sábado, setembro 6, 2025
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Abuso sexual: ex de Nicole Bahls acusa governador bolsonarista, réu por corrupção, de estupro

Modelo Marcelo Bimbi fez as acusações nas redes sociais e diz que sofre ameaças. Feroz apoiador de Bolsonaro, Gladson Cameli, do Acre, diz que vai responder com ações na Justiça

Ex-marido da modelo e apresentadora Nicole Bahls, Marcelo Bimbi, publicou uma série de stories em seu perfil no Instagram na noite desta terça-feira (20) em que acusa o governador bolsonarista do Acre Gladson Cameli (PP) de abuso sexual e estupro.

“O senhor, comia o ‘vulgo’ roxin. Uma vez o senhor me levou pro seu apartamento em Brasília e me abusou. E vou provar”, diz Bimbi, que na manhã desta quarta-feira (21) fez nova publicação sinalizando que está viajando para Brasília.

“Jaja, Bsb. Acredito em todo judiciário”, escreveu o modelo, ator e apresentador, que participou de realityes shows como A Fazenda e Power Couple Brasil, na TV Record.

Bimbi ainda desafiou o governador do acre, marcando Cameli na publicação: “confessa que não me estuprou?”.

O modelo ainda afirmou que está sendo ameaçado e pediu ajuda pois, segundo ele, “esse governador do Acre, com seus capangas, vai me pegar”.

“Senhor Gladson, você me usou como uma mulher. Teus amigos, inclusive um me ofereceu 13 mil reais pra matar a irmã dele. Ou o senhor manda me matar ou vou resolver”, emendou – veja as publicações ao final da reportagem.

Outro lado

Também pelos stories do Instagram, o governador bolsonarista rebateu as acusações na manhã desta quarta-feira em nota assinada pela sua equipe.

O texto diz que Cameli preza pela democracia e “pelo direito de todo cidadão expressar seus questionamentos à sua gestão no governo do Acre”.

No entanto, ressalta que “isso, porém, não dá direito, a quem quer que seja, fazer ataques à sua honra”.

“Cada acusação à sua honra, acusações infundadas de suposta perseguição ou ilação sobre fatos desta natureza, serão respondidas no âmbito jurídico específico, com instauração de inquérito policial para a devida investigação, além das ações criminais e cíveis no âmbito da justiça estadual”, diz o texto.

Réu por corrupção

Em maio deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou denúncia da  Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Gladson Cameli réu por corrupção.

Cameli, feroz apoiador de Bolsonaro que cumpre o seu segundo mandato como governador do estado nortista, é acusado de liderar um esquema de fraude em licitações desde 2019, que resultou em prejuízos de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

A PGR chegou a pedir o afastamento do governador do cargo, mas o tribunal negou a solicitação e permitiu que ele continue exercendo o mandato.

Segundo a denúncia do Ministério Público, o governo do estado do Acre contratou uma empresa de engenharia chamada Murano para manutenção predial.

O problema é que a empresa sequer tinha escritório no Acre ou tinha atuado no estado. Além disso, para contratá-la, não utilizou o método de licitação. Um dia após a assinatura do contrato, a empresa fechou uma parceria com a empresa Rio Negro, cujo sócio é Eládio Cameli, irmão do governador.

Gladson, como chefe do governo do Acre, é apontado como uma das principais figuras no esquema. Além deles, outros membros da família também são acusados de fazer parte da organização criminosa.

A empresa de Eládio pagou parcelas de um apartamento em São Paulo que seria destinado ao governador do Acre, além de 81% um veículo de luxo que seria de posse do governador.

Segundo a PGR, é “inegável o desvio de recursos públicos, os quais deveriam ser empregados na execução das obras, mas foram desviados em favor de familiares” de Cameli.

O governador nega as acusações e diz que “a defesa terá a tranquilidade e o espaço necessário para esclarecer dúvidas e repor a verdade”.

Veja as publicações de Marcelo Bimbi

Revista Fórum

 

Boulos lidera em SP com 28,5% das intenções de votos, diz pesquisa Atlas

A pesquisa Atlas/Intel divulgada nesta quarta-feira (21) mostra Guilherme Boulos (PSOL) liderando a disputa pela Prefeitura de São Paulo. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ocupa a segunda posição, enquanto Pablo Marçal (PRTB) avança para a terceira colocação isolada.

Boulos está à frente com 28,5% das intenções de voto, liderando com uma vantagem de quase sete pontos sobre Nunes, que tem 21,8%. Marçal, com 16,3%, aparece em terceiro, seguido por Tabata Amaral (12%) e Datena (9,5%). A pesquisa apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Os demais candidatos têm as seguintes intenções de voto: Marina Helena (Novo) com 4,3% (antes 3,5%), Altino Prazeres Jr. (PSTU) com 0,3% (antes 0%), Ricardo Senese (UP) com 0,2% (antes 0,7%) e João Pimenta (PCO) com 0% (antes 0%). A porcentagem de eleitores indecisos é de 0,9% (antes 0,6%), enquanto os votos em branco ou nulos somam 6,2% (antes 5,2%).

Comparando com a pesquisa de 8 de agosto, Boulos registrou uma queda de 4,2 pontos percentuais, passando de 32,7% para 28,5%. Nunes também apresentou uma diminuição, de 24,9% para 21,8%, uma queda de 3,4 pontos.

Em contraste, Marçal foi o candidato que mais cresceu, com um aumento de 4,9 pontos percentuais, subindo de 11,4% para 16,3%. Tabata Amaral também teve um aumento, subindo de 11,2% para 12%, enquanto Datena manteve sua posição com 9,5%.
A pesquisa AtlasIntel foi realizada com recursos próprios e entrevistou 1.803 eleitores de São Paulo entre 15 e 20 de agosto. Com um nível de confiança de 95%, o levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número SP-02504/2024.
DCM

VÍDEO Pablo Farçal maior mentiroso do Brasil é desmascarado, desta vez sobre Ayrton Senna

Coach Pablo Farçal se compara a Ayrton Senna e depois ofende legado do piloto. O coach fez as declarações polêmicas durante uma live e tentou desmerecer as conquistas do piloto que faleceu há 30 anos. Na ocasião, Farçal disse: “Que Senna? Senna não tinha banco não, o Senna não tinha avião próprio não, o Senna não pilotava helicóptero como eu não. Vamos tratar o Senna agora e pôr ele no lugar dele?

O coach e influenciador Pablo Farçal, conhecido por suas frases motivacionais e estilo de vida ostentativo, voltou a gerar polêmica nas redes sociais. Em uma live recente, ele fez comparações entre si mesmo e o piloto Ayrton Senna, exaltando suas próprias conquistas e diminuindo as do tricampeão mundial de Fórmula 1 que faleceu há 30 anos.

Senna teve uma experiência com Deus (…) e ele e o carro viraram um. Eu quero pegar isso. Aquilo ali é um símbolo de velocidade”, responde o coach. E prossegue: “O Senna não tinha banco, não, moço. O Senna não tinha avião próprio, não. O Senna não pilotava helicóptero igual eu, não. Vamos tratar o Senna agora e pôr ele no lugar dele? Que Deus o tenha, mas deixa eu te falar uma coisa? O Senna não era bilionário, o Senna não escreveu 45 livros. Você acha que eu tô me modelando no Senna para escrever os livros que eu escrevo? O Senna nem teve filho, eu tenho quatro. Você quer que eu continue?”.

A fala do coach gerou reações indignadas de fãs do piloto e de internautas em geral. Muitos consideraram as comparações desnecessárias e ofensivas, além de destacaram que a importância de Ayrton vai além de bens materiais, segundo o portal O Globo.

Farçal se declarou inspirado na “velocidade” de Senna, mas logo em seguida questionou o legado do piloto, dizendo que ele “não era bilionário”, “não escreveu 45 livros” e “nem teve filho”. Afirmou ainda que Senna não tinha “banco”, “avião próprio” ou “helicóptero”, como ele tem.

Farçal já foi investigado pela Polícia Federal por crimes eleitorais e lavagem de dinheiro. Apesar das polêmicas, ele mantém uma base fiel de seguidores que se inspiram em suas mensagens de superação e sucesso.

Pablo Farçal “fisgava” vítimas para golpe virtual, diz PF

Pablo Farçal “fisgava” vítimas para golpe virtual, diz PF

Nos debates eleitorais pela prefeitura de São Paulo, os adversários políticos de Pablo Farçal (PRTB), como Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), o questionaram sobre sua condenação por crimes digitais em 2005. Na ocasião, o bolsonarista afirmou que era inocente, mas o processo que culminou em seu julgamento o desmente.

Há quase 20 anos, ele foi preso na Operação Pegasus por envolvimento com uma quadrilha de fraude bancária. A investigação da Polícia Federal descreveu o caso, na época, como a maior quadrilha especializada em invasões de contas bancárias pela internet.

Farçal foi condenado a quatro anos e cinco meses em regime semiaberto pela Justiça Federal em Goiás, mas o caso acabou prescrevendo, extinguindo sua pena em 2018. Porém, as circunstâncias que levaram à sua condenação continuam a gerar polêmica, especialmente agora que ele tenta se eleger prefeito da maior cidade do país.

