sábado, julho 19, 2025
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Brasil não assina declaração final da conferência sobre Ucrânia na Suíça

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Além do Brasil, outros 11 países adotaram a mesma postura. Conferência discutiu unilateralmente o fim da guerra, sem contemplar a Rússia

 O Brasil, junto com outros países, recusou assinar a declaração final da conferência, por discordar das conclusões indicadas no documento. Os países do BRICS que participaram da conferência sobre a Ucrânia na cidade suíça de Burgenstock, incluindo o Brasil, se recusaram a assinar o comunicado conjunto sobre os resultados das negociações, se depreende da lista de países que assinaram o comunicado.

No início de domingo (16) Dmitry Kuleba, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, anunciou que o texto da declaração da cúpula sobre a Ucrânia estava pronto e que todas as posições de princípio de Kiev haviam sido levadas em consideração.

O documento foi assinado por 84 das mais de 100 nações e organizações participantes do evento, mas a África do Sul, Arábia Saudita, Armênia, Bahrein, Brasil, Emirados Árabes Unidos, Eslováquia, Índia, Indonésia, Líbia, México, Santa Sé, Suíça e a Tailândia não o assinaram.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, apresentou na sexta-feira (14) novas propostas de paz para resolver o conflito na Ucrânia, que preveem o reconhecimento do status da Crimeia, das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, e das regiões de Kherson e Zaporozhie como russas, a consolidação do status da Ucrânia como país não alinhado e livre de armas nucleares, sua desmilitarização e desnazificação e ainda o cancelamento das sanções impostas à Rússia. O lado ucraniano rejeitou a iniciativa.

A conferência sobre a Ucrânia foi realizada neste sábado (15) e domingo (16), perto da cidade suíça de Lucerna, no resort de Burgenstock. Noventa e dois países, 55 chefes de Estado confirmaram sua participação, bem como oito organizações, incluindo a UE, o Conselho da Europa e a ONU. Joe Biden, Xi Jinping e Lula da Silva, presidentes dos EUA, da China e do Brasil, respetivamente, não compareceram à conferência.A Suíça não convidou a Rússia para participar da cúpula, enquanto Moscou afirmou que não teria participado de qualquer forma. O Kremlin disse que era absolutamente inútil procurar opções para resolver a situação no conflito ucraniano sem a participação da Rússia.

Brasil 247

Pablo Marçal é pior do que Bolsonaro porque é inteligente, mais ousado e perverso

Por Roberto Kuppê (*)

Pode existir alguém mais perverso (sem escrúpulos) do que Jair Messias Bolsonaro, o ex-presidente do Brasil? Parecia impossível, mas existe. E atende pelo nome de Pablo Marçal, o controverso coach, pré-candidato outsider prefeitura de São Paulo. Ele é dono de um canal no Youtube com mais de 2 milhões de inscritos (além de 4,7 milhões seguidores em sua conta no Instagram), no qual compartilha uma série de vídeos sobre “Inteligência Emocional”.

Marçal se apresenta com uma extensa lista de credenciais: cristão, filantropo, empreendedor imobiliário e digital, mentor, estrategista de negócios, especialista em branding, e jurista por formação. A popularidade não é recente. Cristão fervoroso e protagonista de uma longa trajetória como coach, ele foi eleito deputado federal por São Paulo em 2022, mas não chegou a assumir o cargo depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspender o registro da candidatura.

Posa de bilionário, de empresário de sucesso, mas, segundo a última declaração de bens no imposto de renda dele, publicada pelo TSE por ocasião de sua candidatura indefirida a presidente, em 2022, ele declarou um patrimônio de R$ 16,9 milhões, porém, para deputado federal declarou no mesmo ano, 2022, um patrimônio total de 88 milhões de reais. Veja aqui.

Na relação de bens não consta nenhum helicóptero e nenhum jatinho que afirma possuir, mas diz que possui participações societárias (sem detalhar) no valor de 80 milhões de reais. Com certeza, ou está superestimando seu patrimônio ou sonegando impostos.

Pablo Marçal navega no mesmo nicho de votos de Bolsonaro e é um ameaça real ao bolsonarismo. Em nada atinge, porém, a pré-candidatura do esquerdista Guilherme Boulos (PSOL). Quem vota na esquerda, não vota na direita. Os votos de Boulos são indevassáveis e intransferíveis. Já os votos de Bolsonaro, sim. São volúveis e sujeitos mudanças de acordo com o humor dos seus eleitores. No momento, Marçal tenta apoio de Bolsonaro, mas ele quer distância dele, sob pena de lá na frente se arrepender. Por isso, vai até o fim com Ricardo Nunes (MDB). O problema é que Marçal tem tudo para chegar no segundo turno com Boulos. Ai sim, o coach passa a ser um problema também para Guilherme Boulos.

Se Pablo Marçal se eleger prefeito da cidade de São Paulo, o que não é impossível, o atual governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) também terá suas pretenções futuras ameaçadas. De uma coisa este articulista está convicto, Ricardo Nunes não se reelege.

Uma vez prefeito, Pablo Marçal vai uerer transformar S Paulo numa Dubai. Risos. E tem um proposta mirabolante. Construir um prédio de1 km. Virou piada.

https://www.youtube.com/watch?v=PItrQmm0B50

 

Antes de ser pré-candidato a prefeito de S Paulo, Pablo Marçal era motivo de sátiras na internet. O polêmico coach virou piada depois de dizer em uma palestra que acalmou um piloto de helicóptero durante uma pane. Viralizou nas redes trechos de palestras em que ele se gaba de seus supostos feitos — como acalmar um piloto de helicóptero durante uma pane.

Começaram a editar esse e outros trechos como se o Pablo estivesse contando vantagem em uma mesa de bar.

O cara virou uma espécie de Chuck Norris da disrupção.

E emplacou de vez como comediante, mesmo que sem a intenção.

Recentemente, o coach comentou os memes, e… parece que ele não está achando muita graça.

 (*) Roberto Kuppê é articulista político e diretor geral do A Democracia

Com informações de O Globo 

Breno Altman em Porto Velho, no seminário Imperialismo, libertação nacional e a questão palestina

O Grupo de Pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR/UNIR) realiza no próximo dia 18 de junho o Seminário “Imperialismo, libertação nacional e a questão palestina”, com a presença de Breno Altman (jornalista e fundador do portal Ópera Mundi) e Ualid Rabah (Presidente da Federação Árabe Palestina – Fepal). O seminário será no auditório da UNIR-Centro, em Porto Velho, a partir das 19h, e as inscrições podem ser feitas gratuitamente neste link até a data do evento.

O objetivo, segundo com os organizadores (HISTEDBR, Cebraspo, Adunir e Comitê de Apoio a Resistência Palestina – Rondônia), é “discutir o papel do imperialismo, em especial do imperialismo estadunidense e de outras potências europeias no apoio e financiamento do genocídio e limpeza étnica na Palestina histórica, perpetrado pelo estado sionista e colonial de Israel”.

A comissão organizadora do evento de extensão conta com professores dos cursos de Ciências da Educação, História, Psicologia, Medicina e do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), além de servidores técnico-administrativos e estudantes do curso de Ciências Sociais da UNIR. Como afirmam os organizadores, “debater acerca das tarefas históricas da resistência nacional palestina em sua luta por autodeterminação e libertação nacional são os temas centrais do seminário”,

Lançamento de livro – Durante o Seminário ocorrerá também o lançamento do livro do jornalista Breno Altman: “Contra o Sionismo: Retrato de uma doutrina colonial e racista”, seguida de uma sessão pública de autógrafos com o autor.

O evento iniciará com credenciamento e sessão de autógrafos a partir das 18h30, e o Seminário a partir das 19h.

