quinta-feira, julho 17, 2025
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Quaest: Lula retoma popularidade e reduz rejeição

Aprovação de Lula sobe para 43% e desaprovação cai para 53%, com avanço entre eleitores mais críticos, segundo pesquisa Genial/Quaest

A mais recente pesquisa Genial/Quaest revela um movimento significativo na opinião pública brasileira: o governo Lula (PT) apresentou recuperação de popularidade entre maio e julho deste ano, especialmente entre setores tradicionalmente mais críticos ao presidente. O fator central para essa mudança, segundo a análise de Felipe Nunes, diretor da Quaest, foi o confronto diplomático  e comercial com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, envolvendo a imposição de tarifas ao Brasil.

A aprovação do governo subiu de 40% para 43% (+3 pontos), enquanto a desaprovação caiu de 57% para 53% (-4 pontos), reduzindo o saldo negativo de -17 para -10 pontos percentuais. Os dados foram destacados por Felipe Nunes no X, antigo Twitter, nesta quarta-feira (16): “o que chama atenção é que a melhora na popularidade se deu principalmente fora das bases de apoio tradicionais do governo”.

Avanço no Sudeste e entre os moderados – A melhora foi especialmente acentuada no Sudeste, onde a diferença negativa caiu de -32 para -16 pontos. Também se destacou o avanço entre os eleitores com ensino superior completo, cujo saldo negativo despencou de -31 para -8 pontos. No recorte por renda, foi entre os brasileiros de classe média que a mudança mais expressiva foi detectada: a rejeição caiu de -19 para -9 pontos. Entre os eleitores alinhados à esquerda, a aprovação do governo segue acima de 80%, enquanto entre os bolsonaristas permanece abaixo de 12%.

Mas foi no centro político que a mudança chamou mais atenção. Nunes apontou que “a mudança mais significativa foi captada nos setores moderados, onde o saldo negativo passou de -28 pp para -16 pp”.

‘Trump uniu lulistas e moderados’ – A Quaest investigou os fatores que explicam a recuperação do governo e identificou três eixos principais: o embate com Donald Trump, a leve melhora da percepção econômica e a campanha de comunicação baseada na ideia de “nós contra eles”. Segundo o levantamento, 66% da população tomou conhecimento da carta enviada por Trump a Lula, e 79% acreditam que as tarifas impostas prejudicarão suas vidas. Além disso, 72% avaliam que o presidente dos EUA errou ao justificar as taxas com base em uma suposta perseguição a Jair Bolsonaro (PL).

Para Nunes, o impacto foi claro: “o tarifaço contra o Brasil conseguiu unir a esquerda, os lulistas e os moderados (sem posicionamento); mas dividiu a direita e os bolsonaristas. Ou seja, empurrou o ‘centro’ para o colo do Lula”. A maioria da população (53%) também apoia a resposta firme de Lula, que defendeu retaliação com medidas equivalentes.

Lula vence Bolsonaro na opinião pública – Outro ponto da pesquisa indica que, no embate político entre Lula e Bolsonaro, o atual presidente sai vitorioso: 44% acreditam que Lula está se saindo melhor, contra 29% que apontam Bolsonaro como superior. A percepção econômica, por outro lado, teve um impacto mais tímido. Embora os brasileiros estejam menos pessimistas, a variação entre maio e julho foi pequena. A única mudança relevante foi a redução na percepção de alta dos preços de alimentos, em linha com os índices de inflação que mostram desaceleração.

Já sobre a expectativa para o próximo ano, a pesquisa revela um dado preocupante: 43% dos entrevistados acreditam que a economia vai piorar, um reflexo direto da insegurança provocada pelas medidas de Trump.

Justiça tributária tem potencial, mas ainda não engajou – A campanha do governo pela taxação dos super-ricos, apesar de bem recebida por grande parte da população, ainda não conseguiu alcançar o grande público. Apenas 43% conhecem a proposta de “justiça tributária” e só 17% afirmam ter visto os vídeos promovidos pelo governo com uso de inteligência artificial. O tema, no entanto, possui forte apoio: 63% defendem aumento de impostos sobre os mais ricos para aliviar a carga sobre os mais pobres. A proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil conta com 75% de aprovação, e o aumento da tributação sobre super-ricos é apoiado por 60%.

A dificuldade de engajamento pode estar na forma como o conteúdo foi apresentado. Segundo a pesquisa, 53% acreditam que uma abordagem que contrapõe “ricos contra pobres” acirra a polarização. “É a escolha tática que o governo vai ter que fazer assim que retomar o assunto”, alertou Nunes.

A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 2.004 pessoas entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.

Do Brasil 247

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