terça-feira, setembro 9, 2025
spot_img
Início Site Página 15

Elevação do mar pode cobrir até 100 metros de praias do Rio

0
Estudo prevê que a mudança pode acontecer no período de 75 anos

A elevação do nível do mar pode cobrir de 70 até 100 metros das praias do Copacabana, Ipanema, Leme e Leblon, nos próximos 75 anos. A mudança poderia deixar algumas praias com pequenos “filetes de areia”.

Essa projeção é de um levantamento do Laboratório de Métodos Computacionais da Universo Federal do Rio de Janeiro (Lamce) da UFRJ.

O estudo analisou o impacto da elevação do nível do mar entre o Porto do Rio e o Leblon, incluindo a Baía de Guanabara, a lagoa Rodrigo de Freitas e áreas vulneráveis como os manguezais de Guapimirim.

Os resultados apontam que o mar deve subir cerca de 75 centímetros, o suficiente para transformar inundações temporárias em alagamentos permanentes, nos pontos baixos da cidade.

Monitoramento e prevenção: uma corrida contra o tempo

A gravidade da situação motivou uma parceria entre a prefeitura do Rio de Janeiro e o Instituto Nacional de Pesquisa do Oceano (Inpo) para a criação de um sistema de monitoramento contínuo do nível do mar e das condições oceânicas da cidade. Um acordo de intenções já foi assinado e, segundo a gestão municipal, a formalização do convênio técnico deve ocorrer ainda neste semestre.

— Todos esses dados serão fundamentais para que possamos nos preparar e evitar os efeitos das piores consequências. O monitoramento no Rio é pioneiro e será piloto para o restante do Brasil — explica Segen Estefen, diretor do Inpo.

A ideia é implantar boias oceânicas para prever grandes ressacas com antecedência e criar sistemas de alerta para identificar elevações súbitas do nível do mar e ondas de calor oceânicas.

— A onda de calor no oceano implica uma evaporação maior e formação de nuvens mais intensas que, ao encontrarem o continente, desabam num grande temporal. Tudo está interligado. Ter estes números bem aferidos vai possibilitar modelos de previsão confiáveis para definir ações de prevenção — afirma Janice Trotte Duhá, diretora de Infraestrutura e Operações do Inpo.

Ela destaca, no entanto, que o sucesso do sistema depende de investimentos robustos em equipamentos como marégrafos e boias bem calibradas, além de infraestrutura de análise de dados.

Soluções para conter o mar

Algumas cidades brasileiras já adotaram medidas de contenção. Em Santos (SP), por exemplo, foram usados sacos de areia para proteger trechos mais expostos da orla. Outras regiões apostam em soluções baseadas na natureza, como a recuperação de recifes de coral, que atuam como barreiras naturais contra o avanço do mar.

— Depende do que a configuração do lugar pede. Regiões que têm recifes de corais, por exemplo, podem ser recuperadas e melhoradas, porque eles são eficientes para reduzir o impacto das ondas — afirma Ronaldo Christofoletti, pesquisador do Inpo e professor da Unifesp.

Quem vai ajudar a compreender melhor essa projeção é o Luiz Assad, professor e pesquisador do Laboratório de Métodos Computacionais da UFRJ.

Ouça no player

Governo Lula liga tragédia no Texas às mudanças climáticas e critica agenda de Trump

O governo Lula utilizou a tragédia das enchentes no Texas, que deixaram ao menos 32 mortos e dezenas de desaparecidos, para reforçar a urgência de ações contra as mudanças climáticas. Em nota oficial publicada pelo Ministério das Relações Exteriores, o Brasil se solidarizou com o povo e o governo dos Estados Unidos, mas também destacou que eventos extremos como esse tendem a se intensificar com o aquecimento global.

O comunicado aponta que “as alterações climáticas intensificam eventos extremos e aumentam a frequência de desastres semelhantes”, e defende a necessidade de medidas conjuntas pela comunidade internacional.

A declaração ocorre em meio à política ambiental do ex-presidente Donald Trump, que mantém apoio expressivo no Texas e recentemente desmontou subsídios para a transição energética, retirando quase US$ 500 bilhões destinados a energias limpas.

 

O governo brasileiro ainda destacou que não há, até o momento, registros de vítimas brasileiras nas enchentes e orientou a comunidade residente no estado a buscar apoio junto ao Consulado-Geral em Houston. A mensagem ressalta o contraste entre os impactos ambientais crescentes e a resistência política a políticas climáticas nos EUA.

A nota também relembra que Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e bloqueou investimentos em proteção florestal. O Itamaraty reforça que desastres como o ocorrido no Texas reforçam a urgência de compromissos globais para enfrentar a crise climática e mitigar seus efeitos mais devastadores. As informações são de Jamil Chade.

Diario do Centro do Mundo

Elon Musk cria novo partido e diz que não há democracia nos EUA

0

Neste sábado (5), Elon Musk anunciou pelas redes sociais, a criação do America Party, um novo partido político nos Estados Unidos. O bilionário, conhecido por sua influência nas plataformas digitais e sua atuação como empresário, revelou a iniciativa após ameaçar romper com os republicanos e se declarar contrário ao sistema político atual do país.

A decisão ocorre em meio à tramitação no Congresso do projeto de lei “Grande e Bonito”, de autoria do presidente Donald Trump. Musk, que já foi um apoiador declarado do republicano, condicionou a criação da nova legenda à aprovação da proposta, que prevê a elevação do teto da dívida pública. “Quando se trata de levar nosso país à falência com desperdício e corrupção, vivemos em um sistema de partido único, não em uma democracia”, afirmou.

A oficialização do partido veio acompanhada da divulgação do resultado de uma enquete feita na rede social X no dia 4 de julho, feriado da Independência dos EUA. Segundo Musk, cerca de 1,25 milhão de pessoas votaram e 65,4% se manifestaram a favor da fundação do partido. “Por uma proporção de dois para um, vocês querem um novo partido político e o terão”, escreveu o bilionário.

O bilionário tem classificado o atual sistema político norte-americano como um “partido único”, alegando que tanto democratas quanto republicanos contribuem para o que chamou de desperdício, corrupção e falência do país. Ele afirma que o America Party surge como uma alternativa à estrutura vigente, que considera antidemocrática.

O rompimento com Trump se tornou público no início de junho, marcou uma guinada no posicionamento político do empresário. Desde então, o empresário passou a fazer críticas diretas ao ex-presidente e à base republicana, ameaçando inclusive financiar adversários de parlamentares que apoiarem o projeto de lei.

Embora Musk não possa disputar a presidência por ser sul-africano de nascimento, ele indicou que pretende usar sua influência e recursos para impulsionar candidaturas independentes. Segundo ele, os eleitos poderão discutir propostas com os dois principais partidos, sem se alinhar automaticamente a nenhum deles.

Em uma de suas postagens, o empresário sugeriu uma estratégia para que a nova legenda tenha impacto prático no Legislativo. A ideia seria concentrar esforços em duas ou três cadeiras no Senado e entre oito a dez distritos na Câmara. Com as margens apertadas de votação, esses representantes poderiam atuar como decisivos em pautas polêmicas. Com informações de Jamil Chade, colunista do UOL.

Veja a postagem:

DCM

Falta de recursos ameaça paralisar combate a desmatamento e incêndios em Rondônia

BRASÍLIA (DF) – A falta de recursos orçamentários ameaça paralisar as ações de combate ao desmatamento e queimadas nas Unidades de Conservação (UCs) em Rondônia, serviços essenciais durante o período de estiagem que vai de junho a novembro na região. É o que consta no pedido de medidas judiciais que o Estado protocolou ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de três ações para que a União, Estados e municípios tomem medidas contra o desmatamento e incêndios na Amazônia Legal e no Pantanal.

Em uma manifestação protocolada na última segunda-feira, 30 de maio, junto ao STF, a Procuradoria-Geral do Estado de Rondônia (PGE) pediu medidas judiciais para o magistrado que, em despacho datado de março deste ano, fez uma série de determinações aos Estados da Amazônia para que combatam o desmatamento e incêndios florestais em seus territórios. A medida visa evitar o descontrole que ocorreu em 2024.

