terça-feira, setembro 9, 2025
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Marcos Rogério: o senador lambe as botas de Bolsonaro e pisa no povo de Rondônia

Por Édson Silveira*
Lá estava ele, como sempre: no lugar errado, ao lado das pessoas erradas, defendendo os interesses errados. O senador Marcos Rogério (PL-RO) decidiu gastar seu precioso tempo de mandato — que deveria ser dedicado aos problemas reais de Rondônia — desfilando na Avenida Paulista num ato em defesa de Jair Bolsonaro, figura que coleciona investigações, escândalos e uma ficha corrida mais longa que a BR-364.
Enquanto o povo de Rondônia amarga uma das contas de luz mais caras do país, adivinhem o que o nobre senador fez? Votou contra o veto do presidente Lula que impediria o aumento ainda maior da tarifa. Isso mesmo: Marcos Rogério decidiu que os rondoniense devem pagar ainda mais caro para manter o lucro bilionário das distribuidoras de energia. Para ele, os interesses das grandes empresas e dos barões do setor elétrico valem mais do que a conta no fim do mês do trabalhador, da dona de casa, do agricultor, do pequeno comerciante.
Dá até para imaginar: enquanto o cidadão rondoniense sua para pagar a conta, o senador viaja a São Paulo para bajular um ex-presidente que responde a dezenas de processos. E tudo isso em nome da “liberdade”… liberdade para os ricos ganharem mais, liberdade para o povo sofrer calado.
Marcos Rogério não honra o voto do rondoniense. Não tem compromisso com nosso estado. Vota em Brasília como se fosse senador dos milionários. Apoia pautas que só favorecem os de cima e vira as costas para quem o elegeu. Na prática, age como um estafeta do bolsonarismo: fanático, cego e completamente desconectado da realidade de quem vive em Rondônia.
A pergunta que não quer calar: até quando vamos aceitar esse tipo de “representação”? O povo de Rondônia merece mais. Merece um senador que defenda nossa gente, nossas necessidades, nosso direito à dignidade.
Marcos Rogério não merece ser eleito a absolutamente NADA em 2026. Nem para síndico de prédio. Rondônia precisa virar essa página.
Édson Silveira
Advogado, professor, administrador e vice-presidente estadual do PT/RO

Escárnio: deputados de Rondônia votam para não enviar verbas para fiscalizar e combater o desmatamento

Definitivamente, Rondônia está fadada à desertificação muito em breve. Além de revogar a criação de reservas ambientais, a Assembleia Legislativa de Rondônia acaba de arquivar projeto que concedia 10 milhões de reais para a Sedam, que seriam utilizados para combater o desmatamento e pagar diárias de fiscais. Publicado na página da ALE-RO na Internet, essa decisão vai contra normas internacionais para exportações, que proíbe a compra de produtos como soja e carne bovina oriunda de áreas desmatadas. A informação partiu da própria entidade, em release publicado na página da ALE-RO na Internet. Leia abaixo na íntegra:

A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) rejeitou nesta quinta-feira (26), durante sessão extraordinária itinerante realizada no município de Machadinho D’Oeste, o Projeto de Lei 803/2025 de autoria do governo do estado que destinava por meio de crédito adicional, R$ 10 milhões à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sedam), para fiscalização ambiental contra o desmatamento e pagamento de diárias dos fiscais da Sedam, no ano de 2025.

O projeto tramitou nas comissões pertinentes e estava com parecer favorável para a aprovação em Plenário, mas durante as discussões o parecer foi rejeitado pela maioria dos deputados, seguindo diretamente para arquivo. Os únicos deputados que votaram a favor do relatório para que o projeto fosse à votação em Plenário foram os deputados Eyder Brasil (PL) e Cláudia de Jesus (PT).

De acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, Alex Redano (Republicanos), o projeto polêmico foi enviado pelo governo do estado há alguns meses e estava pronto para a votação e a Assembleia, que não poderia evitar pautar o assunto, especialmente neste momento difícil que o estado de Rondônia vive em termos ambientais. Os produtores rurais vivem insegurança jurídica em função do cerco promovido pelos órgãos ambientais, com a criação de onze reservas ambientais e os embargos de propriedades, que se não forem revertidos, inviabilizarão a atividade da produção rural em Rondônia.

“Este projeto foi enviado pelo governo do estado para liberação de recursos para a Sedam, a fim de fiscalizar o desmatamento em Rondônia e para a concessão de diárias para que os servidores da Sedam possam ir à campo para garantir esta fiscalização. Não vejo o momento em que vivemos em Rondônia como o ideal para a liberação desses recursos para mais fiscalização do nosso produtor rural que já sofre tanto com as investidas com os organismos ambientais. Nossos produtores rurais, de norte a sul do nosso estado, não aguentam mais tanta ação contra a produção. É uma pressão ambiental tão grande, que se continuar assim vai inviabilizar a produção rural em Rondônia. O meu voto é contrário ao prosseguimento do projeto, especialmente neste momento em que os produtores clamam pela segurança jurídica e pela liberdade de trabalhar em paz. Já temos as onze reservas criadas no governo anterior que atingiram propriedades rurais tradicionais, terras já antropizadas, famílias que estão há mais de dez, vinte anos produzindo na terra, que já têm uma vida em cima da propriedade e que o governo decidiu, do dia para a noite transformar em área de preservação, onde temos uma CPI finalizada com relatório pela revogação dos decretos; temos a questão dos embargos do governo federal que também querem tirar nossos produtores das suas terras, temos as ações do Ibama, do ICMbio são medidas fortes contra o produtor de Rondônia e não podemos permitir que a Sedam amplie a fiscalização enquanto nossos produtores rurais não tiverem uma definição sobre o seu direito de propriedade garantido”, disse o presidente Alex Redano, encaminhando o relatório para votação de forma nominal, onde cada deputado manifesta publicamente o seu voto.

