As investigações sobre o assassinato de Vinícius Gritzbach, corretor de imóveis e delator executado em 8 de novembro no Aeroporto Internacional de São Paulo, apontam para o envolvimento de policiais civis no crime. Gritzbach havia denunciado a relação entre agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Um relatório da Polícia Federal, obtido pelo Metrópoles, destaca o “provável envolvimento” de agentes públicos na execução, ocorrida apenas oito dias após a delação de Gritzbach à Corregedoria. Até o momento, sete membros da Polícia Civil foram presos sob acusação de participação no assassinato.
O relatório aponta que informações vazadas à imprensa, supostamente por policiais civis, buscavam atribuir o crime ao PCC, desviando o foco do possível envolvimento dos próprios agentes. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, liderada por Guilherme Derrite, não descartou essa hipótese, embora também aponte para a facção criminosa como principal suspeita.
O programa de recompensas foi reativado pelo governo paulista para capturar Kauê do Amaral Coelho, suspeito de avisar os assassinos sobre a chegada de Gritzbach no aeroporto. A recompensa oferecida é de R$ 50 mil.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), os policiais envolvidos formavam uma quadrilha associada ao PCC. Depoimentos revelam que Gritzbach foi alvo de extorsões e ameaças enquanto estava sob custódia policial.
Os delegados Fábio Baena e Eduardo Monteiro teriam solicitado até R$ 60 milhões para retirá-lo das investigações de um duplo homicídio envolvendo membros da facção.
Em sua delação, Gritzbach afirmou que policiais chegaram a receber R$ 5 milhões para proteger outros integrantes do PCC. A situação agrava as suspeitas de que o corretor foi executado por ameaçar expor a rede de corrupção entre policiais e criminosos.
A prisão de agentes como Fábio Baena, Eduardo Monteiro e outros policiais associados ao caso reflete os avanços da investigação, conduzida pela PF e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Eles responderão por organização criminosa, corrupção e ocultação de bens, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão.
Uma suspeita adicional envolve o reset de dois celulares de Gritzbach, apreendidos pela polícia e posteriormente formatados, eliminando possíveis mensagens comprometedoras. O episódio é alvo de inquérito da Corregedoria, intensificando as críticas sobre a atuação de alguns policiais na tentativa de obstruir a justiça.