Além de pedir que o STF determine que o Poder Legislativo Estadual aprove a abertura de crédito suplementar no orçamento de 2025 para a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), a PGE solicitou que, caso não seja concedido, que o Estado possa fazer a suplementação via decreto executivo, devido à chegada do período de estiagem, de junho a novembro.

Rondônia não tem recursos para combater incêndios, diz governo estadual ao STF (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Estado quer, ainda, que o ministro determine a ação de fiscalização supletiva pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com a assunção das bases operacionais montadas pela Sedam.

Os pedidos são baseados em dois ofícios enviados pela Sema a vários órgãos do governo de Rondônia, como Casa Civil, PGE e Secretaria de Finanças, informando a situação precária em que se encontra a secretaria que deverá ficar sem recursos, a partir deste mês, para desempenhar as atividades de fiscalização.

Segundo os documentos, o Projeto de Lei Orçamentária 803/2025, enviado pelo governo do Estado à Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), previa o uso de superávit financeiro de até R$ 10 milhões para a Sedam. A proposta citava a manutenção das ações de combate a incêndios e desmatamento. Ocorre que os deputados arquivaram o projeto e a secretaria ficou sem os recursos.

A restrição orçamentária, reforçam os documentos internos do governo de Rondônia, deve comprometer a manutenção das atividades de proteção e fiscalização das Unidades de Conservação estaduais (UCs), principalmente a estruturação e funcionamento das bases fixas.

Conforme a PGE-RO, dentre os problemas que deverão ser enfrentados estão: a fragilidade na fiscalização e monitoramento, com a redução das operações de campo e enfraquecimento dos sistemas de sensoriamento remoto e análise técnica; o aumento de infrações ambientais e consequente avanço do desmatamento ilegal; crescimento da mineração clandestina com contaminação de solos e recursos hídricos; perdas de biodiversidade e serviços ecossistêmicos; e riscos à saúde das comunidades.

Coordenador relata situação

Em despacho assinado pelo coordenador de Unidades de Conservação (CUC/Sedam), Daniel Santos de Souza, datado de 23 de junho, ele relata que os recursos que restam só cobrem as ações de fiscalização na Estação Ecológica Soldado da Borracha e Parque Estadual Guajará-Mirim. As unidades sofrem crítica pressão de tentativas de invasão e precisam estar sob fiscalização contínua. O coordenador informa, ainda, que bases do parque foram alvos de ataque a tiros e uso de drones, em abril deste ano.

Atual coordenador de Unidades de Conservação de Rondônia (Reprodução/Sedam)

Com a falta de dinheiro, escreve o coordenador, os trabalhos tiveram que ser priorizados nas duas unidades protegidas, deixando sem assistência a Estação Ecológica Samuel, que igualmente é ameaçada constantemente por invasores e grupos criminosos.

“O atual período sem operações de fiscalização e monitoramento representa um risco substancial: há a possibilidade concreta de que ocupantes ilegais retomem áreas anteriormente inutilizadas pelas equipes, comprometendo a integridade ambiental da UC. A ausência de atuação do Estado pode anular os esforços realizados até então, permitindo que grupos irregulares voltem a se instalar, reiniciando o ciclo de degradação ambiental”, reforça Daniel de Souza.

O coordenador acrescenta que “as demais 47 Unidades de Conservação do Estado encontram-se vulneráveis à incidência de ações ilícitas, uma vez que os esforços operacionais estão, neste momento, concentrados exclusivamente no interior do Parque Estadual Guajará-Mirim e da Estação Ecológica Soldado da Borracha, em razão das prioridades estratégicas definidas pela Secretaria”. Nas demais, tem havido apenas ações pontuais e esporádicas.

Revista Cenarium

Eleições 2026: PT articula mega federação com PCdoB, PV, PSOL, Rede, PSB e PDT

O PT tem articulado nos bastidores a formação de uma ampla federação de centro-esquerda com vistas às eleições de 2026. A proposta ainda estaria em fase inicial, segundo a CNN Brasil, e foi apresentada durante encontros promovidos pelo Palácio do Planalto com bancadas da Câmara dos Deputados. A federação seria formada por PT, PCdoB, PV, PSOL, Rede, PSB e PDT.

A iniciativa se baseia na renovação e ampliação das federações já existentes, como a Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e a formada por PSOL e Rede. O objetivo é criar um bloco robusto para enfrentar o avanço de federações da direita e do centro, como a União Progressista (União Brasil e PP) e o possível consórcio entre MDB, Republicanos e PSDB.

Representantes do PSB e do PDT, no entanto, teriam classificado a ideia como “inexequível” e “quase impossível”, apontando dificuldades de alinhamento programático e disputas regionais.

Dossiê mostra como agro do MT e Pará apoiou ‘8 de Janeiro’

BELÉM (PA) – Dois Estados da Amazônia Legal, Mato Grosso e Pará, tiveram participação na tentativa de golpe de Estado que sacudiu o Brasil entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, que ficou conhecida como “8 de Janeiro”. É o que revela o relatório “Agrogolpistas – 2025”, produzido pelo observatório De Olho nos Ruralistas, que mapeia a atuação de 142 empresários do agronegócio diretamente ligados ao financiamento e à logística de ações golpistas, incluindo bloqueios em rodovias, montagem de acampamentos e até um atentado com explosivos.

O Mato Grosso, com 74 nomes investigados, e o Pará, com fazendeiros citados por envolvimento em episódios de alta gravidade, se destacam pela participação ativa na tentativa de golpe. Os demais Estados da Amazônia Legal — Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Rondônia, Roraima e Tocantins — não são mencionados em nenhuma das investigações ou evidências apresentadas no relatório.

Desses Estados, apenas Tocantins e Maranhão são mencionados brevemente como parte do chamado Matopiba – região de expansão da soja e da fronteira agrícola no Cerrado, mas sem indivíduos ou empresas citadas.

Mato Grosso

Autointitulado “celeiro do Brasil”, o Mato Grosso concentra mais da metade dos nomes listados no relatório: 74 nomes (52%). É de lá que saiu a maior parte dos caminhões que bloquearam rodovias e abasteceram os acampamentos montados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

Cidades como Sorriso, Nova Ubiratã e Campo Novo do Parecis são citadas como centros de articulação política e logística. O relatório denuncia que famílias inteiras de sojeiros, como os Bedin e os Lermen, enviaram dezenas de veículos à capital federal, em articulação com ex-ministros e parlamentares bolsonaristas.

Mapa de concentração dos “agrogolpistas” (Reprodução/Relatório Agrogolpistas – 2025)

Além disso, muitos desses empresários continuam recebendo crédito de bancos como BTG Pactual, Rabobank, Santander e John Deere, apesar de constarem em investigações da Polícia Federal e CPIs parlamentares.

Pará

Já o Pará aparece com menor número de casos, mas maior gravidade. O relatório identifica três fazendeiros do sudeste paraense ligados ao plano que pretendia explodir um caminhão-tanque próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

O autor do plano, George Washington de Oliveira Sousa, é natural do Ceará, mas vivia no município de Xinguara (PA), de onde partiu para Brasília. Após sua prisão, ele indicou como contato de confiança o nome do pecuarista Bento Carlos Liebl, dono de um conglomerado de fazendas em São Félix do Xingu. A família Liebl, segundo o relatório, possui cerca de 30 mil hectares na região, parte deles embargados pelo Ibama por desmatamento com uso de fogo em áreas próximas à Terra Indígena Apyterewa.

George Washington de Oliveira Sousa (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

O envolvimento da família no atentado golpista levou a Polícia Civil do Distrito Federal a investigar formalmente Bento e Roseli Liebl. Até o momento da publicação do relatório, nenhum deles havia sido denunciado formalmente pelo Ministério Público Federal (MPF).

Outro nome do agronegócio paraense citado é Ricardo Guimarães de Queiroz, ex-vice-prefeito de Itupiranga e então presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá. Ele foi preso em 2023 durante a Operação Embarque Negado, acusado de envolvimento no planejamento de ações golpistas. Em sua propriedade, localizada entre Marabá e Itupiranga, a Polícia Federal encontrou armas e munições. O pecuarista já havia sido multado por desmatamento e autuado por manter trabalhadores em condição análoga à escravidão.

