RO: Seminário “Imperialismo, libertação nacional e a questão Palestina” reuniu centenas de pessoas na Universidade Federal de Rondônia

Centenas de pessoas lotaram o auditório do prédio central da UNIR, no Centro de Porto Velho, em um vigoroso seminário intitulado “Imperialismo, libertação nacional e a questão Palestina”, com a participação do jornalista Breno Altman e do presidente da Fepal Ualid Rabah

O seminário “Imperialismo, libertação nacional e a questão Palestina” reuniu em Porto Velho/RO centenas de pessoas que foram prestigiar as palestras do jornalista Breno Altman (Jornal Ópera Mundi) e Ualid Rabah (Federação Árabe-Palestina do Brasil – FEPAL). O evento, ocorrido no último dia 18 de junho, também foi espaço para lançamento do livro de Altman: “Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista”. Cerca de 200 participantes, reunidos na UNIR Centro (prédio central da Universidade Federal de Rondônia, no centro de Porto Velho), lotaram o auditório, abarrotaram os corredores e o hall de entrada e uma área externa com telão para acompanhar atentamente as conferências proferidas pelos palestrantes.

Com pontualidade revolucionária, o evento iniciou com credenciamento e venda de livros a partir das 18h. As 19:15 iniciou-se a abertura do Seminário com a intervenção da Professora Marilsa Miranda de Souza, representando a ADUNIR, CEBRASPO e o HISTEDBR/UNIR. Em sua fala, a coordenadora do evento saudou de forma calorosa os palestrantes e os presentes e destacou que “a  ofensiva militar e política iniciada em 7 de outubro de 2023 pela Resistência Nacional da Palestina é um fato que marca uma nova fase na luta longa e heroica do povo palestino que, como nenhum outro, durante todas as décadas que se passaram desde a Nakba, tem demonstrado perante o mundo que as forças progressistas da história que enquanto confiarem em sua própria força e nas massas, não podem ser derrotadas, não importa que o inimigo reacionário esteja armado da cabeça aos pés com as armas e máquinas mais monstruosas de destruição e morte”. Destacou ainda que “O imperialismo, principalmente o norte-americano e o sionista Israel, diante do avanço da heroica Resistência Nacional Palestina, covardemente cometem os mais bárbaros crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes que as novas gerações não tinham visto e nem vivenciado, mas que não são, de forma nenhuma, novidade para a superpotência imperialista hegemônica ianque (EUA) e seus cães e capachos reacionários. O imperialismo é um tigre de papel”.

Em seguida, a coordenadora do seminário convidou o professor da UNIR e médico emergencista, Vinícius Ortigosa Nogueira, que integra Comitê de Solidariedade à Resistência Palestina – Rondônia a mediar o debate. Este destacou a importância do evento, agradeceu a presença de todos os ativistas que atenderam ao chamado para participar do seminário, como forma de expressar de forma concreta seu apoio inconteste à resistência Palestina. O mediador, ainda, defendeu de forma contundente a necessidade de intensificar as ações de solidariedade ao povo palestino e aos povos do mundo que lutam contra a besta imperialista. Convidando à mesa os palestrantes, o mediador concedeu a palavra a um representante da comunidade árabe de Rondônia, o biólogo Nasser Hijazi que de forma entusiástica manifestou a honra de representar a comunidade árabe palestina de Porto Velho no Seminário, que a defesa da questão palestina é acima de tudo uma questão de humanidade, que “desde 1948 o povo palestino tem enfrentado uma série de adversidades que incluem a perda de terras, a destruição de suas casas, restrições severas à liberdade de movimento, humilhações e, infelizmente, a violência contínua”. Hijazi também evocou o princípio da Autodeterminação dos povos, enquanto direito inalienável, defendeu “um estado palestino independente e viável, onde coexistam todas as etnias”, denunciou as violações dos direitos humanos contra o povo palestino e o genocídio praticado pelos sionistas. Após esta intervenção, passaram-se às exposições dos palestrantes.

O primeiro palestrante, Ualid Rabah, representando a FEPAL, destacou que “já são – considerando desaparecidos sob os escombros – mais de 46 mil civis palestinos exterminados em 256 dias de conflito, mais de 2% da população de Gaza. Seriam mais de 4 milhões no Brasil e mais de 15 milhões na Europa, no espaço da segunda guerra mundial. As crianças assassinadas já passam de 20 mil, 45% do total de assassinados. São mais de 9 mil por milhão, superando as 2.800 por milhão mortas no período nazista, em 6 anos. As mulheres assassinadas já passam de 11 mil, 25% do total de exterminados, com pelo mil mortas grávidas. Denunciou que são as maiores matanças de crianças e mulheres da história! A destruição de Gaza já passa dos 80%, superando a das cidades mais arrasadas na segunda Guerra Mundial. Detalhe: em Gaza em 256 dias, contra 6 anos no período nazista”. Para Ualid, o sionismo é uma ideologia supremacista idêntica ao nazismo e demais supremacismos coloniais, e devem ser parados pela força das armas, como foi parada a Alemanha nazista.

