Paulo Freire, o patrono da educação brasileira desde 2012, tornou-se uma figura representativa para a educação brasileira em diversos aspectos, principalmente por propor uma pedagogia crítica. Dentre suas obras, ‘Pedagogia do Oprimido’ (1968) percebe a educação para além da transmissão, mas como um ato político que deve ser marcado pela promoção da consciência crítica e em busca da transformação social.
Esse processo demanda o rompimento da chamada Educação Bancária, fundamentada na redução dos estudantes a recipientes vazios, para uma prática pedagógica que reconheça os estudantes como sujeitos integrais, com suas histórias e conhecimentos prévios.
Freire, ao longo de sua jornada, apresentou diversos marcos pedagógicos, dentre eles, em meados de 1960, desenvolveu a alfabetização de trabalhadores rurais em aproximadamente 40 dias, utilizando, como princípio de partida, as palavras do cotidiano e, a partir delas, desenvolvendo um novo vocabulário.
Apesar da grande relevância social e para a educação deste feito, com o Golpe de 1964, Freire foi preso e exilado, demonstrando como, “naturalmente”, ir contra a maré é algo que tende a ser rejeitado, como citado em uma das aulas de Educação e Sociedade: ‘quem detém poder não abdica dele graciosamente’. Recentemente, tivemos acesso a um processo de “demonização” das obras e propostas de Freire, principalmente nos debates acerca da educação.
Tal fenômeno remonta a esse padrão histórico em que, quando a perspectiva de educação é direcionada para a emancipação do sujeito, para sua formação integral, os “braços do sistema” e, que fique caracterizado aqui como ações humanas, nada espiritual ou algo assim, tendem a gerar uma deslegitimação dessas concepções, sendo, por sua vez, uma das estratégias de manipulação social e manutenção das “tradições” acadêmicas.
Apesar de todo esse enredo, ainda é possível analisar um dos maiores legados de Paulo Freire perante a educação, particularmente falando, justamente a defesa de uma educação que venha do povo, que busque valorizar a escuta e a dignidade humana, como uma das canções de Elis Regina em Como Nossos Pais – ‘é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem’.
As propostas de Freire são justamente esse “novo” que insiste em cair em terra seca e florescer mesmo com dificuldades, porque sua prática docente se direciona para um futuro de criticidade e justiça social, portanto, permanecem incentivando diversos docentes e servindo como inspiração nos dias mais difíceis e caóticos na educação reafirmando que a sala de aula é, sim, um espaço de cuidado e transformação.
Ester Dias da Silva Batista.