A atuação dos investigados no Pará, segundo o relatório, faz parte de um “núcleo ruralista do golpe” que, embora amplamente documentado por órgãos de segurança e comissões parlamentares, segue impune e fora do foco das investigações judiciais mais relevantes.

Além dos casos individuais, o Pará também aparece no documento como parte estratégica da logística agroexportadora brasileira – principalmente por conta da BR-163, rodovia que liga o polo produtor de soja de Mato Grosso aos portos do Arco Norte. Empresas investigadas por financiar infraestrutura de acampamentos golpistas têm atuação direta nesse corredor.

Revista Cenarium

De Fortaleza a Xangai: Banco do Brics completa 10 anos e desafia modelo de Bretton Woods sob liderança de Dilma

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), principal estrutura institucional criada pelo Brics, completa dez anos neste mês com a ambição de se firmar como alternativa concreta ao sistema financeiro internacional herdado do pós-guerra. Sob a liderança da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), a instituição tenta se consolidar como uma plataforma do Sul Global por autonomia, inclusão e cooperação entre países.

“O Banco do Brics é talvez a principal entrega do Brics econômico-financeiro desde o início”, afirmou Antônio Freitas, subsecretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele lembrou que o NDB foi aprovado na cúpula de Fortaleza, em 2014, “sob a liderança da presidenta Dilma Rousseff”, hoje à frente da instituição.

Durante a abertura da 10ª reunião anual do NDB, realizada nesta sexta-feira (4) no Rio de Janeiro, Dilma foi categórica: “Nós estamos apenas começando. Em nossa primeira década, o NDB lançou as bases. Na próxima década, devemos consolidar nosso papel de liderança para o desenvolvimento equitativo, sustentável e autônomo em um mundo multipolar”.

A presidenta defendeu que o banco atue com ousadia e relevância política. “Nossa força reside não apenas no tamanho do nosso balanço patrimonial, mas acima de tudo, na legitimidade de nossa missão e na união dos nossos países-membros”, disse.

Neste sábado (5), Dilma participará de uma entrevista coletiva durante a reunião e pode anunciar novos projetos do banco.

Um banco criado para romper com o sistema de Bretton Woods

Inspirado pela insatisfação histórica dos países periféricos com a governança das instituições de Bretton Woods, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o NDB foi lançado com a proposta de financiar o desenvolvimento de forma mais justa.

“Na medida em que não conseguiram avançar na reforma das instituições financeiras multilaterais, os países do Brics criaram o seu próprio mecanismo”, afirmou Marta Fernández, coordenadora do Brics Policy Center, ao Brasil de Fato. Ela destacou que, ao contrário dos bancos tradicionais, o NDB foi criado com cotas iguais entre os membros fundadores e uma estrutura mais horizontal.

Segundo ela, o banco foi resultado também da atuação da sociedade civil. “A Rebrip participou bastante desse processo. O objetivo era justamente propor modelos de financiamento alternativos”, pontuou, citando a Rede Brasileira Pela Integração dos Povos.

O economista Paulo Nogueira Batista Jr., que participou da fundação do banco e foi seu primeiro diretor brasileiro, acredita que a instituição “tem um potencial muito grande”, mas ainda caminha aquém do que poderia. “O banco era para ser uma alternativa ao Banco Mundial. Mas como é que pode ser um banco global com apenas dez países-membros? Está indo muito devagar o processo de expansão”, avaliou.

Financiamento para o Sul Global: impactos e limitações

Desde sua fundação, o NDB aprovou 120 projetos, totalizando US$ 39 bilhões em financiamentos. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com esses recursos foram modernizados mais de 40 mil quilômetros de rodovias, erguidas 35 mil moradias, implementados 293 quilômetros de sistemas ferroviários urbanos e ampliada a oferta de água potável em 250 mil metros cúbicos por dia.

Durante o painel “Desafios para o financiamento do desenvolvimento sustentável para o Sul Global”, Haddad afirmou que o banco oferece soluções de acordo com as prioridades nacionais e com respeito às particularidades de cada país. “Esse modelo não apenas é financeiramente viável como também se traduz em impactos concretos e sustentáveis”, disse. “Se traduz em escolas mais acessíveis, comunidades mais conectadas, cidadãos vivendo com mais dignidade.”

Apesar dos avanços, há críticas sobre efeitos de projetos sobre comunidades locais. Marta Fernández lembra que obras de infraestrutura verde, como parques eólicos, têm gerado conflitos territoriais. “Projetos que precisam de muita terra têm gerado expropriações em comunidades quilombolas”, afirmou. Segundo ela, o Brics Policy Center trabalha com uma plataforma de monitoramento chamada Prime Hub, em parceria com a agência de avaliação do banco, sediada em Xangai, para medir os impactos sociais dessas iniciativas.

O papel de Dilma e os desafios para a próxima década

O mandato de Dilma Rousseff à frente do NDB, que começou em março de 2023 e terminaria em julho deste ano, foi estendido por mais cinco anos, por decisão unanime entre os países-membro.

Sua gestão é vista com entusiasmo por representantes do governo brasileiro. “Sob seu comando, o banco conquistou uma nova dimensão geopolítica e internacional”, avaliou Haddad. Já Antonio Freitas afirmou que o Brasil está “bastante satisfeito” com o papel do banco sob liderança brasileira. “A presidenta Dilma deverá anunciar desenvolvimentos importantes na cúpula”, adiantou.

Marco Fernandes, membro do Conselho Popular do Brics, afirmou que Dilma resgatou o protagonismo político da instituição. “No seu primeiro ano, ela arrecadou cerca de 8 bilhões de dólares nos mercados de capitais – o dobro da média dos anos anteriores. Ela trouxe o banco de volta para o debate público, ou talvez ele nunca tenha estado tanto em evidência quanto agora”, avaliou durante o último episódio do podcast O Estrangeiro.

Mesmo assim, Fernandes alerta para limites estruturais. “Sem dinheiro, sem cascalho, não tem como virar esse grande banco do Sul Global”, disse. Para ele, a única forma atual de captar recursos – via mercado financeiro – é insuficiente para um banco que ambiciona disputar com o Banco Mundial. “Não é possível que esses cinco países juntos – China, Índia, Rússia, Brasil e Indonésia – mais os Emirados Árabes, não possam fazer uma vaquinha todo ano e colocar 50 bilhões de dólares.”

Segundo ele, se bem financiado, o NDB poderia transformar a arquitetura de crédito internacional. “O NDB teria capacidade de disputar com o Banco Mundial e abrir uma gama de possibilidades para o Sul Global – com financiamentos sem as condicionalidades do FMI, como austeridade, privatizações e cortes em saúde e educação.”

O processo atual de desdolarização, um tema recorrente no discurso político dos Brics, também foi relativizado pelo ex-diretor do banco. “O Brics fala muito em desdolarização, mas o nosso banco ainda é preponderantemente dolarizado, tanto no lado ativo quanto no lado passivo. Isso precisa mudar”, disse Paulo Nogueira Batista Jr.

Marta Fernández complementa que a busca por transações em moedas locais também tem um componente de proteção. “O congelamento das reservas russas mostrou que países do Sul Global estão vulneráveis. De um dia para o outro, suas reservas podem desaparecer. O uso de moedas locais não é só uma alternativa econômica, mas uma forma de enfrentar essa hegemonia do dólar e se proteger contra sanções e tarifas como armas de guerra.”

Diante desse cenário, Dilma reforçou que o NDB deve se posicionar como “espaço de diálogo, cooperação e objetivos comuns”. Para ela, a próxima década deve ser marcada por ambição e transformação. “Que essa seja a década de ouro da instituição. Juntos, com visão, coragem e determinação, continuaremos a construir um futuro melhor para os nossos países, nossos povos e as gerações futuras.”