Apesar de ter seu relatório rejeitado e ter sido enviado diretamente para arquivo, de acordo com o regimento interno da Assembleia, o projeto pode voltar à pauta se tiver a assinatura de treze parlamentares (maioria simples) para o seu desarquivamento.

Texto: Jocenir Sérgio Santanna I Jornalista
Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO

Marcos Rogério supera Alcolumbre e é o senador que mais gastou emenda Pix

Na sequência, aparece o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), com R$ 34,798 milhões, praticamente empatado com os líderes.

As emendas Pix são tecnicamente chamadas de “transferências especiais” e se caracterizam pela ausência de exigência de projeto prévio. Na prática, isso significa que o parlamentar destina o recurso para uma cidade e cabe ao município decidir como irá aplicá-lo, com liberdade para distribuir entre diferentes áreas.

Em 2024, esse tipo de emenda movimentou R$ 8,2 bilhões, valor que se soma aos mais de R$ 13 bilhões registrados desde a criação do mecanismo em 2020. O crescimento acelerado tem levantado questionamentos sobre o uso político da verba.

Segundo a Transparência Brasil, apenas 0,9% das emendas Pix de 2024 continham informações completas sobre a destinação e o uso dos recursos. Isso indica que, na prática, mais de 99% dos repasses foram feitos sem que a população tenha acesso ao objetivo final da aplicação.

Ainda de acordo com a organização, 78% dos parlamentares que usaram essa modalidade no ano passado não indicaram com clareza o destino dos valores. Além disso, há um padrão de concentração dos recursos em cidades de baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o que aumenta o risco de uso eleitoral.

Outros senadores também aparecem entre os maiores usuários da ferramenta. Estão na lista nomes como Eliziane Gama (PSD-MA), Otto Alencar (PSD-BA), Carlos Fávaro (PSD-MT), Nelsinho Trad (PSD-MS), Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Omar Aziz (PSD-AM), todos com valores entre R$ 30 milhões e R$ 34 milhões.

1- Marcos Rogério (PL‑RO) – R$ 34,8 mi
2- Jussara Lima (PSD‑PI) – R$ 34,8 mi
3- Jayme Campos (União Brasil‑MT) – R$ 34,8 mi
4- Davi Alcolumbre (União Brasil‑AP) – R$ 34,798 mi
5- Eliziane Gama (PSD‑MA) – R$ 34,3 mi
6- Otto Alencar (PSD‑BA) – R$ 34,1 mi
7- Carlos Fávaro (PSD‑MT) – R$ 33,3 mi
8- Nelsinho Trad (PSD‑MS) – R$ 31 mi
9- Rodrigo Pacheco (PSD‑MG) – R$ 30 mi
10- Omar Aziz (PSD‑AM) – R$ 30 mi

A predominância de parlamentares do PSD entre os maiores beneficiários indica uma articulação interna que favoreceu a legenda de Gilberto Kassab e Omar Aziz no uso dessas transferências.

Ainda assim, o PSD não lidera o gasto de emendas no Senado. No ranking, o partido de Kassab fica atrás do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Veja: 

PL: R$ 1,4 bi em emendas Pix (32% das emendas)
PSD: 38% das emendas convertidas em Pix
União Brasil: 37% convertidos em Pix
MDB: 40% das emendas em Pix
Avante: 47% das emendas em Pix

Fonte: DCM

“Por que Flávio Bolsonaro ainda está solto?”, questiona Celso Rocha de Barros

Sociólogo lembrou que o senador confessou ter um plano plano de golpe para 2027, ameaçando a a democracia: “Se fosse de esquerda, já estaria preso”

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo deste domingo (22), o  doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e colunista Celso Rocha de Barros questiona, com ironia e indignação, o silêncio institucional após a entrevista em que Flávio Bolsonaro (PL), senador e filho de Jair Bolsonaro, admite que um novo golpe de Estado está sendo preparado para 2027 — e que o apoio da família a um candidato em 2026 depende do compromisso com essa ruptura.

Para Rocha de Barros, a fala de Flávio é reveladora e gravíssima: mostra que a extrema-direita brasileira continua a operar com a expectativa de impunidade total, mesmo após a tentativa frustrada de golpe em 2023. “Se a família Bolsonaro fosse de esquerda, a entrevista teria sido o centro da agenda política nacional”, escreve o colunista, que afirma ainda que, num cenário inverso, haveria CPI, prisão em flagrante e reação das Forças Armadas.

O artigo também critica a complacência de presidenciáveis como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, que sequer se pronunciaram diante do plano autoritário revelado. “Ninguém é moderno ou moderado quando promete libertar quem tentou matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes”, afirma o autor, num alerta direto ao mercado financeiro e à mídia que tem se movimentado em apoio a candidatura de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

“Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Júnior não conseguiriam abrir a boca sem que alguém lhe perguntasse se, afinal, eles vão prometer o golpe que Jair quer”, destacou.

O texto termina com um recado direto a quem, em 2026, pretende chamar de “centro” ou “razoável” qualquer político apoiado por Jair Bolsonaro afirmando que se esse apoio vier, é porque o candidato já se comprometeu com um novo atentado à democracia.

