quinta-feira, outubro 16, 2025
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“Dono” das contas da Prefeitura, Santander abandona o Centro Financeiro e fica com uma agência só

Santander fechou quase todas as suas agências no Centro Financeiro, deixando apenas uma agência na Avenida Rio Branco, bem na esquina com a Presidente Vargas

Todos têm acompanhado o grande esforço da Prefeitura do Rio de Janeiro na recuperação do Centro da Cidade do Rio, seja através do ambicioso Porto Maravilha, ou dos seus planos Reviver Centro, 1 e 2. Foram concedidos inúmeros incentivos para fazer com que mais empresários, pequenos e grandes, apostem na região, que já ganhou, no mercado imobiliário, por exemplo, o lançamento de mais de 13 mil apartamentos, que vêm sendo vendidos como um relâmpago, por valores que chegam a R$ 15.000 por cada metro quadrado construído. São muitas iniciativas para dar um novo fôlego à região que se reforça como ponto turístico, de entretenimento e de boemia, além de tornar-se novamente bairro residencial, e sem contar com o constante retorno de grandes empresas, que vêm consumindo os escritórios vagos. Em julho de 2022 o Banco Santander ganhou a licitação renovando a parceria para gerir os pagamentos de salário dos 193 mil servidores da cidade até 2027, mas no que tange à revitalização do Centro, não parece querer ajudar muito. Segundo informações, o Banco vai fechar agora sua agência no Edifício De Paoli, na Nilo Peçanha.

O banco espanhol vem fechando loja atrás de loja no Centro do Rio. Muitas delas de sua própria propriedade – como as lojas da Presidente Vargas 100, Assembléia 31, Marechal Câmara 160, entre outras – e outras alugadas a proprietários diversos como Rio Branco 115, o que, no caso, pareceria mais compreensível. Atualmente, depois de anos fechando lojas na região – algumas das quais ficam vazias por anos, pagando valores de condomínio por vezes estratosféricos – o número de agências bancárias na região Central foi bastante reduzido, em que pese a região central do Rio de Janeiro ter, segundo dados da Aliança Centro Rio – uma espécie de associação que reúne grandes empresas da região – cerca de 60 mil CNPJs ativos, e mais de 500 mil profissionais empregados com carteira assinada. O faturamento da região é de aproximadamente R$ 560 bilhões anuais, cifra que corresponde a 32% do faturamento de toda a capital fluminense.

O Santander, porém, foi além: fechou quase todas as suas agências no Centro Financeiro, deixando apenas uma agência na Avenida Rio Branco, bem na esquina com a Presidente Vargas. De resto, manteve uma pequena agência na área de Comércio Popular, a Saara, e a agência dentro do complexo da própria Prefeitura, que é obrigada a manter por força da licitação que ganhou para gerir bilhões de recursos da cidade. De resto, deram uma banana pra região, tentando forçar – num local onde ainda há muitos saques, depósitos em caixa eletrônico, e pessoas de escolaridade baixa que têm dificuldade de fazer a gestão online – a operação via apps. Mas os empresários da região reclamam da falta de acesso aos gerentes, que agora, completamente assoberbados, não conseguem dar conta de atender todos os telefonemas, emails e demandas. Conversamos em off com três funcionários do banco, que reclamam da dificuldade de atender às demandas dos bares, restaurantes, escritórios e empresas pequenas e médias da região, que ainda tem um grande polo de materiais de construção e elétrico, e comércios de roupas, acessórios e também advogados.

Luiz Amaral trabalha num grande hospital da região. Demorou 11 dias pra conseguir sacar um cheque no Banco. Avisava, e chegava no Banco e o valor reservado nunca estava pronto. “Tive que ir a Zona Sul pra sacar o valor, depois de mais de uma semana. De cada 20 ligações que fazia pelo telefone, atendiam 1. É um inferno, e não dá pra ficar saindo da Avenida Churchill e andar até a Presidente Vargas várias vezes por dia. Isso é um absurdo!”. Para Heloisa Barboza, o problema se agrava quando a pessoa tem que ir ao Banco fazer alguma coisa: “Ninguém atende o telefone nessa agência. Os atendentes lá dizem que estão com pouco pessoal, e os gerentes nem conseguem conhecer seus clientes de carteira. Eu precisei resgatar um cheque que voltou e demorei meses. O cliente tinha feito uma enorme compra de sapatos, mas só queria pagar se eu devolvesse o cheque. Demorei semanas. Parece que os bancos querem passar pra nós o ônus de ser Banco, mas o bônus querem todinho pra eles“, dispara.

Procurado, o banco enviou a seguinte nota: “O Santander informa que o encerramento das atividades da agência localizada à Av. Nilo Peçanha, 50, no Rio de Janeiro, faz parte da reestruturação da rede de atendimento, acompanhando a mudança de comportamento dos clientes, que já realizam quase a totalidade de suas operações remotamente, por meio dos canais digitais. Clientes Santander podem continuar utilizando os serviços normalmente via aplicativo, internet banking, telefone, chat, além das demais lojas da rede física do Banco. Saques e depósitos, entre outras transações, podem ser realizados também nos terminais da rede Banco24Horas. O time de especialistas do Banco também segue visitando clientes-empresa in loco“.

Diario do Rio

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