Brasil de Fato

Lula diz que Brics é fiador de um futuro promissor

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou neste sábado (5) que o Brics segue como “fiador de um futuro promissor”. A afirmação foi feita durante abertura do Fórum Empresarial do Brics, no Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro (RJ), 05/07/2025 – O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, e o presidente da CNI, Ricardo Alban, participam do Fórum Empresarial do Brics, no Pier Mauá. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil“Durante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. Os Brics seguem como fiador de um futuro promissor”, disse Lula.

O Brics funciona como foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e de cooperação nas mais diversas áreas e reúne 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

Segundo Lula, esses países podem liderar um novo modelo de desenvolvimento pautado em agricultura sustentável, indústria verde, infraestrutura resiliente e bioeconomia.

“Nossos países já estão entre os maiores investidores de energia renovável do planeta. Há imenso potencial para ampliar a produção de biocombustíveis, baterias, placas solares e turbinas eólicas. Possuímos minerais estratégicos essenciais para a transição energética”.

Lula disse ainda que fortalecimento do complexo industrial da saúde “amplia o acesso a medicamentos e é fundamental para superar doenças socialmente determinadas que afligem os mais vulneráveis”.

Em seu discurso, o presidente brasileiro também defendeu uma governança multilateral sobre a inteligência artificial (IA).

“A inteligência artificial traz possibilidades que há poucos anos sequer imaginávamos. Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor”.

Ele também aproveitou seu discurso para falar sobre os conflitos internacionais. Segundo ele, a cúpula do Brics certamente apontará soluções para essa situação.

“Ao invés de barreiras, promovemos integração. Contra a indiferença, construímos a solidariedade”.

Fórum

O Fórum Empresarial do Brics discute, ao longo deste sábado, o papel do setor produtivo na busca de um desenvolvimento econômico sustentável. Entre os temas debatidos estão comércio e segurança alimentar, transição energética, descarbonização, economia digital e inclusão financeira.

Os 11 países que integram o Brics somam quase metade da população mundial, 40% da economia global e mais de 20% do comércio mundial.

Em termos de recursos naturais, os membros do grupo concentram cerca de 70% das reservas de terras raras, mais de 40% da produção de petróleo e quase 80% da produção de carvão mineral.

Agencia Brasil

 

MPRO e Forças de Segurança ajustam fortalecimento do combate às facções criminosas em Ouro Preto do Oeste

O MPRO, por meio da 3a Promotoria de Justiça de Ouro Preto do Oeste, promoveu reunião institucional nesta quinta-feira (3/7), com a finalidade de estabelecer estratégias entre as Forças de Segurança atuantes no Estado de Rondônia e na Comarca de Ouro Preto do Oeste, para a continuidade e intensificação do combate ao crime organizado na região.

Estiveram presentes representantes das Polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, bem como o Delegado Regional e o Delegado de Polícia Civil de Ouro Preto do Oeste, além de representante da Secretaria de Justiça do Estado (Sejus).

Em razão do aumento de homicídios e crimes praticados no último mês, no contexto das facções criminosas que tentam se instalar na região, foi destacada a imprescindibilidade da atuação coordenada e cooperativa para garantir tranquilidade para a comunidade de Ouro Preto do Oeste e demais municípios da Comarca.

Na ocasião, todos se comprometeram em somar esforços para intensificar ações voltadas para o combate à criminalidade e a garantia da segurança pública.

O MPRO reafirma seu compromisso com a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Gerência de Comunicação Integrada (GCI)

Coluna Zona Franca

Jerônimo Rodrigues, Lula e Janja A mais recente análise do instituto Quaest sobre o debate político nas redes sociais apontou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva saiu vitorioso no embate digital com o Congresso Nacional, impulsionado pela crise envolvendo o decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Segundo o levantamento, 61% das menções ao Congresso foram negativas, enquanto apenas 11% dos conteúdos citando o Executivo tinham esse tom.

Vitória da esquerda 2

A pesquisa da Quaest analisou mais de 4,4 milhões de postagens feitas entre os dias 24 de junho e 4 de julho em redes como X (antigo Twitter), Instagram, Facebook, YouTube e em sites de notícias. No período, o conteúdo sobre o embate entre Legislativo e Executivo alcançou, em média, 32 milhões de contas por hora. O resultado revela não apenas o elevado engajamento do tema, mas também uma inversão na dinâmica tradicional do desgaste político digital, que geralmente recai sobre o governo, segundo aponta reportagem do Valor.

‘Inimigos do povo’ 

A hashtag #InimigosDoPovo foi uma das mais utilizadas nas publicações analisadas, aparecendo em cerca de 300 mil menções. No total, 18% das postagens traziam esse termo, enquanto “Congresso da mamata” surgiu em 13%. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi mencionado diretamente em 8% das postagens, refletindo a personalização das críticas ao Parlamento.

‘Inimigos do povo’  2

Pode ser uma imagem de texto que diz "Vamos taxar bancos e casas de aposta." Exagero, coitados! Hugo Motta: E se a gente desse aposentadoria + salário integral pro deputado? Aprovado! Viva a respon- sabilidade fiscal CONGRESSO INIMIGO DO POVO RICOS PAGUEM A CONTA"A revolta virtual cresceu especialmente após o dia 25 de junho, quando o Congresso votou pela derrubada do decreto presidencial que aumentava a alíquota do IOF, medida que fazia parte da estratégia do governo para ampliar a arrecadação e equilibrar as contas públicas. O episódio levou o governo a recorrer ao Supremo Tribunal Federal e gerou forte mobilização digital contra o Legislativo.

Lula não foi o foco da insatisfação

Ao contrário do que ocorreu em outras crises políticas recentes, como o escândalo de fraudes no INSS ou o anúncio do aumento do IOF, em que Lula teve 77% e 76% de menções negativas, respectivamente, neste episódio o presidente foi citado em 15% das postagens — das quais 45% foram positivas, 31% negativas e 24% neutras.

Lula não foi o foco da insatisfação 2

Segundo o relatório da Quaest, isso demonstra que “Lula não é o foco central do desgaste atual”, e o governo conseguiu reposicionar a narrativa, associando o impasse ao Congresso e não à Presidência. Os dados revelam que, ao contrário de outras disputas, a campanha digital governista conseguiu mobilizar a opinião pública de forma eficaz.

Esquerda mais engajada do que a oposição

Outro dado que surpreendeu os analistas foi a prevalência do discurso governista nas redes, superando inclusive a tradicional vantagem da oposição em termos de engajamento digital. Parlamentares alinhados ao governo foram responsáveis por quase 50% dos posts sobre o tema, enquanto a oposição respondeu por apenas 31,5%, índice abaixo do registrado em outras crises — como no caso do INSS, quando a oposição dominou com 51% das postagens. Os números absolutos também ilustram essa virada. Enquanto 119 parlamentares da base aliada fizeram 741 postagens sobre a crise do IOF, os 112 congressistas da oposição publicaram 378 vezes. Parlamentares de centro contribuíram com 218 postagens, somando 18% do total.

Esquerda mais engajada do que a oposição 2

Estratégia de confronto

A atuação mais combativa da base governista — tanto no discurso quanto na mobilização digital — é interpretada pelos pesquisadores como parte de uma estratégia de confronto institucional. Segundo o relatório da Quaest, a base aliada “tensiona a relação com o Legislativo, usando o tema como instrumento de confronto político contra a oposição e retórica de responsabilização institucional”.

Estratégia de confronto 2

Essa guinada revela uma mudança de postura: diferentemente de outras crises, em que o governo era mais reativo nas redes, agora adotou uma linha ofensiva e conseguiu direcionar o foco da insatisfação popular ao Congresso, em especial ao presidente da Câmara, Hugo Motta. O levantamento da Quaest ajuda a ilustrar como o campo progressista pode vencer batalhas simbólicas e narrativas no ambiente digital, tradicionalmente dominado por forças conservadoras. Ao transformar o Congresso em alvo principal da insatisfação popular, a esquerda mostrou que, ao menos nesta crise, saiu fortalecida das redes — e com potencial de influência real sobre a opinião pública. Do Brasil 247

Foi traído, mas…

Lula avalia que foi traído por Hugo Motta, após a votação do decreto que tratava do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). No entanto, apesar do desgaste, Lula decidiu reabrir o diálogo e já enviou um recado ao parlamentar com a intenção de convidá-lo para uma conversa nos próximos dias.