“Flávio nos contou que na agenda da família Bolsonaro o próximo golpe já está marcado para 2027. Se você vai ganhar a vida ano que vem argumentando que um aliado deles é moderado, essa é uma boa hora para pedir aumento”, finalizou.

Do Brasil 247 

Intercept Brasil: Flávio Bolsonaro atualiza ameaça golpista do ‘cabo e soldado’

Neofascismo e golpismo parecem cada vez mais naturalizados no país quando um senador fala que o candidato apoiado pelo bolsonarismo terá de passar por cima do STF e livrar golpistas da cadeia.

Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2018, Eduardo Bolsonaro declarou que bastaria mandar “um cabo e um soldado” caso seu pai, Jair, fosse impedido de assumir a presidência por alguma decisão do Supremo Tribunal Federal, o STF.

Para que não houvesse dúvidas sobre sua intenção golpista, acrescentou: “O que é o STF? Tira o poder da caneta da mão de um ministro do STF, o que ele é na rua? Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter manifestação popular a favor dos ministros do STF? Milhões na rua?”.

Antes de tomar posse, o bolsonarismo já tinha apresentado suas credenciais golpistas. O afrontamento ao Supremo nunca precisou de motivo. Sempre foi uma prática permanente. À época dessa declaração, houve grande indignação na imprensa. O caráter golpista da fala foi explícito demais para que fosse diferente.

Nesta semana, o senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, fez exatamente o que o seu irmão Eduardo fez há sete anos: ameaçou fechar o STF com a força do Exército caso um bolsonarista vença a próxima eleição.

A ameaça à democracia foi feita de forma clara e direta em entrevista para a Folha de S.Paulo. Desta vez, porém, o assunto passeou de maneira lateral no noticiário. O golpismo e o neofascismo parecem cada vez mais naturalizados pela imprensa profissional, que parece intimidada pela popularidade do bolsonarismo. Tratarei desse tema mais à frente.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, é beijado por seu filho Flávio, senador pelo PL do RJ, durante ação de campanha para a eleição de 2024 realizada em 18 de julho, no Rio de Janeiro. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)
O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, é beijado por seu filho Flávio, senador pelo PL do RJ, durante ação de campanha para a eleição de 2024 (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)

Voltemos à entrevista: Flávio, que é considerado por muitos o filho mais moderado e pragmático de Bolsonaro, se sentiu bastante à vontade para fazer a pregação golpista. Sem medir as palavras, o senador deixou claro que existe uma articulação nos bastidores para que o candidato presidencial do campo bolsonarista esteja comprometido com a anistia ou com o indulto para os golpistas.

“Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá. Certamente o candidato que o presidente Bolsonaro vai apoiar deverá ter esse compromisso”, declarou o senador.

Trocando em miúdos: só receberá o aval da família Bolsonaro o candidato que estiver disposto a salvar a pele da bandidagem golpista, mesmo que para isso tenha que pôr um fim na democracia.

Incrédula, uma das jornalistas pergunta se o apoio do ex-presidente estará condicionado a esse compromisso do candidato. Flávio não só confirma como dá detalhes do plano golpista: “Muito além disso. Por isso que eu estou falando que a anistia é o remédio. Porque, vamos supor, aconteceu essa maluquice de condenar Bolsonaro. Ele está inelegível, vai ter que apoiar alguém. Não só vai querer apoiar alguém que banque a anistia ou o indulto, mas que seja cumprido. Porque a gente tem que fazer uma análise de cenário também de que, na hipótese de o presidente dar um indulto para Bolsonaro, o PT vai entrar com um habeas corpus no STF. [Vão declarar que] é inconstitucional esse indulto. Então vai ter que ser alguém na Presidência que tenha o comprometimento, não sei de que forma, de que isso seja cumprido”.

Perceba que, ao final da resposta, Flávio dá uma titubeada e diz não saber como o futuro presidente bolsonarista fará quando o STF decidir que o indulto é  inconstitucional. A jornalista pede para o senador explicar e é aí que ele decide desfilar todo seu golpismo sem o menor pudor: “É uma hipótese muito ruim, porque a gente está falando de possibilidade e de uso da força. A gente está falando da possibilidade de interferência direta entre os poderes. Tudo que ninguém quer. E eu não estou falando aqui, pelo amor de Deus, no tom de ameaça, estou fazendo uma análise de cenário. É algo real que pode acontecer”.

Flávio não poderia ser mais claro na sua ameaça à democracia. Não há margem para qualquer outra interpretação. Em determinado momento da entrevista, ele até tenta disfarçar ao chamar a pregação golpista de “análise de cenário”, mas a maneira como a projeção dos acontecimentos é detalhada não deixa dúvida: o bolsonarismo só apoiará o candidato que estiver plenamente comprometido com em dar um golpe de estado para salvar os golpistas da cadeia.

O senador declarou, com todas as letras, que um presidente bolsonarista deverá atropelar a decisão do STF com o “uso da força” e admitiu que isso será uma “interferência direta entre os poderes”. Resumindo: irá mandar o Exército interditar os trabalhos do Supremo. Trata-se da versão atualizada do “é só mandar um cabo e um soldado” — a ameaça golpista feita pelo seu irmão Eduardo em 2018.

Ainda se tem muitas dúvidas sobre quem será o candidato bolsonarista, mas agora, graças a Flávio, temos a certeza de que será alguém que entrará para o próximo pleito comprometido em rasgar a Constituição, passar por cima do Judiciário e livrar os bandidos de estimação do bolsonarismo da cadeia.