 

Seminário – Imperialismo, libertação nacional e a questão Palestina

Data: 18 de junho de 2024, a partir das 18h30

Local: Auditório da UNIR-Centro (avenida presidente Dutra, n. 2965)

Inscrições: gratuitas até o dia 18 de junho de 2024, no link https://www.even3.com.br/imperialismo-libertacao-nacional-e-a-questao-palestina-460756/

Público alvo: Estudantes, graduados, pós-graduados, docentes, jornalistas, ativistas de movimentos populares e sociais, estudantes secundaristas, intelectuais de diversas frentes, membros de comunidades árabes-palestinas em diáspora, membros das comunidades islâmicas e outras pessoas interessadas da temática a solidariedade e luta por libertação e autodeterminação do povo palestino.

Coluna Zona Franca

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                                               Haddad forte

Lula e Fernando HaddadO presidente Lula (PT), em entrevista coletiva neste sábado (15) no encerramento do G7, disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), “jamais ficará enfraquecido” em seu governo. A declaração de Lula vem após rumores de que o ministro estaria sendo pressionado por diversos setores, inclusive por alas do governo, principalmente depois de ser ventilada a possibilidade de desvincular benefícios sociais da Previdência do aumento do salário mínimo. “O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República, porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim. Então é o seguinte: se o Haddad tiver uma proposta, o que vai acontecer é que ele vai me procurar essa semana para sentar e discutir economia comigo”.

Se entregou

Eurípedes Junior, presidente do partido Solidariedade, entregou-se à Polícia Federal (PF) na manhã deste sábado (15), acompanhado por seus advogados, informa a CNN Brasil. Ele se apresentou na Superintendência da PF no Distrito Federal, onde já está detido em uma cela. O dirigente partidário era alvo de uma operação da PF deflagrada na última quarta-feira (12), que buscava cumprir sete mandados de prisão preventiva. No entanto, Eurípedes não foi localizado na data, sendo o único alvo que permanecia foragido.

PL do estupro

Pode ser uma imagem de textoO presidente Lula (PT) concedeu neste sábado (15) uma entrevista coletiva no encerramento do G7, na Itália, e falou a jornalistas sobre o chamado “PL do estupro”, que teve urgência aprovada na Câmara dos Deputados. O projeto visa equiparar o aborto realizado após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio. Com isso, a pena prevista para a mulher que realizasse o aborto após o prazo estipulado seria maior que a pena de um estuprador.

 

 

 

PL do estupro 2

Lula classificou o projeto como uma “insanidade” e voltou a defender que o tema do aborto seja tratado como “questão de saúde pública”. Ele também prometeu se inteirar so assunto sobre o “PL do estupro” ao retornar ao Brasil.

Abominável

O Grupo Prerrogativas afirmou em nota, nesta sexta-feira (14), que o PL que equipara o aborto realizado após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio é “abominável”. Em comunicado, o grupo repudiou a proposta, argumentando que, caso o texto seja aprovado, as crianças não só terão que conviver com os traumas decorrentes da violência sexual, como serão obrigadas a “gestar filhos dos estupradores”.

Abominável 2

“Não resta dúvida que o abjeto Projeto é inconstitucional, fere a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito”, afirmou. A proposta, que é de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), tramita em regime de urgência desde a quarta-feira (12) na Câmara dos Deputados. A medida visa acelerar a análise do texto.

Eleições 2024

Pré-candidata Euma Tourinho, do MDB

Quem cedo madruga….O MDB definiu a data de 20 de julho para a realização da sua Convenção Municipal para a homologação da candidatura de Euma Tourinho  a prefeita de Porto Velho (RO). Há no partido a convicção da viabilidade eleitoral de Euma e de sua nominata de vereadores(as). “Nós estamos convictos das possibilidades de vitória dos nossos candidatos. A costumeira postergação das convenções se presta aos acordos que excluem o cidadão“, afirmou Williames Pimentel, presidente municipal do partido.

Eleições 2024-2

Falando em Euma, ela está na Ponta do Abunã – em companhia de Fran Kaxarari (pré-candidata vereadora), cumprindo agenda a começar por Extrema, com propostas para inserir os Distritos na pauta da prefeitura de Porto Velho.

Vices

A pré-candidata Mariana Carvalho (União Brasil), tem praticamente certo o nome do vice. O mais cotado é o empresário Jaime Gazola (PL). Outro forte nome é do ex-secretário da Secretaria de Regularização Fundiária (Semur), Edemir Brasil.

Vices 2

Do Léo Moraes(Podemos) ainda está indefinido. Idem os vices ou as vices de Vinícius Miguel (PSB), Euma Tourinho, Benedito Alves (SD) e Célio Lopes (PDT).

Pré-campanha

Os pré-candidatos de modo geral, tem que gastar em suas pré-ampanhas. Gastos com redes sociais, mídia, pesquisas, almoços, jantares, viagens. Tudo tem custo. É do jogo. Não adianta colocar um escorpião no bolso e achar que suas campanhas vão deslanchar. Quem não tem as manhas não entra não, sem a instrução de um profissional. É pix na mão, calcinha no chão. Risos.

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia e no Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidaddo colaborador e titular desta coluna. O Portal Mais RO não tem responsabilidade legal pela opinião, que é exclusiva do autor.

MIS celebra os 80 anos de Chico Buarque com programação especial no mês de junho

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O mês de junho traz o aniversário de um dos maiores cantores e compositores brasileiros de todos os tempos, Chico Buarque, que completa oitenta anos no dia 19. E para celebrar a data, o MIS, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, realiza a programação especial CHICO 80, que trará eventos temáticos ao longo do mês, incluindo programas fixos do museu, como o Cinematographo, Cine Kids e Estéreo MIS, e outros totalmente inéditos, como o lançamento do CD “Claudette canta Chico”, de Claudette Soares.

Em toda sua trajetória, Chico Buarque não apenas criou uma obra vasta e diversificada, mas também se tornou uma figura de resistência e consciência social. Sua música e sua arte são testemunhos de sua dedicação em retratar as realidades e os sonhos do povo brasileiro, deixando um legado duradouro, que continuará a ecoar por muitas gerações. O especial CHICO 80 reverencia a obra sem paralelo e repleta de ramificações que o compositor nos ofereceu ao longo dos seus sessenta anos de carreira em diversas frentes.

Programação CHICO 80

 

16 de junho, às 15h | Cinematographo: “Ópera do malandro”

O Cinematographo apresenta o filme “Ópera do malandro”. O musical foi dirigido por Ruy Guerra em 1985 e se baseia no espetáculo homônimo escrito por Chico Buarque e dirigido por Luís Antônio Martinez Corrêa em 1978. O espetáculo, por sua vez, tinha inspiração em “Ópera do mendigo” (1724), de John Gay e Johann Christoph Pepusch, e em “A ópera dos três vinténs” (1928), de Bertold Brecht. A edição ganha uma trilha sonora ao vivo executada pelos músicos Cíntia Gasparetti, Cris Cunha, Tâmara David, Paulo Viel e Eduardo Contrera. 

16 de junho, às 16h | CineCiência: “Raízes do Brasil”

O CineCiência traz a cinebiografia do pai de Chico Buarque, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), lançada em 2004 por Nelson Pereira dos Santos. Em sua primeira parte, a que será exibida no MIS, imagens de arquivo se mesclam com o registro de encontros familiares, revelando a personalidade, mas também o horizonte intelectual do autor de “Raízes do Brasil”.  Após a sessão, será realizado um debate, mediado por José Luiz Goldfarb, com o professor Pedro Meira Monteiro, que abordará a atualidade das ideias de Sérgio Buarque de Holanda e a relação que elas guardam com a obra literária de seu filho mais famoso.

22 de junho, às 20h | Lançamento do CD “Claudette canta Chico” + show + sessão de autógrafos

Claudette Soares lançou, em março de 2024, o álbum “Claudette canta Chico”, em comemoração aos oitenta anos do artista. A seleção de canções, que ganharam uma roupagem nova na personalidade da voz de Claudette, fazem um percurso por toda a carreira do compositor e incluem tanto canções antigas, de seus primeiros discos, como dos últimos lançamentos.

