Roberto Kuppê (*)
Motta admite desgaste político
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrentou no domingo (21) manifestações massivas, as maiores em mais de uma década, contra a direita e o centrão em diversas capitais do país. Segundo a coluna da jornalista Daniela Lima, do UOL, apesar da pressão popular, aliados afirmam que Motta tentou transmitir tranquilidade. Segundo interlocutores, ele já havia admitido que pagaria um “preço público” pelas decisões tomadas na Casa.
Desgaste calculado em prol da base interna
Na reunião de líderes que definiu a votação da PEC da Blindagem e da urgência do projeto de anistia, Motta deixou claro que sabia das críticas. “É o que a maioria quer? Eu pago o preço, mas preciso que depois a Casa ande, que funcione, que tenha uma pauta que fale pra fora”, relatou um auxiliar.
João Pessoa pede não-reeleição de Motta
Na capital paraibana, João Pessoa, onde está a principal base eleitoral do parlamentar, os manifestantes foram diretos: pediram sua não-reeleição. Para um amigo próximo, a reação já reflete o clima de pré-campanha. “É preciso entender que entramos numa dinâmica já de pré-eleição, né?”, disse. O aliado ainda destacou que Motta constrói seu projeto político na Paraíba em aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Do Brasil 247)
A força das manifestações
As gigantescas manifestações realizadas neste domingo (21) em diversas cidades brasileiras marcaram, segundo o presidente nacional do PT, Edinho Silva, uma “data histórica” para a luta social no país. Em declaração, Edinho afirmou que a mobilização popular deu visibilidade à indignação do povo brasileiro e deixou claro que a política precisa se reconectar com as demandas reais da sociedade. “O Congresso Nacional tem que pautar: a isenção do imposto de renda para os trabalhadores assalariados, a redução da jornada de trabalho, a segurança pública, debater medidas para o fim das filas na saúde pública, a universalização da educação integral e a tarifa zero para o transporte público”, disse.
A força das manifestações 2
Com apoio de artistas, a esquerda mobilizou milhares de pessoas em atos em São Paulo e no Rio de Janeiro contra a anistia e a PEC da Blindagem, neste domingo (21). As manifestações foram impulsionadas pela presença de artistas, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan e Gilberto Gil, no Rio de Janeiro, e Daniela Mercury e Wagner Moura, em Salvador.
A força das manifestações 3
No trio na orla da Praia de Copacabana, Chico e Gil cantaram juntos a música “Cálice”, lançada em 1978 e que se tornou um hino da oposição à então vigente ditadura militar. Na Bahia, Daniela Mercury disse que a anistia a condenados pelo 8 de Janeiro e casos correlatos e a PEC da Blindagem geram “constrangimento e indignação”, enquanto Wagner Moura foi aplaudido em meio a um coro de “sem anistia” após dizer que a “extrema direita não se cria” no estado. Os atos deste domingo também tiveram destaques para pautas de interesse do governo Lula (PT), como o projeto de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para Pessoas Físicas (IRPF).