A confissão escancaradamente golpista do filho de Bolsonaro era para ser tratada como um escândalo de grandes proporções pela imprensa brasileira. Está mais do que claro que há uma conspiração em curso, mas pouco ou quase nada se fala sobre isso.

Fomos avisados de antemão que o candidato do bolsonarismo estará comprometido com o “uso da força” contra os outros poderes. E parece que o jornalismo brasileiro está menos incomodado com isso do que deveria. A repercussão foi mínima.

Grandes jornais até se posicionaram contra a declaração do senador, mas quase sempre de forma meio velada, com meias palavras e uma preocupação muito aquém da necessária. Quase ninguém chamou a ameaça golpista pelo nome. O editorial do Estadão foi uma surpreendente exceção. Intitulado “O golpismo corre nas veias” — o que soa irônico vindo de uma empresa que chamava os golpistas de 1964 de “democratas salvadores da nação” — o jornal tratou o assunto como deveria e repudiou a ameaça golpista.

Nas chamadas para a entrevista nas redes sociais, a Folha optou por não usar a palavra “golpe”. Preferiu chamar os leitores dessa forma singela:  “Candidato tem que brigar por indulto, diz Flávio Bolsonaro”. Na manchete que encabeça a entrevista, a Folha melhorou um pouco, mas ainda assim evitou o uso da palavra “golpe” e seus derivados: “Flávio diz que candidato de Bolsonaro terá de garantir que STF não derrube indulto, mesmo à força”.

editorial do O Globo cumpriu o que se esperava dele: condenou as falas do senador, mas evitou a fadiga e também suavizou as palavras. Eis o título e o subtítulo do editorial: “Afirmações de Flávio Bolsonaro sobre ‘uso da força’ vão além do aceitável — Impor perdão por crimes a candidato aliado já é disparate. Insinuar afronta ao STF é uma temeridade”.

A empresa trata a bomba relógio golpista armada pelo bolsonarismo para 2027 como algo “além do aceitável”, um “disparate” ou uma mera “temeridade”. Qual é a dificuldade em chamar pelo nome uma ameaça golpista, feita por gente com histórico golpista? “Temeridade”, meus caros donos do O Globo, é sair na rua no inverno sem camisa. Quando “um cabo e um soldado” aparecerem para fechar a redação, vocês certamente não chamarão isso de “disparate”, não é mesmo?

A defesa da democracia é a função primordial do jornalismo. Trata-se de uma questão de sobrevivência. Não há jornalismo sem democracia e vice e versa. A ameaça explícita de Flávio Bolsonaro não ter virado o principal assunto da grande imprensa brasileira nesta semana revela o grau de comprometimento do jornalismo mainstream com a defesa da democracia.

Durante o governo Bolsonaro, quando o bolsonarismo nomeou a imprensa como inimiga número 1, assistimos à uma imprensa combativa em defesa dos valores democráticos. Mas parece que essa combatividade arrefeceu nos últimos anos, e o golpismo bolsonarista tem sido tratado como um quadro antigo na parede. O fato é que o bolsonarismo segue vivo, atuante, golpista como nunca e apoiado por uma parcela numerosa da população.

Parece que todos estão anestesiados pela campanha golpista que o bolsonarismo liderou nos últimos anos. O golpismo e o neofascismo bolsonarista foram naturalizados no noticiário. E é nesse ambiente que um senador da República se sente à vontade para, mais uma vez, enfiar a faca no pescoço da democracia.

Fonte Intercept

VÍDEO: Erika Hilton explica como deputados bolsonaristas votaram para aumentar sua conta de luz

Publicação viraliza e já alcança mais de 8 milhões de pessoas; deputados votaram contra Lula e a favor do aumento da inflação

Em um vídeo publicado nas redes sociais que já alcançou mais de 8 milhões de pessoas, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) explica como a extrema direita e o Centrão votaram para aumentar a conta de luz dos brasileiros nesta semana.

A publicação, feita nesta quinta-feira (19), soma mais de 7 milhões de visualizações no Instagram e outras 700 mil no Twitter, alcançando milhões de brasileiros.

Na terça-feira (17), deputados e senadores votaram pela derrubada dos vetos do presidente Lula ao projeto de lei de geração de energia eólica gerada em alto-mar.

Os jabutis colocados pelos parlamentares à proposição foram barrados pelo presidente, mas uma articulação do centrão com grupos bolsonaristas reimpôs as condições, que devem impactar os custos do sistema elétrico nacional e a inflação.

“Na terça-feira, o centrão e a extrema-direita colocaram as garrinhas pra fora e decidiram que, pelos próximos 25 anos, os brasileiros vão pagar R$ 200 BILHÕES a mais na energia”, afirma Hilton.

“O custo dessa patifaria vai direto pra sua conta de luz. Vai direto pro seu bolso. E vai direto pro cálculo da inflação pra, lá na frente, quem aprovou esse absurdo colocar a culpa no Lula, que tinha tentado justamente vetar mais essa nojeira vinda do Congresso. Como desgraça pouca é bobagem, eles ainda aumentaram, no mesmo dia, o fundão partidário pra 1 BILHÃO E TREZENTOS MILHÕES DE REAIS, que o Lula também tentou vetar”, completou a deputada.

Veja o vídeo:

Veja o vídeo:

Revista Forum.com

Copom decide nesta quarta se pausa ciclo de altas na Taxa Selic, 3ª no ranking de maiores juros reais do mundo

Agência Brasil – Com a inflação desacelerando, mas alguns preços, como a energia, pressionados, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide nesta quarta-feira (18) se pausa o ciclo de alta na Taxa Selic, juros básicos da economia.