O lançamento do CD físico no MIS será acompanhado de um show de Claudette Soares, seguido de uma sessão de autógrafos com a artista, que, no auge dos seus 88 anos, continua sendo uma das diversas vozes que representam tão bem a cultura popular brasileira.

27 de junho, às 19h | Clube do Filme do Livro: “Benjamim”

A edição de junho do programa mensal Clube do Filme do Livro integra a programação especial CHICO 80 com o filme Benjamim” (2004), dirigido por Monique Gardenberg, adaptação do livro homônimo de Chico Buarque lançado em 1995. A convidada do mês para discutir a obra sob a ótica da adaptação é a diretora e roteirista do longa-metragem Monique Gardenberg.

28 de junho, às 21h | Estéreo MIS: Ayrton Montarroyos

O convidado para essa edição do Estéreo MIS não poderia ser mais especial: Ayrton Montarroyos iniciou sua carreira após a divulgação de um vídeo da música “Olhos nos olhos”, do cantor homenageado. Desde então, ascendeu na cena musical, sendo indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, pelo disco “Herivelto Martins – 100 anos”. No show que será realizado no MIS no dia 28 de junho, Ayrton convida como participação especial o compositor e pianista Nelson Ayres.

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Presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia passa por nova cirurgia plástica com sucesso

O deputado estadual Marcelo Cruz (PRTB-RO) foi submetido a uma cirurgia de blefaroplastia para corrigir o excesso de pele e bolsas nas pálpebras superiores e inferiores.  O procedimento cirúrgico foi bem-sucedido e o parlamentar encontra-se em fase de recuperação em sua residência. O parlamentar rondoniense já havia passado por um cirurgia estética em 2020, sendo alvo do Ministério Público de Rondônia. Na ocasião ele afirmou que todas as despesas foram pagas com recursos particulares, conforme demonstram transferências bancárias de sua conta pessoal endereçadas ao médico responsável pelo tratamento.

Apesar de ser bastante vaidoso, não procede que ele queira se transformar no Ken Humano. Cruz é pré-candidato a prefeitura de Porto Velho e quer estar bem apresentável.

Com informações do Tudo Rondônia

 

Deputado do PL-BA pede reembolso por estada em hotel de luxo em Copacabana após assistir show da Madonna

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O deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA), conhecido no meio político baiano como “Jonga Bacelar”, usou parte da cota parlamentar de maio para solicitar reembolso de uma estada em um hotel de luxo no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro.

De acordo com o Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, o valor total gasto com uma única diária foi de R$ 4.173,66, e o parlamentar baiano ficou hospedado no Fairmont Rio de Janeiro Copacabana. Localizado na Avenida Atlântica, próximo às praias de Copacabana e Ipanema, é o primeiro hotel na América do Sul com a bandeira de luxo da tradicional rede Accor.

Ainda com base na nota emitida pelo hotel, disponível na aba de hospedagem da cota parlamentar, Jonga Bacelar deu entrada no local em 4 de maio, um sábado, e saiu no dia seguinte. Sem atividades da Câmara em Brasília durante finais de semana, outro detalhe é que a data da estada do deputado no Rio foi marcada pelo show da rainha pop Madonna.

Por Metrópoles

Papa Francisco a Lula: ‘é você quem pode fazer um mundo mais humano’

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Lula se encontrou com o papa Francisco durante a cúpula do G7, na Itália

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Francisco discutiram, nesta sexta-feira (14), as desigualdades globais, durante a cúpula do G7, na Itália. “Encontro com Sua Santidade, o Papa Francisco. Conversamos sobre paz, combate à fome e a necessária redução das desigualdades no mundo”, relatou Lula nas redes sociais.

Eles também conversaram sobre a paz mundial, o combate à fome e maneiras de reduzir a desigualdade social, de raça, de gênero, de educação e de saúde. A primeira-dama, Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja, também participou.

“Eu quero ver se. a gente faz o mundo mais humano”, disse Lula ao papa, ao que o pontífice respondeu: “E você pode fazer isso”.

Lula participa da cúpula do G7 na Itália na qualidade de representante do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo e cuja presidência rotativa é do Brasil em 2024. Já o G7 congrega as potências industriais Estados Unidos, Alemanha, Japão, Itália, França, Canadá e Reino Unido. O papa Francisco se tornou o primeiro pontífice a discursar em uma cúpula do G7.

Ministra Cármen Lúcia diz que confia nos servidores da Justiça Eleitoral para a realização das Eleições 2024

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Primeiro turno do pleito municipal será realizado no dia 6 de outubro em mais de 5,5 mil cidades do país

Faltando cerca de 100 dias para o primeiro turno das Eleições Municipais 2024, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, em reunião com as servidoras e os servidores da Corte, nesta quarta-feira (12), afirmou que confia nas trabalhadoras e nos trabalhadores da Justiça Eleitoral para a realização do pleito com segurança e tranquilidade.

“Nós somos os encarregados de deixar o Brasil sem novidades ruins em termos eleitorais. Eu conto com cada um de vocês. Eu confio em vocês”, ressaltou a presidente da Corte.

A ministra destacou que, historicamente, o pleito municipal é mais dotado de emoções e paixões, porque é mais próximo das eleitoras e dos eleitores, e a disputa é sempre acirrada. Ela também lembrou que o país vive momentos de ódio e de incompreensões e que, por tudo isso, as servidoras e os servidores da Justiça Eleitoral têm de passar às eleitoras e aos eleitores a certeza de que tudo correrá bem.

“Vamos nos compor como uma grande família eleitoral. O Brasil merece o melhor de todos nós”, concluiu.

Também participaram da reunião a secretária-geral da Presidência do TSE, Andrea Pachá, e a diretora-geral da Corte, Roberta Gresta.

Encontro com os TREs

No primeiro dia de atividades após a posse como presidente do TSE, a ministra Cármen Lúcia se reuniu com os presidentes dos tribunais regionais eleitorais (TREs) com o intuito de alinhar a atuação da Justiça Eleitoral neste ano de eleições, bem como tratar dos preparativos para o pleito municipal de outubro.

O primeiro turno das Eleições Municipais 2024 acontece no dia 6 de outubro, e o segundo, onde for necessário, ocorre no dia 27. Mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores vão às urnas eletrônicas escolher novos prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos.

Justiça Eleitoral de Rondônia lança Cartilha de Audiodescrição e Autodescrição

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A Justiça Eleitoral de Rondônia (TRE-RO) acaba de disponibilizar a sua Cartilha de Audiodescrição e Autodescrição. Este material, elaborado pela Assessoria de Sustentabilidade e Acessibilidade (ASSESUA), tem como objetivo principal promover a inclusão digital e a acessibilidade em todas as nossas atividades.

A audiodescrição de palestrantes já é adotada em eventos de todas as naturezas, bem como nas sessões plenárias do TRE-RO, desde 2023. Essa iniciativa visa garantir que todas as pessoas, independentemente de suas capacidades visuais, possam participar e compreender plenamente nossas ações e decisões.

Convidamos todos, tanto o público interno quanto o externo, a conhecerem e utilizarem a cartilha.

Acesse o  material

A Justiça Eleitoral de Rondônia está comprometida com a acessibilidade e a inclusão. Conheça a Cartilha de Audiodescrição e Autodescrição e ajude a tornar nosso ambiente mais inclusivo para todas e todos.

Para mais informações, acesse nosso portal ou entre em contato com a ASSESUA.

Fonte: TRE-RO

Lira, que liberou PL do aborto, já foi acusado de estupro

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A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (12) a urgência do Projeto de Lei 1904/24, que prevê a criminalização do aborto realizado após 22 semanas de gestação, considerando-o homicídio, mesmo em casos de gravidez resultante de estupro. No entanto, um fato intrigante é que o PL foi colocado em votação pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que já enfrentou acusações de estupro.

