Preso acusado de ligações com o Comando Vermelho, o, agora ex- deputado estadual Thiego Santos, o TH Joias, (ex-MDB), era visto frequentemente em agendas com autoridades da Segurança Pública, participava ativamente de debates da área na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e até apresentava projetos favoráveis à polícia. Segundo os investigadores, tudo isso não passava de uma tentativa dele em lavar sua imagem pública em detrimento à articulação nos bastidores em favor ao tráfico de drogas.
Segundo a investigação, TH Jóias utilizava o mandato na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso —, para um cargo parlamentar.
— O objetivo do parlamentar, desde que entrou, era para fora, para a sociedade, transparecer um parlamentar preocupado, ironicamente, com a segurança pública. Essa era a bandeira dele. E, obviamente, ele se aproveitou disso. Todo o evento e tudo ligado à segurança pública, ele queria colar a imagem dele e, nos bastidores, era um membro importante do Comando Vermelho — disse o delegado federal Fábio Galvão.
Quase R$ 1 milhão para o Segurança Presente
No final do ano passado, TH Joias destinou R$ 920 mil, cerca de um terço do valor disponível, em emendas impositivas para a instalação de uma base do Segurança Presente em Marechal Hermes, Zona Norte do Rio. O deputado postou vídeos com reuniões sobre o tema e, em um deles, agradeceu ao governador Cláudio Castro pelo atendimento ao pedido de expansão do programa.
Apesar de frequentar agendas de segurança, sua presença causava incômodo aos policiais. Sobretudo ao secretário de Polícia Civil Felipe Curi, que evitava aparecer próximo de TH Joias. Em 2017, Curi como delegado, liderou uma investigação que prendeu pela primeira vez o deputado. Já na Alerj, TH não compareceu na posse do secretário em 2024, inclusive.
No seu mandato, ele também reúne elogios enviados a policiais militares e ao 9º BPM (Rocha Miranda). TH apresentou um projeto para declarar o batalhão como “Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial” do Rio.
“É um símbolo de memória coletiva, disciplina, coragem e dedicação. Sua história se confunde com a trajetória de milhares de policiais militares que por ali passaram — homens e mulheres que, com bravura, protegeram e continuam a proteger a população. A relevância do batalhão para a vida da comunidade, não apenas na segurança pública, mas também no aspecto social e cultural, como referência de ordem, cidadania e compromisso”, escreveu ele na justificativa do projeto.