Eleições 2026

Lula está tão confiante na reviravolta que já anunciou que será candidato à reeleição. Nesta sexta-feira (4), Lula disse que deve disputar um novo mandato em 2026. Em discurso durante cerimônia de anúncio de investimentos da Petrobras no setor de refino e petroquímica, em Duque de Caxias (RJ), Lula afirmou que o país poderá eleger pela primeira vez um presidente por quatro mandatos.

Eleições 2026-2

“Tem gente que pensa que o governo já acabou. Tem gente que já está pensando em eleição. Eles não sabem o que eu estou pensando”, afirmou o presidente. “Então se preparem, se preparem, porque se tudo estiver como eu estou pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes”, completou, em tom desafiador. A fala ocorre em meio a um momento de tensão entre o Executivo e o Congresso Nacional, principalmente por conta da proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), criticada por lideranças parlamentares. Ainda assim, Lula fez questão de destacar que valoriza o diálogo com o Legislativo.

Com conteúdo e propostas, o MDB sai na frente

Pode ser uma imagem de 9 pessoasNa manhã de ontem, 4, na sua sede estadual, aconteceu o Encontro Estadual do
MDB de Rondônia denominado O Brasil precisa pensar o Brasil, que tem como
objetivo debater os problemas estruturais do país – e apontar soluções. Organizado
pela Fundação Ulysses Guimarães – FUG, o evento acontece em todos os estados
e suas deliberações e conclusões orientarão os programas de governos dos candidatos da sigla nas eleições de 2026.

Com conteúdo e propostas, o MDB sai na frente 2

Quem esteve no evento pode assistir palestras de alto nível, com temas relevantes
para o Brasil e para Rondônia. Além disso, puderam ouvir a fala do ex-ministro da
Defesa Aldo Rebelo, atualmente filiado ao MDB, que versou sobre como equilibrar desenvolvimento econômico e meio ambiente. Do mesmo modo, chamou a atenção a qualidade da exposição do ex-governador e ex-secretário de Pernambuco, Raul Henry, sobre a importância da educação pública e de qualidade para o desenvolvimento do Brasil.

Com conteúdo e propostas, o MDB sai na frente 3

O ex-vice-governador de Rondônia, ex-deputado federal Miguel de Souza e
atualmente consultor do Senado Federal, por sua vez, decodificou os problemas de
infraestrutura logística no país – e como estes impactam no chamado Custo Brasil. A
exposição de Souza trouxe dados atualizados e fartos sobre a produção nacional –
e de Rondônia – e em quais modais logísticos ela se distribui internamente até
chegar aos países compradores.

Com conteúdo e propostas, o MDB sai na frente 4

Na sua palestra, cuja pauta foi sobre os impactos das mudanças climáticas na
Amazônia, Caê Moura, gerente do Centro Gestor e Operacional do Sistema de
Proteção da Amazônia CENSIPAM fez uma fala dramática sobre a situação
climática atual do planeta, da Amazônia e de Rondônia. Enfatizando que
desempenhava o papel de “mensageiro de notícias não boas”, Caê Moura alertou
para a realidade que já é parte da vida de cada um de nós – e da urgência em
despertamos para a sua gravidade.

A Democracia

Está no ar o novo A Democracia, site de notícias políticas com sede em Brasília. Com novo visual e novas categorias de notícias, o portal enfatiza os bastidores da política nacional, regional e internacional, com destaque para as eleições de 2026. A direção geral do AD é deste articulista político.

Reforma administrativa

Pode ser uma imagem de 4 pessoas e texto que diz "AD AVANÇOS PRA PORTO VELHO! と"A recente reforma administrativa anunciada pelo prefeito Léo Moraes (Podemos), de Porto Velho, é digna de elogios não apenas pela ousadia e inovação que carrega, mas, sobretudo, pela escuta atenta ao sentimento da população. Em tempos em que decisões de governo muitas vezes ignoram as vozes das ruas, é alentador ver a gestão municipal caminhar na direção contrária — com sensibilidade, responsabilidade e diálogo.

Reforma administrativa 2

Um dos pontos mais emblemáticos da reforma é a sábia decisão de manter separadas as Secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente. Essa medida, longe de ser meramente estrutural, atende a uma demanda legítima de agricultores, ambientalistas, técnicos e cidadãos que compreendem a complexidade e a especificidade de cada uma dessas áreas. No início da atual administração chegou a ser cogitada a junção das duas pastas, o que representaria um retrocesso na elaboração de políticas públicas eficazes, além de colocar em rota de colisão interesses que, embora devam caminhar em harmonia, não podem ser tratados como idênticos.

Reforma administrativa 3

A Agricultura precisa de uma secretaria que compreenda o ciclo da produção, o apoio técnico aos pequenos produtores, o escoamento da safra, o fortalecimento da agricultura familiar e o incentivo à economia rural. Já o Meio Ambiente exige estrutura própria para cuidar da preservação dos nossos recursos naturais, fiscalização ambiental, educação ecológica e sustentabilidade urbana e rural. Misturar tudo isso em um único órgão é negligenciar a complexidade de cada área e dificultar a execução de políticas públicas eficazes.

Reforma administrativa 4

Ao manter as secretarias separadas, Léo Moraes demonstra não apenas conhecimento técnico, mas também respeito ao clamor popular e compromisso com o desenvolvimento sustentável de Porto Velho. Em uma capital marcada por desafios históricos no campo e na floresta, acertar na estrutura administrativa é dar um passo firme em direção a uma gestão mais eficiente e democrática. (Édson Silveira)

Fernando Máximo

De olho em 2026, Léo Moraes exalta Fernando Máximo durante evento em Vilhena: “Ano que vem reserva grandes notícias”A coluna não conseguiu falar com os dirigentes do Podemos, nem com o prefeito Léo Moraes, mas, tudo indica que o deputado federal Fernando Máximo (União Brasil), deverá ser o candidato ao governo de Rondônia com apoio do chefe do executivo municipal. É o que o site Rondônia Dinâmica destacou. Léo Moraes usou um evento em Vilhena para enaltecer o deputado federal Fernando Máximo, em um discurso que soou como sinal claro de alinhamento político. A ocasião foi a inauguração da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vitalina Gentil, realizada na quarta-feira (03), no município comandado por Flori Cordeiro, também do Podemos. Durante o ato, Léo Moraes fez um discurso caloroso em homenagem ao parlamentar, sugerindo que o futuro político de Máximo está em ascensão. “Ano que vem reserva grandes notícias para o nosso deputado Fernando Máximo”, declarou o prefeito, que ainda classificou o deputado como “um grande líder, sujeito ponta firme, leal e amigo”.

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política em Rondônia e do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político
Contato:rkuppe@gmail.com

Filme baseado na obra de Chico Buarque encerra gravações e mira lançamento em 2026

O filme Geni e o Zepelim, dirigido por Anna Muylaert, encerrou suas gravações em 18 de junho de 2025, em Cruzeiro do Sul, Acre. Produzido pela Migdal Filmes, em parceria com Paris Entretenimento e Globo Filmes, e distribuído pela Paris Filmes, a produção ainda não tem uma data oficial de estreia, mas as expectativas apontam para 2026.

Inspirado na canção de Chico Buarque, lançada em 1978, e no conto Bola de Sebo, de Guy de Maupassant, o longa-metragem marca a primeira adaptação ficcional dessa narrativa para os cinemas. Assim, ele se insere no gênero drama social, subvertendo elementos tradicionais ao ambientar o confronto entre a opressão e a luta de uma personagem marginalizada: Geni.

Ambientado na Amazônia, o filme reflete conflitos reais, como a exploração de terras, a violência institucional e a marginalização das vozes trans. Anna Muylaert compartilhou que seu objetivo foi “falar da Amazônia através do olhar feminino, trazendo as questões de gênero para a discussão sobre a violência contra a floresta”. Como resultado, o filme vai além de uma simples adaptação; ele oferece uma visão perspicaz sobre a intersecção entre poder, identidade e território.