Atualmente em 14,75% ao ano, a Selic está no maior nível desde agosto de 2006. Desde setembro do ano passado, a taxa foi elevada seis vezes seguidas.

Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve ser mantida em 14,75% ao ano até o fim de 2025, iniciando uma redução em 2026.

No entanto, parte do mercado aposta numa elevação para 15% ao ano. O comunicado da última reunião, em maio, o Copom destacou que mais indicadores mostram desaceleração da economia, o que mostra o início dos efeitos do ciclo de alta dos juros. O texto não informou o que aconteceria depois da reunião de maio. Apenas afirmou que é necessário esperar que “os canais de transmissão da política monetária estejam desobstruídos” para garantir que o aumento dos juros provoque efeito sobre a economia real.

Nesta quarta-feira, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto, três de 1 ponto percentual e uma de 0,5 ponto.

Inflação

A queda da inflação aumentou as chances de interrupção no ciclo de altas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,26% em maio e para 5,32% em 12 meses.

Segundo o último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para 2025 caiu para 5,25%, contra 5,5% há quatro semanas. Isso representa inflação acima do teto da meta contínua estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% para este ano, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.

Taxa Selic

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

Meta contínua

Pelo novo sistema de meta contínua em vigor desde janeiro, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.

No modelo de meta contínua, a meta passa ser apurada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em maio de 2025, a inflação desde junho de 2024 é comparada com a meta e o intervalo de tolerância. Em junho, o procedimento se repete, com apuração a partir de julho de 2024. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo, não ficando mais restrita ao índice fechado de dezembro de cada ano.

No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 5,1% , mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de junho.

Do Brasil 247 

Amor peludo

Para Nenê
Fatima Ferreira (mamãe)

Deixar ir a quem se ama
Para nunca mais voltar
Causa uma dor tamanha
Que não há como explicar

Não importa quem seja
Se é gente ou animal
Pois a dor que se sente
Posso dizer é igual

Mesmo que a gente creia
Que eles um dia voltarão
É difícil essa certeza
Pois nos deixam em solidão

Hoje para o infinito
Deixamos ela partir
Nenê em forma de pelo
Como estrela vai reluzir

O amor que a gente tem
Pelos bichanos peludos
É amor que não se mede
E toca a gente bem fundo

O amor que a gente sente
Parece que não termina
Mesmo quando vão embora
Sua presença é infinda

Dia da Criança

Vinício Carrilho Martinez – Doutor em Ciências Sociais
Tainá Reis – Doutora em Sociologia

Hoje não é Dia da Criança.
Ou melhor, todo dia é dia da criança – e é nosso dever denunciar, lutar e
combater o trabalho infantil. Afinal, lugar de criança é na escola! Simples, direto e correto, como dois
com dois são quatro.

No entanto, o que justifica a exploração do trabalho infantil? Nada
poderia justificar um fato tão desumanizante como esse. E o que explica? Uma
porção de situações e relações, a começar pelo modo de produção e
exploração capitalista. No mundo, conforme o Relatório da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) 1 , 160 milhões de crianças e adolescentes (05 a 17 anos) foram
submetidas ao trabalho infantil em 2020, das quais 10 milhões são vítimas de
escravidão contemporânea.

No Brasil, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD
Contínua) de 2023 traz os dados nacionais sobre o trabalho de crianças e
adolescentes (05 a 17 anos): 1,607 milhão estão em situação de trabalho
infantil, o que representa 4,2% da população com a mesma idade. Apesar de
ter havido uma redução no número de casos em relação a 2022, e de os dados
de 2023 serem os menores da série histórica (iniciada em 2016), a situação
ainda é desoladora: 586 mil crianças e adolescentes se encontravam em
atividades de alto risco (Lista TIP) 2 .

Porém, além da hegemonia do capital no estágio atual, há outros
descabimentos que podemos/devemos considerar, como a permanência da
extrema miséria humana e o reincidente Pensamento Escravista 3 que teima em colonizar o Brasil, por exemplo. Esse pensamento não é um resquício de um passado mal resolvido, mas sinal de um passado permanente e inerente às  dinâmicas sociais brasileiras.

A humanidade fracassou, “pessoas normais“, que até conhecemos,
normalizam o trabalho infantil: “no meu tempo criança trabalhava“. Em
complemento, o neoliberalismo e o neocolonialismo (neoescravismo) fazem
sua parte para destruir o restante da humanidade que ainda possa resistir.
Essa “normalização da desumanização” conta com governos, é claro; no
entanto, é algo muito pior: está incrustrado, é parte ativa da cultura de “pessoas
dóceis“, que alertam sobre o “bem que a exploração do trabalho faz à criança“.

Todavia, se esquecem que criança tem que ter escola, alimentação adequada,
segurança, felicidade e brincar. Esses são direitos garantidos pelo artigo 227
da Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e, mais
recentemente, pelo Marco Legal da Primeira Infância (Lei 13257/2016) 4 . Mas,
assim como tantos outros direitos, encontram-se desrespeitados.

Não é difícil perceber, com uma inteligência social mediana (não sendo-
se atacado pela sociopatia), que, ao contrário do que dizia Auschwitz, um dos
piores campos de concentração nazista, o trabalho não liberta. O Brasil é um
fator à parte, porque nos persegue firme e forte o Pensamento Escravista.
Quando falamos de trabalho infantil, falamos de crianças com raça, com classe
social e gênero: 65,2% das crianças e adolescentes que trabalham são pretos
e pardos, 11,6% não frequentam a escola 5 . Os filhos e filhas da classe média e
da elite não trabalham.

