terça-feira, dezembro 30, 2025
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Paris 2024: abertura teve muita chuva, aposta em diversidade e manifestações políticas discretas

Festa no rio Sena trouxe pela primeira vez as delegações desfilando em barcos

A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 aconteceu nesta sexta-feira (26) debaixo de chuvas torrenciais. A festa trouxe mensagens de diversidade e registrou poucas manifestações políticas. Pela primeira vez, um evento de abertura rompeu a tradição de ser realizada em um estádio e de separar as coreografias que contam a história do país-sede do desfile de delegações, que foram mesclados.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, e o mandatário francês, Emannuel Macron, haviam manifestado o desejo de que os Jogos fossem despolitizados. A expectativa de que delegações de esportistas demonstrassem solidariedade em grande escala à Palestina não se concretizou e a distância do público, a inclusão de inúmeras passagens previamente gravadas e a tempestade que caiu contribuíram para esfriar os ânimos.

Ainda assim, alguns incidentes deram tom político ao evento. Recém-saída de eleições em que foi necessária a união de forças antagônicas para brecar a chegada da extrema direita – com ideário racista e xenofóbico – ao poder, a organização dos Jogos apostou em mensagens de inclusão e diversidade.

A cerimônia começou com o ex-jogador de futebol Zidane – herói nacional de origem argelina – entregando a tocha olímpica para três garotos de etnias diferentes. As primeiras delegações que desfilaram também quebraram padrões, com a Alemanha escolhendo um porta-bandeira negro e a Arábia Saidta, uma mulher.

A delegação da Argélia jogou flores no Sena, em memória dos milhares de argelinos mortos por franceses na guerra de independencia. Em 1961, um protesto de argelinos em Paris foi massacrado pela polícia e os corpos de vários manifestantes acabaram jogados no rio.

Havia expectativa em relação à passagem dos atletas de Israel, que contou com a presença de um forte esquema de segurança. Cogitou-se a possibilidade de que o barco da delegação desfilasse vazio, mas no final os esportistas também estiveram a bordo.

Em telões espalhados pela cidade, ouviram-se vaias vindas da multidão quando os atletas de Israel desfilaram. Eles foram liderados pelo porta-bandeira Peter Paltchick, judoca de origem ucraniana, que costuma assinar bombas usadas por militares israelenses contra civis na Faixa de Gaza.

 

Por outro lado, o porta-bandeira Palestino Waseem Abu Sal usou a cerimônia para denunciar o genocídio de seu povo atualmente em curso. A roupa do palestino traz o desenho de bombas caindo enquanto uma criança joga bola.


O boxeador Waseem Abu Sal é um dos oito integrantes da delegação palestina / Reprodução X

A delegação brasileira foi uma das mais animadas a desfilar. Chamou a atenção os uniformes escolhidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro, bastante criticados por supostamente parecerem roupas usadas em igrejas e não terem elementos de brasilidade para além dos bordados. Estes foram confeccionados por cerca de 80 costureiras de Pernambuco que assistiram, juntas e orgulhosas, a abertura pela TV.

Os porta-bandeiras foram Isaquias Queiroz, da canoagem velocidade e Raquel Kochhann, do rúgbi. Logo após o desfile, no entanto, os atletas se retiraram para a Vila Olímpica, visando a preparação para as competições.

 

Brasil de Fato

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