A ex-mulher de Lira, Jullyene Lins, com quem ele foi casado por dez anos, foi a responsável pela acusação. Ela afirmou que, seis meses após a separação, em 5 de novembro de 2006, foi agredida e estuprada pelo político. Segundo a mulher, a agressão ocorreu após o parlamentar ter descoberto que ela estava se encontrando com outro homem.

Lira foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois que Jullyene mudou seu depoimento, alegando ter sido ameaçada por ele de perder a guarda dos filhos se não retirasse a queixa. No ano passado, Jullyene revelou durante entrevista à Agência Pública que a violência também incluiu abuso sexual.

“Aconteceu uma coisa que eu nunca contei a ninguém, ele disse pra mim: ‘Você está atrás de macho, eu vou lhe mostrar quem é o homem’. Ele me puxava pelo cabelo e dizia: ‘O homem aqui… você é minha mulher, você não vai ter outro homem, você é minha, você é a mãe dos meus filhos. Você quer me desmoralizar, vamos lá para o quarto agora que eu vou te mostrar quem é o homem aqui, você não quer isso? Você não está querendo? Atrás de homem pra quê? Pra fuder? Então vou lhe mostrar agora.’”

Vale ressaltar que após a repercussão do caso, a reportagem da Agência Pública sobre as acusações de Jullyene foi censurada e está, atualmente, fora do ar. Em um julgamento em abril, a Justiça do Distrito Federal manteve a censura à reportagem, que havia sido publicada em junho de 2023.

Acerca da aprovação do PL, Jullyene Lins manifestou sua indignação em seu perfil no X, antigo Twitter, relacionando os eventos ao seu passado de acusações contra Lira.

 

DCM

Político do União Brasil é suspeito de engravidar menina de 13 anos e induzir aborto

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No dia 1° de junho, moradores de Porto Walter, no interior do Acre, encontraram o feto de um bebê abortado sendo devorado por urubus. Após uma investigação, a Polícia Civil da cidade identificou a provável mãe, uma menina de 13 anos que teria sido vítima de estupro de um funcionário público. Nesta sexta-feira (14), a jovem relatou que manteve relações sexuais com um homem, que lhe forneceu medicamentos abortivos após descobrir a gravidez.

Identificado apenas como Sérgio, segundo o jornal Folha do Acre, ele já tem se divulgado no município como pré-candidato a vereador pelo União Brasil, partido que conta com dois deputados que propuseram o PL antiaborto. Se aprovado, o projeto pode equiparar a ação da vítima a um crime de homicídio.

O feto foi encontrado dentro de uma sacola, que estava sendo rasgada e arrastada por urubus, chamando a atenção dos moradores da Rua Amarizio Sales, no bairro da Portelinha. A Polícia Militar foi acionada e o feto foi levado ao hospital local, pois a cidade não possui Instituto Médico Legal (IML). Segundo jornais locais, o feto apresentava sinais de ataque por animais, dificultando a identificação do sexo e da idade gestacional.

“Ela afirmou que manteve uma relação sexual com um homem de Porto Walter, que terminou engravidando. Em decorrência da gravidez, ela teve que praticar um aborto porque foi induzida pelo pretenso estuprador. Por conta desse aborto ela alegou que estava sentindo muitas dores, deu entrada no hospital da cidade de Porto Walter e, posteriormente, saiu. No dia de ontem foi agilizado para ela ser transferida para Cruzeiro do Sul pelo TFD, mas ela se negou a ir”, explicou o delegado José Obetânio.

O delegado também explicou que a vítima passará por exame de conjunção carnal e outros procedimentos para confirmar os relatos. Caso se comprove a paternidade e a indução ao aborto, o homem poderá ser denunciado por estupro de vulnerável e por ter induzido a menina ao aborto.

Imagem ilustrativa

“Ele foi ouvido e disse que não teve relações sexuais com ela, que não induziu fazer aborto. Admite que fez um Pix para ela de R$ 50, mas segundo ele foi para ela comprar comida. Segundo ela, o dinheiro foi pra ela utilizar no que ela quisesse e ele mesmo deu os remédios abortivos para ela”, disse Obetânio.

O feto será exumado para a realização de um exame de DNA, que pode comprovar a paternidade. “Nós representamos pela exumação do corpo, para realizar exame de DNA para comprovar a paternidade. A autorização já foi dada e o perito deverá chegar em Porto Walter para a realização da exumação e perícia. Se ficar constatada que o homem induziu a menina ao aborto ele será responsabilizado criminalmente, podendo ser preso”, concluiu o delegado.

A adolescente foi levada à Unidade Mista do município devido a uma infecção decorrente do aborto. Ela aguardava transferência para o Hospital de Cruzeiro do Sul, mas foi levada para casa por uma mulher que assinou um termo de responsabilidade por ela.

Boulos lidera corrida eleitoral em São Paulo com 37,2%, ante 20,5% de Ricardo Nunes, diz pesquisa AtlasIntel

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O deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, lidera a corrida eleitoral, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (28) pelo instituto AtlasIntel, em parceria com a CNN Brasil. Com 37,2% das intenções de voto, Boulos mantém uma vantagem significativa sobre o atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que aparece com 20,5%. empresário Pablo Marçal (PRTB), que teve seu nome lançado pelo PRTB no último sábado, aparece em terceiro lugar, com 10,4% das intenções de voto.

Ainda conforme a pesquisa, a deputada federal Tábata Amaral (PSB) possui 9,9% das intenções de voto. José Luiz Datena, que trocou o PSB pelo PSDB em abril, e o deputado federal Kim Kataguiri, pré-candidato pelo União Brasil, aparecem empatados, com 7,9% da preferência do eleitorado. Os eleitores que disseram não saber em quem votar somaram 0,9% e os que declararam que iriam votar em branco ou nulo ficaram em 1,4%.

Ainda conforme o levantamento, Boulos e Nunes aparecem empatados em um eventual segundo turno da disputa pela prefeitura da capital. Segundo o levantamento, divulgado nesta terça-feira (28), Nunes possui 46% das intenções de voto ante 43,5% de Boulos. A fatia de eleitores que ainda não sabem em quem votar representa 2,1%, enquanto 8,3% declararam a intenção de votar nulo ou em branco.

O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-05357/2024. No total, 1.670 eleitores da capital paulista foram entrevistados por meio do Recrutamento Digital Aleatório (Atlas RDR) durante o período de 22 a 27 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Brsil 247

Mercado financeiro lança seus candidatos “independentes”

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Por Florestan Fernandes Jr

A “turma do poder” já teceu planos e estratégias para devorar o país, no costumeiro apetite predatório que lhes é peculiar

A extrema-direita está de volta, dando as cartas através dos seus principais governadores, líderes do bolsonarismo, do mercado financeiro e da mídia corporativa nacional. Vieram em seu estilo próprio, o da “lacração”, que domina hoje as redes sociais fascistas e inflama os afetos dos incautos.

A turma da Faria Lima, sem qualquer constrangimento, aderindo às fake-news, espalhou toda espécie de cizânia, visando a desestabilização do governo federal. Foi o que vimos durante esta semana, com os fuxicos recentes de que Rui Costa teria pedido a cabeça de Haddad, ou ainda que o próximo Ministro da Fazenda seria indicado por Mercadante.

Nesse cenário de busca incessante de desestabilização, os golpistas aparecem serelepes, livres, leves, soltos e engajados, ombreados com a grande mídia e o mercado financeiro na campanha para a sucessão presidencial. O interesse é um só: “business”.

As movimentações nesse sentido se deram em encontros nababescos. Um deles no mês passado, patrocinado pelo “golden boy” da Rede Globo, Luciano Huck. Também mais recentemente em um jantar oferecido pelo governador paulista no Palácio dos Bandeirantes. Os dois encontros tinham como principais comensais o governador Tarcísio de Freitas e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Nas festas de Babete tupiniquim, foram servidos na bandeja aos banqueiros e homens do mercado financeiro, o candidato à sucessão de Lula, o atual governador paulista e, como seu homem na Fazenda, o atual presidente do Banco Central “independente”, Roberto Campos Neto. Entre goles e garfadas, a “turma do poder”, teceu planos e estratégias para devorar o país, no costumeiro apetite predatório que lhes é peculiar.