Segundo as investigações da PF, Farçal não se limitava a fazer a manutenção dos computadores da quadrilha, como ele alega. De acordo com o inquérito, ele também operava um programa responsável por captar e-mails que seriam usados para enviar spams com o objetivo de fisgar dados bancários das vítimas.

Esse método, conhecido como phishing, consiste em usar iscas virtuais para “pescar” as vítimas para que cliquem em links de sites fraudulentos que instalam vírus em seus dispositivos, permitindo o roubo de informações sensíveis.

Em seu depoimento à polícia, Farçal afirmou que acreditava estar realizando um trabalho de publicidade para um médico, mas essa versão foi contestada por um agente da PF que atuou no caso.

Marçal e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Durante uma audiência, o agente afirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que o coach estava ciente das atividades ilícitas do grupo. “Ah, sim. Sim. Inclusive tinha um…notebook, né, pra ele operar que foi fornecido pelo grupo”, disse o policial, acrescentando que Farçal não apenas fazia manutenção, mas também demonstrava saber como enviar os e-mails usados pela quadrilha.

O candidato da extrema-direita negou envolvimento direto no envio dos spams, alegando que apenas apertava o botão para reiniciar o programa que enviava os e-mails quando solicitado. Entretanto, o MPF considerou a versão de desconhecimento dos fatos como pouco crível, levando em conta os detalhes que o próprio Farçal forneceu durante os depoimentos.

Um despacho de um delegado da Polícia Federal revelou que Farçal tinha conhecimento sobre o funcionamento do esquema, incluindo a existência de um escritório mantido pelos líderes da quadrilha, onde eram realizadas as transferências fraudulentas via internet.

O coach relatou que recebia R$ 350 (cerca de R$ 1.000 em valores corrigidos) pelos serviços prestados a Danilo de Oliveira, apontado como o chefe da quadrilha. Ele afirmou ter conhecido Oliveira em uma igreja e admitiu ter participado das atividades ilícitas, embora alegasse um papel secundário no grupo.

A condenação de Farçal em 2010 foi baseada nesse entendimento de que ele desempenhou um papel menos central na operação criminosa. Em 2022, em um vídeo publicado em suas redes sociais, Farçal tentou minimizar sua participação, afirmando que apenas consertava computadores para “um cara da igreja” e que “os computadores ficavam rodando”.

Segundo ele, todas as pessoas envolvidas foram condenadas e cumpriram suas penas, enquanto ele teve sua punibilidade extinta devido à prescrição.

DCM

MP pede suspensão de candidatura de Farçal abuso de poder econômico

O Ministério Público Eleitoral se manifestou a favor da suspensão da candidatura de Pablo Farçal (PRTB) à Prefeitura de São Paulo por suspeita de abuso de poder econômico

O que aconteceu

A Promotoria Eleitoral do Estado de São Paulo pediu a abertura de uma investigação de suposto abuso de poder econômico por Farçal. Em peça assinada no último sábado (17), o MP sugere suspender o registro da candidatura até a apuração dos fatos. A decisão de seguir a recomendação ou não é da Justiça Eleitoral. Até o momento, não há manifestação no processo.

Parecer é em resposta a ações movidas pelo MDB de Ricardo Nunes e o PSB de Tabata Amaral. Ambos os partidos denunciaram à Justiça que Farçal paga seguidores para compartilharem cortes dos seus vídeos em diversos perfis no Instagram e no TikTok.

Em vídeos, o próprio Farçal incentiva seguidores a se cadastrarem em aplicativos de corte de vídeos e diz que vai remunerar os que tiverem mais visualizações. Há um canal no Discord com mais de 100 mil participantes em que os prêmios em dinheiro são anunciados, como revelado pelo jornal O Globo e pelo site Núcleo Jornalismo.

Farçal negou que ele próprio tenha financiado os cortes. ” Isso é só uma tentativa desesperada do bloco da esquerda, MDB, PSB, PT e PSOL, de tentar frear quem realmente vai vencer as eleições. Essa manobra só reforça o medo que estão do efeito Marçal, mas eles não vão nos parar”, disse ele em nota.

UOL

Pastor guru de Michelle Bolsonaro, recebeu verba milionária de Ramagem e Helio Lopes

Vai vendo, Brasil. Desde seu maior envolvimento com a família Bolsonaro, Josué Valandro Jr. tem acumulado polêmicas e histórias mal resolvidas que, de uma forma ou de outra, acabam esbarrando na sua ligação indiscutível com a “familícia”

O deputado federal Alexandre Ramagem, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, destinou R$ 500 mil em emenda parlamentar ao Instituto Assistencial Atitude, uma entidade liderada pelo pastor Josué Valandro Junior, que é também líder da Igreja Batista Atitude, frequentada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A verba foi solicitada formalmente pelo pastor Valandro ao Ministério do Esporte com o objetivo de financiar a criação de um time de futebol amador em uma comunidade terapêutica mantida pela igreja em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O religioso é conhecido por suas inúmeras aparições públicas ao lado de Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, incluindo a posse presidencial e cultos na sede da igreja na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Nos últimos anos, o Instituto Assistencial Atitude também foi beneficiado por emendas parlamentares de outro aliado próximo do ex-presidente Bolsonaro, o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), que direcionou R$ 1,3 milhão para projetos assistenciais da igreja, incluindo o programa “Mais que Vencedores”, voltado à reabilitação de dependentes químicos em Itaboraí.

O projeto apoiado pela emenda de Ramagem, denominado “Vencedores em Ação”, é uma continuidade da iniciativa financiada por Hélio Lopes. O valor total de R$ 500 mil já foi empenhado pelo Ministério do Esporte, que ainda analisa a documentação necessária antes de liberar os recursos. O orçamento inclui pouco mais de R$ 35 mil para a compra de equipamentos esportivos, enquanto o restante será destinado à contratação de pessoal e ao gerenciamento das atividades.

Quem é Josué Valandro Jr e seu espírito bolsonarista

Josué Valandro Jr é pastor da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Igreja voltada para um público de classe média alta e emergentes. Desde seu maior envolvimento com a família Bolsonaro (Michelle frequenta a IBA) tem acumulado polêmicas e histórias mal resolvidas que, de uma forma ou de outra, acabam esbarrando na sua ligação indiscutível com a “familícia”.

A partir da campanha de 2018, A relação entre Valandro e Bolsonaro tornou-se evidente. Bolsonaro foi diversas vezes nos cultos da IBA e em uma dessas visitas, foi “ungido” pelo pastor, que evocou o profeta Samuel, que havia ungido Davi, conforme descrito em 1 Samuel 16:6. Josué comparou Bolsonaro a Davi, um homem imperfeito, dizendo: “O homem que Deus ungiu para ser o maior rei da história não era perfeito. Nenhum de nós espera ter um presidente perfeito, mas a Bíblia diz que Deus conhece o coração”.

Em maio de 2019, já como presidente, Bolsonaro retornou à Igreja Batista Atitude durante um período difícil de seu governo para renovar sua “unção”. Com o apoio popular em declínio, ele foi novamente “ungido” pelo pastor, que lembrou a facada sofrida por Bolsonaro e destacou as orações feitas pelos fiéis desde então. Durante o ato, Valandro agradeceu a Deus pela oportunidade de sonhar com um Brasil melhor e pediu união do povo em apoio a Bolsonaro, a quem chamou de “servo escolhido por Deus” para liderar a nação.

Pandemia, Eduardo Bolsonaro e aparição em Jati-CE

Durante a pandemia, com a suspensão dos cultos, ele passou a utilizar transmissões ao vivo online, como em 26 de março, quando convidou o deputado Eduardo Bolsonaro para uma live que teve grande audiência. Durante a transmissão, Valandro defendeu o governo Bolsonaro, destacando sua participação na política como cidadão e seu apoio ao presidente, alinhado com valores como família e pátria.

Valandro também demonstrou proximidade com a família Bolsonaro, mencionando que orou para que a esposa de Eduardo engravidasse. Ele usou várias vezes o jargão “o presidente acertou”, ao mesmo tempo que buscava se defender de acusações de envolvimento político. O pastor exaltou a “força espiritual” de Bolsonaro, sugerindo que Deus estaria sustentando o presidente diante das crises no governo, como a saída do ministro da Saúde e do ex-juiz Sergio Moro.

Outro momento marcante da relação entre Valandro e Bolsonaro durante a pandemia foi a ida do pastor à inauguração de uma obra em Jati, no Ceará, junto à comitiva presidencial. Durante o evento, Valandro gravou um vídeo destacando os méritos do governo Bolsonaro na transposição do Rio São Francisco. O presidente fez questão de enfatizar sua longa relação com o pastor batista, utilizando essa aliança para fortalecer sua base de apoio, especialmente no Nordeste, onde sua popularidade é mais baixa.

