Coluna Zona Franca

Por Roberto Kuppê (*)

2026 já começou

O processo sucessório de 2026 já começou. A oposição está no ataque, com a (mesma) mídia de cúmplice. Tudo lembra a campanha difamatória contra Dilma, a prisão de Lula e a ascensão do negacionismo. Desta vez, está claro e cristalino. O ungido do mercado é o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), cujo nome o ex-presidente Jair Bolsonaro já abraçou. Não tem outra opção mesmo. No máximo Bolsonaro indicará um dos filhos como vice.

E o Pablo Marçal, hein?

Não subestimem o outsider Pablo Marçal (PRTB-SP). Ele poderá ser o próximo prefeito de S Paulo. Se está ruim, pode piorar. Marçal está aí para provar que sim. Ele é dono de um canal no Youtube com mais de 2 milhões de inscritos (além de 4,7 milhões seguidores em sua conta no Instagram), no qual compartilha uma série de vídeos sobre “Inteligência Emocional”. Marçal se apresenta com uma extensa lista de credenciais: cristão, filantropo, empreendedor imobiliário e digital, mentor, estrategista de negócios, especialista em branding, e jurista por formação. A popularidade não é recente. Cristão fervoroso e protagonista de uma longa trajetória como coach, ele foi eleito deputado federal por São Paulo em 2022, mas não chegou a assumir o cargo depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspender o registro da candidatura.

E o Pablo Marçal, hein? 2

Posa de bilionário, de empresário de sucesso, mas, segundo a última declaração de bens no imposto de renda dele, publicada pelo TSE por ocasião de sua candidatura indefirida a presidente, em 2022, ele declarou um patrimônio de R$ 16,9 milhões, porém, para deputado federal declarou no mesmo ano, 2022, um patrimônio total de 88 milhões de reais. Veja aqui. Na relação de bens não consta nenhum helicóptero e nenhum jatinho que afirma possuir, mas diz que possui participações societárias (sem detalhar) no valor de 80 milhões de reais. Com certeza, ou está superestimando seu patrimônio ou sonegando impostos.

E o Pablo Marçal, hein? 3

Pablo Marçal navega no mesmo nicho de votos de Bolsonaro e é um ameaça real ao bolsonarismo. Em nada atinge, porém, a pré-candidatura do esquerdista Guilherme Boulos (PSOL). Quem vota na esquerda, não vota na direita. Os votos de Boulos são indevassáveis e intransferíveis. Já os votos de Bolsonaro, sim. São volúveis e sujeitos mudanças de acordo com o humor dos seus eleitores. No momento, Marçal tenta apoio de Bolsonaro, mas ele quer distância dele, sob pena de lá na frente se arrepender. Por isso, vai até o fim com o prefeito Ricardo Nunes (PMDB). O problema é que Marçal tem tudo para chegar no segundo turno com Boulos. Ai sim, o coach passa a ser um problema também para Guilherme Boulos.

E o Pablo Marçal, hein? 4

De uma coisa este colunista está convicto, Ricardo Nunes não se reelege. E se Pablo Marçal se eleger prefeito da cidade de São Paulo, o que não é impossível, o atual governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos)  terá suas pretenções futuras ameaçadas. Do jeito que Marçal é doido, se se eleger prefeito, vai tentar a presidência da República.

Emboulos

O juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, julgou improcedente, nesta sexta-feira (14), o pedido feito pelo MDB, partido do prefeito Ricardo Nunes, contra um jornal chamado “SP Urgente”, produzido pelo PT e pelo PSOL com críticas à atual administração municipal.  Na primeira decisão, a Justiça tinha determinado que a distribuição do panfleto fosse interrompida; Já na sentença desta sexta, o magistrado afirmou que a distribuição do jornal não configura propaganda eleitoral antecipada e concluiu que a publicação apenas reproduz notícias já veiculadas pela imprensa sobre irregularidades cometidas pela gestão Nunes.

                                                          A lista

Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Kim Kataguiri (União Brasil), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB), são alguns dos principais nomes que disputarão a refeitura de São Paulo. Apesar de convenções partidárias – que acontecem entre 20 de julho e 5 de agosto – serem a data para o lançamento das candidaturas oficiais para a prefeitura de São Paulo, as movimentações dos pré-candidatos já tiveram início. Entre alfinetadas, campanha antecipada, os principais nomes da corrida já possuem alianças, bandeiras e polêmicas.

Raio-X dos principais pré-candidatos

 

Confira, a seguir, o raio-x dos primeiros colocados segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha em ordem alfabética:

Guilherme Boulos

É a segunda vez que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) concorre ao cargo de prefeito da cidade de São Paulo. Em 2020, ele chegou ao segundo turno, mas perdeu para Bruno Covas (PSDB). Em 2024, segundo a última pesquisa Datafolha, Boulos possui a maior porcentagem de votos, com 24%, e está tecnicamente empatado com Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da capital. Alianças: PSOL, PT, Rede, PCdoB, PV, PDT e PMB Vice-prefeita: Marta Suplicy Bandeiras defendidas: ligado à esquerda, Boulos coloca a luta pela moradia como a proposta da sua carreira. Ele é parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

José Luiz Datena

O apresentador José Luiz Datena deixa o PSB e se filia ao PSDB em evento em SP — Foto: Reprodução/TV Globo

José Luiz Datena (PSDB) é jornalista, ex-radialista e atual apresentador de programas policiais no canal da Rede Bandeirantes. Na política, já se filiou a 12 partidos desde 1992 e, nos últimos anos, desistiu quatro vezes da corrida eleitoral para cargos eletivos em São Paulo. Bandeiras defendidas: Seu ingresso na política se deu em 1992, quando entrou no PT, partido identificado com a esquerda, onde ficou por 23 anos. Em 2015, migrou para o Partido Progressista (PP), mais voltado para a centro-direita. Dali em diante, Datena flutuou entre a centro-direita e a centro-esquerda até que se filiou ao PSDB para as eleições deste ano. Em suas redes sociais e em seu programa na TV aberta, o apresentador se mostra preocupado, majoritariamente, com questões de segurança pública.