Os neoliberais precisaram de apenas seis anos (dois de Temer e quatro de Bolsonaro) para sedimentar uma política econômica muito bem amarrada com as emendas parlamentares e com a ação de um Banco Central “autônomo”, que mantém uma taxa de juros imoral, em patamares estratosféricos e injustificável. Tudo isto atendendo aos seus interesses e apetites.

Mas não só os rentistas. Além deles, parte do andar de cima da pirâmide social se deleita ainda com os incentivos fiscais criados em 2013, com a desoneração da folha salarial, que atende 17 setores da economia. Um rombo no orçamento do governo de mais de 26 bilhões de reais, apenas em 2024. Essa benesse custeada com o dinheiro do contribuinte, não tem sequer prestação de contas sobre a sua própria razão de existir: a preservação dos empregos.

Seria importante que empresas como a Rede Globo, por exemplo, beneficiadas com descontos nos impostos, apresentassem o balanço de empregos preservados nos últimos 10 anos. Uma manifestação de transparência. Aquela mesma que tanto cobra da administração pública, e que não apresenta quando se trata do uso de dinheiro público – e desoneração da folha diz respeito a dinheiro público, sim! Mas o fato é que não estão nem aí. Cobram de Fernando Haddad o equilíbrio fiscal que eles próprios não respeitam.

Lembro que em 2002 conversei com um ex-diretor da área econômica da família Marinho, que durante anos tinha que definir os investimentos das fortunas pessoais dos donos e das aplicações dos recursos bilionários da empresa.

Fazer fortuna com recursos públicos é uma especialidade de um seleto grupo que manda e desmanda no país há séculos. Para isto, têm os seus nas esferas de poder. Foi através desses aliados no Congresso que o seleto grupo conseguiu recentemente prorrogar a aberração que é a desoneração da folha salarial.

Ou seja, pressão de todos os lados com a cobrança de rigor fiscal apertado, mas abrir mão da desoneração, jamais! Farinha pouca, meu pirão primeiro! E assim caminha a cruzada contra o Brasil.

Como disse no Boa Noite 247 o ex-ministro Luís Carlos Bresser Pereira, “o governo atual paga juros extremamente altos, juros que representam 7% do PIB.” Isso, para Bresser, é um escândalo, é uma captura do patrimônio público. Trocando em miúdos, é corrupção mesmo. E o pior é que alegam que esses juros pornográficos servem para combater a inflação. Uma falácia.

Antes de embarcar para o G7, Lula disse que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão alcançar a meta de déficit, sem comprometer os investimentos”. Foi a deixa para o tal mercado ficar nervosinho, com o dólar subindo e a bolsa caindo.

Acho que o melhor seria o governo Lula ir para o enfrentamento e falar abertamente com a população. E o primeiro tema poderia ser a desoneração da folha salarial. O governo poderia levantar, junto ao Ministério do Trabalho, quantos empregos eram ofertados pelos 17 setores beneficiados pela isenção fiscal em 2013 e quantos são ofertados hoje. Seria a oportunidade de se esclarecer quem paga – eu, você e todos nós – se a desoneração efetivamente alcança a sua finalidade (é intuitivo que não), quem se beneficia dela e a que custo para o povo brasileiro. Transparência é um dos princípios da administração pública e tributária.

É apenas uma ideia de quem vê, desolado, que o deus mercado venceu mais uma, e que Haddad se vê agora obrigado a revisar gastos do governo. O nosso suado dinheirinho vale mais nas mãos do mercado, do que nas mãos dos trabalhadores, esta massa que efetivamente produz as riquezas do país.

(*) Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

Franz Kafka, espírito libertário

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Por MICHAEL LÖWY*

Notas por ocasião do centenário da morte do escritor tcheco

1.

Franz Kafka era um espírito libertário. É claro que sua obra não pode ser reduzida a uma doutrina política, seja ela qual for. O escritor não produz discursos, mas cria indivíduos e situações, exprime em sua obra sentimentos, atitudes, uma Stimmung. O mundo simbólico da literatura é irredutível ao mundo discursivo das ideologias: a obra literária não é um sistema conceitual abstrato, como as doutrinas filosóficas ou políticas, mas a criação de um universo imaginário concreto de personagens e coisas.[i]

No entanto, isso não nos impede de explorar as passagens, as passarelas, as ligações subterrâneas entre seu espírito antiautoritário, sua sensibilidade libertária, suas simpatias pelo anarquismo, por um lado, e seus principais escritos, por outro. Estas passagens dão-nos um acesso privilegiado àquilo a que se poderia chamar a paisagem interna da obra de Franz Kafka.

Três testemunhos de tchecos contemporâneos documentam a simpatia do escritor de Praga pelos socialistas libertários tchecos e sua participação em algumas de suas atividades. No início dos anos 1930, na ocasião de suas pesquisas para o romance Stefan Rott (1931), Max Brod recolheu informações junto a um dos fundadores do movimento anarquista tcheco, Michal Kacha. Trata-se da participação de Kafka nas reuniões do Klub Mladych (Clube dos Jovens), uma organização libertária, antimilitarista e anticlerical, frequentada por vários escritores tchecos (S. Neumann, Mares, Hasek).

Incorporando estas informações – que lhe foi “confirmada por outra parte” – Max Brod observa em seu romance que Kafka “assistia frequentemente, em silêncio, às reuniões do círculo. Kacha achava-o simpático e chamava-o ‘Klidas’, que poderia ser traduzido como ‘o taciturno’ ou, mais precisamente, na gíria tcheca, como ‘o colosso do silêncio’”. Max Brod nunca pôs em dúvida a veracidade deste testemunho, que citaria novamente em sua biografia de Franz Kafka.[ii]

O segundo testemunho é o do escritor anarquista Michal Mares, que conheceu Franz Kafka na rua (eram vizinhos). Segundo Michal Mares – cujo documento foi publicado por Klaus Wagenbach em 1958 –, Kafka tinha ido, a seu convite, a uma manifestação contra a execução de Francisco Ferrer, o educador libertário espanhol, em outubro de 1909. Durante os anos 1910-12, ele teria assistido a conferências anarquistas sobre o amor livre, a Comuna de Paris, a paz e contra a execução do militante parisiense Liabeuf, organizadas pelo “Clube dos Jovens”, pela associação “Vilem Körber” (anticlerical e antimilitarista) e pelo Movimento Anarquista tcheco.

Em várias ocasiões, ele teria até mesmo pago cinco coroas de fiança para libertar seu amigo da prisão. Mares, tal como Kacha, insiste no silêncio de Kafka: “Tanto quanto sei, Franz Kafka não pertencia a nenhuma destas organizações anarquistas, mas tinha as fortes simpatias de um homem sensível e aberto aos problemas sociais. No entanto, apesar de seu interesse por estas reuniões (dada sua assiduidade), jamais interveio nas discussões”. Este interesse manifesta-se também em suas leituras – Discursos de um rebelde, de Kropotkin (presente do próprio Mares), bem como os escritos dos irmãos Reclus, Bakunin e Jean Grave – e em suas simpatias: “o destino do anarquista francês Ravachol ou a tragédia de Emma Goldmann, que editava Mother Earth, tocaram-no particularmente…”.[iii]

O terceiro documento é Conversas com Kafka, de Gustav Janouch, publicado pela primeira vez em 1951 e, consideravelmente aumentado, em 1968. Este relato, que se refere aos intercâmbios com o escritor de Praga durante os últimos anos de sua vida (a partir de 1920), sugere que Franz Kafka mantinha sua simpatia pelos libertários. Não apenas descreve os anarquistas tchecos como “muito amáveis e muito alegres”, “tão amáveis e tão simpáticos que somos obrigados a acreditar em tudo o que dizem”, mas as ideias políticas e sociais que exprime no curso dessas conversas continuam fortemente marcadas pela corrente libertária.

