A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de decretar nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi fortemente influenciada por um vídeo divulgado nas redes sociais do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). No registro, o ex-presidente aparece participando virtualmente das manifestações em sua defesa, o que foi entendido como violação deliberada das medidas cautelares impostas pelo STF.
O ato expôs Bolsonaro usando um celular — ainda que por intermédio de aliados — durante o protesto bolsonarista e pró-anistia dos atos de 8 de janeiro. Moraes apontou que o gesto teve o claro objetivo de coagir o Judiciário e obstruir a Justiça. Na decisão, o ministro foi direto: “A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”. Ele classificou a conduta como “reiterada” e agravante para a imposição da prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Veja o momento em que Nikolas ajuda Bolsonaro a descumprir a decisão de Moraes:
Além de Nikolas, o filho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também descumpriu as restrições judiciais ao promover, no domingo (3), uma chamada de vídeo com Jair durante o ato em Copacabana, transmitida por suas redes sociais. Após a divulgação da ordem de prisão, Flávio apagou o vídeo, mas Moraes destacou que a tentativa de “omitir a transgressão legal” não anula o delito: “Bolsonaro produziu material pré-fabricado para continuar a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal”.
Moraes já havia advertido Bolsonaro em 24 de julho, quando ele rompeu cautelares anteriores, mas não adotou medidas mais duras à época por entender que se tratava de um episódio isolado. Agora, com as novas infrações — desta vez em rede — o ministro afirmou que a “Justiça é cega, mas não é tola” e que a reincidência exigia resposta proporcional.

Diario do Centro do Mundo