É bom também lembrar que em 2018, com o apoio do núcleo duro do bolsonarismo, Valandro conseguiu, inclusive, uma revisão do plano diretor que permitiu a construção do novo prédio da IBA acima do permitido na legislação vigente. Uma articulação da família Bolsonaro com outros políticos, ligados principalmente à Igreja Universal. A nova construção e o “sucesso” da igreja “de Michelle” causou atritos entre Valandro e Malafaia, já que a nova sede da Atitude rivalizava de perto com a Assembleia de Deus Vitória em Cristo da Barra da Tijuca, de onde, segundo relatos, muita gente migrou para a igreja “mais bolsonarista”.

Acusado de acobertar golpe financeiro de um dos pastores da igreja

Em 2017, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, duas fiéis alegam ter sido vítimas de um esquema fraudulento que envolveu o pastor Oséias Oliveira de Abreu, também pastor da igreja. As mulheres afirmam ter transferido quase R$ 1 milhão para uma conta nos Estados Unidos pertencente a uma empresa do pastor Oséias, que prometeu um retorno financeiro que nunca ocorreu.

Oséias, que era responsável por uma célula da igreja e supervisionava a congregação de Valandro, está sendo processado, assim como a igreja. As vítimas relatam que procuraram Josué Valandro para denunciar o golpe e solicitar ajuda, mas alegam que ele não tomou nenhuma ação.

Após derrota de Bolsonaro, investindo na carreira de coach espiritual

Após o término do mandato de Jair Bolsonaro, que Valandro Jr chegou a gravar vídeo “profetizando” a reeleição do ex-presidente, o ex-conselheiro espiritual da família Bolsonaro, redefiniu sua carreira. Agora, ele se destaca pela organização de eventos exclusivos e de alto custo, como o ‘Christ Summit’, realizado em junho de 2023, com ingressos que chegavam a quase R$ 7.000,00 e teve grande repercussão, levando o pastor a agendar novas edições.

Além disso, Valandro está promovendo o ‘Impulso Pastoral’, um evento voltado para pastores, com ingressos que variam de R$ 2.997,00 a R$ 4.997,00. O objetivo é fornecer ferramentas e conhecimentos para a gestão de igrejas.

Por Revista Fórum

Candidatos em SP deveriam boicotar debates com Farçal ou virarão escada do picareta

Nos últimos debates eleitorais para a prefeitura de São Paulo, uma sombra de palhaçada trágica pairou no ar, principalmente devido às ações de Pablo Farçal, candidato pelo PRTB.

Farçal ultrapassou todos os limites da ética e da escrotidão ao acusar seu oponente, Guilherme Boulos, do PSOL, de usar cocaína. No encontro seguinte, na FAAP de São Paulo, provocou Boulos agitando diante dele uma carteira de trabalho e ficando de costas enquanto o psolista falava com Tabata Amaral, chamada de “adolescente” que “precisa amaduracer”, “pára-choque de comunista”, entre outras coisas.

Tais acusações não só desrespeitam o adversário como também depreciam a qualidade do debate político, transformando-o em um espetáculo de calúnias. Marçal transforma seus adversários em escada de seu jogo na lama.

Diante desse cenário, surge um questionamento urgente: os candidatos à prefeitura deveriam continuar participando de debates que servem para um canalha fazer recortes e jogar nas redes para dizer que “ganhou” o debate?

Primeiramente, ao boicotar os debates, os candidatos estariam fazendo uma declaração clara de que a política deve ser pautada por respeito e fundamentada em propostas reais, não em ataques pessoais que nada têm a ver com as questões cruciais enfrentadas pela cidade de São Paulo.

A presença contínua em debates que permitem tais comportamentos pode ser interpretada como uma aceitação tácita dessas táticas.

Além disso, ao evitar debates que se transformam em palcos de difamação, os candidatos protegem a integridade do processo eleitoral e preservam a sua própria imagem e a dos seus partidos. Afinal, o eleitorado paulistano merece uma campanha eleitoral minimamente limpa, focada nas necessidades da cidade e não em polêmicas vazias que desviam a atenção dos reais problemas urbanos.

Outro ponto relevante é o impacto na percepção pública. Debates deveriam ser momentos de discussão de ideias e projetos, contribuindo para que os eleitores façam escolhas informadas. Quando esses eventos degradam-se em ataques pessoais, toda a classe política sofre um desgaste — o que só interessa ao “candidato antissistema”, na verdade um coach fascista picareta condenado em 2010 por furto qualificado decorrente da participação em uma quadrilha especializada em golpes digitais.

Por fim, um boicote organizado e coeso poderia pressionar as emissoras e organizadores a implementarem regras mais rígidas de conduta, garantindo que todos os participantes se comprometam com uma campanha respeitosa e focada nos interesses dos cidadãos. Isso não apenas eleva o nível do debate político como também restaura a fé no processo eleitoral.

Portanto, a decisão de boicotar os debates não é apenas uma medida reativa a um candidato que escolhe baixar o nível da discussão política; é uma estratégia proativa para preservar a dignidade da campanha eleitoral em São Paulo e garantir que os verdadeiros problemas da cidade recebam a atenção que merecem.

DCM

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MST se reúne com Lula neste sábado (17) em Brasília

Lideranças discutirão projetos estratégicos para os assentamentos e o avanço da reforma agrária no país

Dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se reunirão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste sábado (17), em Brasília. O encontro acontece na Granja do Torto, uma das residências da Presidência da República,

De acordo com o movimento, na pauta estarão as iniciativas para a recuperação das áreas de assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul após as enchentes que acometeram o estado em maio deste ano. Também deve ser discutido o Plano Agrário do governo no que se refere a acesso à terra, produção de alimentos saudáveis e agroecologia, acesso a créditos, cooperação e agroindústria, além do Plano Nacional de Reflorestamento (PNR) e do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Serão debatidos ainda projetos considerados estratégicos para o MST, como os programas de aquisição de maquinário agrícola e de bioinsumos para os assentados da reforma agrária.

Os dirigentes entregarão ao presidente mudas de árvores dos biomas brasileiros, que representam os milhares de espécimes que estão sendo cultivados pelo movimento dentro do Plano Nacional de Reflorestamento. A ação pretende plantar 100 milhões de árvores até 2030. Na lista, está o butiá, árvore comum na região do Pampa, o juazeiro, da Caatinga, a andiroba e a castanheira da Amazônia, o Pequi do Cerrado, o ipê do Pantanal, a palmeira juçara, da Mata Atlântica e a Araucária, própria da região sul do Brasil.

Relação com o governo

Em abril deste ano, o governo federal lançou o programa Terra da Gente, que tem o objetivo de sistematizar as áreas disponíveis no país para serem incluídas no Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). O anúncio ocorreu em meio ao chamado Abril Vermelho, quando o MST organizou uma série de ações por todo o país para cobrar agilidade na realização da reforma agrária.

À época, Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento, declarou se tratava de “uma espécie de compensação social” e não um programa de reforma agrária. A relação com o governo federal e o avanço dos processos de regularização fundiária devem estar na pauta de discussões do próximo sábado.

Há cerca de um mês, Lula participou de outro encontro com movimentos populares em São Paulo.  Na ocasião, aproximadamente 60 organizações ligadas às Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, entre elas o Movimento Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) participam do evento, ocorrido no espaço do Armazém do Campo na região central da capital paulista.

Brasil de Fato

Indiciamentos de Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio devem ser usados como base para pedidos de extradição

A Polícia Federal (PF) deve pedir as extradições do blogueiro Allan dos Santos e do jornalista Oswaldo Eustáquio aos Estados Unidos e Espanha, países onde eles estão, respectivamente, ao fim do inquérito em que eles são investigados por ameaças e corrupção de menores.

O indiciamento dos acusados servirá de base para o requerimento. Segundo fontes da PF, o inquérito deve ser relatado “em breve” ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório vai embasar os processos que serão apresentados aos governos americano e espanhol com as solicitações para que os dois sejam enviados ao Brasil para responder às acusações. A PF iniciou os trâmites internos do processo para pedir as extradições de Santos e Eustáquio na última quarta-feira (14).

O pedido, no entanto, só deve ser encaminhado às autoridades estrangeiras após a conclusão do inquérito. Os dois foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes também no dia 14, mas, por estarem fora do Brasil, a determinação do magistrado não pôde ser cumprida.

A PF investiga Allan dos Santos por ameaças contra delegados da PF e formação de quadrilha com intenção de atacar autoridades. Eustáquio também é investigado por usar a rede social da filha menor de idade para pedir doações em dinheiro. https://www.youtube.com/watch?v=ISJU9n3bqoY O blogueiro e o jornalista são considerados foragidos da justiça brasileira, mas não estão na lista da Interpol como fugitivos internacionais porque os crimes imputados a eles são classificados como “expressões” ou “opiniões” em outros países, como os Estados Unidos, onde está Allan dos Santos. Os pedidos de prisão apresentados nessa semana são relacionados à investigação que apura ataques ao STF e a delegados da PF.

A operação da PF deflagrada na última quarta e que mirava os dois bolsonaristas cumpriu mandados de buscas e apreensão. Na casa de Eustáquio, em Brasília, a PF revistou a filha dele, de 16 anos, na presença de uma representante do Conselho Tutelar. Ela teve o celular apreendido. A CNN conversou na manhã dessa quinta-feira (15) com o acusado, que nega uso do perfil da filha para crimes.