Por exemplo, sua definição do capitalismo como “um sistema de relações de dependência” onde “tudo é hierarquizado, tudo está em ferros” é tipicamente anarquista, por sua insistência no caráter autoritário deste sistema – e não na exploração econômica como o marxismo. Mesmo sua atitude cética em relação ao movimento operário organizado parece inspirada na desconfiança libertária em relação aos partidos e às instituições políticas: por trás dos operários que desfilam “já se adiantam os secretários, os burocratas, os políticos profissionais, todos os sultões modernos que preparam o acesso ao poder… A revolução evapora-se, resta apenas a lama de uma nova burocracia. As correntes da humanidade torturada são feitas de papéis dos ministérios”.[iv]

A hipótese sugerida por estes documentos – o interesse de Franz Kafka pelas ideias libertárias – é confirmada por certas referências em seus escritos íntimos. Por exemplo, em seu diário, encontramos este imperativo categórico: “Não esquecer Kropotkin!”; e numa carta a Max Brod, em novembro de 1917, exprime seu entusiasmo por um projeto de revista (Páginas de combate contra a vontade de poder) proposto pelo anarquista freudiano Otto Gross.[v] Não esquecendo o espírito libertário que parece inspirar algumas de suas declarações, por exemplo, a observação cáustica que um dia fez a Max Brod, referindo-se a seu local de trabalho, o Serviço de Seguro Social (onde os trabalhadores acidentados vinham reclamar seus direitos): “Como estes homens são humildes… Vêm pedir-nos ajuda. Em vez de invadirem a casa e de a saquearem, vêm pedir-nos ajuda”.[vi]

É muito provável que estes diferentes relatos – especialmente os dois últimos – contenham imprecisões e exageros. O próprio Klaus Wagenbach reconhece (sobre Mares) que “alguns detalhes podem estar errados” ou, pelo menos, “exagerados”. Do mesmo modo, segundo Max Brod, Mares, tal como muitas outras testemunhas que conheceram Franz Kafka, “tende a exagerar”, especialmente no que diz respeito à extensão de sua amizade com o escritor. Quanto a Janouch, enquanto a primeira versão de suas recordações dá uma impressão de “autenticidade e credibilidade”, pois “contém os sinais distintivos do estilo com que Kafka falava”, a segunda parece bem menos confiável.[vii]

Mas uma coisa é constatar as contradições ou os exageros destes documentos, outra coisa é rejeitá-los de imediato, qualificando as informações sobre as ligações entre Franz Kafka e os anarquistas tchecos como “pura lenda”. É esta a atitude de alguns especialistas, entre os quais Eduard Goldstücker, Hartmut Binder, Ritchie Robertson e Ernst Pawel – o primeiro um crítico literário comunista tcheco e os demais autores de biografias de Franz Kafka cujo valor é inegável.

2.

Vamos limitar-nos aqui a examinar o ponto de vista de Ritchie Robertson, autor de um ensaio notável sobre a vida e a obra do escritor judeu de Praga. O que é completamente novo e interessante neste livro é a tentativa de propor uma interpretação alternativa das ideias políticas de Kafka, que, segundo ele, não seriam nem socialistas nem anarquistas, mas românticas. Este romantismo anticapitalista não seria, em seu entender, nem de esquerda nem de direita.[viii] Ora, se o anticapitalismo romântico é uma matriz comum a certas formas de pensamento conservadoras e revolucionárias – e, nesse sentido, ultrapassa de fato a divisão tradicional entre esquerda e direita –, não deixa de ser verdade que os próprios autores românticos se situam claramente num dos pólos desta visão de mundo: o romantismo reacionário ou o romantismo revolucionário.[ix]

De fato, o anarquismo, o socialismo libertário e o anarcossindicalismo são exemplos paradigmáticos do “anticapitalismo romântico de esquerda”. Por conseguinte, definir o pensamento de Franz Kafka como romântico – o que me parece inteiramente pertinente – não significa de modo algum que ele não seja “de esquerda”, concretamente um socialismo romântico de tendência libertária.

Como todos os românticos, sua crítica da civilização moderna é tingida de nostalgia do passado – representada, para ele, pela cultura iídiche das comunidades judaicas da Europa do Leste. Com uma intuição notável, André Breton escreveu: “ao marcar o minuto atual”, o pensamento de Franz Kafka “gira simbolicamente para trás com os ponteiros do relógio da sinagoga” de Praga.[x].

3.

O interesse do episódio anarquista na biografia de Franz Kafka (1909-1912) é que ele nos oferece uma das chaves de leitura mais esclarecedoras da obra – em particular dos escritos a partir de 1912. Digo uma das chaves, porque o encanto desta obra vem também de seu caráter eminentemente polissêmico, irredutível a qualquer interpretação unívoca. O ethos libertário exprime-se nas diferentes situações que estão no centro de seus principais textos literários, mas sobretudo na forma radicalmente crítica como é representada a face assombrosa e angustiante da não-liberdade: a autoridade. Como bem disse André Breton, “nenhuma obra milita tanto contra a admissão de um princípio soberano exterior àquele que pensa”.[xi]

Um antiautoritarismo de inspiração libertária atravessa toda a obra romanesca de Franz Kafka, num movimento de “despersonalização” e reificação crescente: da autoridade paterna e pessoal à autoridade administrativa e anônima[xii]. Outra uma vez, não se trata de uma doutrina política qualquer, mas de um estado de espírito e de uma sensibilidade crítica – cuja principal arma é a ironia e o humor, o humor negro que é, segundo André Breton, “uma revolta superior do espírito”.[xiii]

Esta atitude tem raízes íntimas e pessoais em sua relação com o pai. Para o escritor, a autoridade despótica do pater familias é o próprio arquétipo da tirania política. Em sua Carta ao Pai (1919), Kafka recorda: “Você assumiu para mim o caráter enigmático dos tiranos, cujo direito não se baseia na reflexão, mas na própria pessoa deles”. Confrontado com o tratamento brutal, injusto e arbitrário dos empregados por seu pai, Franz Kafka solidariza-se com as vítimas: “Isto tornava a loja insuportável para mim, muito me fazia lembrar da minha própria situação em relação a você… É por isso que pertenço necessariamente ao partido dos empregados…”.[xiv]

As principais características do autoritarismo nos escritos literários de Kafka são: (i) a arbitrariedade: as decisões são impostas de cima, sem qualquer justificação – moral, racional, humana –, e muitas vezes com exigências desmedidas e absurdas feitas à vítima; (ii) a injustiça: a culpa é considerada – erroneamente – como evidente por si mesma, sem necessidade de prova, e os castigos são totalmente desproporcionais em relação à “culpa” (inexistente ou trivial).

Em sua primeira grande obra, O Veredito (1912), Kafka dedica-se apenas à autoridade paterna; é também uma das poucas obras em que o herói (Georg Bendemann) parece submeter-se inteiramente e sem resistência ao veredito autoritário: a ordem do pai ao filho para se atirar ao rio! Comparando esta novela com O Processo, Milan Kundera observou: “A semelhança entre as duas acusações, culpabilizações e execuções traiu a continuidade que liga o ‘totalitarismo’ íntimo da família ao das grandes visões de Kafka”[xv]. Com a ressalva de que nos dois grandes romances (O Processo e O Castelo) trata-se de um poder “totalitário” perfeitamente anônimo e invisível.

