Por Roberto Kuppê (*)
Segurança freia popularidade de Lula
A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu interrompida sua ascensão de quatro meses consecutivos. Segundo pesquisa Genial/Quaest (íntegra) divulgada agora há pouco, a avaliação positiva de Lula recuou de 48% para 47%, enquanto a reprovação avançou na mesma medida, de 49% para 50%. Embora dentro da margem de erro, a variação quebrou uma tendência constante de recuperação da popularidade do presidente, iniciada em junho. A mudança no humor do eleitorado está ligada ao tema da segurança pública. As entrevistas foram feitas após a operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, e da fala de Lula classificando traficantes como “vítimas dos usuários” — rejeitada por 81% dos entrevistados, inclusive pela maioria entre lulistas. Já a operação, que deixou 121 mortos, foi aprovada por 67%. A violência segue como principal preocupação nacional, saltando de 30% para 38%. “Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente”, avalia o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest. (Meio)
Gestão Derrite: alta letalidade
A passagem de Guilherme Derrite pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ficou marcada por um paradoxo: enquanto o governo estadual exibe a queda de homicídios como prova de eficiência, a violência policial atingiu recordes e a criminalidade se sofisticou em áreas de alto poder aquisitivo. Em 2022, último ano da gestão João Doria/Rodrigo Garcia, 421 pessoas morreram em decorrência de ações policiais. Com Derrite no comando, o número subiu para 504 em 2023 e 813 em 2024, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. As operações Escudo e Verão, ambas no litoral paulista, concentram boa parte dessas mortes e foram denunciadas por uso excessivo da força e execuções sumárias. (Diario do Centro do Mundo)
Lei antifacção
Mesmo com o Planalto enfraquecido na área da segurança, o relator do projeto de lei antifacção, o deputado e secretário licenciado de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), não resistiu às pressões. Após um dia inteiro de reuniões e idas e vindas, ele anunciou que vai manter as prerrogativas da Polícia Federal no combate ao crime organizado e retirar do seu parecer(íntegra) as mudanças previstas na Lei Antiterrorismo. Derrite, porém, não deu o braço a torcer. “O que você chama de recuo, eu chamo de estratégia. Estratégia para punir o crime organizado no Brasil”, afirmou aos jornalistas. (Meio)
Derrota do Derrite
A proposta inicial de Derrite foi criticada por todos os lados: pela PF, pelo Planalto e até mesmo pelo principal nome no combate ao PCC no país, o promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo Lincoln Gakiya. Ele critica o trecho que determina que investigações de crimes cometidos por organizações criminosas equiparadas ao terrorismo fiquem sob responsabilidade da Polícia Civil, com controle externo do Ministério Público. Para o especialista, essa formulação afasta o MP das apurações. “A Constituição já atribuiu ao Ministério Público o controle externo das polícias, não era necessário que uma lei ordinária repetisse isso. Ao meu sentir, mantém o MP fora das investigações”, afirmou. (Estadão)
Votação ainda hoje
Já o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que pretende colocar em votação ainda hoje o projeto do Marco Legal da Segurança Pública contra o Crime Organizado. Segundo ele, o objetivo é buscar “convergência” entre os parlamentares antes da deliberação em plenário. “No processo legislativo, temos que ter a capacidade de buscar convergência, principalmente para os grandes temas”, disse Motta, o responsável, em última instância, pela escolha de Guilherme Derrite para a relatoria do texto. (CNN Brasil)
Tiro no pé
Integrantes do governo Lula e parlamentares da base consideraram um “tiro no pé” da direita a tentativa de reduzir as competências da Polícia Federal (PF) no relatório inicial do deputado Guilherme Derrite sobre o projeto de lei antifacção, uma das principais apostas do Executivo para a segurança pública. Segundo a Folha de S.Paulo, auxiliares do presidente avaliam que, após dias de desgaste político em meio à crise na segurança — intensificada pela operação no Rio de Janeiro no fim de outubro —, a proposta de Derrite acabou abrindo espaço para o Planalto retomar a iniciativa no debate público. (Brasil247)
Não é normal o cidadão portar um fuzil
Em conversa com jornalistas nesta terça-feira (11), o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, comentou a respeito do impasse do projeto de lei 5.582/2025, que regulamenta a investigação contra facções criminosas. O parlamentar defende a criação de um tratamento jurídico diferenciado para quem participa nas atividades dessas organizações, em especial as envolvidas em controle territorial. “É um assunto que angústia a população e precisa ser tratado com responsabilidade. Não podemos permitir no Brasil áreas territoriais controladas por quem não é o Estado. Não é normal o cidadão portar um fuzil e não ter tratamento desigual por algum capítulo da lei”, disse Lira. (Congresso em Foco)
Saúde de Jair Bolsonaro
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que desconhece o estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, por isso, não pode afirmar se o Complexo Penitenciário da Papuda tem condições de recebê-lo caso o Supremo Tribunal Federal (STF) determine o cumprimento da pena no local. “As condições do presídio eu conheço, e nós temos condições físicas. Agora, não conheço a saúde do ex-presidente. Não vou saber se ele tem condições de viver em presídio e com a alimentação que tem lá”, disse Ibaneis. O governador afirmou ainda que o Governo do Distrito Federal cumprirá qualquer decisão judicial. (Metrópoles)
100 dias em prisão domiciliar
Condenado pelo STF, Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar e é provável que passe algum tempo em uma carceragem. Mas nem por isso a direita radical deixará tão cedo de influenciar o campo conservador e a política brasileira. Essa é a avaliação do cientista político Sérgio Fausto, diretor geral da Fundação FHC.
