“A democracia liberal está colapsando no mundo”, diz José Genoino

O ex-presidente do PT vê o fenômeno Pablo Marçal como um reflexo da decadência da democracia

O ex-presidente do PT, José Genoino, afirmou que a democracia liberal está em um processo de colapso global. Segundo ele, “a democracia liberal está colapsando no mundo”. Genoino apontou que esse fenômeno está diretamente relacionado ao impacto do neoliberalismo e à ascensão de líderes de extrema-direita.

“O neoliberalismo criou uma legião de desamparados”, disse Genoino. Ele ressaltou que as consequências desse modelo econômico vão além da desigualdade social, afetando também o campo político e contribuindo para o enfraquecimento das democracias liberais.

Durante a entrevista, Genoino também criticou o papel das grandes empresas de tecnologia no cenário político atual. “As big techs estão se aliando com a agenda da OTAN”, afirmou, sugerindo que essas corporações estão contribuindo para a manutenção de uma ordem econômica e política que não atende às demandas populares.

Para Genoino, a esquerda precisa reconsiderar sua estratégia e visão de futuro. “O grande caminho da esquerda é uma democracia popular substantivada”, afirmou. Ele argumentou que é necessário “falar do futuro da utopia, para embalar corações e mentes em uma perspectiva transformadora e não apenas de manter o status quo”. Segundo Genoino, “se a esquerda ficar nos limites da democracia liberal, ela vai junto”. Ele destacou que, enquanto a democracia liberal pode ser um ponto de partida, “não pode ser o ponto de chegada”.

Genoino também comentou sobre a crise do sistema capitalista e os desafios enfrentados pela esquerda. “É uma nova era que estamos vivendo. Estamos vivendo a crise do sistema capitalista. A esquerda precisa ser anti-sistema”, afirmou. Ele alertou que o desafio é ser “anti-sistema sem ser sectário, sem ser seita”. Para Genoino, a situação é crítica: “Estamos no fio da navalha. Se esse modelo não for derrotado, ele pode levar junto a democracia, ele precisa ser derrotado.”

Ao discutir a figura de Pablo Marçal, Genoino afirmou que ele representa “o porão que emerge”, onde “tudo está relativizado”. Segundo ele, “o crime é relativizado, a ilegalidade é relativizada, a bagunça é relativizada, e o objetivo central é ser contra os valores da esquerda”. Para Genoino, a ascensão de figuras como Marçal é um sinal da “extrema direita que não tem limite”, que promove um “negacionismo civilizacional” e se alinha com “o que há de mais reacionário da história dos povos”.

Genoino concluiu dizendo que, embora a extrema direita possa mudar de forma, “o miolo é o mesmo”. Ele alertou para o perigo de se relativizar a verdade e a legalidade, o que, segundo ele, está se tornando uma estratégia comum entre os grupos que se opõem aos valores democráticos e de esquerda.

Brasil 247

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