A classificação racial da população se mantém como padrão de poder e
racionalidade – o “corte social” que mantém a desigualdade como fator de
dominação. Por sua vez, o pensamento escravagista está tanto nas
subjetividades (racismo) quanto objetivamente aparece na exploração do
trabalho (inclusive, infantil). A estrutura patriarcal também compõe esse
quadro. Pois, do total de crianças e adolescentes em situação de trabalho em
2023, 63,8% são meninos, enquanto 36,2% são meninas. E, enquanto os
meninos ganhavam um pagamento, em média, de R$815, as meninas
recebiam R$695.

Portanto, é óbvio ululante que a exploração do trabalho infantil não irá
libertar nenhuma criança do estágio de abandono e de miséria no qual já viva.
E mais triste é ter que avaliar e repetir isso reiteradamente. O que libertará
nossas crianças disso tudo, da miséria, dos abusos, maus-tratos, da
exploração em fase de escravismo infantil, é uma profunda transformação
social e cultural: até chegarmos numa fase em que o Pensamento Escravista,
ao menos, já não seja predominante.

Enfim, temos consciência de que a consciência social necessária para a
solução desses fatores não é simples? Temos a “ciência” de que muitas
camadas superficiais de nossa alegada “consciência” precisam ser removidas?
Enquanto isto não se modificar, em nós “cidadãos e cidadãs de bens”,
na feitura das relações sociais de produção capitalista, nada será efetivo no
sentido de soluções reais, duradouras, estruturantes.

1 Child labour: global estimates 2020, trends and the road forward (Trabalho Infantil: estimativas
globais de 2020, tendências e o caminho a seguir).
2 A Lista TIP é uma classificação adotada por vários países para definir as atividades que
oferecem mais riscos à saúde, ao desenvolvimento e à moral das crianças e dos adolescentes.
No Brasil, a lista proposta pela OIT foi regulamentada pela Lei nº 6481/2008. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6481.htm

3 Pensamento Escravista: associação de racismo com exploração do trabalho em condições
análogas (semelhantes) à escravidão.
4 “Art. 4º As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na primeira
infância serão elaboradas e executadas de forma a:
I – atender ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito de direitos e de cidadã”.
Destacamos que aqui a cidadania da criança é colocada como elemento central na legislação.
Mas, em um país de subcidadãos, em que a construção social histórica foi de exclusão, que
lugar cabe às crianças?
5 Disponível em: https://livredetrabalhoinfantil.org.br/trabalho-infantil/estatisticas/.

China alerta: ataque de Israel ao Irã pode ter “consequências catastróficas”

Em conversa telefônica com o chanceler iraniano Seyed Abbas Araghchi, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, qualificou o recente ataque israelense ao Irã como um “precedente perigoso” capaz de “ter consequências catastróficas”. A troca de impressões, realizada neste sábado, reforçou a preocupação de Pequim com o risco de escalada do conflito na região.

Araghchi alertou que as ações militares israelenses “são altamente perigosas e podem arrastar toda a região para uma guerra total” e pediu que a comunidade internacional exija a “interrupção imediata dos ataques”. Em resposta, Wang Yi afirmou que a China “condena veementemente a violação da soberania, da segurança e da integridade territorial do Irã por parte de Israel” e repudiou o “ataque brutal contra autoridades iranianas, que resultou em vítimas civis”.

Irã após ataque de Israel
Registro feito no Irã na quinta-feira (12) – Reprodução/X

O chefe da diplomacia chinesa reafirmou ainda o apoio de seu país ao Irã “na defesa de sua soberania, de seus direitos legítimos e da segurança de seu povo”, destacando que os bombardeios israelenses configuram uma violação dos princípios da Carta da ONU e das normas das relações internacionais. “O ataque às instalações nucleares do Irã estabelece um precedente perigoso, com potencial para consequências catastróficas”, reforçou Wang.

Wang Yi classificou o cenário atual como “um momento crítico e urgente” e conclamou as nações com influência sobre Israel a fazerem “esforços concretos para restaurar a paz”, ao mesmo tempo em que se disse pronto a manter o diálogo com o Irã e demais atores envolvidos para reduzir as crescentes tensões.

Diario do Centro do Mundo

Nenê- A hora de ir

Está chegando a hora de ir…
– diz assim a canção
– é conhecida, mas sempre arrebenta esse meu coração

Na partida
– há a perda
– perdemos, porque não queremos que se vá

Mas, esquecemos
– do que ganhamos, no tempo dividido

Perdemos uma amizade
Perdemos uma paixão
Perdemos uma vida

Difícil querer deixar
– pensamos que há muito amor para dar
– haveria, ainda muito mais
– são amores incondicionais

É a vida que finda
– é a dor de quem chora
– aquela lembrança de quem foi embora

Nossa ida, ou de quem amamos em vida
– nunca haverá bastante despedida
– sempre terá uma hora retida
– quando não fizemos do amor a mão amiga

Sua gente, seu pet, outras vidas que não conhecemos
– mas que a dor invade e nos lembra

Não quero lhe dar essa viagem de ida

Sim, é egoísmo
– é egoísmo de quem ama
– e irá por muito lembrar
– de querer te tomar de volta
(numa revolta da vida)

Não vá!
– mesmo que precise ir
Dê uma volta e venha aqui ficar

Não vá!
Nenê ..