Porta-aviões Gerald R. Ford
A maior e mais avançada arma de guerra da Marinha dos Estados Unidos, o porta-aviões Gerald R. Ford, entrou no Caribe nesta terça-feira, ampliando a capacidade americana de atacar embarcações suspeitas de tráfico de drogas ou alvos em território venezuelano, enquanto o governo Trump avalia novas ações militares para tentar derrubar o presidente Nicolás Maduro. (New York Times)
COP30
Um grupo de 12 organizações ambientais e humanitárias pediu ao primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, que o país anuncie ainda na COP30 um investimento de pelo menos US$ 2,5 bilhões ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Na carta, as entidades defendem que o aporte seja divulgado durante a Cúpula do Clima para pressionar outros países, como China, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido, a lançar outras contribuições. Os autores também ressaltam que a Alemanha poderia até se igualar à Noruega ao destinar US$ 3 bilhões ao fundo criado pelo Brasil para financiar a preservação nos países em desenvolvimento. (Folha)
Mudanças climáticas
Pesquisa da Quaest divulgada nesta terça-feira aponta que 94% dos brasileiros dizem já ter sentido ao menos um efeito das mudanças climáticas onde moram. As ondas de calor são o principal ponto de percepção, sendo relatadas por 69% dos entrevistados. Outros 42% citaram as secas prolongadas. Três em cada quatro pessoas ouvidas afirmam estar preocupadas com mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, caiu a parcela dos brasileiros contrários à exploração de petróleo na Margem Equatorial, e subiu a de favoráveis. Os apoiadores da exploração foram de 26% em outubro para 42% na semana passada, enquanto as reprovações passaram, de 70% em outubro, para 49%. (g1)-Charge Negacionistas de Orlando
Mudanças climáticas 2
Pois é… Um estudo publicado na revista científica Nature Sustainability no mês passado questiona o papel da indústria do petróleo como financiador da transição energética como argumento para ampliar a produção de combustíveis fósseis. O levantamento do Instituto de Ciência Ambiental e Tecnologia da Universidade Autônoma de Barcelona indica que apenas 20% entre 250 petroleiras pesquisadas têm projetos de energias renováveis em operação, o equivalente a 0,1% de sua produção de energia primária. (Folha)
Mudanças climáticas 3
Aliás, a Folha teve acesso à lista de credenciados a partir de indicação do Brasil para a COP30. O país apontou 3.805 pessoas para receber crachás para a conferência climática, incluindo integrantes do governo federal, governos e órgãos públicos locais e enviados do terceiro setor e da sociedade civil organizada. Também aparecem na listagem representantes de organizações e empresas de setores poluentes, como instituições do petróleo, mineração e gigantes do agronegócio. (Folha)
Ar-condicionado e refrigeradores
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado na COP30, revela que o uso global de equipamentos de ar-condicionado e refrigeradores pode triplicar até 2050, pressionando o sistema elétrico e as metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. O documento mostra que o aumento das ondas de calor extremas faz crescer a demanda por resfriamento, o que deve fazer com que a capacidade instalada no setor salte de 22 para 68 terawatts até o meio do século. (UOL)
COP32
Enquanto Austrália e Turquia disputam a sede da COP31, do ano que vem, Adis Abeba, na Etiópia, foi confirmada como a casa da COP32 em 2027. (UOL)
Braskem faz acordo
A Braskem anunciou um acordo com o estado de Alagoas para pagar R$ 1,2 bilhão em indenizações pelo desmoronamento do solo em Maceió, causado pela extração de sal-gema desenvolvida pela empresa. Milhares de imóveis tiveram a estrutura comprometida e mais de 60 mil pessoas foram impedidas de morar nos bairros afetados, por questões de segurança. A indenização será paga ao longo de dez anos, sendo que R$ 139 milhões já foram desembolsados, segundo a companhia. (Agência Brasil)
TCU investiga Chrisóstomo
Mais trabalho para o advogado Nelson Canedo! O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu que a corte “apure com rigor” nepotismo no gabinete do deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO). Conforme revelou a coluna, o parlamentar de Rondônia empregou a companheira, a cunhada e dois concunhados. Mais de R$ 2,1 milhões já saíram dos cofres da Câmara dos Deputados para bancar as remunerações deles.

TCU investiga Chrisóstomo 2
O TCU informou à coluna, nesta terça-feira (11/11), ter abero um processo a partir da representação do Ministério Público. O MP-TCU descreve que a exoneração dos contratados não exime o parlamentar e os envolvidos “de responderem pelos atos praticados” em razão do uso “indevido de recursos públicos”. O deputado informou à coluna ter exonerado os familiares um dia após ser questionado sobre a situação. (Coluna do Tácio Lorran-Metropoles)
RKTV experimental
Está no ar em caráter experimental a RKTV, que retorna após 15 anos. A logomarca é a mesma de 2007, mas o formato acompanha a evolução da Internet. Em breve a RKTV também estará compatível nas smart TV, quando estiver operando no sistema Android. Por enquanto a RKTV não terá programação própria, mas a previsão é de que a partir de dezembro quando será oficialmente inaugurada, a webtv produzirá alguns programas jornalísticos, artísticos e podcast. Para ver a RKTV clique aqui.
Breakfast
Por hoje é só. Este é o breakfast, o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção com os temas de destaque da política do Brasil e do mundo.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político, com informações do Canal Meio
Informações para a coluna: rk@ademocracia.com.br