América (1913-14) é uma obra intermediária neste aspecto: as personagens autoritárias são, por vezes, figuras paternais (o pai de Karl Rossmann e o tio Jakob), por vezes, altos administradores de hotéis (o chefe do pessoal e o chefe dos porteiros). Mas mesmo estes últimos conservam um aspecto de tirania pessoal, combinando a frieza burocrática com um despotismo individual mesquinho e brutal. O símbolo deste autoritarismo punitivo aparece logo na primeira página do livro: desmistificando a democracia americana, representada pela famosa Estátua da Liberdade à entrada do porto de Nova Iorque, Franz Kafka substitui a tocha que tem nas mãos por uma espada… Num mundo sem justiça nem liberdade, a força nua e o poder arbitrário parecem reinar absolutos. A solidariedade do herói está com as vítimas desta sociedade: por exemplo, o motorista do primeiro capítulo, exemplo do “sofrimento de um pobre submetido aos poderosos”, ou a mãe de Thèrèse, levada ao suicídio pela fome e pela miséria. Ele encontra amigos e aliados ao lado dos pobres: a própria Thérèse, os estudantes, os habitantes do bairro popular que se recusam a entregá-lo à polícia – pois, escreve Franz Kafka num comentário revelador, “os operários não estão do lado das autoridades”.[xvi]

Do ponto de vista que nos interessa aqui, a grande viragem na obra de Franz Kafka é o conto Na colônia penal, escrito pouco depois de América. Há poucos textos na literatura mundial que apresentem a autoridade com uma imagem tão injusta e assassina. Não se trata do poder de um indivíduo – os Comandantes (Antigo e Novo) desempenham apenas um papel secundário na história – mas o de um mecanismo impessoal.

A contexto da história é o colonialismo… francês. Os oficiais e comandantes da colônia são franceses, enquanto os humildes soldados, estivadores e vítimas a executar são “nativos” que “não compreendem uma palavra de francês”. Um soldado “nativo” foi condenado à morte por oficiais cuja doutrina jurídica resume em poucas palavras a quintessência do arbitrário: “a culpa nunca deve ser posta em dúvida!”. Sua execução deve ser realizada por uma máquina de tortura que escreve lentamente em seu corpo, com agulhas que o perfuram: “Honra os seus superiores”.

A personagem central da história não é o viajante, que observa os acontecimentos com silenciosa hostilidade, nem o prisioneiro, que não reage, nem o oficial que preside à execução, nem o comandante da colônia. É a própria Máquina.

Toda a história gira em torno deste aparelho (Apparat) sinistro, que parece cada vez mais, no decurso da explicação bem detalhada do oficial ao viajante, como um fim em si mesmo. O Aparelho não está lá para executar o homem, mas o homem está lá para o Aparelho, para fornecer-lhe um corpo onde possa escrever sua obra-prima estética, sua inscrição sangrenta ilustrada com “muitos floreios e embelezamentos”. O próprio oficial é apenas um servo da Máquina e acaba por se sacrificar a este Moloch insaciável.[xvii]

Em que “Máquina de poder” concreta, em que “Aparelho de autoridade” que sacrifica vidas humanas, pensava Kafka? Na Colônia Penal foi escrito em outubro de 1914, três meses após o início da Grande Guerra…

Em O Processo e O Castelo, encontramos a autoridade como um “aparelho” hierárquico, abstrato e impessoal: os burocratas, por mais brutais, mesquinhos ou sórdidos que sejam, são meras engrenagens deste mecanismo. Como Walter Benjamin observa com acuidade, Franz Kafka escreve do ponto de vista do “cidadão moderno que se sabe entregue a um aparelho burocrático impenetrável, cuja função é controlada por instâncias que permanecem obscuras mesmo para seus órgãos executivos, a fortiori para aqueles que ele manipula”.[xviii]

4.

A obra de Franz Kafka está, ao mesmo tempo, profundamente enraizada em seu ambiente de Praga – como observa André Breton, ela “abraça todos os encantos, todos os feitiços” de Praga[xix] – e perfeitamente universal. Ao contrário do que muitas vezes se afirma, seus dois grandes romances não são uma crítica ao velho Estado imperial austro-húngaro, mas ao aparelho de Estado naquilo que ele tem de mais moderno: seu caráter anônimo, impessoal, enquanto sistema burocrático alienado, “coisificado”, autônomo, transformado num fim em si mesmo.

Uma passagem de O Castelo é particularmente esclarecedora deste ponto de vista: é aquela – uma pequena obra-prima de humor negro – em que o prefeito da aldeia descreve o aparelho oficial como uma máquina autônoma que parece funcionar “por si própria”: “Parece que o corpo administrativo já não consegue suportar a tensão, a irritação que ele vem sofrendo há anos por causa do mesmo caso, talvez insignificante em si mesmo, e que pronuncia o veredito por si próprio, sem a ajuda dos funcionários”.[xx] Esta intuição profunda do mecanismo burocrático como uma engrenagem cega, em que as relações entre os indivíduos se tornam uma coisa, um objeto independente, é um dos aspectos mais modernos, mais atuais e mais lúcidos da obra de Kafka.

A inspiração libertária está no cerne dos romances de Franz Kafka, que falam do Estado – seja sob a forma da “administração” ou da “justiça” – como um sistema impessoal de dominação que esmaga, sufoca ou mata os indivíduos. É um mundo angustiante, opaco e incompreensível, onde reina a não-liberdade. O Processo foi muitas vezes apresentado como uma obra profética: o autor, com sua imaginação visionária, teria previsto a justiça dos Estados totalitários, os processos nazistas ou stalinistas.

Bertold Brecht, ainda um companheiro de viagem da URSS, observou numa conversa com Walter Benjamin sobre Kafka em 1934 (antes mesmo dos julgamentos de Moscou): “Kafka só tem um problema, o da organização. O que o impressionava era a angústia diante do Estado-formigueiro, o modo como os homens alienam-se a si mesmos pelas formas de sua vida comum. E ele previu certas formas dessa alienação, como os métodos da GPU”.[xxi]

Sem questionar a pertinência desta homenagem à clarividência do escritor de Praga, convém, no entanto, lembrar que Kafka não descreve em seus romances Estados “de exceção”: uma das ideias mais importantes – cujo parentesco com o anarquismo é evidente – sugeridas por sua obra é o caráter alienado e opressivo do Estado “normal”, legal e constitucional. Logo nas primeiras linhas de O Processo, ele afirma claramente: “K. vivia bem num Estado de direito (Rechtstaat), a paz reinava por todo o lado, todas as leis estavam em vigor, então quem ousaria atacá-lo em sua casa?”[xxii]. Como seus amigos, os anarquistas de Praga, ele parece considerar toda forma de Estado, o Estado enquanto tal, como uma hierarquia autoritária e liberticida.

O Estado e sua justiça são também, por sua própria natureza, sistemas enganadores. Nada ilustra isto melhor do que o diálogo em O Processo entre K. e o abade sobre a interpretação da parábola do guardião da lei. Para o abade, “duvidar da dignidade do guardião seria duvidar da Lei” – o argumento clássico de todos os representantes da ordem. K. rejeita que, se se adota esta opinião, “é preciso acreditar em tudo o que o guardião diz”, o que lhe parece impossível:

“_ Não, diz o abade, não se é obrigado a acreditar que tudo o que ele diz é verdade, basta que o considere necessário.

“Triste opinião, diz K…, ela elevaria a mentira ao nível de regra do mundo”[xxiii].

Como Hannah Arendt observou corretamente em seu ensaio sobre Franz Kafka, o discurso do abade revela “a teologia secreta e a crença interior dos burocratas como uma crença na necessidade por si mesma, sendo os burocratas, em última análise, funcionários da necessidade”.[xxiv]

Finalmente, o Estado e os juízes administram menos a justiça do que a caça às vítimas. Numa imagem comparável à da substituição da tocha da liberdade por uma espada em América, vemos em O Processo um quadro do pintor Titorelli que deveria representar a deusa da Justiça transformar-se, quando a obra está bem iluminada, numa celebração da deusa da Caça. A hierarquia burocrática e jurídica constitui uma imensa organização que, segundo Joseph K, a vítima do Processo, “não só utiliza guardas venais, inspetores e juízes de instrução estúpidos… mas mantém ainda toda uma alta magistratura com seu indispensável séquito de valetes, escribas, gendarmes e outros auxiliares, talvez até carrascos, eu não me esquivo à palavra”[xxv]. Em outras palavras: a autoridade do Estado mata. Joseph K. conhece os carrascos no último capítulo do livro, quando dois funcionários públicos o matam “como um cão”.