Obras como Que Horas Ela Volta? (2015), também de Muylaert, e Pássaro Memória (2023), com a nova Geni, Ayla Gabriela, compartilham esse compromisso pela representação do Brasil moderno.

Dessa forma, o longa convida o público a se engajar em discussões sobre identidade, poder, território, diversidade e resistência, sem entregar todos os detalhes e, ao mesmo tempo, aguçando a curiosidade.

Foto de Seu Jorje em "Geni e Zepelim"
Foto de Seu Jorje em “Geni e Zepelim” – Foto/Crédito: Paris Filmes

Sinopse

Em uma comunidade ribeirinha na Amazônia (Cruzeiro do Sul, Acre), vive Geni (Ayla Gabriela), uma travesti e prostituta, constantemente alvo de humilhação. Quando o Comandante (Seu Jorge) invade a área em seu zepelim, acompanhado por tropas e com planos de expulsar os moradores para explorar o território, ele encontra resistência. No entanto, a reviravolta acontece quando o comandante propõe que, se Geni passar uma única noite com ele, retirará seu exército, deixando a comunidade em paz. Assim, a protagonista se torna uma figura central na luta coletiva. A tensão aumenta, e até o momento, não se sabe como essa batalha será vencida. Referências literárias e políticas se entrelaçam, gerando mistério e relevância narrativa.

Direção e roteiro

Muylaert, que conquistou o Grand Jury Prize no Festival de Sundance com Que Horas Ela Volta?, também assume a direção e o roteiro deste longa. Sua marca é evidente em retratos realistas das tensões sociais e identitárias. Aqui, ela desloca o foco urbano para o interior da Amazônia e entrelaça disputas territoriais com questões de gênero, mantendo sempre um olhar atento às dimensões íntimas e coletivas.

O texto dialoga com a canção, preservando referências à transfobia, à moralidade hipócrita e à exploração, mas atualiza essas tensões, abordando o embate por terras amazônicas.

Produção e elenco

As filmagens ocorreram ao longo de cerca de dois meses, entre abril e junho de 2025, em Cruzeiro do Sul. A equipe utilizou uma extensa infraestrutura fluvial: foram sete barcos para as cenas principais, além de nove embarcações de apoio, como voadeiras, balsas e canoas, para diferentes etapas da captação. Esse esforço reforça o compromisso com a autenticidade e uma representação fiel da região amazônica.

Inicialmente, Thainá Duarte, uma atriz cisgênero, foi confirmada como Geni. Essa escolha gerou críticas por não respeitar a identidade trans. Após um intenso debate e diálogo com a comunidade trans, a produção reconsiderou e escalou Ayla Gabriela, uma atriz trans reconhecida por seu trabalho em Pássaro Memória (2023). Essa mudança alinha-se com a caracterização dos personagens e fortalece a mensagem política do filme.

Ayla Gabriela é Geni em 'Geni e o Zepelim'
Ayla Gabriela é Geni em ‘Geni e o Zepelim’ — Foto/Crédito: Paris Filmes

Além dos protagonistas, Ayla Gabriela e Seu Jorge, o elenco conta com Suzy Lopes, Gero Camilo, Ênio Cavalcante e centenas de figurantes acreanos. Essa diversidade geográfica enriquece a ambientação e valoriza as vozes locais.

Com o término das filmagens, Geni e o Zepelim se estabelece como um dos lançamentos nacionais mais esperados para 2026. A adaptação sensível de uma canção clássica, a forte representatividade trans e a ambientação amazônica unem imagens a uma coragem política. Enquanto propõe uma tensão narrativa instigante, a obra também pode gerar debates sobre pertencimento, direitos humanos e a memória cultural brasileira.

Mundo em revista

Lula conclama países emergentes a resistirem ao protecionismo global: “cabe a nós defender o multilateralismo”

Durante sua participação no fórum empresarial da cúpula do BRICS, realizado neste sábado (5) no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo às nações em desenvolvimento para que assumam papel central na defesa do comércio internacional diante do avanço de políticas protecionistas.

“Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. O BRICS segue como fiador de um futuro promissor. Durante a presidência brasileira demos um passo importante ao apoiar coletivamente a Convenção da ONU para Cooperação Tributária e a Visão de Reforma do FMI. O combate às desigualdades fortalece mercados consumidores, impulsiona o comércio e alavanca investimentos”,  destacou Lula.

Outro ponto de destaque foi a defesa de uma regulação internacional para o uso e desenvolvimento da inteligência artificial. Segundo Lula, o avanço da IA exige uma resposta coletiva. “A revolução tecnológica permeia todos os setores das nossas economias. Infraestruturas públicas digitais viabilizam inovações e criam oportunidades para “startups” e pequenas e médias empresas.A inteligência artificial traz possibilidades que, há poucos anos, sequer imaginávamos. Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor. Os riscos e efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral”, ressaltou Lula.

Leia a íntegra do discurso:

“Agradeço ao Conselho Empresarial e à Aliança Empresarial de Mulheres pela organização deste Fórum.

Aproximar nossos setores produtivos é um pilar fundamental do BRICS.

Os empreendedores aqui reunidos compõem o eixo dinâmico da economia internacional.

Os onze membros plenos do BRICS já superam 40% do PIB global em paridade de poder de compra.

Em 2024, enquanto o mundo cresceu 3,3%, registramos uma expansão média de 4% nos países do BRICS.

Este ano seguiremos em ritmo superior.

Com o crescimento de países parceiros e convidados, consolidamos o grupo como um polo aglutinador de economias prósperas e dinâmicas.

A presença neste Fórum do Primeiro-Ministro da Malásia, Anwar Bin Ibrahim, presidente de turno da ASEAN, é um reflexo disso.

Temos muito a aprender com a sinergia permanente entre países em desenvolvimento.

Isso nos permitiu enfrentar juntos os efeitos da crise financeira de 2008 e a pandemia de Covid-19.

Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional.

O BRICS segue como fiador de um futuro promissor.

Durante a presidência brasileira demos um passo importante ao apoiar coletivamente a Convenção da ONU para Cooperação Tributária e a Visão de Reforma do FMI.

O combate às desigualdades fortalece mercados consumidores, impulsiona o comércio e alavanca investimentos.

Possuímos inúmeras complementaridades econômicas.

O intercâmbio comercial do Brasil com o BRICS foi de 210 bilhões de dólares no ano passado, mais que o dobro do fluxo com a União Europeia.

Só em produtos do agronegócio brasileiro, exportamos 71 bilhões de dólares.

Nossos países podem liderar um novo modelo de desenvolvimento pautado em agricultura sustentável, indústria verde, infraestrutura resiliente e bioeconomia.

Reunimos 33% das terras agricultáveis e respondem por 42% da produção agropecuária global.

Crédito rural, fomento à agricultura de baixo carbono e restauração de terras degradadas potencializam nossa capacidade de produzir alimentos para o mundo.

O BRICS foi essencial para a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Fortalecer o complexo industrial da saúde amplia o acesso a medicamentos e é fundamental para superar doenças socialmente determinadas que afligem os mais vulneráveis.

A revolução tecnológica permeia todos os setores das nossas economias.

Infraestruturas públicas digitais viabilizam inovações e criam oportunidades para “startups” e pequenas e médias empresas.

A inteligência artificial traz possibilidades que, há poucos anos, sequer imaginávamos.

Na ausência de diretrizes claras coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor.

Os riscos e efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral.

A descarbonização de nossas economias é um processo irreversível.

A poucos meses da COP 30, reforçamos nossa responsabilidade com a promoção de uma transição ecológica justa e inclusiva.

O Brasil apresentou as suas NDC, que preveem redução entre 59 e 67% das emissões de gases de efeito estufa.

Nossos países já estão entre os maiores investidores em energia renovável do planeta.

Há imenso potencial para ampliar a produção de biocombustíveis, baterias, placas solares e turbinas eólicas.

Possuímos minerais estratégicos essenciais para a transição energética.

