terça-feira, dezembro 2, 2025
spot_img
spot_img

A trama exposta: mensagens no celular de Bolsonaro revelam provas finais da ação da quadrilha para sancionar os brasileiros

As instituições brasileiras atravessam seu momento mais desafiador. A sociedade não pode mais tolerar ou minimizar crimes de tamanha magnitude

As mensagens extraídas do celular do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal e reveladas nesta semana não são apenas reveladoras: constituem a materialização de um projeto deliberado de subversão da ordem democrática e de sabotagem aos interesses nacionais em benefício pessoal. As conversas, travadas com seu filho, o deputado foragido Eduardo Bolsonaro, e com o autoproclamado “pastor” Silas Malafaia — qualificado em vida por Ricardo Boechat como “paspalhão” e “explorador da fé alheia” — expõem de forma incontornável a existência de uma organização criminosa dedicada a objetivos espúrios, cuja linguagem pútrida e métodos de bastidores agora emergem da investigação criminal.

Os diálogos recuperados vão muito além de meras conversas entre pai e filho sobre estratégias de defesa ou articulação política. Eles detalham, com clareza perturbadora, uma operação coordenada para acionar o governo dos Estados Unidos contra as instituições brasileiras, transformando a economia nacional em refém. As mensagens mostram que Bolsonaro e Eduardo instigaram deliberadamente Donald Trump a impor sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a aplicar tarifas punitivas de 50% sobre exportações brasileiras — as mais altas do planeta.

A trama, narrada em tempo real, tinha dois objetivos centrais. O primeiro: coagir o STF com ameaças de sanções pessoais via Lei Magnitsky, distorcida em seu propósito original, numa tentativa escandalosa de interferir no processo que apura a tentativa de golpe de Estado. O segundo: usar o sofrimento econômico do Brasil — provocado pelas tarifas que eles mesmos articularam — como moeda de troca para obter anistia pessoal, numa chantagem explícita contra a nação.

O cinismo atinge o auge quando Eduardo Bolsonaro, dos Estados Unidos, orienta o pai a agradecer publicamente a Trump pelas medidas que prejudicam diretamente empresas e trabalhadores brasileiros, ao mesmo tempo em que, nos bastidores, defende o agravamento das sanções. Malafaia, por sua vez, surge como conselheiro de discurso, sugerindo transformar o ataque à economia nacional numa falsa “luta pela liberdade”.

As mensagens também revelam que Eduardo rejeitava qualquer anistia “light”, restrita a participantes secundários do golpe, defendendo proteção integral ao núcleo dirigente da conspiração. Outro dado explosivo é a menção a um novo plano de fuga pela Argentina, com pedido de asilo a Javier Milei.

O risco de evasão é evidente. Há indícios de reiterado descumprimento das medidas cautelares impostas pelo STF. Agora cabe ao ministro Alexandre de Moraes decidir sobre o pedido de prisão preventiva apresentado por Lindbergh Farias, líder do PT.

O que emerge dessas mensagens é a face mais crua de uma quadrilha que, após se apoderar do Estado, não hesitou em voltar-se contra seu próprio país para salvar a si mesma. A investigação da Polícia Federal desmontou peça por peça essa engrenagem criminosa. Resta ao sistema de Justiça responder à altura da gravidade dos fatos, impondo punição exemplar.

As instituições brasileiras atravessam seu momento mais desafiador. A sociedade não pode mais tolerar manobras que tentem normalizar ou minimizar crimes de tamanha magnitude. As mensagens são o retrato final da conspiração. A resposta do Estado precisa estar à altura da traição cometida contra a democracia e contra a economia do Brasil.

Conteúdo postado por:
Compartilhe

Related Articles

- Advertisement -spot_img

Colunas

Financial Times detona bolsonarismo e diz que Eduardo ‘fracassou’ nos EUA: “Saiu pela culatra”

O jornal britânico Financial Times publicou nesta segunda-feira (1º) uma análise afirmando que o bolsonarismo enfrenta um momento de enfraquecimento após a prisão do...

Paes defende ações de Lula e acusa Castro de “jogo de empurra” na segurança: “Rídiculo”

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), saiu em defesa da atuação do presidente Lula (PT) na segurança pública e criticou o...

A ‘pobreza’ repentina que faz com que milhões nos EUA dependam de ajuda para não passar fome

Por Valentina Oropeza e Cecilia Barría, no IFZ Ilona Biskup sentiu vergonha na primeira vez em que visitou um banco de alimentos em Miami, no Estado americano da Flórida. Ela...

bell hooks

bell hooks, pseudônimo da autora Gloria Jeans Watkins, foi adotado tanto como forma de homenagem à sua bisavó, como via de resistência ao que...

O passado tinhoso

Há uma inegável certeza de que se os recursos exorbitantes gastos com supersalários no setor público fossem aplicados como remuneração a médicos do SUS,...