O “cão” constitui uma categoria ética – ou até mesmo metafísica – na obra de Franz Kafka: descreve qualquer pessoa que se submete servilmente às autoridades, sejam elas quem forem. O comerciante Block ajoelhado aos pés do advogado é um exemplo típico: “Já não era um cliente, era o cão do advogado. Se este lhe tivesse ordenado que rastejasse para debaixo da cama e ladrasse como se estivesse numa casinha de cachorro, teria feito com prazer”. A vergonha que deve sobreviver a Joseph K. (última palavra de O Processo) é a de ter morrido “como um cão”, submetendo-se sem resistência aos seus carrascos. É também o caso do prisioneiro de Na Colônia Penal, que nem sequer tenta fugir e se comporta com uma submissão “canina” (hündisch)[xxvi].

O jovem Karl Rossmann, em América, é um exemplo de alguém que tenta – mas, nem sempre consegue – resistir às “autoridades”. Para ele, só “aqueles que se deixam tratar como cães” se tornam cães. A recusa de se submeter e de rastejar como um cão parece, assim, ser o primeiro passo para se caminhar ereto, para a liberdade. Mas os romances de Franz Kafka não têm “heróis positivos”, nem utopias do futuro: trata-se, portanto, de mostrar, com ironia e lucidez, a facies hippocratica de nosso tempo.

5.

Não é por acaso que a palavra “kafkiano” entrou na linguagem comum: refere-se a um aspecto da realidade social que a sociologia ou a ciência política tendem a ignorar, mas que a sensibilidade libertária de Franz Kafka conseguiu maravilhosamente captar: o caráter opressivo e absurdo do pesadelo burocrático, a opacidade, a impenetrabilidade e a incompreensibilidade das regras da hierarquia estatal, tal como são vividas a partir de baixo e do exterior – ao contrário da ciência social, que geralmente se limitou a examinar a máquina burocrática a partir do “interior” ou em relação aos “superiores” (o Estado, as autoridades, as instituições): seu caráter “funcional” ou “disfuncional”, “racional” ou “pré-racional”.

A ciência social ainda não desenvolveu um conceito para este “efeito de opressão” do sistema burocrático reificado, que é, sem dúvida, um dos fenômenos mais característicos das sociedades modernas, vivido cotidianamente por milhões de homens e mulheres. Enquanto aguardamos, esta dimensão essencial da realidade social continuará sendo designada em referência à obra de Kafka…[xxvii]

*Michae Löwy é diretor de pesquisa em sociologia no Centre nationale de la recherche scientifique (CNRS). Autor, entre outros livros, de Franz Kafka sonhador insubmisso (Editora Cem Cabeças) [https://amzn.to/3VkOlO1]

Tradução: Fernando Lima das Neves.

Notas


[i] Ver L. Goldmann, “Materialisme dialectique et histoire de la littérature”, Recherches Dialectiques, Paris, Gallimard, 1959, pp. 45-64. [https://amzn.to/3KFtFLN]

[ii] M. Brod, Franz Kafka, pp. 135-136. [https://amzn.to/4c0qj1M]

[iii] M. Mares, “Comment j’ai connu Franz Kafka”, publicado em anexo em K. Wagenbach, Franz Kafka. Années de jeunesse (1883-1912), Paris, Mercure de France, 1967, pp. 253-249.

[iv] G. Janouch, Kafka m’a dit, Paris, Calmann-Lévy, 1952, pp. 70, 71, 135, 107, 108, 141.

[v] F. Kafka, Diaries e Briefe, Fischer Verlag, 1975, p. 196. Sobre Kafka e Otto Gross, ver G. Baioni, Kafka. Letteratura ed Ebraismo, Torino, Einaudi, 1979, pp. 203-205.

[vi] M. Brod, Franz Kafka, Paris, Gallimard, 1945, pp. 132-133.

[vii] Ver K.Wagenbach, Franz Kafka. Années de jeunesse… (1958) p. 213 e Franz Kafka in Selbstzeugnissen (1964), p. 70; Max Brod, Streitbares Leben 1884-1968, München-Berlin-Wien, F. A. Herbig, 1969, p. 170, e Über Franz Kafka, Frankfurt am Main, Fischer Bücherei, p. 190.

[viii] R. Robertson, Kafka. Judaïsm, Politics, and Literature, Oxford, Clarendon Press, 1985, pp. 140-141: “Se conduzirmos uma pesquisa sobre as inclinações políticas de Kafka, é, de fato, um erro pensarmos em termos da antítese usual entre esquerda e direita. O contexto mais apropriado seria a ideologia que Michael Löwy definiu como ‘anticapitalismo romântico’ (…) O anticapitalismo romântico (para adotar o termo de Löwy, embora ‘anti-industrialismo’ fosse mais preciso) tem diferentes versões (…), mas como ideologia geral ele transcende a oposição entre esquerda e direita”. Robertson refere-se aqui à minha primeira tentativa de explicar o “romantismo anticapitalista”, num livro sobre Lukács, mas há um óbvio mal-entendido em sua interpretação da minha hipótese.

[ix] Procurei analisar o romantismo em meu livro Pour une sociologie des intellectuels révolutionnaires. L’évolution politique de Lukács 1909-1929, Paris, PUF, 1976 (citado por R. Robertson a partir da tradução inglesa, publicada em Londres em 1979), e, mais recentemente, com meu amigo Robert Sayre, em Revolte et melancolie. Le romantisme à contre-courant de la modernité, Paris, Payot, 1992.

[x] A. Breton, apresentação de Kafka em seu Anthologie de l’humour noir, Paris, Le Sagittaire, 1950, p. 263. [https://amzn.to/3XmYNXP]

[xi] A. Breton, Anthologie de l’humour noir, p.264.

[xii] Para uma análise mais detalhada do anarquismo e do romantismo na obra de Kafka, remeto vocês a meu livro Rédemption et Utopie. Le judaïsme libertaire en Europe centrale, Paris, PUF, 1988, ch. 5. [https://amzn.to/3yX62vv]

[xiii] A. Breton, “Paratonerre”, introdução a Anthologie de l’humour noir, p. 11.

[xiv] F. Kafka, “Lettre au Père”, 1919, em Préparatifs de noce à la campagne, Paris, Gallimard, 1957, pp. 165, 179. [https://amzn.to/4cnHmuJ]

[xv] M. Kundera, “Quelque part là-derrière”, Le Debat, n° 8, junho 1981, p. 58.

[xvi] F. Kafka, Amerika, Francfort, Fischer Verlag, 1956, p. 15, 161.

[xvii] Kafka, “In der Strafkolonie”, Erzählung und kleine Prosa, New York, Schocken Books, 1946, pp. 181-113.

[xviii] W. Benjamin, “Lettre à G. Scholem”, 1938, Correspondance, Paris, Aubier, 1980, II, p. 248.

[xix] A. Breton, Anthologie de l’humour noir, p. 263.

[xx] F. Kafka, Le Château, Paris, Gallimard, 1972, p. 562.

[xxi] Ver W. Benjamin, Essais sur Brecht, Paris, Maspero, 1969, p. 132.

[xxii] Kafka, Der Prozess, Francfort, Fischer Verlag, 1979, p.9.

[xxiii] F. Kafka, Le Procès, Paris, Gallimard, 1985, p.316.

[xxiv] H. Arendt, Sechs Essays, Heidelberg, Lambert Schneider, 1948, p. 133.

[xxv] Le Procès, p.98.

[xxvi] F. Kafka, Le Procès, pp. 283, 309, 325 e In der “Strafkolonie”, p. 181.

[xxvii] As questões abordadas neste artigo são discutidas em maior profundidade em meu ensaio Franz Kafka, rêveur insoumis, Paris, Ed. Stock, 2005.