Anistia light-Spacca

A força das manifestações 4
“Hoje, nas ruas do Brasil, nós estamos decretando que a PEC da Bandidagem está enterrada. Mais do que isso: é uma virada de jogo para a gente impor nossas pautas, [como] a isenção do Imposto de Renda, a PEC [pelo fim da escala] 6×1”, afirmou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), em ato em Brasília. “Nós vamos apresentar exigências. Essa mobilização é um recado para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB)”, declarou o também deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), antes de discursar em ato em São Paulo. (Do Brasil 247)
A força das manifestações 5
Uma das imagens mais marcantes do ato na Avenida Paulista foi a abertura de uma imensa bandeira do Brasil pela multidão, em contraponto à bandeira dos Estados Unidos estendida pelos bolsonarista no mesmo local há duas semana. (Poder360)
Votação da PEC da Bandidagem
Em meio aos protestos, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), afirmou à GloboNews que pretende pautar a votação da PEC na próxima reunião do colegiado, prevista para quarta-feira. “[Vou pautar] para sepultar de vez esse assunto no Senado”, disse. O relator da proposta, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já disse que seu parecer será pela rejeição da PEC que busca proteger parlamentares contra a abertura de processos penais no Supremo Tribunal Federal (STF). (g1)
Votação da PEC da Bandidagem 2
Reforçando a previsão de Alencar, um levantamento do Globo indica que a PEC não deve passar nem mesmo da CCJ. Dos 27 integrantes do colegiado, 17 responderam que votarão contra, ante três a favor. Outros sete não quiseram antecipar a posição. Ainda que a proposta chegasse ao plenário, o levantamento aponta que seria derrubada, já que 46 dos 81 senadores se declaram contrários à medida. Seis afirmam ser favoráveis, outros seis disseram ainda não saber como votarão e os demais não responderam. (Globo)
Engajamento
Nas redes sociais e aplicativos de mensagens, as manifestações da esquerda ultrapassaram o engajamento dos atos de 7 de setembro convocados pelo bolsonarismo. Segundo monitoramento em tempo real realizado pela Palver, a cada 100 mil mensagens trocadas, cerca de 865 faziam referência ao protesto do dia 21, contra 724 durante as mobilizações da direita duas semanas antes. O levantamento mostrou ainda que figuras do governo não tiveram protagonismo entre as mensagens trocadas. (Folha)
Aliados de Jair Bolsonaro se assustaram
“A ordem é minimizar, mas, em reservado, aliados de Jair Bolsonaro — de dentro e de fora do Congresso — afirmam que se assustaram com o tamanho das manifestações deste domingo”. (Bela Megale-Globo)
Aliados de Jair Bolsonaro se assustaram 2
“A ideia de atrelar a tramitação da anistia à blindagem foi, nas palavras de um aliado de Bolsonaro, um tiro no pé, pois deixou de herança o desgaste de tentar aprovar duas medidas amplamente impopulares, além do carimbo de que a direita patrocinou o movimento de blindagem a parlamentares.” (Andréia Sadi-g1)
Lula in Nova York
O presidente Lula desembarcou neste domingo em Nova York, onde vai discursar na abertura do debate de líderes da Assembleia Geral ONU, na terça-feira. Esta é a primeira viagem de Lula aos EUA desde que o presidente americano, Donald Trump, impôs uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros no país. No discurso, Lula deve abordar temas como soberania, democracia, multilateralismo, mudanças climáticas e a guerra em Gaza. (g1)
Estado palestino
A situação de Gaza, aliás, deve ser um dos pontos centrais do encontro. Neste domingo, véspera da reunião anual, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália reconheceram formalmente o estado palestino, aumentando a pressão sobre Israel para aliviar a crise humanitária na região e colocando três grandes aliados americanos em desacordo com o governo Trump. Mais tarde, Portugal também confirmou seu reconhecimento da Palestina. A França, que também já anunciou a intenção, prometeu votar pelo reconhecimento na ONU esta semana, juntando-se a cerca de 150 membros do órgão que já fizeram o mesmo. (New York Times)
Charlie Kirk
Seguidores de Charlie Kirk e líderes conservadores lotaram o State Farm, em Glendale, Arizona, para o funeral do influenciador assassinado. Usando gravatas vermelhas, estampas de bandeiras e todo tipo de produtos MAGA, dezenas de milhares de apoiadores formaram fila na entrada antes mesmo do sol nascer. Oradores religiosos e políticos – incluindo o presidente americano Donald Trump e o vice JD Vance – discursaram para a multidão. Celebridades conservadoras também se juntaram à multidão que vibrava e chorava, em um evento que visava celebrar Kirk e insuflar um movimento político em seu nome. (NYT)
Erosão costeira
O Brasil perdeu cerca de 15% da faixa de areia em praias nos últimos 30 anos. O principal motivo para a redução é a erosão costeira – um processo natural que tem sido agravado pelas mudanças climáticas provocadas pela ação humana. O excesso de construções nas orlas atrapalha o equilíbrio do mar, que muda a quantidade de bancos de areia que produz, fazendo com que a praia perca sua capacidade de se recuperar. A faixa de areia atua como barreira natural contra o avanço do oceano. Sem ela, aumenta o risco de inundações. Na foto deste articulista, a erosão derruba muro de contenção na praia da Sereia, no litoral norte de Alagoas. (g1)
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil e do mundo.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político, com informações do Canal Meio
Informações para a coluna: rk@ademocracia.com.br