“O ministro Alexandre de Moraes e o delegado Fábio Shor vão expor ao ridículo o sistema judicial brasileiro. Moraes vai virar piada no Reino da Espanha porque ele está me acusando de ter facilitado o cometimento de um crime pela minha filha. Qual crime? Expor a sua opinião e mostrar a foto do delegado Fábio Shor em uma publicação no X”, declarou Eustáquio à reportagem. A defesa de Allan dos Santos não foi encontrada.

Fonte: CNN

Conceição Tavares e Delfim Netto

Por DANIEL AFONSO DA SILVA*

Ambos os economistas, cada um com o seu jeitão, deixaram marcas profundas, indeléveis, positivas e superlativas na história do país e na vida de quem conviveu, muito ou pouco, com eles

“A universidade, aliás, é, talvez, a única instituição que pode sobreviver apenas se aceitar críticas, de dentro dela própria de uma ou de outra forma. Se a universidade pede aos seus participantes que calem, ela está se condenando ao silêncio, isto é, à morte, pois seu destino é falar”
(Milton Santos).

Nem clichê nem ilusão: a passagem de Antônio Delfim Netto (1928-2024) de par com a passagem de Maria da Conceição Tavares (1930-2024) causou um vazio imenso na vida nacional brasileira. Foi um choque, sinceramente, sem precedentes. Um sinistro, evidentemente, de difícil remediação. A ausência deles dois, por ser assim, inaugura um mal-estar que nada parece conseguir conter nem superar.

Conceição Tavares e Delfim Netto, cada um com o seu jeitão, deixaram marcas profundas, indeléveis, positivas e superlativas na história do país e na vida de quem conviveu, muito ou pouco, com eles. Marcas tão perenes e constitutivas que, seguramente, quase ninguém, nos últimos cinquenta, sessenta ou setenta anos, conseguiu comparar. Marcas que, portanto, vão ficar. Como patrimônio imaterial do Brasil. Feito de vivência singular. Paradigma de savoir faire. Modelo.

Muitos observadores – não raramente envenenados por ideologias confusas e rasteiras – tentam afastá-los, Conceição Tavares e Delfim Netto, um do outro. Mas isso, por lógica e verdade, é impossível. Eles sempre foram complementares. E todos sabem.

Os, hoje em dia, autodeclarados analistas, tentam reduzi-los, Conceição Tavares e Delfim Netto, à condição de economistas. Sim, eles atuaram nessa nobre área, a economia. Mas, claramente, não foram convencionais. Foram, em contrário, sempre e em tudo, outiliers. Fora da cursa, excepcionais, extraordinários. Geralmente emulando os clássicos. Sendo, assim, antes de tudo, filósofos. Filósofos morais. Como foram seus mestres atemporais Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx, Joseph Schumpeter e o próprio John Maynard Keynes. Praticantes, portanto, de Political Economy. Sem, nesses termos, jamais se render às simplificações da Economics.

Faziam, desse modo, Conceição Tavares e Delfim Netto, assim porque sabiam que o mundo é real independentemente das ilusões manifestas sobre ele. E, fazendo dessa maneira, eram, para além de tudo, humanistas no sentido mais agudo da expressão. Eram, portanto, verdadeiros eruditos. Mestres em seu ofício. Mas profundos entendedores do fluxo da vida.

De modo que eram práticos por devoção, pragmáticos por convicção e realistas por vocação. Isso, neles, era sempre líquido e certo.

E, vendo assim, poucos de verdadeiros seus pares – dos quais, entre os brasileiros, por idade e geração, talvez apenas Eugênio Gudin (1886-1986), Roberto Campos (1917-2001), Celso Furtado (1920-2004), Mário Henrique Simonsen (1935-1997) e Luiz Carlos Bresser-Pereira (nascido em 1934 e vivo entre nós) mereçam menção – foram, assim, tão dignos, fidedignos e completos.

Com acertos e erros. Mas sempre envoltos em honestidade e convicção.

Honestidade e convicção que impuseram a Conceição Tavares e Delfim Netto o imperativo da transmissão. Pois eles, intimamente, sabiam que o verão necessita de muitas andorinhas. Não feitas em seguidores nem discípulos. Mas, continuadores. Gente competente para receber, carregar e legar o bastão. E, visto assim e recompondo todos os seus tempos, é possível dizer que eles dois, Conceição Tavares e Delfim Netto, foram, antes de tudo, professores/transmissores. E, por serem quem eram, dos melhores. E, salvo melhor juízo, foi nessa condição e persona que mais cada um deles mais gostou de estar e ser. De modo que, não ao acaso, a história da consolidação da universidade brasileira se confunde com a trajetória pessoal e profissional deles dois: professor Antônio Delfim Netto e professora Maria da Conceição Tavares.

Digam o que quiser dizer, mas, sim: esses dois professores, Conceição Tavares e Delfim Netto, foram, ao longo da vida, sobretudo, construtores e formadores. Construtores de instituições e formadores de quadros.

E, justamente por isso, a USP, a Unicamp e a UFRJ, onde Conceição Tavares e Delfim Netto estiveram mais longa, duradoura e diretamente, lamentaram e lamentam tanto a ausência de seus mestres. Uma ausência que, para muito além da USP, a Unicamp e a UFRJ, deixou tudo muito triste e muito gris.

Triste e gris porque, ao fim das contas, Conceição Tavares e Delfim Netto eram, em si, instituições. Instituições que, curiosamente, retroalimentavam o ethos de um tempo que, por variadas razões, parece, naturalmente, não existir mais. Um tempo que mesclava inteligência, honestidade intelectual, ideias e elegância somadas a sinceridade, honestidade pessoal e convicções. Um tempo em que, claro, os idiotas, dos quais tanto Nelson Rodrigues (1912-1980) se referia, ainda possuíam alguma modéstia e estavam longe, muito de dominar o mundo, a sociedade no Brasil e a universidade brasileira.

Dito assim e sem pudor, Conceição e Delfim eram, por assim dizer, um obstáculo moral à afirmação da indigência cultural e intelectual no país. Tanto que todas as suas manifestações públicas – em gestos, palavras, presenças e olhares –, mesmo quando controversas e imperfeitas, sempre foram convictas e rigorosas. Sempre ensejando conscientemente impedir o espraiamento do asqueroso vale tudo que, pouco a pouco, foi tomando conta dos espaços de produção e difusão de conhecimento e saber no Brasil – sendo universidade o maior alvo – nos últimos vinte, trinta ou quarenta anos.

Mas, agora, com a sua ausência, a ausência de Conceição e Delfim, esse sustentáculo – desde muito, esmaecido e cansado de guerra – tende a ficar ainda mais frágil. E frágil sim porque, sem Conceição e sem Delfim, uma certa ideia de compromisso moral com o trabalho intelectual vai perdendo a sua condição de existir. Consequentemente, a produção de conhecimento e saber tende a singrar inocuamente irrelevante. E a universidade – especialmente a pública – tende a seguir estagnada, estrangulada e esmagada.

A idiotia moral, todos sabem, galopa por todas as frentes. A indigência intelectual, todos veem, avança para conquistar a sua plenitude. E a sinergia desses dois fenômenos – o da cretinice moral e da indigência intelectual – acentua a conhecida entropia do cotidiano intramuros das universidades no Brasil de modo a acelerar a sua deformação rumo à sua destruição.

E, sobre isso, Darcy Ribeiro (1922-1997) já disse muito. Em seu entender, trata-se de algo que vem de longe. Que foi bem pensado e bem cosido. E, com o tempo, foi se revelando no nefando projeto de se fazer do atraso da universidade (e da educação em geral) uma missão.

O problema geral é que esse projeto – inaugurado no regime militar, acelerado depois dele e afirmado neste quarto de século XXI – foi escancarado greve dos docentes das federais deste ano de 2024 e afirmado como uma cruel e inequívoca realidade. Basta lembrar pra ver. Mas quem desejar, de fato, tudo comprovar, que retorne à ambiência da paralisação deste ano.

Fazendo isso, desde que feito com paciência e sem parti pris, o cético observador vai rápido notar que, no frigir das questões, pelo menos, três reflexos alimentaram as discussões e inundaram os espíritos.

Um primeiro, de cunha afoita e majoritariamente sindical, em defesa da greve. Um segundo, de franca mistura governista, em recusa e negação da greve. E um terceiro, assentado em questões de ordem e princípios, sugerindo o caminho do meio; ou seja, o caminho da reflexão e da meditação sobre o sentido da universidade, a natureza da atuação de seus frequentadores e o lugar dessa instituição multissecular no interior da sociedade brasileira.

Foi isso e não mais que isso o que se teve. A saber, posições a favor, contra e nem a favor nem contra a greve. E, sendo assim, esses três reflexos produziram uma massa crítica e analítica impressionantemente inédita e rica. Parte disso, é válido reconhecer, pelo papel decisivo exercido pelo site A Terra é redonda.