Vinício Carrilho Martinez

Família bolsonarista e trumpista de Rondonia enfrenta drama nos EUA e volta ao Brasil sem nada

Há poucos meses, Rafael* e Soraia*, moradores de Presidente Médici, Rondônia, celebravam com entusiasmo a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Imigrantes sem documentação vivendo na Flórida, acreditavam que o republicano traria segurança, empregos e estabilidade para famílias como a deles. Hoje, enfrentam uma dura realidade após serem deportados junto com o filho de 4 anos em uma ação rápida do governo americano.

Rafael, de 36 anos, trabalhava na construção civil em Deerfield Beach, ganhando cerca de US$ 200 por dia. Evangélico e conservador, acreditava que, por ser trabalhador e sem antecedentes criminais, não seria alvo das políticas migratórias mais rígidas de Trump. “Tem muito criminoso que vem de outros lugares. Mas eu não, porque sou trabalhador”, dizia meses antes da deportação.

A ilusão, no entanto, desmoronou em abril, quando agentes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) convocaram a família para uma suposta reunião sobre o processo migratório. Ao chegarem ao local, tiveram os celulares apreendidos e foram informados de que estavam sendo deportados. Em 48 horas, estavam de volta ao Brasil — sem sequer poder retornar para casa ou recolher seus pertences.

Hoje, moram em um pequeno quarto na casa da sogra de Rafael, em Presidente Médici. O sustento vem da aposentadoria do pai de Rafael. O casal enfrenta dificuldades emocionais e financeiras. “Ele não é de chorar, mas anda calado pelos cantos”, relata Soraia.

Além do impacto emocional, o retorno forçado agravou a situação de saúde de Soraia, que sofre de uma doença autoimune rara e vinha sendo tratada com um medicamento experimental nos EUA. A médica do hospital público em Médici nunca tinha ouvido falar na enfermidade e precisou pesquisar no CID para entender do que se tratava. Agora, Soraia aguarda por uma consulta com um especialista no SUS, sem previsão de atendimento.

Durante o período nos EUA, Rafael já vinha sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica. “Se soubéssemos que seria assim, teria dito para arrancarmos a tornozeleira e sumirmos”, lamenta Soraia. Ela conta que chegaram a cogitar mudar de estado, buscando locais menos hostis a imigrantes, mas Rafael insistiu em seguir colaborando com as autoridades.

A “caça” aos imigrantes

O drama de Rafael e Soraia é apenas mais um entre milhares de histórias semelhantes. Estima-se que pelo menos 230 mil brasileiros vivam ilegalmente nos Estados Unidos. Muitos, como Rafael, apoiaram ativamente a campanha de Trump — mesmo diante de promessas explícitas de deportações em massa. “Ele só está cumprindo o que prometeu. Mas ninguém acreditava que ia chegar nesse nível”, comenta um brasileiro indocumentado que vive em Massachusetts.

Consultorias como a Legacy Imigra, que assessoram imigrantes brasileiros nos EUA, relatam aumento explosivo na procura por apoio legal desde o início do novo governo Trump. “Quatro em cada cinco clientes brasileiros apoiaram Trump. Agora estão chocados com as consequências. O brasileiro se vê como honesto, mas entrou de forma desonesta e pagou pra ver”, explica Vinicius Rosa, diretor da empresa.

Desde o início de 2025, os EUA intensificaram as deportações. Em abril, o ICE triplicou suas operações de busca por imigrantes, com apoio de forças policiais e até militares. O Brasil tem recebido voos com deportados a cada 15 dias, mais do que no período do governo Biden.

“2025, ano profético”

Na virada do ano, Soraia postou uma foto com o marido e o filho, todos com camisetas que diziam “2025, ano profético”. Hoje, a legenda no perfil do WhatsApp revela o novo estado de espírito da família: “Senhor meu Deus, não desista de mim”.

Com dívidas de cerca de R$ 50 mil com o coiote que os ajudou a cruzar a fronteira entre o México e os EUA, a família recomeça a vida “abaixo do zero”. Enquanto procuram emprego, lidam com o trauma da perda do sonho americano — e com as marcas deixadas por uma escolha política que, ironicamente, os colocou de volta ao ponto de partida.

*Nomes alterados para preservar a identidade dos envolvidos.

Com informações UOL*

Militares criaram empresa para espionagem e homicídios, segundo PF

Organização chamada “Comando C4” tinha tabela de preços para matar autoridades e já é responsabilizada pela morte de advogado em Cuiabá

Durante a sétima fase da Operação Sisamnes, deflagrada nesta terça-feira (28), a Polícia Federal revelou indícios de que militares — da ativa e da reserva — fundaram uma empresa com atuação clandestina voltada à espionagem e execuções por encomenda, relata Aguirre Talento, do UOL. A investigação apura um esquema de corrupção em diversas esferas do Judiciário.

De acordo com a PF, o grupo operava sob o nome informal de “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos” e usava uma empresa registrada como fornecedora de segurança privada para, na prática, praticar crimes graves, incluindo homicídios por contrato. Uma das evidências mais alarmantes encontradas na investigação é uma tabela manuscrita com valores para espionar ou eliminar figuras públicas, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares.

A tabela apreendida indicava os seguintes valores, o que reforça a suspeita de que os preços se referiam ao serviço de espionagem — embora não se descarte a possibilidade de envolvimento com execuções:

  •  Ministros do Judiciário: R$ 250 mil
  •  Senadores: R$ 150 mil
  •  Deputados: R$ 100 mil
  •  Cidadãos comuns: R$ 50 mil

Coronel da reserva já está preso e é alvo de novo mandado – Entre os investigados está o coronel da reserva do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas. Ele foi novamente alvo de um mandado de prisão nesta terça-feira, embora já estivesse detido por decisão da Justiça estadual de Mato Grosso, em razão do mesmo esquema. Foi na residência de Caçadini que, em operação anterior, os agentes da PF encontraram a tabela com os valores e os nomes de possíveis alvos.