O BRICS concentra 84% das reservas de terras raras, 66% do manganês e 63% do grafite do mundo.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, a demanda por minérios críticos deve triplicar até 2040.

Queremos ir além da extração dessas riquezas.

Em parceria com o setor privado, vamos qualificar nossa participação em todas as etapas das cadeias de suprimento.

O Brasil está bem-posicionado para esse salto. Contamos com marcos regulatórios estáveis, mão de obra qualificada e energia limpa para processamento mineral eficiente e sustentável.

Consolidar tantas frentes requer a mobilização de recursos.

Ontem participei da 10ª Reunião Anual de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento.

Desde a criação do Banco, 40 bilhões de dólares foram aprovados em 120 projetos de transportes, saneamento básico e energia limpa.

Ao impulsionar o uso de moedas locais, o NDB também tem contribuído para reduzir custos de transação e facilitar operações financeiras.

Com o objetivo de simplificar o comércio e os investimentos, os bancos centrais do BRICS estão trabalhando para desenvolver meios de pagamento transfronteiriços instantâneos e seguros.

Os bancos nacionais de desenvolvimento também são aliados importantes.

No Brasil, o BNDES, o nosso banco de desenvolvimento, vem batendo recordes. A partir de 2023, foram destinados mais de 50 bilhões de dólares para projetos de transformação produtiva sustentável.

Queridas amigas e queridos amigos,

Agradeço mais uma vez ao Conselho Empresarial pelo papel central que tem exercido na promoção comercial e na melhoria do ambiente de negócios do BRICS.

Parabenizo a Aliança Empresarial de Mulheres pela fundamental atuação em prol do empreendedorismo feminino e da igualdade de gênero.

Ampliar e qualificar a participação de mulheres no mercado de trabalho traz ganhos de produtividade e acelera o crescimento econômico.

Tenho a convicção de que cabe aos governos abrir portas e aos empresários fazer negócios.

O vínculo entre paz e desenvolvimento é evidente.

Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado.

O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo.

É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades.

Estou certo de que este Fórum e a Cúpula do BRICS que se inicia amanhã aportarão soluções.

Ao invés de barreiras, promovemos integração.

Contra a indiferença, construímos solidariedade.

Por isso, meus amigos e minhas amigas, boa sorte nesse encontro empresarial.

Muito obrigado”.

Do Brasil 247

Emendas parlamentares: bolsonaristas enviam valor milionário a instituto da igreja de Michelle

O Instituto Assistencial Atitude, organização sem fins lucrativos presidida pelo pastor Josué Valandro de Oliveira Junior, da mesma igreja frequentada por Michelle Bolsonaro (PL), recebeu R$ 1,2 milhão em recursos públicos através de emendas parlamentares de dois aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu no processo sobre a tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), e Hélio Lopes (PL-RJ) destinaram as verbas à entidade sediada na Barra da Tijuca.

Fundado em 2016, o instituto afirma em seu site ter atendido quase 400 mil pessoas e distribuído refeições para outras 410 mil, oferecendo serviços como atendimento psicológico, atividades educativas e acolhimento a dependentes químicos. A organização, que tem forte presença nas redes sociais com mais de 700 mil seguidores, é liderada pelo pastor da Igreja Batista Atitude.

Em maio de 2023, Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro, destinou R$ 500 mil para programas de esporte, educação e inclusão social da entidade. Já em junho deste ano, Hélio Lopes indicou R$ 700 mil para o programa de creche gratuita do instituto.

Michelle e Ramagem em evento do PL. Foto: reprodução

Outras investigações contra Ramagem 

Em junho, a PF divulgou um relatório detalhado do esquema de monitoramento ilegal da “Abin paralela”, em que bolsonaristas são acusados de desviar as finalidades da entidade para espionar ilegalmente adversários políticos do ex-presidente. O documento, tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, aponta mais de 30 indiciados, incluindo o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) e Ramagem.

O relatório descreve como a Abin foi utilizada como instrumento de espionagem política, com o uso do software israelense First Mile para rastrear ilegalmente a localização de celulares de autoridades, jornalistas e adversários políticos.

Entre os alvos do monitoramento estavam ministros do STF como o próprio Moraes e Luís Roberto Barroso, além de parlamentares de diversos partidos e jornalistas críticos ao governo.

Segundo as investigações, o esquema operava sob comando direto de Ramagem, com o objetivo claro de beneficiar politicamente o então presidente Jair Bolsonaro. “Comprova o viés precipuamente político da ação clandestina”, afirma o documento sobre os pedidos de monitoramento que teriam partido da Presidência da República.

Casos sensíveis como as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e a tentativa de homicídio contra Bolsonaro também foram alvo da espionagem irregular.

Diario do Centro do Mundo

Arquivamento de proposta para combater queimadas vira alvo do MP em Rondônia

O arquivamento do PL que previa a liberação de R$ 10 milhões para o pagamento de diárias a fiscais ambientais virou alvo do MP de Rondônia

Com a chegada do chamado “verão amazônico”, entre junho e novembro, cresce o risco de novos incêndios. Em 2024, Rondônia registrou 7.282 focos de queimadas entre janeiro e setembro – o maior número em 14 anos. A situação preocupa por seus efeitos imediatos, inclusive na saúde pública.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente, Habitação, Urbanismo, Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico, Pablo Hernandez Viscardi, coordenador em exercício do Gaema, explicou que “a interrupção das ações coloca em risco obrigações legais e compromissos assumidos pelo Estado de Rondônia, inclusive no âmbito internacional“.

O Ministério Público solicitou da Assembleia  Legisativa de Rondônia a cópia de pareceres e informações técnicas e políticas sobre o arquivamento da proposta orçamentária. O órgão solicitou, ainda, esclarecimentos sobre alternativas para viabilizar o financiamento das ações ambientais.

Do governo do Estado, o MP-RO cobrou explicações sobre quais medidas já foram adotadas, além da possibilidade de reenviar o projeto à Assembleia ou fazer remanejamento orçamentário. O órgão ministerial também pediu a elaboração de um planejamento estratégico emergencial para enfrentar a estiagem, com ações para reduzir os impactos à saúde da população, aos recursos hídricos e à biodiversidade.

O MP-RO oficiou a Sedam, a Assembleia Legislativa, o governo do Estado e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), solicitando informações e providências. À Sedam, foram pedidos dados sobre a execução orçamentária, o impacto da não liberação dos valores e o que pode deixar de ser feito sem esses recursos.

Linha de fogo na TI Sete Setembro. (Observa Rondônia)
Queimadas

Segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas, mais de 30,8 milhões de hectares foram queimados no Brasil em 2024, o que representa um aumento de 79% em relação a 2023, ou um crescimento de 13,6 milhões de hectares. Dessa porção queimada, três a cada quatro hectares foram de vegetação nativa (75%), sendo as formações florestais as mais afetadas, com cerca de 25% da área queimada no País.

Em Rondônia, entre os meses de janeiro e setembro de 2024, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 7.282 focos de incêndios no Estado, sendo o maior número nos últimos 14 anos. Ao comparar com o ano de 2023, houve um aumento de 169%. A capital Porto Velho é o município com o maior número de focos de incêndios, correspondente a 32% do total do Estado, com cerca de 2.337 pontos.

O Estado de Rondônia teve um total de 1,4 milhões de hectares queimados em 2024, o que representa um crescimento de 72% em relação ao saldo de 2023, de acordo com dados do Monitor do Fogo.

RevistaCenarium

Estudo identifica 142 empresários do agronegócio envolvidos em tentativa de golpe

Dossiê do De Olho nos Ruralistas, “Agrogolpistas” consolida listas de fazendeiros e sócios de empresas indiciadas por bloqueio de rodovias, acampamentos e o 8 de janeiro; impunes, sojicultores de MT, GO e BA têm contratos com BTG Pactual e Syngenta

Por Alceu Luís Castilho e Bruno Stankevicius Bassi*
De Olho nos Ruralistas

Quem é o “pessoal do agro”? Quais os nomes dos empresários do agronegócio que financiaram a intentona golpista liderada por Jair Bolsonaro?