Observando todo o debate com calma, publicou-se, nos mais de oitenta dias da greve, perto de duas centenas de artigos sobre o assunto. E, sinceramente, não foram quaisquer artigos. Foram artigos, em geral, muito bem informados e intencionados. Produzidos por docentes de todas as regiões e sub-regiões do Brasil. Das mais remotas às mais centralmente situadas. Reunindo-se, assim, impressões e sensibilidades oriundas de praticamente todas as realidades universitárias. Das instituições federais, universidades e institutos, mais antigas às mais recentes e às novíssimas. E, realizando-se, assim, a melhor e mais densa fotografia do ofício docente nas federais hoje.

De minha parte, inaugurei uma modesta colaboração com um singelo artigo, muito gentilmente publicado aqui, no início da greve, no dia 15 de abril, dia 1 da paralização, sob o título de “A greve dos professores das universidades federais”, onde se podia ler que, em minha compreensão, “Não vem, assim, ao caso defender ou não a greve dos professores das federais por merecidas, constitucionais e morais reposições salariais. O fundamental é se recobrar nas forças para se reconhecer com honestidade a brutalidade do peso derrota de cunho existencial dos últimos anos e enfim voltar a meditar com seriedade sobre pra quê todos nós professores das federais e das demais universidades brasileiras efetivamente servimos”.

Adiante, como desdobramentos de reafirmação de minha convicção, apareceriam “Muito além das relvas verdejantes dos vizinhos” e “Navegando a contravento”. Dois artigos produzidos em diálogo, sempre sincero e respeitoso, com argumentos contrários aos meus. Onde pude ressaltar que “A greve dos docentes das federais enseja decorrer de desconforto muito mais profundo, fundamental e quase existencial”.

E, de modo mais detalhado, ainda acentuar que “Afinando o debate nesse tom do diapasão, apoiar ou denegar a greve vira uma estranha navegação. Navegação a contravento. Sem bússolas e sem direção. O que, por certo, não retira a legitimidade de todas as ações de paralisação ou de negação da paralisação nas federais. Entretanto, infelizmente, simplesmente, sinceramente, indireta, mas insistentemente, vai jogando água nos moinhos daqueles, notadamente extramuros, que consideram que ‘A universidade brasileira, salvo raros quadros, é inofensiva, inócua. Mesmo assim, alguns estão debatendo o que a greve poderá fazer com o governo (desgoverno) Lula’”.

Essas singelas manifestações – em linha com um artigo anterior, “Alicerces desertificados” –, como se pode, de saída, notar advogavam pelo caminho do meio. Aquele da meditação e da reflexão. Um caminho, sinceramente, perigoso. Sobretudo quando se circula sem armaduras pelo interior do sistema. Um sistema, como bem sabido, preenchido de armadilhas e eivado de terrenos movediços que, não raramente, mostram a sua face na forma de represálias e admoestações. Esse habitat, todos sabem, detesta divergentes.

Mas, desta vez, não singrei sozinho tampouco arei o mar. Bem do contrário. Tão logo a greve foi se afirmando, vários docentes da mais alta qualidade intelectual, competência técnica e valores morais e espirituais adentraram a trincheira em comum e, sinceramente, sofisticaram a globalidade dos argumentos que impõe a todos o caminho do meio.

Para ficar apenas em alguns, vale fortemente acentuar que a professora Marilena Chaui subiu indelevelmente o nível da discussão com o seu precioso “A universidade operacional”. Em seguida, o antigo reitor da UFBA, João Carlos Salles, alargou a senda guiada de sua colega de ofício da USP com o seu sugestivo “Mão de Oza”. Mais à frente, foi a vez do professor Roberto Leher, antigo reitor da UFRJ, ampliar ainda mais a complexidade cognitiva do debate mobilizando evidências contundentes que quase ninguém sabiam ou, ao menos, ainda não tinha observado em perspectiva.

Desse modo, eles três – para ficar apenas neles, Chaui, Salles e Leher – estraçalharam a mesquinhez da discussão varejista sobre apoiar ou não a greve dos docentes em 2024 e lançavam a discussão em um, verdadeiro, outro patamar. Um patamar que, sinceramente, teve o mérito de avivar o único debate urgente, necessário e válido sobre a universidade brasileira que diz respeito à permanente perquirição de seu sentido, natureza e dignidade. Trocando em miúdos, qual universidade, universidade pra quê e universidade pra quem.

É curioso, mas foi assim. E fazendo assim eles se reataram ao elo perdido das batalhas de Conceição Tavares e Delfim Netto, que sempre foi a educação.

Conceição Tavares e Delfim Netto sempre singraram os mares agitados e controversos da excelência do ensino superior brasileiro. E, nesse sentido, eles sempre foram defensores implacáveis de uma universidade pública, digna e honesta. Um espaço intelectualmente decente, culturalmente relevante e politicamente engajado no aperfeiçoamento da sociedade brasileira – leia-se: na redução de suas aporias, desigualdades e injustiças. E, portanto, uma universidade avessa ao atraso, à estagnação, à indigência, ao ensimesmamento e à mediocrização.

Conceição Tavares e Delfim Netto, nesse propósito, foram, sim, teóricos, mas também práticos. Veja-se, como exemplos, os departamentos de Economia que eles, com seu suor, criaram. Mas, no plano mais geral, foi no início da redemocratização, na viragem dos anos de 1970 para os de 1980, que eles – e todos – começaram a notar que a deriva da universidade brasileira em geral ao encontro do atraso era grave, crônica e acelerada. Mas, depois do Muro e sob a mondialisation heureuse, essa primeira apreensão virou pesadelo.

Os ingênuos dilemas que envolviam provincianismo versus cosmopolitismo tornaram-se mais acentuados. As inconsequentes reações que aplacavam complexos de interioridade versus receios dos grandes centros, com o início da expansão da interiorização da malha universitária pelos interiores do país, produziram verdadeiras deformações e dramas – alguns deles, ainda hoje, não superados. Mas, pior que tudo isso, os ventos daqueles tempos depois do Muro inebriaram os olhares, taparam os ouvidos e soterraram a quase totalidade do ensino superior público brasileiro nas ilusões do utilitarismo técnico frente aos imperativos do pensamento complexo. Como resultado, como bem notou Marilena Chaui, abriu-se caminhos para o surgimento dessa excrescência denominada “universidade operacional.”

De todo modo, vale bem marcar, por aqueles tempos, in real time, sob as tormentas dos anos de 1990, Conceição Tavares e Delfim Netto militavam em outras paragens. Estavam no Parlamento. Eram deputados. Acreditavam na política e entendiam-na como salvação.

Enquanto isso, no chão de terra do cotidiano intramuros das universidades, vozes inquietas vocalizavam o mal-estar. Mas uma delas, francamente, destoou e desconcertou. Destoou pela força, pela presença e pela estridência. E desconcertou pelo seu tom, visto hoje e em perspectiva, macabramente profético.

Tratava-se da voz de um brasileiro peculiar, de inteligência superior, conhecido e afamado – como seus pares Florestan Fernandes (1920-1995), César Lattes (1924-2005) e Mário Schenberg (1914-1990) – no mundo inteiro. Era a voz de um sujeito baiano, crescido em Brotas, formado, inicialmente, em Salvador e que atendia pelo nome de Milton de Almeida Santos (1926-2001). Mestre incontornável e inesquecível de todos nós.

Milton Santos, como tantos outros brasileiros ilustres, foi cassado, perseguido, preso, humilhado e maltratado pelos militares após 1964. Mas, diferente de muitos, jamais perdeu a esperança tampouco a dignidade. Milton Santos não se vendeu nem abandonou as suas convicções.

E, talvez, também por isso, o seu retorno ao Brasil e a sua reintegração – após martírios – ao sistema universitário brasileiro foram, para dizer pouco, experiências, nitidamente, complexas, ruidosas e tortuosas.

Para fazer curto, ele não foi aceito no arranjo CEBRAP, teve dificuldades na UFRJ e viveu uma rude novela para ser integrado à USP.

Mas, uma vez integrado à mais importante universidade do país, ele expandiu a sua diferença.

Não é o caso de aqui se esmiuçar o impacto político, moral, intelectual e estético de obras suas como Por uma Geografia Nova (1978), O trabalho do geógrafo no terceiro mundo (1978), O espaço dividido (1978), O espaço do cidadão (1987), A natureza do espaço (1996) e Por uma outra globalização (2000). Qualquer geógrafo – ou qualquer pessoa minimamente academicamente bem formada – sabe do se trata.

Também não é o caso de muito se rememorar nem de muito se acentuar que esse ilustre baiano e cidadão de Brotas recebeu o Prêmio Vautrin Lud, espécie de prêmio Nobel em sua área exclusiva de atuação, em 1994. Mas, para quem alimenta dúvidas ou, quem sabe, complexos de vira-lata ao encontro da genialidade desse distinto brasileiro, vale simplesmente ressaltar que os mundialmente conhecidos e afamados David Harvey, Paul Claval, Yves Lacoste e Edward Soja – para ficar apenas em alguns dos mais célebres de métier comum – receberiam o mesmo prêmio só tempos depois ou bem depois.

Dito, portanto, assim e sem pudor, Milton Santos foi, sim, genial e singular.