Kim Kataguiri

 

Kim Kataguiri dicursa no plenário da Câmara, em imagem de arquivo — Foto: Cleia Viana/ Câmara dos Deputados

Kim Kataguiri (União Brasil) é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) e deputado federal reeleito em 2022. Além da carreira política, ele escreveu três livros: “Manual de Debate Político: Como Vencer Discussões Políticas na Mesa do Bar”; “Puxa Conversa Política: 100 perguntas para falar de sociedade, poder e governo”; e “Como um grupo de desajustados derrubou a presidente: MBL: A origem”. Vice-prefeito: não definido Bandeiras defendidas: Através do MBL e do partido União Brasil, Kataguiri se configura à direita do diagrama político. Em geral, defende ideias e propostas voltadas ao liberalismo econômico, à privatização e à redução de impostos. O MBL também é a favor do voto não obrigatório.

Marina Helena 

Marina Helena, pré-candidata do Novo à Prefeitura de SP — Foto: Reprodução/TV GloboMarina Helena (Novo), é economista com mestrado pela Universidade de Brasília (UNB). Foi diretora de Desestatização do Ministério da Economia a convite do então ministro Paulo Guedes, durante o governo de Jair Bolsonaro. Em 2022, ela recebeu 50.073 votos para deputada federal e é primeira-suplente por São Paulo. Marina Helena também já foi dirigente nacional do Partido Novo. Vice-prefeito: não definido Bandeiras defendidas: Ela se classfica como sendo de direita, é a favor de privatizações e é aliada de Bolsonaro. Entre seus objetivos à frente da Prefeitura de São Paulo, caso seja eleita, está o de aumentar o orçamento da segurança pública na capital em 300% e dobrar o número de agentes da GCM.

Pablo Marçal

Pré-candidato Pablo Marçal durante Coletiva — Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Pré-candidato Pablo Marçal durante Coletiva — Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Pablo Marçal (PRTB) é produtor de conteúdo e empresário e esta é segunda vez que tenta se candidatar. Em 2022, ainda pelo PROS, ele tentou concorrer à Presidência da República, mas, devido a disputas políticas dentro do partido, pelo comando da legenda, ele não conseguiu levar a candidatura adiante e se lançou deputado federal pelo estado de SP. Na época, o empresário obteve 243.037 votos e chegou a ser eleito para uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília. Mas ele concorreu ao cargo sub judice, porque se inscreveu para o pleito já fora do período e com falta de documentos estipulados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP). Bandeiras defendidas: Pablo Marçal se coloca alinhado às ideias do ex-prefeito e ex-governador João Doria, identificadas mais com a centro-direita.

Ricardo Nunes (MDB)

Prefeito Ricardo Nunes em evento na prefeitura — Foto: Aline Freitas/g1

Prefeito Ricardo Nunes em evento na prefeitura — Foto: Aline Freitas/g1

Atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB) vai disputar a reeleição. Ele assumiu o cargo após a morte de Bruno Covas, em 2021. Segundo pesquisa do Datafolha, 26% da população da capital aprova o seu governo e 25% o reprova. Ainda segundo o instituto, Nunes tem 23% de intenções de voto em São Paulo e está empatado tecnicamente com Boulos (PSOL). Alianças: MDB, PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, Avante, Podemos, PRD e Mobiliza Vice-prefeito: não definido. Bandeiras defendidas: Nunes, que se classifica como um candidato centrista, se vê hoje mais voltado para a direita, diante da polarização com Boulos. “A gente representa o que a maioria da cidade é e gosta: uma posição de centro, de direita, que olha por todos”, disse em sabatina no canal MyNews.

Tabata Amaral (PSB)

Deputada Tabata Amaral (PSB - SP) no plenário, em 06 de março de 2024 — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Deputada Tabata Amaral (PSB – SP) no plenário, em 06 de março de 2024 — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Tabata Amaral é formada em ciências políticas pelo Departamento de Governo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e é deputada federal pelo PSB.

Em 2018, quando era filiada ao PDT, recebeu 264 mil votos, sendo a sexta deputada federal mais votada daquela eleição. Em 2022, foi reeleita deputada federal pelo PSB com mais apoio: 337.873 votos. Alianças: Apenas seu partido, o PSB. Vice-prefeito: não definido. Bandeiras defendidas: Tabata entrou na política para defender a educação, muito baseada em sua trajetória como bolsista em um colégio de elite e estudante de Harvard, nos Estados Unidos, considerada uma das melhores universidades do mundo. Os dois partidos aos quais já foi filiada – PDT e PSB – se denominam como centro-esquerda. A deputada, contudo, já foi contrária a ideias mais identificados com a esquerda durante a votação da reforma da Previdência e, por isso, foi criticada por eleitores e outros políticos. Fonte G1.

 

Breakfast

Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

A coluna é diária e conta com informações do G1, Globo, R7, CNN, Folha de S. Paulo, Brasil 247, DCM, Brasil de Fato, dentre outros.

Informações para a coluna:  rkuppe@gmail.com

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