Essas perguntas pairam desde 21 de novembro de 2024, quando a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado. O relatório publicado naquele dia revelou a existência do plano Punhal Verde e Amarelo: uma trama de homicídio orquestrada por membros da Forças Armadas e do alto escalão do governo. O objetivo? Decretar um regime de exceção e assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Agrogolpistas: relatório inédito consolida 142 nomes de empresários do agronegócio que apoiaram tentativa de golpe

A participação do agronegócio no plano foi detalhada após a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, ele afirma ter recebido cerca de R$ 100 mil em espécie. Com notas entregues em uma sacola de vinho pelo general Walter Braga Netto, que contou a Cid sobre a origem do valor: “O general Braga Netto entregou e comentou que era alguém do agro que tinha dado, mas eu não sei o nome de quem foi que passou pra ele”.

Quem é esse “pessoal do agro” sem rosto, sem nome e impune?

Para responder a essa pergunta, De Olho nos Ruralistas lança nessa quarta-feira (25) o relatório “Agrogolpistas“, que identifica 142 empresários do setor que atuaram no suporte logístico ou financeiro a atos golpistas entre o segundo semestre de 2022 e o fatídico 8 de janeiro de 2023.

Os agrogolpistas não são apenas fazendeiros caricaturais, com chapelão e botas, nos rincões do país. Ao longo de 89 páginas, é possível encontrar o nome de bancos e multinacionais diretamente ligadas aos empresários que financiaram o terror. Eles recebem financiamento de instituições como Santander, Rabobank e John Deere. E possuem contratos de fornecimento e parceiras com gigantes como BTG Pactual e Syngenta — esta última, parte da cadeia de financiamento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

O dado mais alarmante diz respeito à responsabilização: salvo aqueles (poucos) que foram flagrados nos atos terroristas de 8 de janeiro, nenhum dos nomes respondeu juridicamente pelo fomento ao golpe de Estado.

Observatório analisou 1.452 nomes para traçar relação com agronegócio

Durante quatro meses, o núcleo de pesquisas do observatório percorreu listas de pessoas físicas e jurídicas investigadas por contratar a infraestrutura dos acampamentos golpistas — geradores, tendas, banheiros químicos, alimentos — e por viabilizar o trancamento de rodovias de norte a sul do país.

De chapéu e botina, Braga Netto se aproximou de ruralistas de Mato Grosso durante campanha. Foto: Reprodução

A base de dados de financiadores de atos antidemocráticos — 551 nomes, ao todo — foi complementada pela relação dos 898 réus responsabilizados criminalmente em inquéritos do STF relativos ao 8 de janeiro e pela lista de indiciados da Operação Lesa Pátria, da PF. Por último, incluímos na análise os nomes de três fazendeiros paraenses investigados por fornecer apoio aos terroristas George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, responsáveis pela tentativa de atentado à bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

A partir desses dados, nossa equipe procurou identificar relações diretas com o agronegócio: propriedade de imóveis rurais registradas no cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou no Cadastro Ambiental Rural (CAR); sociedade em empresas agropecuárias registradas na Receita Federal; e o registro de beneficiários do seguro rural pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No caso das empresas privadas indiciadas, a pesquisa foi estendida para seus sócios.

Ao todo, constatamos que 142 fazendeiros e empresários do agronegócio foram implicados por sua participação em atos antidemocráticos.

Eles correspondem a 10% de todos os nomes analisados ao longo da pesquisa. Esses dados podem — e provavelmente estão — subestimados, uma vez que são comuns os casos de pessoas físicas com homônimos e, devido à Lei Geral de Proteção de Dados, tanto as bases fundiárias do Incra quanto as da Receita Federal deixaram de exibir o número do CPF.

Só foram listados neste relatório os casos em que houve confirmação absoluta de relação com o agronegócio.

“Arco da Soja” concentra 71% dos Agrogolpistas

Dos 142 fazendeiros e sócios de empresas identificados no levantamento, 74 estão baseados em Mato Grosso, 17 em Goiás e 13 na Bahia. Os três estados respondem por 71% dos nomes consolidados pelo observatório. A relação com o agronegócio é escancarada: juntos, eles compõem o principal corredor produtivo da soja no país, responsável por 47% da safra nacional.

Argino Bedin lidera clã que mais contribuiu com envio de caminhões ao QG do Exército, em Brasília. Foto: Alan Santos/PR

Foi justamente desse eixo de onde saiu a maior parte dos caminhões identificados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) entre os veículos estacionados em frente ao Quartel General (QG) do Exército em Brasília: 56 dos 234 caminhões enviados ao acampamento golpista tinham origem em Sorriso (MT), o maior polo produtor de soja do mundo.

Desse total, 28 pertencem a duas famílias que se interligam. Com dez nomes na lista, o clã Bedin enviou quinze caminhões para a capital federal. Unidos aos Bedin pelos negócios e pelo casamento, os Lermen enviaram treze veículos para o QG golpista.

O grupo é liderado pelo pioneiro Argino Bedin, o “pai da soja” de Sorriso. O mesmo empresário que se calou diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no Senado. Quando retornou a Sorriso, quatro dias após seu depoimento, Argino foi ovacionado em um evento de gala organizado por políticos e expoentes do agronegócio mato-grossense.

O caminho que liga o Arco da Soja às movimentações golpistas passa ainda pelas organizações de representação do agronegócio: seis empresários investigados em processos relativos ao 8 de janeiro e aos acampamentos golpistas são dirigentes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), uma das organizações fundadoras do Instituto Pensar Agro (IPA), o braço logístico da bancada ruralista no Congresso.

Entre eles, Christiano da Silva Bortolotto, ex-presidente da Aprosoja de Mato Grosso do Sul e do Sindicato Rural de Amambai (MS), onde protagoniza um conflito histórico contra o povo Guarani-Kaiowá do Tekohá Kurusu Ambá.

Confira abaixo o mapa com a origem dos agrogolpistas:

Temas do relatório serão explorados em série de reportagens

Nenhum dos fazendeiros suspeitos de financiar os atos golpistas foi preso ou condenado por esse motivo. Os indiciados em comissões parlamentares de inquérito — tanto do Senado quanto da Câmara Legislativa do Distrito Federal — não integram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que definiu os seis núcleos golpistas no julgamento no STF. Também não foram processados os empresários listados na relação de donos dos caminhões flagrados no QG do Exército, divulgada pela SSP-DF.

Mesmo com a declaração de Mauro Cid que apontou o “pessoal do agro” como responsável por financiar o plano Punhal Verde e Amarelo. Mesmo que mensagens interceptadas pela Polícia Federal comprovem que os organizadores do acampamento instavam Jair Bolsonaro a sair das quatro linhas da Constituição.

A impunidade é um dos fatores centrais trazidos pelo relatório “Agrogolpistas”. O empresariado que financiou a empreitada bolsonarista saiu até agora ileso e de imagem lavada. Aos poucos, vai ficando invisível. Como se apenas tramas verde-oliva tivessem sido os fatores decisivos para a violência institucional.

As digitais do agronegócio na engrenagem do golpe podiam ser observadas desde 2022. De Olho nos Ruralistas revelou a ponta do iceberg em um dossiê intitulado “As Origens Agrárias do Terror” — publicado apenas quatro meses após os atos terroristas de 8 de janeiro de 2023. Na época, o levantamento identificou as conexões agrárias de 44 empresários e políticos que atuaram na organização do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e nos bloqueios a rodovias em cinco estados.

Passados dois anos, pouco se avançou no sentido de responsabilizar os financiadores do golpismo no Brasil.

Ao longo das próximas semanas, De Olho nos Ruralistas publicará uma série de reportagens baseadas no relatório, aprofundando temas centrais e jogando luz sobre alguns dos 142 nomes presentes na lista. A série será acompanhada por reportagens em vídeo, em nosso canal do YouTube. Clique aqui para se inscrever.

* Alceu Luís Castilho é diretor de redação do De Olho nos Ruralistas. Bruno Stankevicius Bassi é coordenador de pesquisa do observatório.