O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) voltou a protagonizar uma cena de submissão a interesses estrangeiros que coloca em xeque o próprio país que ele jurou defender como militar. Em publicação nas redes sociais, o parlamentar ecoou com entusiasmo a declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que afirmou que os Estados Unidos poderiam recorrer inclusive ao uso de “poder militar” para proteger a liberdade de expressão no Brasil, citando diretamente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na mesma coletiva, Leavitt destacou que o presidente Donald Trump considera a liberdade de expressão “a questão mais importante do nosso tempo” e que não hesitaria em mobilizar sanções econômicas ou instrumentos militares em nome dessa agenda. Em resposta, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, repudiou de forma categórica qualquer ameaça de intervenção: “O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas”, disse a chancelaria, condenando a tentativa de “forças antidemocráticas” de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais.
Enquanto a diplomacia nacional trabalhava para afirmar a soberania do Brasil diante de declarações gravíssimas, Chrisóstomo preferiu celebrar o gesto de Trump. No material publicado em suas redes, o deputado destacou que os Estados Unidos colocam o Brasil como “prioridade global” e prometem “ações significativas em defesa da liberdade”. Na prática, o parlamentar endossou o que o próprio governo brasileiro classificou como ameaça à democracia e à integridade territorial do país.
A posição de Chrisóstomo não é um episódio isolado, mas parte de uma sequência de manifestações públicas que evidenciam sua devoção incondicional a Donald Trump.
Na segunda-feira, 08, em entrevista ao programa “A Voz do Povo”, da Rádio Caiari, apresentado por Arimar Souza de Sá, o parlamentar transmitiu ameaça dos EUA. Chrisóstomo ampliou as críticas e invocou a aplicação da Lei Global Magnitsky, alegando que sanções internacionais já atingem dez ministros do STF e seus familiares, com exceção de André Mendonça, “o bolsonarista”. Em suas palavras: “Por isso, os Estados Unidos, que é o país mais democrático do mundo, está de olho nisso e está apertando cerco contra todos os ministros do STF, e ele já mandou o recado, o único fora é o pastor lá. O bolsonarista, o juiz bolsonarista, o André Mendonça. Os outros 10, os Estados Unidos disse que vai dar atenção devida sobre os direitos humanos. Os 10, suas esposas, seus filhos, seus amigos, seus assessores, os Estados Unidos disse que vai apertar o cerco. Esse povo…”. Ele acrescentou, ao final, que bancos que não aderiram às determinações estariam sendo notificados e poderiam receber multas bilionárias.
O Rondônia Dinâmica, em texto veiculado no dia 7 de julho de 2025, apontou que o deputado chegou ao ponto de aplaudir sanções impostas contra a economia brasileira e de zombar da reação do governo ao anunciar reciprocidade. Na ocasião, o portal alertava: “falta muito pouco para que o deputado comemore eventual bombardeio no Brasil… com ele dentro”.
De lá para cá, o comportamento do parlamentar apenas confirmou o prognóstico. Em fevereiro, Chrisóstomo exaltou nas redes sociais a ideia de Trump assumir o controle da Faixa de Gaza após os conflitos com o Hamas, ignorando críticas internacionais de que a medida feria o direito internacional. Em julho, comemorou tarifas que atingiram exportações brasileiras de carne e aço. Agora, chega ao extremo de aplaudir publicamente a possibilidade de uso de força militar contra o Brasil.
A contradição é flagrante: o deputado se apresenta como patriota, exalta sua condição de coronel, mas na prática legitima que um país estrangeiro ameace o Brasil com sanções e violência armada. O que deveria ser motivo de indignação para qualquer representante eleito da República transforma-se, pelas mãos de Chrisóstomo, em motivo de propaganda pessoal.
O episódio reforça um padrão: em vez de defender interesses regionais e nacionais, Chrisóstomo tem pautado seu mandato como se fosse um representante informal de Donald Trump no Congresso. Seu alinhamento automático ao ex-presidente americano, ainda que isso signifique enfraquecer a soberania brasileira, expõe o distanciamento entre o discurso que dirige ao eleitorado e as consequências reais de suas atitudes.
Seja no silêncio diante de tarifas que prejudicam o agronegócio, seja na exaltação a declarações hostis à democracia, o deputado de Rondônia reafirma sua prioridade: é Trump! E, como já alertado, resta a dúvida perturbadora: até onde Chrisóstomo estaria disposto a aplaudir para manter essa devoção?
As informações são do site Rondônia Dinâmica