E, por tudo isso, os seus pares na USP decidiram conceder-lhe, em 1997, o honroso título de Professor Emérito da USP. Ao que, Milton Santos recebeu, por claro, com muito gosto.

Mas, diferente de muitos de seus pares em situação similar, ele usou o momento para realizar uma alentada denúncia sobre a situação da universidade brasileira.

Quem viveu, pode lembrar. Quem simplesmente ouvir falar, que acredite: a sua manifestação não foi nada amena.

O intelectual e a universidade estagnada era o seu título. O ano era 1997. O mês, agosto. O dia, o 28.

Milton Santos iniciou a sua manifestação com uma curiosa ode aos obstáculos e derrotas vida intelectual acentuando que “um homem que pensa, e que por isso mesmo quase sempre se encontra isolado no seu pensar, deve saber que os chamados obstáculos e derrotas são a única rota para as possíveis vitórias, porque as ideias, quando genuínas, unicamente triunfam após um caminho espinhoso”.

Mas, logo adiante, chamou a atenção para o fato desse “caminho espinhoso” estar sendo solapado pelo carreirismo universitário imposto pelo modelo de universidade em vigência. Um carreirismo, ao seu ver, só podia conduzir ao conformismo e ao silenciamento do pensar. E, ao fim, fazia entender que, claro: uma universidade que não pensa nem deixa pensar não é bem uma universidade.

E seguia o discurso. Onde, adiante, vaticinou que “acreditar no futuro é também estar seguro de que o papel de uma Faculdade de Filosofia é o papel da crítica, isto é, da construção de uma visão abrangente e dinâmica do que é o mundo, do que é o país, do que é o lugar e o papel de denúncia, isto é, de proclamação clara do que é o mundo, o país e o lugar, dizendo tudo isso em voz alta”.

E continuou dizendo que “essa crítica é o próprio trabalho do intelectual”.

Um trabalho, anteriormente, praticado, genuinamente, por filósofos. Mas, em tempos hodiernos, depositário dos artífices das Humanidades. Ou seja, da gente que, por ofício, vai metida seriamente com Artes, Filosofia, Geografia, História, Letras e afins. Gente que, ao fim das contas, possui formação e disposição para navegar pelas encruzilhadas da incomensurabilidade da complexidade da transversalidade do processo de construção do conhecimento. Gente sem a qual, fazia novamente entender, a universidade simplesmente não existe.  Ou, quando insistem em subsistir, na melhor das hipóteses, vai fadada à indigência.

Sim: duro assim. Mas contundente e veraz. E, sinceramente por isso, O intelectual e a universidade estagnada, merece ser lido e relido, meditado e entendido.

Seguramente ninguém foi mais direto, honesto e preciso no diagnóstico sobre o sinistro da universidade brasileira que Milton Santos. Lá atrás, em 1997 e até a sua morte em 2001, ele chamava a atenção para essa crise crônica. Que, ao fim e ao cabo, era uma de sentido e de identidade. Crise essa que, com o passar dos anos, só fez piorar.

E vem sendo assim, sobretudo, porque a indigência intelectual, cultural e moral tomou, efetivamente, de tudo conta. De modo que, hoje em dia, parte majoritária dos frequentadores das universidades se tornou indiferente ao problema. Parte por não dispor de competência cognitiva para adentrar a discussão. Parte por, sinceramente, nem saber do que se trata.

Desse modo, sim: leia-se Milton Santos. E, ao se fazer, vai-se perceber o óbvio: não existe universidade sem Humanidades. Mas, como tudo na vida, pode-se apreender isso de modo diferente e contemporizador. Quem saber numa fórmula mais amena que sugere, simplesmente, que o destino da universidade depende do destino que se der às Humanidades.

Quando Milton Santos clarificou essa compreensão, vivia-se, no Brasil, o imediatamente após o regime militar, Muro de Berlim, fim do bloco soviético e início da ubiquidade da globalização. Pois, depois disso e século XXI adentro, todo esse quadro ficou mais complexo e, com ele, a situação da universidade.

Ocorreu, de saída, uma desbragada expansão da malha de instituições de ensino superior no país. O que, por claro, gerou uma ampliação do número de instituições. Mas, ao mesmo, curiosamente, não aumentou o número de universidades. Do contrário, quem sabe, até diminuiu. E diminuiu porque, aos poucos, o que se entendia por universidade foi virando outra coisa, que, sinceramente, não se sabe muito bem o que é.

Mas as razões, depois de se ler Milton Santos, ficam clarividentes. Basta-se retomar com calma o processo de aceleração da expansão de instituições de ensino superior desde o início do século.

Quem fizer isso vai rápido notar que, por mais incrível que se possa parecer, houve, em geral, pouco ou nenhum verdadeiro interesse em se valorar o lugar das Humanidades no interior das novas instituições. E isso, quer-se crer, não foi simples descuido nem mera desatenção. Trata-se do atraso como projeto. E, visto assim, virou o féretro da universidade como missão. Pois, claramente, as instituições que saíram do zero ou se emanciparam de outras a partir do ano 2003-2005 foram sendo, em geral, forjadas sem nenhum interesse na criação de cursos realmente consistentes e relevantes em campos essenciais do conhecimento e do saber como artes, filosofia, geografia, história, letras e afins.

Esse imperdoável despautério, levado às últimas consequências, violentou o próprio sentido da universidade no Brasil. Isso porque, sem a latência das Humanidades no interior dessas novas e novíssimas instituições, a formação de uma ou duas gerações de brasileiros foi integralmente deformada a ponto de se comprometer a “construção de uma visão abrangente e dinâmica do que é o mundo” no interior da sociedade.

Consequentemente, não adiante negar, a indigência intelectual virou norma em todas as partes e ajudou a pavimentar um caminho seguro para a ascensão de um verdadeiro estúpido à presidência da República. O leite foi derramado. Todos viram e todos sabem.

As agonias das noites de junho de 2013 ao 8 de janeiro de 2023 foram imensas. Mas, assim, não sem razão. E a greve dos docentes das federais em 2024 veio simplesmente ampliar a convicção do sinistro e evidenciar que a situação virou muito pior que a que Milton Santos imaginou.

O lapso de vinte ou vinte e cinco anos de expansão/deformação universitária brasileira, produziu entre os acadêmicos uma maioria sem nenhuma aptidão nem sensibilidade para notar as infinitas sutilidades no interior da variedade de campos de conhecimento e saber. Dito sem nenhum pudor, perdeu-se a noção de coisas básicas, como a distinção entre humanidades e ciências (humanas ou naturais).

Diante disso, sinceramente, o melhor é se calar. Mas com o silêncio, a universidade – sem as Humanidades – vai morrendo. Pois como vaticinou Milton Santos “A universidade, aliás, é, talvez, a única instituição que pode sobreviver apenas se aceitar críticas, de dentro dela própria de uma ou de outra forma. Se a universidade pede aos seus participantes que calem, ela está se condenando ao silêncio, isto é, à morte, pois seu destino é falar.”

Tudo, portanto, além de muito triste, é muito grave.

E, talvez, agora, vendo-se, assim, a gravidade de todo o quadro, perceba-se o quanto Conceição Tavares e Delfim Netto, sem clichê nem ilusão, fazem falta.

Conceição Tavares e Delfim Netto eram obsessivos no falar. Não no falar por falar. Mas no falar – agora, talvez, entenda-se – para adiar o silêncio do fim. Do fim da universidade e do fim do devir.

*Daniel Afonso da Silva é professor de história na Universidade Federal da Grande Dourados. Autor de Muito além dos olhos azuis e outros escritos sobre relações internacionais contemporâneas (APGIQ). [https://amzn.to/3ZJcVdk]

Políticas educacionais nos EUA

Por OTAVIANO HELENE*

A desigualdade social, em especial a desigualdade na distribuição de renda, provocam também grande desigualdade educacional nos EUA

1.

A educação escolar dos EUA não é das melhores. Em programas de comparação internacional de estudantes, como o Pisa, os EUA ficam em uma posição relativa muito abaixo daquela que seria esperada considerando sua realidade econômica. Em alguns indicadores educacionais, a posição dos EUA é próxima daquela observada em países com PIB per capita igual à metade do norte-americano.

Dadas as condições materiais daquele país e a existência de escolas e universidades excelentes, essa situação poderia parecer estranha. Entretanto, a desigualdade social, em especial a desigualdade na distribuição de renda, parece provocar uma também grande desigualdade educacional. Isso faz com que coexistam uma educação de ponta e um enorme desenvolvimento científico e cultural, de um lado, com péssimos indicadores educacionais, de outro.

Outras características daquele país que o coloca em uma posição bastante atípica dizem respeito ao ensino superior. Nos EUA, o ensino superior é majoritariamente público. Entretanto, apesar de bem menos privatizado do que o ensino superior no Brasil (um quarto dos estudantes daquele país estão em instituições privadas, proporção inversa da brasileira, onde um quarto está em instituições públicas), sua taxa de privatização é mais elevada do que aquela que se observa tipicamente nos países mais avançados.

Outra característica bastante marcante dos EUA é o fato de que lá o ensino superior público não é gratuito e as anuidades cobradas são bastante altas, situação bem diferente daquela tipicamente observada nos países avançados.

