Há uma inegável certeza de que se os recursos exorbitantes gastos com supersalários no setor público fossem aplicados como remuneração a médicos do SUS, cientistas, professoras, o país seria outro.
Mas não, seguimos até hoje (amanhã também) o caminho do patrimonialismo, patriarcalismo.
Alguns desses estratos públicos vivem e agem nababescamente, É como se houvesse um Principado aburguesado, como se fossem os primos mais pobres, mas, à milanesa, dos primos ricos: a burguesia financeira.
São membros mais ou menos atuantes dos Grupos Hegemônicos de Poder, às vezes mais próximos, às vezes mais ricos e por vezes meio encostados. São estratos disfuncionais de um passado tinhoso, recorrente, repetitivo do que temos de pior.
Realmente, apenas manobram o Estado, para melhor se alimentarem da sociedade, do esforço do trabalhado e da produção: vivem, sim, às custas da exploração da mais-valia; afinal, uma parte significativa do mais-trabalho é convertida em tributos que pagam esses supersalários.
Os milionários do setor público não são servidores públicos, são uma fatia distorcida da realidade brasileira (da extrema pobreza, sem saúde, saneamento básico, total insegurança – inclusive alimentar), pois vive e atua “utilizando-se do público,
Os milionários do setor público não servem AO público, eles se servem DO público. Sem mencionar a incompetência técnica, funcional, de inúmeros aspones que nada produzem de útil ao país.
Esse retrato (incutido pela “Revolução pelo alto”, como “autocracia de classe”) revela uma parte daquele “acordo por cima”, de grupos dominantes a serviço de classes dominantes que fizeram a Proclamação da República (1° golpe civil-militar), chancelaram a chamada Revolução Burguesa (1930), fundaram o Estado de direito (sem isonomia) e que tanto utilizaram e se utilizam (a seu bel prazer) da Lei de Vadiagem: dirigida invariavelmente contra o povo pobre, negro e oprimido. E que é o mesmo alvo até hoje, todas as vítimas da polícia seletiva e do racismo institucional.
Por que a educação pública no país está como está?
Perguntamos aos tecnocratas improdutivos, fornecedores de regras que apenas aprisionam o passado e aviltam o presente.
Vinício Carrilho Martinez




