Roberto Kuppê (*)
Entrou para a história
Doravante, após a inédita condenação de um ex-presidente por tentativa de golpe de estado, o nome de Jair Bolsonaro (PL) entra para a história como traidor da Pátria. Condenado a 27 anos e três meses de prisão, Bolsonaro chega ao fim após uma conturbada carreira política. Não voltará mais, apesar dos devaneios de quem acha que ele dará a volta por cima. Não vai. Ele está inelegível por oito anos, a contar após o cumprimento da pena. Ou seja, não será candidato pelos próximos 30 anos. Já era. Acabou.
Entrou para a história 2
A sentença foi justa. Pelo tudo que Bolsonaro fez e desfez, foi merecido cada segundo de prisão. A saga de crimes de Bolsonaro começou na juventude dele. Ainda como soldado raso, culminando pelos atos anti democráticos no exercício da presidência da República. Pior de tudo é que ele levou de arrasto centenas de pessoas, presas e condenadas por segui-lo. Isso sem falar no fato de que ele envolveu os Estados Unidos na sanha criminosa, causando prejuízos bilionários e gerando desemprego. Pensando bem, 27 anos foi pouco. Caso de prisão perpétua.
Núcleo crucial
Bolsonaro foi considerado culpado por quatro dos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que também condenou os outros sete réus que formavam o que ficou conhecido como o “núcleo crucial” da trama golpista. Tanto a ministra Cármen Lúcia quanto o ministro Cristiano Zanin seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes, e condenaram Bolsonaro e os outros sete réus por todos os crimes de que eram acusados. O ministro Luiz Fux, que em um voto de mais de 12 horas na quarta-feira inocentou Bolsonaro e boa parte dos acusados, optou por participar do debate sobre a dosimetria da pena apenas para o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, os únicos que condenou. Esta foi a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente que tentou um golpe de Estado foi condenado pela Justiça. (g1)
Militares das mais altas patentes
Também pela primeira vez na história, quatro militares das mais altas patentes das Forças Armadas foram condenados à prisão por golpe de Estado. O general Braga Netto, um dos militares mais próximos de Bolsonaro em seus anos no Planalto, foi condenado a 26 anos de prisão e já está preso em um quartel no Rio de Janeiro. O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, foi condenado a 24 anos de prisão. O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno também foi condenado pela Primeira Turma. Mas, de acordo com o entendimento dos ministros, teve um papel menor na trama e recebeu 21 anos de prisão. Já o também ex-ministro da Defesa de Bolsonaro general Paulo Sérgio Nogueira recebeu a menor pena entre os militares de alta patente: 19 anos de prisão. Todos podem perder suas patentes, a depender de decisão do Supremo Tribunal Militar. (CNN Brasil)
Pena branda
Mauro Cid teve sua delação premiada reconhecida tanto pela PGR quanto pelos ministros do STF e recebeu uma pena branda: dois anos de prisão em regime aberto. (Terra)
Penas pesadas
Os únicos civis entre os réus também foram condenados a penas pesadas. O ex-ministro da Justiça e secretário de Segurança Pública do Distrito Federal em 8 de janeiro de 2023, Anderson Torres, pegou 24 anos de prisão em regime fechado. Já o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Nacional de Inteligência (Abin) recebeu uma pena de 16 anos de prisão e perda do mandato na Câmara. Os dois são delegados da Polícia Federal e perderão seus cargos na corporação. (Metrópoles)
Regime fechado
De acordo com a decisão dos ministros da Primeira Turma, todos os condenados — com exceção de Mauro Cid — devem iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, ou seja, em uma prisão. A grande dúvida recai sobre o destino de Bolsonaro. Essa decisão cabe ao ministro relator da ação penal, Alexandre de Moraes, que pode autorizar prisão domiciliar. Caso Moraes decida enviá-lo à prisão, três opções estão sendo avaliadas: uma cela na Superintendência da Polícia Federal, uma cela especial no Complexo Penitenciário da Papuda ou um quartel do Exército. As Forças Armadas já solicitaram ao STF que Bolsonaro não fique em instalações militares. Celas para receber o ex-presidente na Papuda e na Polícia Federal já estão preparadas. A defesa de Bolsonaro pretende pedir a prisão domiciliar em razão de seus problemas de saúde e da idade do ex-presidente. (Folha)
Comportamento muito diferente
O ministro Luiz Fux teve um comportamento muito diferente do exibido na quarta-feira, quando leu eloquentemente seu extenso voto por mais de 12 horas. Nesta quinta-feira, diante de um plenário claramente incomodado com sua decisão e com o tempo que gastou para proferi-la, Fux adotou uma postura bem mais comedida. Passou quase todo o tempo de cabeça baixa enquanto a ministra Cármen Lúcia e o ministro Cristiano Zanin liam seus votos, evitando contato visual. Fux praticamente não participou dos descontraídos apartes entre os ministros. Ao que tudo indica, saiu do julgamento bastante isolado na Corte, em especial na 1ª Turma do STF. (Estadão)
Donald Trump surpreso
Nos EUA, Donald Trump se disse surpreso com a condenação. O presidente americano afirmou acreditar que Bolsonaro foi um bom presidente para o país e classificou a decisão do STF como “muito surpreendente”. Trump ainda comparou o julgamento de Bolsonaro com os processos que enfrentou nos Estados Unidos entre seus dois mandatos. Coube ao secretário de Estado americano, Marco Rubio, fazer as ameaças de praxe, afirmando que seu país vai “responder adequadamente” ao que chamou mais uma vez de “caça às bruxas”. No Brasil, o presidente Lula respondeu às ameaças afirmando que o país não teme novas sanções de Washington. “Eles precisam saber que não estão tratando com uma republiqueta de banana”, disse o presidente. (Globo)
Lula vai agir contra anistia aos golpistas