Como os dois partidos que disputam a presidência daquele país entendem essa situação e que propostas têm?

2.

Em alguns aspectos, as diferenças entre os partidos Democrata e Republicano dos EUA são muito pequenas. Entretanto, nas políticas sociais, não ocorre o mesmo. Nesse aspecto, o Partido Democrata tem um perfil mais parecido com o da social-democracia europeia, enquanto o Partido Republicano defende valores tradicionais, às vezes embasados em princípios religiosos. Vejamos alguns exemplos.

O Partido Republicano defende a não estabilidade de professores e uma política de remunerações que podem depender de critérios sem relação com o desenvolvimento escolar e educacional. Por exemplo, o seu atual candidato à Casa Branca entende que a educação está tomada por “maníacos radicais de esquerda” e isso deve acabar. E, talvez, para acabar com isso seja necessário acabar antes com a estabilidade de professores.

Democratas, por sua vez, reconhecem a importância da estabilidade de professores e da participação da comunidade (educadores, pais, líderes comunitários e estudantes) na definição dos projetos educacionais e uma melhor remuneração dos trabalhadores da educação. Democratas reconhecem que a possibilidade de municípios complementarem os orçamentos das escolas, inclusive salários, faz com que a educação nas cidades de maiores rendas per capita seja muito diferente daquela oferecida aos jovens e às crianças das cidades mais pobres, sendo essa uma importante fonte das desigualdades educacionais que devem ser superadas.

Republicanos entendem que a ajuda federal destinada à educação e à saúde de crianças de famílias de baixa renda hoje existente deve ser eliminada. Outras propostas, ainda, são transformar despesas públicas com educação em vales (vouchers) que podem ser usados para pagamento de escolas privadas, e fechar a secretaria de educação, órgão correspondente ao Ministério da Educação do Brasil.

O Partido Democrata, por seu lado, afirma entender que educação não é mercadoria e que todas as crianças e jovens devem ter acesso ao ensino de qualidade controlado pelo setor público. As desigualdades devem ser enfrentadas por meio de ajudas do governo federal voltadas às crianças e aos jovens dos segmentos mais desfavorecidos. Democratas também entendem que recursos públicos devem ser direcionados apenas a instituições públicas.

Republicanos tendem a apoiar o ensino domiciliar inclusive subsidiado com recursos públicos. Democratas, por outro lado, reconhecem a importância do ensino presencial, que ficou muito clara durante os confinamentos provocados pela covid-19.

Como aqui, outras pautas invadem a questão educacional nos EUA. Democratas repudiam a proposta de que professores usem armas nas escolas, um ponto defendido por republicanos; seria a versão estadunidense das escolas militarizadas? Segundo estes últimos, as escolas também devem promover os “valores ocidentais”, enquanto democratas entendem que todas as crianças e jovens devam ser tratados da mesma forma, independentemente de suas origens nacionais, sexo, identidade de gênero, religião ou da ausência dela e de outras características pessoais.

Outro ponto importante a diferenciar os dois partidos é quanto ao financiamento do ensino superior. Uma prática comum – cobrança combinada com financiamentos para pagar as anuidades – tem provocado danos bastante importantes. As dívidas estudantis, quase totalmente federais, estão próximas a dois trilhões de dólares, valor próximo ao PIB nominal brasileiro de um ano inteiro, o que corresponde a uma média da ordem de US$ 40 mil por devedor.

Por um lado, isso afeta mais duramente os grupos social e economicamente mais frágeis; por outro lado, reduz ou mesmo anula os ganhos econômicos individuais esperados como decorrência da frequência de um curso superior. Além disso, a possibilidade de financiamento para arcar com as anuidades contribui para o aumento destas.

3.

Como democratas e republicanos entendem essa questão?

Parte do Partido Democrata defende simplesmente o fim das cobranças do ensino superior em instituições públicas, proposta abraçada por Bernie Sanders em seu programa quando candidato à Presidência da República. As atuais propostas dos democratas, reconhecendo a gravidade do problema criado pela cobrança do ensino superior, são, entretanto, mais modestas, mas defendem a redução das dívidas estudantis e dos juros dos empréstimos públicos.

A proposta do Partido Republicano para enfrentar a mesma questão é mais corriqueira: promover escolas e cursos mais baratos. Esta resposta está de acordo com o fato de que 59% dos republicanos ou simpatizantes pensam que o ensino superior tem um efeito negativo para o país. Acabar com ele seria uma possibilidade?

Enfim, tanto lá como aqui, o entendimento do papel da educação escolar em uma sociedade difere bastante segundo a posição política e ideológica dos partidos. E, tanto lá como aqui, a pauta educacional está contaminada pela pauta ideológica.

Otaviano Helene é professor sênior do Instituto de Física da USP.

Publicado originalmente no Jornal da USP.

A evolução das comunicações: da mídia impressa às redes sociais e seus desafios contemporâneos

A comunicação é uma das principais forças motrizes da sociedade. Desde os primeiros jornais impressos até a ascensão das redes sociais, a capacidade de disseminação de ideias evoluiu exponencialmente, proporcionando um alcance sem precedentes. No entanto, essa evolução não veio sem desafios. A transição da mídia impressa tradicional para o ambiente digital não apenas ampliou a capacidade de publicização de ideias, mas também desencadeou uma ansiedade por conteúdos que atendam à curiosidade e expectativas dos espectadores. Este cenário criou o ambiente perfeito para o surgimento de notícias falsas e golpes comerciais, fenômenos que têm gerado preocupações em várias esferas da sociedade.

Com o surgimento da mídia impressa, as ideias passaram a circular de forma mais ampla e acessível, rompendo barreiras geográficas e sociais. Jornais e revistas tornaram-se meios fundamentais para a disseminação de informações, opiniões e ideologias. No entanto, o processo de produção e distribuição dessas mídias era relativamente lento e controlado, o que permitia uma verificação mais rigorosa dos conteúdos.

Com o advento da internet e, posteriormente, das redes sociais, essa dinâmica mudou drasticamente. Hoje, qualquer pessoa com um dispositivo conectado à internet pode produzir e compartilhar conteúdo com milhares, senão milhões, de pessoas instantaneamente. Essa democratização da comunicação ampliou o alcance das ideias, mas também reduziu os filtros que tradicionalmente controlavam a qualidade e a veracidade das informações divulgadas.

A rapidez com que as redes sociais se estabeleceram criou uma nova realidade: a sede insaciável por novos conteúdos. Esse apetite por informações instantâneas e muitas vezes sensacionalistas gerou uma pressão sobre produtores de conteúdo para que entregassem notícias que captassem a atenção do público, mesmo que isso significasse sacrificar a precisão e a veracidade.

Nesse contexto, as fake news surgiram como um fenômeno preocupante. A disseminação de informações falsas não é um fenômeno novo, mas as redes sociais deram a esse problema uma nova dimensão. Agora, notícias falsas podem se espalhar em questão de segundos, alcançando um número imenso de pessoas antes que possam ser desmentidas. Além disso, a combinação de algoritmos que priorizam conteúdos populares com o comportamento humano, que tende a compartilhar informações emocionantes ou chocantes, criou um ambiente propício para a proliferação de desinformação.

Enquanto as redes sociais avançavam a passos largos, os Estados, em grande parte, demoraram a compreender e controlar esse novo fenômeno. A ausência de regulamentação eficaz e a complexidade de monitorar o vasto volume de conteúdo que circula nas plataformas digitais criaram um vácuo, preenchido por ideias e práticas que muitas vezes não são aceitas pela sociedade. Essa lacuna permitiu a proliferação de golpes comerciais, a manipulação política e a disseminação de ideologias extremistas, fenômenos que têm colocado em risco a integridade social e a segurança dos indivíduos.

Em face desses desafios, algumas abordagens conservadoras emergiram como tentativas de controle, como a retirada de celulares e tablets das mãos das crianças e o monitoramento rigoroso dos conteúdos acessados por adolescentes. No entanto, essas estratégias mostram-se inviáveis a longo prazo. Proibir o acesso a dispositivos e conteúdos pode, paradoxalmente, aumentar o fascínio por eles, resultando em comportamentos amorais ou imorais.

Além disso, a exclusão digital pode gerar um retrocesso no desenvolvimento das competências necessárias para a navegação segura e crítica no ambiente digital. A educação digital torna-se, assim, uma necessidade urgente.

A solução para os desafios impostos pelas redes sociais não reside na repressão, mas na educação. É preciso construir uma nova forma de educação que capacite as pessoas a usar dispositivos digitais e as ferramentas disponíveis de maneira crítica e consciente. Ensinar desde cedo a diferenciar informações confiáveis de notícias falsas, a compreender as dinâmicas das redes sociais e a reconhecer os perigos dos golpes online é fundamental para a formação de cidadãos informados e responsáveis.

Enquanto isso não for alcançado, continuaremos a testemunhar uma corrida desenfreada por audiência, impulsionada pela necessidade de vender produtos e promessas ilusórias. Essa corrida não só empobrece os consumidores, como também enfraquece a confiança na mídia e nas instituições, minando as bases da sociedade.

