Documento assinado por Alckmin e Mauro Vieira aguarda aval de Lula e será enviado à Secretaria de Comércio dos EUA pela embaixadora Maria Luiza Viotti
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve enviar nos próximos dias uma carta ao governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, em resposta às tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros, informa o g1. O texto será assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e pelo chanceler Mauro Vieira. A carta está pronta e aguarda apenas a aprovação final de Lula para ser enviada.
A carta será encaminhada à Secretaria de Comércio dos Estados Unidos — órgão chefiado pelo USTR (United States Trade Representative), responsável pela condução das negociações com o Brasil. A entrega será feita pela embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti.
No documento, o governo brasileiro formaliza três pedidos:
- que os canais de diálogo entre os dois países permaneçam abertos;
- que novas reuniões sejam agendadas entre os representantes dos governos;
- que os Estados Unidos respondam o material enviado pelo Brasil em maio, contendo dados sobre a balança comercial e outros indicadores, ainda sem resposta.
O governo brasileiro tenta reverter a medida anunciada por Trump na semana passada. Em correspondência anterior, o presidente norte-americano reclamou das ações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou — de forma equivocada — que os Estados Unidos têm déficit comercial na relação com o Brasil. Na realidade, os EUA registram superávit: exportam mais ao Brasil do que importam.
Paralelamente à carta, o governo Lula publicou na quarta-feira (15) o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade, sancionada em 2023. Embora o texto não mencione os Estados Unidos, a medida é considerada uma possível resposta ao tarifaço. O decreto estabelece os procedimentos para suspender “concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual” sempre que ações unilaterais de países ou blocos econômicos afetarem negativamente a competitividade internacional do Brasil.
A expectativa do governo é de que a via diplomática ajude a destravar a negociação e evite o agravamento da tensão comercial com os Estados Unidos.
Do Brasil 247