e observa que no Museu de Alexandria “a ciência grega cresceu em contato direto com os problemas tanto da técnica quanto da ciência das velhas culturas asiáticas, e não só do Egito e da Mesopotâmica como também, em certa medida, da Índia”. Entre os que estudaram ou trabalharam em Alexandria citam-se os matemáticos e astrônomos Arquimedes, Aristarco de Samos (310-230 a.C.), Euclides (300 a.C.-?), Hiparco (190-129 a.C.), Heron (5?-70 d.C.), Claudio Ptolomeu (90-168 d.C.), Papus (?-350 d.C) e outros, além de literatos e médicos.

Eratóstenes era matemático e geógrafo, autor de um tratado denominado Geografia. Foi o primeiro a dar a esta ciência uma base matemática, referindo-se à Terra como um globo e registrando distâncias medidas ao longo do que hoje se denominam paralelos de latitude e meridianos de longitude. Como linha base para seu mapeamento, empregou um paralelo que se estendia de Gibraltar, pelo meio do Mediterrâneo, ao Himalaia. [5]

A descrição conhecida da medição da circunferência terrestre segue relato do astrônomo Cleomedes, que viveu 200 anos depois. Eratóstenes partiu da informação de que em Siena, hoje Assuã (localizada no Trópico de Câncer), o Sol estava absolutamente a pino ao meio dia do solstício de verão, podendo-se vê-lo refletido no fundo de um poço. Mediu a inclinação do Sol na mesma data e horário solar em Alexandria, obtendo 7o12, equivalentes a 1/50 dos 360o da circunferência.  A distância relevante entre ambas localidades fora determinada em 5.000 estádios, que multiplicados por 50 levam aos 250.000 estádios para a circunferência da Terra. O método de medição de longas distâncias baseava-se nos bimetatistes, agrimensores treinados a caminhar com passos regulares [5], método instituído por Alexandre e Ptolomeu I, imitando aos babilônios [3].

Rey [3] considera que o relato de Cleomedes seria simplista por não fazer referência à diferença de longitude de 3o entre Assuã e Alexandria. Porém, pelo método geométrico de Eratóstenes, o problema não depende propriamente da distância entre as cidades, mas da distância, medida ao longo de um meridiano, entre os paralelos que passam por Assuã e Alexandria, e que seria de 5.000 estádios. Os 3o de diferença de longitude não interferem: correspondem a uma diferença em torno de 12 minutos entre os meio-dias solares daquelas cidades, de forma que o experimento em Alexandria repetia o que se passara, cerca de 12 minutos antes, no cruzamento do paralelo de Alexandria com o meridiano de Assuã.

Posteriormente, Hiparco corrigiria o valor da circunferência da Terra para 252.000 estádios, o que é antes uma confirmação que uma correção.

Diante de tamanha conquista científica, difícil conceber um retrocesso. Mas uma breve menção a uma reação terraplanista aparece em Francis Bacon [6], para quem a Filosofia Natural enfrentou em todas as épocas, como duros adversários, “a superstição e o zelo cego e imoderado da religião”. Lembra a acusação de impiedade contra os primeiros pensadores gregos que propuseram causas naturais para trovões e tempestades, e em seguida comenta: “alguns dos antigos padres (ou pais, fathers no original) da Igreja Cristã não mostraram maior tolerância com aqueles que, sob as mais convincentes bases (tais que ninguém em seus sentidos pensaria contradizer) mantinham que a Terra era redonda, e por conseqüência afirmavam a existência de antípodas.”

A expressão “antigos padres da igreja Cristã” remete ao início da afirmação da Igreja Católica, após ter sido legalizada e institucionalizada no império de Constantino (306-337 d.C.). Deste período são conhecidos dois episódios, relativos ao museu de Alexandria e à Academia platônica.

Embora tenha perdido dinamismo com o expurgo de intelectuais por Ptolomeu VIII em 145 a.C., bem como durante a dominação romana, o Museu de Alexandria e sua Biblioteca sobreviveram por alguns séculos. Um dos últimos diretores foi Theon (335-405 d.C.), cuja filha Hipátia (355?-415 d.C.) seguiu seus passos acadêmicos. Filósofa neoplatônica, matemática e astrônoma, Hipátia era também respeitada voz pública. Tinha o apoio de Orestes, Prefeito Romano de Alexandria, que enfrentava uma disputa pelo poder com Cirilo, Bispo de Alexandria, que via o Museu e a Biblioteca como instituições pagãs a serem derrotadas. Num momento de agravamento da tensão política, Hipátia foi seqüestrada e assassinada após horríveis suplícios por uma turba de seguidores de Cirilo. Orestes abandonaria o cargo depois disso. Cirilo viria a ser canonizado como São Cirilo de Alexandria.

Na mesma linha, em 529 d.C., o imperador bizantino Justiniano fechou a quase milenar Academia de Platão como política de abolição da cultura helenista pagã.

Haveria incompatibilidade de fundo do Cristianismo com a filosofia grega? Isso é negado pela história. Aurélio Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), após converter-se ao cristianismo em 386, introduziu no meio cristão a filosofia de Platão, e foi canonizado como Santo Agostinho. Aristóteles tornar-se-ia referência fundamental da Igreja Católica após Tomás de Aquino (1225-1275).

Como se vê hoje em dia, o senso comum e os preconceitos mais difundidos podem ser poderosas armas políticas. No assassinato de Hipátia, a misoginia salta aos olhos. Já o terraplanismo intolerante citado por Bacon deve ter sido muito funcional no combate de “alguns dos antigos padres (ou pais) da Igreja Cristã” contra os intelectuais do Museu de Alexandria e da Academia de Platão.

*José Ricardo Figueiredo é professor aposentado da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp. Autor de Modos de ver a produção do Brasil (Autores Associados\EDUC). [https://amzn.to/40FsVgH]

Notas


[1] Dugas, R., A History of Mechanics, Dover Publications, New York, 1988.

[2] Porto da Silveira, J. A., Erathostenes e a medida da Terra, UFRGS.

[3] Rey, A., El Apogeo de la Ciencia Tecnica Griega, Union Tipografica Editorial Hispano Americana, Mexico, 1962.

[4] Bernal, J. D., História Social de la Cienciav.1, La ciência en la historia, Ediciones Península, Barcelona, 1967.

[5] Ronan, C. A., História Ilustrada da Ciência, v.I, Das origens à Grécia, Zahar, Rio de Janeiro, 1983.

[6] Bacon, F., The New Organon, in Selected Philosophical Works, Hackett Publishing Company, Indianapolis, 1999.