A defesa do militar sustenta que não há provas contra ele e que seu nome só foi citado após “tortura” sofrida por um dos executores do assassinato do advogado Roberto Zampieri, crime central na apuração. O pedido de liberdade, feito ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso, ainda está pendente de análise. Agora, com a nova fase da operação, o coronel também é alvo de ordem de prisão expedida pelo STF.

Além dele, outros quatro indivíduos foram alvos de mandados de prisão, mas seus nomes não foram divulgados. Também foram cumpridas ordens de monitoramento eletrônico e busca e apreensão. A operação desta terça foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal.

Assassinato de advogado levou à descoberta de esquema no Judiciário – A Polícia Federal afirma que o “Comando C4” foi responsável pela execução do advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá. A vítima estava no centro de uma investigação sobre pagamento de propina a membros do Judiciário. A análise de seu celular — apreendido após o homicídio — revelou provas de um esquema de corrupção envolvendo desembargadores e assessores de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo a PF, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi comunicado sobre os dados extraídos do aparelho de Zampieri, que indicam o pagamento de vantagens indevidas a servidores de cortes superiores. A corporação destacou que a organização criminosa elaborava seus contratos com base no cargo da vítima. “A Polícia Federal identificou registros manuscritos contendo menções a autoridades brasileiras, entre as quais se destacam parlamentares do Congresso Nacional e ministros do Supremo Tribunal Federal”, aponta trecho do documento encaminhado ao STF.

Com a descoberta da tabela e os vínculos diretos com crimes de homicídio e corrupção, a PF afirma que a organização atuava como uma estrutura empresarial do crime, com clara motivação política e institucional.

Do Brasil 247

Forma-Estado na Constituição Federal de 1988

No texto, relacionamos algumas tipologias do Estado (Teoria Geral do
Estado) com suas subsunções no Direito Constitucional brasileiro,
especialmente sob as inscrições de alguns poucos exemplos grafados na
Constituição Federal de 1988. O texto não se propõe a analisar as tipologias de
Estado encontradas.
Estado Democrático de Direito (Preâmbulo)
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático 1 , destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
Estado Federativo 2
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
nos termos desta Constituição.
Estado Democrático de Direito Internacional
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
Estado Constitucional
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
Estado Social
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
1 Ainda se referenda a democracia sob a forma de Regime Político.
2 A Federação também é tida como a própria Forma de Estado.

Forma-Estado na Constituição Federal de 1988 na íntegra

Forma-Estado (1)

A santa indústria da fé e os brinquedos de gente grande

O Brasil não tem fundo. O que parece o poço é só uma ilusão conveniente: um buraco que se estende, que se renova, que nunca nos permite descansar. Cada vez que um cidadão acredita ter alcançado o limite do absurdo, uma nova camada de degradação emerge. O sistema reinventa seu próprio pesadelo e vende como esperança.

No alto de um púlpito improvisado, Miguel Oliveira, 15 anos, rasga exames médicos enquanto promete curas miraculosas. A multidão chora, grita, joga dinheiro aos seus pés como se ele fosse um deus recém-descoberto. O Pix da fé nunca falha. Todos sabemos que dinheiro não traz felicidade, mas no Brasil ele pelo menos promete curar leucemia, com um marketing agressivo e o tom certo de desespero.

A menina com seu bebê reborn observa de longe. Segura nos braços uma criança de mentira, enquanto as de verdade passam fome nas ruas. No país do faz-de-conta, o plástico tem mais valor que carne e osso, porque não dá trabalho, não exige direitos, não incomoda. O capitalismo, implacável, inventou uma maternidade perfeita: sem necessidades, sem reclamações, apenas consumo. Quem precisa de um filho quando se pode comprar um brinquedo com peso realista e cheiro de recém-nascido?

Mas há algo ainda mais profundo do que esse teatro grotesco: a dissonância cognitiva coletiva. O mesmo cidadão que condena pobres por dependerem do Estado é aquele que entrega seu salário para um pastor prometendo prosperidade. O mesmo que se revolta com a corrupção é o que defende um líder religioso pedindo R$1.000,00 em troca de bênçãos. A fé virou capitalismo. O dogma virou moeda. E o espetáculo da ilusão nunca termina, apenas se aprimora.

Fake news surgem como uma praga, preenchendo os vazios de uma população que desaprendeu a pensar. É mais fácil acreditar que há um complô contra a igreja do que admitir que estamos sendo feitos de idiotas por quem transformou Deus em plano de negócios. A extrema direita joga suas cartas, abraça o menino-pastor como um mártir e anuncia sua perseguição santa. Fatos não importam, apenas a narrativa que alimenta a máquina.

O Conselho Tutelar intervém. “Miguel precisa voltar para a escola!”, decretam, como se a educação fosse capaz de competir com a fortuna acumulada pelo teatro da fé. No Brasil, conhecimento é castigado, pensamento crítico é ridicularizado, e o progresso só existe na boca dos enganadores que lucram com a miséria.

Mas toda mentira se exaure. Toda farsa, um dia, colapsa. Só que aqui, quando tudo desmorona, quando o poço chega ao limite, não encontramos luz. Encontramos um novo mecanismo de opressão, um novo degrau para a submissão coletiva. E seguimos caindo, porque no Brasil, quando pensamos que chegamos ao fim, descobrimos que há sempre mais chão para cavar.

Do Brasil 247