Horas antes de a Primeira Turma sacramentar as condenações, Lula disse, em entrevista à TV Band, que o Executivo vai agir contra o projeto que anistia os golpistas. “O governo vai trabalhar contra a anistia. Isso está escrito, gente. Está desenhado já se sabe quem foi que fez isso [o golpe], quem ia fazer, não tem mais o que discutir”, afirmou. (UOL)
Inédito na História da República
“A partir de 11 de setembro de 2025, o Brasil tem um ex-presidente eleito pelo voto e condenado por tentar uma ruptura institucional, algo inédito na História da República e também um caso raro no mundo, diante das cada vez mais frequentes ameaças autoritárias em países democráticos a partir de chefes de Estado, partidos institucionalizados ou líderes populistas carismáticos”. (Vera Magalhães-Globo)
Oficiais-generais
“Foram condenados quatro oficiais-generais de quatro estrelas, topo da carreira. Outros militares irão para a cadeia. O otimista poderá dizer que agora somos capazes de evitar o cancelamento da democracia e, de quebra, mandamos para a cadeia candidatos a tiranos e generais. Mas tivemos de fazê-lo”. (Vinícius Torres Freire-Folha)
Controversa
“A condenação de Bolsonaro será para sempre controversa. Só um Deus onipotente tem acesso a todas as verdades do mundo. Porém, algo é inegável: a punição faz sentido. Não estaria na hora de tentar diminuir a fervura social? O primeiro passo deveria ser do Supremo Tribunal Federal”. (Fabiano Lana:-Estadão)
Perdeu tudo
Também foi decidida a retirada da patente militar de Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, e de quatro generais condenados por participação na trama golpista de 2023. O caso será enviado ao Superior Tribunal Militar (STM), que deverá avaliar a medida prevista no artigo 142 da Constituição.
Resumo da ópera
Bolsonaro se elegeu pelas urnas que condenou. Foi condenado por falas antidemocráticas, cujas provas ele mesmo produziu fartamente. Como um peixe, morreu pela boca.
Condenação de Bolsonaro vira meme
Internautas publicaram nesta 5ª feira (11.set.2025) diversos memes nas redes sociais sobre o condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro recebeu uma pena de 27 anos e 3 meses, que deve ser cumprida inicialmente em regime fechado.
Quatro ministros consideraram o ex-presidente e outros 7 réus culpados –Alexandre de Moraes (relator); Flávio Dino; Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Na véspera, Luiz Fux teve posição divergente e defendeu a absolvição de Bolsonaro.…Poder360
Cármen Lúcia
O voto que condenou Bolsonaro vem de uma pessoa que representa tudo o que o bolsonarismo despreza. Cármen Lúcia é uma mulher de 70 anos, solteira, sem filhos, independente, bem-sucedida e respeitada, conta Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente Não Morre.
Moraes nega visita de Scheid
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou que Valdemar Costa Neto, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), o senador Rogério Marinho (PL-RN) e os deputados federais Altineu Côrtes (PL-RJ), Carol de Toni (PL-SC) e Bruno Scheid, vice-presidente do PL de Rondônia, tivessem acesso livre para visitar o ex-presidente.
Visitas liberadas
Porém, Moraes autorizou visitas específicas de parlamentares do PL a Bolsonaro. Os senadores Carlos Portinho (PL-RJ) e Marcos Rogério (PL-RO), o deputado Sanderson (PL-RS) podem ir à casa do ex-presidente na semana que vem, um em cada dia, lembrando que todos os carros que saírem do endereço serão revistados.
Depressão profunda
Fernando Collor de Mello está em depressão profunda. Amigos e associados próximos relatam que o ex-presidente, que se encontra em prisão domiciliar, aprofundou o quadro de saúde mental por questões pessoais. Com os negócios empresariais em desordem e sem um herdeiro político à altura do sobrenome, Collor teve sua realidade confrontada por um amigo, um grande empresário do setor imobiliário nacional. No desabafo, o empreiteiro foi afiado e direto: “você é a falência do seu nome em vida”. A frase, contudo, seria apenas o resumo dos gatilhos que agravam o quadro clínico de Fernando Collor. A falta de um herdeiro político, no entanto, também permitiu a expansão de outros clãs em Alagoas.
Traidor da Pátria
Um coronel do Exército, que deveria honrar a farda e proteger o Brasil, absurdamente, age contra o próprio país. O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) voltou a protagonizar uma cena de submissão a interesses estrangeiros que coloca em xeque o próprio país que ele jurou defender como militar. Chrisostomo publicou um print do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, após a condenação de Bolsonaro. “Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas.” Antes já havia publicado outra ameaça dos Estados Unidos. O parlamentar ecoou com entusiasmo a declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que afirmou que os Estados Unidos poderiam recorrer inclusive ao uso de “poder militar” para proteger a liberdade de expressão no Brasil, citando diretamente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Cidadão Honorário
Após receber o título de Cidadão Honorário de Rondônia, o advogado Nelson Wilians foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (12/9), em sua residência e em seu escritório, em São Paulo, onde encontraram diversas obras de arte. A Polícia Federal (PF) prendeu, em Brasília, Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e, em São Paulo, o empresário Maurício Camisotti, em mais uma fase da investigação sobre o esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas, revelado pelo Metrópoles. O esquema provocou um rombo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Segundo a PF, a fraude era sustentada por associações que cadastravam beneficiários sem autorização, com assinaturas falsificadas, para justificar descontos mensais nos pagamentos do INSS. O dinheiro, então, era desviado para empresas ligadas ao grupo investigado
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil e do mundo.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político, com informações do Canal Meio
Informações para a coluna: rk@ademocracia.com.br