Para Breno Altman, o sionismo é um braço do imperialismo e nasceu como doutrina antissemita. Altman contextualizou: “Ao contrário de enfrentar tal tipo de racismo, propunha um acordo a seus patrocinadores: as elites europeias se livrariam dos judeus caso apoiassem um Estado supremacista judaico a ser construído pela colonização sionista da Palestina”. Altman destacou, ainda que “A questão da Palestina é decisiva para o destino da humanidade e, atualmente, a questão palestina é a régua moral do mundo.

Após as exposições, foram abertas as inscrições para os presentes. Entre os diversos inscritos, a comunidade árabe palestina presente pode relatar suas inúmeras interpretações acerca da atual agressão israelense contra o povo palestino. Além dos membros da comunidade, estudantes, advogados, professores e organizações também puderam se manifestar, como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), que através de seu representante enfatizou a solidariedade inconteste deste movimento que sempre hasteou bem alto a bandeira palestina e comparou a criminalização dos monopólios à resistência palestina com a criminalização aos camponeses em luta pela terra no Brasil. O clima de entusiasmo em defender a resistência palestina ecoou pelo auditório e corredores com palavras de ordem combativas: “Fora Israel das terras palestinas, fora ianques da América Latina!”, “A luta palestina por libertação, é parte integrante da revolução!”; “Palestina resiste! Palestina Triunfará!”; “Estado de Israel, Estado assassino; E viva a luta do povo palestino!” entre outras.

Após as intervenções dos presentes, os palestrantes responderam às dúvidas, destacaram a necessidade de seguir ampliando os espaços organizativos e de defesa dos povos em luta e a solidariedade ativa e orgânica para denunciar os crimes de guerra do imperialismo e do sionismo. Por fim, os organizadores e mediadores realizaram o encerramento do debate convidando os presentes para sessão de autógrafos com Breno Altman e uma mobilização para ato nas escadarias da UNIR.

Nas escadarias da UNIR um grupo de ativistas conclamou os presentes a agitarem suas bandeiras palestinas, no momento em que queimavam as bandeiras da superpotência imperialista ianque e o estado colonial e racista de israel.

Preparação, organização e divulgação

O evento, organizado a pouco mais de um mês pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO), a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia UNIR (ADUNIR-SSIND) Seção Sindical do ANDES-Sindicato Nacional, o Comitê de Solidariedade à Resistência Palestina – Rondônia e o Grupo de Pesquisa “História, Sociedade e Educação no Brasil” (HISTEDBR/UNIR) em sua etapa preparatória conseguiu mobilizar ativistas de diversas organizações classistas e a comunidade árabe/palestina de Rondônia. Membros dessa comunidade financiaram diversos outdoors de anúncios espalhados pela capital rondoniense. O custo do evento, incluídas as despesas com passagens, hospedagem, alimentação, cartazes, faixas, aluguel de cadeiras, banners e outros materiais, foram totalmente custeados por arrecadações entre apoiadores da causa palestina de diversos setores da sociedade: docentes, médicos, advogados, comunidade árabe, entre outros. As entidades que organizaram o ato, também garantiram a divulgação do evento por meio de colagens de cartazes, panfletos, matérias produzidas para a imprensa local e nacional, sobretudo, a imprensa popular e democrática.

Participação da comunidade árabe/palestina e entidades classistas

Um público de mais de 30 pessoas entre os presentes era de famílias árabes/palestinas que residem há décadas em Porto Velho, dentre estes, vários que puderam ver de perto a Nakba e as agressões do Estado sionista de Israel ao Líbano e outros territórios árabes. Várias gerações dessas famílias puderam estar presentes, se manifestar e também se reencontrar em um evento que marcou a resistência desses povos, que carregam consigo na memória o sonho de ver uma Palestina livre. Além de professores, advogados, jornalistas e outros intelectuais honestos e comprometidos com a causa palestina,  diversas Organizações estavam presentes: a ⁠Associação Nacional de Juristas Islâmicos (ANAJI), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação (MOCLATE), Centro Acadêmico de Medicina da UNIR (CAMUFRO), Centro Acadêmico de Geografia (CAGEO/UNIR), camponesas do Movimento Feminino Popular (MFP), Diretório Central dos Estudantes (DCE/UNIR), Centro Acadêmico de Ciências Sociais, Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental (LCP), Executiva de Pedagogia e Juventudes de partidos políticos. O Comitê do Jornal A Nova Democracia também esteve presente, realizando a venda de edições e materiais de propaganda, da mesma forma que outros movimentos e indígenas.

Lutas futuras

Os organizadores do Seminário, através do CEBRASPO e do Comitê de Solidariedade à Resistência Palestina – Rondônia se colocaram a construir outras ações de propaganda, denúncia e formação em relação a luta do povo palestino. Atendendo ao chamado, os estudantes organizados pelo DCE/UNIR iniciaram outras ações no campus da Universidade Federal de Rondônia, buscando levantar mais alto a bandeira da causa palestina naquela universidade.

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