A evolução das comunicações, da mídia impressa às redes sociais, trouxe avanços significativos na disseminação de ideias, mas também gerou novos desafios. A proliferação de fake news e golpes comerciais é um sintoma de um ambiente digital desregulado e de uma sociedade ansiosa por conteúdos que muitas vezes sacrificam a verdade em nome do entretenimento. A resposta conservadora de proibir o acesso a dispositivos digitais é ineficaz e pode gerar consequências indesejadas. Em vez disso, é fundamental investir em uma educação digital que prepare os cidadãos para navegar com segurança e criticidade no mundo digital, garantindo, assim, um futuro onde a verdade e a ética prevaleçam.

Por Ronald Pinto

Risos. Folha desembarca da farsa contra Moraes com editorial que propõe a anulação das condenações contra os golpistas de 8 de janeiro

Fica claro, portanto, que o objetivo é anistiar personagens como Jair Bolsonaro

O jornal Folha de S. Paulo, que apoiou a ditadura militar de 1964, chegando até a emprestar seus carros para o aparato de tortura, o golpe de estado de 2016 e o choque neoliberal dele decorrente desembarcou melancolicamente, nesta quinta-feira, da operação de ataque, em parceria com Glenn Greenwald e a extrema-direita internacional, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que agiu para evitar um novo golpe no Brasil, desta vez por Jair Bolsonaro e seus asseclas, nas eleições presidenciais de 2022.

A saída encontrada pela Folha foi um editorial com críticas a Moraes e a seus colegas de Supremo Tribunal Federal, que o defenderam de forma enfática e sem margem para qualquer contestação. “Não estão em questão a boa-fé de Alexandre de Moraes nem a obtusidade da ala do bolsonarismo que flertou com a ruptura institucional. Discutem-se os meios utilizados para enfrentar a ameaça, real”, aponta o editorial

No mesmo texto, a Folha revela sua provável intenção, que parece ser a anistia a Jair Bolsonaro, único político capaz de fazer frente a uma eventual reeleição do presidente Lula em 2026. “É uma pena que, por espírito de corpo, colegas de Moraes tenham se apressado a conceder-lhe um novo salvo-conduto. Há acusados e investigados que poderão, com base nas informações que vêm sendo levantadas pelo jornalismo profissional, solicitar a nulidade de provas ou a reversão de decisões”, escreve o editorialista. “Já sabem que contarão com a antipatia do tribunal que deveria zelar pelas prerrogativas fundamentais dos brasileiros, entre as quais fulgura o devido processo legal”, finaliza.

Brasil 247

Folha reconhece ter promovido narrativa de Bolsonaro com acusações infundadas contra Moraes

https://www.brasil247.com/midia/folha-reconhece-ter-promovido-narrativa-de-bolsonaro-com-acusacoes-infundadas-contra-moraes

Humilhação e deboche: alguém precisa parar Carlinhos Maia

BRASÍLIA (DF)-Alguém precisa parar Carlinhos Maia, influencer tipo Pablo Farçal que ganha dinheiro enganando os trouxas. E haja trouxas. Um desses espertalhões chegou até a presidência da República. E o impressionante é que pessoas fazem fila para serem humilhadas, pisoteadas e debochadas por Carlinhos Maia, numa clara violação dos direitos humanos.

Na foto ao lado, o influenciador Catchall Pegasus, se humilha para voltar para o Rancho Maia. “Só um conselho: vá criar seus conteúdos e fazer por onde pra ser notado e ter mérito para estar no projeto! Se humilhando você só vai se rebaixar ainda mais. O que ele te disse naquele dia em live já foi o suficiente! (Pára que tá feio)”, postou  um internauta, criticando a posição humilhante do influenciador.

Sob a cortina de um reality show na internet, realizado no Rancho do Maia, reunindo um monte de  “influenciadores” e subcelebridades em um sítio cafona, Carlinhos Maia pratica os mais diversos e perversos crimes contra a pessoa humana, ferindo a alma daqueles que vão para aquele lugar em busca de mudança de vida. E o que encontram são manifestações de deboche, humilhações e submissão. Quando confrontado, ele se assume um tirano dizendo que quanto mais criticarem mais ele ganha dinheiro em cima dos trouxas. Alguém precisa parar Carlinhos Maia. Antes que algo muito pior aconteça.

Carlinhos Maia se explica sobre vídeo polêmico Uma das últimas aberrações no Rancho Maia, funcionárias esfregam o rosto de uma influenciadora em esterco de vaca. No vídeo, a influenciadora conhecida como Debochada, que sempre está nas festas de Carlinhos, era arrastada por funcionários, que esfregam o rosto dela em esterco e a jogavam em um curral com cabras.

Após a repercussão negativa do vídeo, o influenciador decidiu se explicar. “Vocês que seguem já sabem, mas aos que sempre buscam deturpar tudo, a debochada estava atuando. Ela trouxe as funcionárias para o enredo dela. Ela passa a temporada toda ‘humilhando’, ‘mandando’ nas meninas. No fim, elas se vingam. Inclusive, ideia delas mesmas. Então, relaxem, tem muito teatro aqui também, ninguém é obrigado a nada”, disse ele.

“São quase 8 anos tentando me cancelar, não perceberam que não paro nunca? Amo que vocês me deixam ainda mais famoso, mais rico, ainda mais popular. Olha a quantidade de gente que ama. E a quem odeia, bem-vindos. Quanto mais vocês reproduzem meus vídeos, mais gente vem e fica”, completou Carlinhos.

J.K. Rowling e Elon Musk são mencionados em processo movido pela campeã olímpica Imane Khelif

A campeã olímpica de boxe Imane Khelif se viu no centro de uma polêmica acirrada que agora evoluiu para uma ação legal. A boxeadora argelina, que recentemente ganhou a medalha de ouro na categoria feminina de 66 quilogramas nas Olimpíadas de Paris 2024, está movendo uma queixa criminal contra aqueles que supostamente cometeram “atos de assédio cibernético agravado” contra ela.

A queixa, apresentada pelo advogado de Khelif, Nabil Boudi, às autoridades francesas, menciona várias figuras de destaque, incluindo a autora J.K. Rowling e o empresário Elon Musk. Embora a ação judicial seja movida contra pessoas desconhecidas (uma prática comum na lei francesa), ela menciona especificamente esses indivíduos, entre outros, que podem ter contribuído para o assédio online.

A controvérsia surgiu de acusações infundadas sobre a elegibilidade de Khelif em relação ao gênero. Apesar de ter nascido mulher e não se identificar como transgênero ou intersexo, Khelif enfrentou uma enxurrada de abusos online questionando seu direito de competir no boxe feminino. O Comitê Olímpico Internacional apoiou firmemente Khelif, declarando: “Cientificamente, isso não é um homem lutando contra uma mulher.”

No entanto, os ataques online persistiram, com algumas figuras influentes adicionando combustível ao fogo. J.K. Rowling, conhecida pela série Harry Potter, postou uma mensagem para seus 14,2 milhões de seguidores no X (anteriormente Twitter), acusando Khelif de ser um homem “desfrutando do sofrimento de uma mulher que ele acabou de socar na cabeça”. Elon Musk, o proprietário do X, compartilhou e concordou com uma postagem afirmando que “homens não pertencem aos esportes femininos.”

A ação judicial não se limita a essas duas figuras. Boudi mencionou que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também faria parte da investigação devido à sua atividade nas redes sociais relacionada a Khelif. Outras personalidades, como Logan Paul, também fizeram comentários depreciativos, embora Paul tenha posteriormente apagado sua postagem e admitido a possibilidade de ter espalhado desinformação.

Boudi explicou o motivo por trás da apresentação da queixa contra pessoas desconhecidas: “Isso garante que a promotoria tenha toda a latitude para poder investigar contra todas as pessoas, incluindo aquelas que podem ter escrito mensagens odiosas sob pseudônimos.”

React - Nikolas Ferreira e as bobagens biológicas sobre a lutadora argelina Imane Khelif

O advogado também enfatizou que a queixa poderia ter alcance internacional. Ele afirmou: “O gabinete do procurador para combater o discurso de ódio online tem a possibilidade de fazer pedidos de assistência jurídica mútua com outros países.” Isso significa que, embora a ação judicial tenha sido movida na França, ela poderia potencialmente visar indivíduos no exterior.

O impacto desse assédio online em Khelif foi significativo. Seu treinador, Pedro Diaz, compartilhou com a Variety que o bullying “afetou incrivelmente ela” e “todos ao seu redor”. Diaz, que já treinou 21 campeões olímpicos antes de Khelif, disse: “Nunca tinha visto algo tão repugnante em minha vida.” Ele aconselhou Khelif a evitar as redes sociais durante as Olimpíadas para manter seu foco em ganhar a medalha de ouro.

Apesar dos desafios, Khelif perseverou e alcançou seu sonho olímpico. Diaz elogiou sua resiliência, dizendo: “Ela é tão inteligente e tem uma motivação incrível.” Ele acrescentou que a vitória na medalha de ouro “foi a vitória mais gratificante da minha carreira como treinador.”

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